terça-feira, 24 de junho de 2025

NATIVIDADE DE SÃO JOÃO BATISTA

  

Além de Jesus e de Maria, apenas o nascimento de João Batista (24 de junho) é comemorado pela Santa Igreja Católica, glória ímpar para aquele que foi aclamado, pelo próprio Cristo, como 'o maior dentre os nascidos de mulher' (Mt 11,11)

'Houve um homem mandado por Deus. Seu nome era João… Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz' (Jo 1,6-8)

'Eis que eu envio o meu mensageiro à tua frente. Ele preparará o teu caminho diante de ti' (Mt 11,7).

'Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo' (Lc 1,41)

'Eu sou a voz que clama no deserto: aplainai o caminho do Senhor' (Is 40,3)

'Eu vos batizo com água, mas vem Aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das sandálias; Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo' (Lc 3, 16). 

domingo, 22 de junho de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

  

'A min'alma tem sede de Vós, como a terra sedenta, ó meus Deus'
(Sl 62)

Primeira Leitura (Zc 12,10-11.13,1) - Segunda Leitura (Gl 3,26-29) -  Evangelho (Lc 9,18-24)

  22/06/2025 - DÉCIMO SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM

'E VÓS, QUEM DIZEIS QUE EU SOU?'


Jesus encontra-se em oração em um lugar retirado. O Filho de Deus, em sua condição humana, suplicando graças à Trindade Santa, da qual constitui a Segunda Pessoa, constitui um mistério insondável. E Jesus reza sozinho, em profunda meditação, como a indicar, com soberana clareza, que a revelação extraordinária que será dada a seguir - a identidade do Cristo - perpassa pela oração profunda e pelos mistérios da graça. E, neste espírito de profundo recolhimento interior, que antecede grandes revelações, Jesus indaga aos seus discípulos: 'Quem diz o povo que eu sou?' (Lc 9, 18).

Neste 'certo dia', as mensagens e as pregações públicas de Jesus estavam consolidadas; os milagres e os poderes sobrenaturais do Senhor eram de conhecimento generalizado no mundo hebraico; multidões acorriam para ver e ouvir o Mestre, dominados pela falsa expectativa de encontrar um personagem mítico e um Messias dominador do mundo. Na oração profunda, Jesus afasta-se do júbilo fácil do mundo e das multidões errantes, que o tomam por João Batista, por Elias, por um dos antigos profetas. E se aproxima intimamente daqueles que haverão de ser os primeiros apóstolos da Igreja nascente, compartilhando-lhes na pergunta do juízo de fé: 'E vós, quem dizeis que eu sou?' (Lc 9, 20), a resposta à sua identidade salvífica, saída da boca de Pedro: 'O Cristo de Deus' (Lc 9, 20).

Sim, Jesus é o Cristo de Deus e o seu reino não é deste mundo. Ante a confissão de Pedro, Jesus revela a sua origem e a sua missão e faz o primeiro anúncio de sua Paixão, Morte e Ressurreição: 'O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia' (Lc 9, 22). E, um passo além, faz o testemunho da cruz, pela privação do mundo: 'Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará (Lc 9, 23-24).

Eis aí o legado definitivo de Jesus aos homens de sempre: a Cruz de Cristo é o caminho da salvação e da vida eterna. Tomar esta cruz, não apenas hoje ou em momentos específicos de grandes sofrimentos em nossas vidas, mas sim, todos os dias, a cada passo, em cada caminho, é a certeza de encontrá-lo na glória e da plenitude das bem-aventuranças. A Cruz de Cristo é a Porta do Céu.

sábado, 21 de junho de 2025

A CIÊNCIA DE DEUS (II)

'Aquele que constrói seus aposentos no céu, e firma sobre a terra a abóbada celeste, aquele que convoca as águas do mar, e as derrama sobre a face da terra – 'Senhor' é o seu nome' (Am 9,6). 


O versículo bíblico acima é uma explanação cristalina da intervenção direta de Deus no ciclo das águas na terra - o chamado ciclo hidrológico. Este começa com a evaporação (particularmente das grandes massas de água dos oceanos, que corresponde cerca de 97,5% de toda a água do planeta) e posterior concentração do vapor de água na alta atmosfera, formando as nuvens. A condensação do vapor de água na atmosfera forma as chuvas que se precipitam sobre diferentes lugares da terra, dando origem a três diferentes tipos de processos: infiltração, escoamento superficial e evapotranspiração (evaporação + transpiração de plantas e animais).

sexta-feira, 20 de junho de 2025

O DOGMA DO PURGATÓRIO (CIII)

Capítulo CIII

Meios de se Evitar o Purgatório - A Mortificação Cristã - A Mortificação Cotidiana dos Afazeres Comuns - O Valor de uma Pequena Mortificação Imposta pela Beata Emily de Verceil

O terceiro meio de satisfação neste mundo é a prática da mortificação cristã e da obediência religiosa. Carregamos em nosso corpo a mortificação de Jesus, diz o Apóstolo, para que a vida de Jesus também se manifeste em nossos corpos (2Cor 4, 10). Esta mortificação de Jesus, que o cristão deve carregar em si é, no seu sentido mais amplo, a parte que ele deve assumir nos sofrimentos do seu Divino Mestre, suportando em união com Ele as provações que possa ter de enfrentar nesta vida ou o sofrimento que voluntariamente inflige a si mesmo. A primeira e melhor mortificação é aquela que está ligada aos nossos deveres diários, às dores que temos de suportar, ao esforço que devemos fazer para cumprir adequadamente os deveres do nosso estado e para suportar as contradições de cada dia. Quando São João Berchmans disse que a sua principal mortificação era a vida comum, não disse nada mais do que isto, porque para ele a vida comum abrangia todos os deveres do seu estado.

Além disso, aquele que santifica os deveres e sofrimentos de cada dia e que, assim, pratica a mortificação fundamental, logo avançará e imporá a si mesmo privações e sofrimentos voluntários para escapar das dores da outra vida. As menores mortificações, os sacrifícios mais insignificantes, especialmente quando feitos por obediência, têm grande valor aos olhos de Deus.

A Beata Emily, dominicana e prioresa do mosteiro de Santa Maria em Vercelli, inspirou suas religiosas com um espírito de perfeita obediência em vista do Purgatório. Um dos pontos da Regra proibia as religiosas de beber entre as refeições sem a permissão expressa da superiora. Ora, esta última, sabendo, como vimos, do valor do sacrifício de um copo de água aos olhos de Deus, costumava recusar essa permissão, para dar às suas irmãs a oportunidade de praticar uma mortificação fácil, mas suavizava sua recusa dizendo-lhes para oferecerem sua sede a Jesus, atormentado por uma sede cruel na cruz. Ela então as aconselhava a sofrer essa leve privação com o objetivo de diminuir os seus tormentos nas chamas expiatórias do Purgatório.

Havia em sua comunidade uma irmã chamada Maria Isabel, que era muito leviana, gostava de conversar e de outras distrações externas. A consequência era que ela tinha pouco gosto pela oração, era negligente na recitação do Ofício e só cumpria seu dever principal com as maiores reservas. Assim, ela nunca tinha pressa em ir para o coro e, assim que o ofício terminava, era a primeira a sair. Um dia, enquanto se apressava para sair do coro, ela passou pela cabine da prioresa, que a deteve: 'Onde você vai com tanta pressa, minha boa irmã?' - disse ela - 'e por que você está tão ansiosa para sair antes das outras irmãs?' A irmã, pega de surpresa, primeiro observou um silêncio respeitoso, depois reconheceu com humildade que o Ofício era cansativo para ela e parecia muito longo. 'Tudo bem' - respondeu a prioresa - 'mas se lhe custa tanto cantar louvores a Deus sentada confortavelmente no meio de suas irmãs, o que você fará no Purgatório, onde será obrigada a permanecer no meio das chamas? Para poupá-la dessa terrível provação, minha filha, ordeno que você saia do seu lugar a partir de agora por último'. 

A irmã submeteu-se com simplicidade, como uma criança verdadeiramente obediente; ela foi recompensada. O desgosto que ela havia experimentado até então pelas coisas de Deus transformou-se em devoção e alegria espiritual. Além disso, como Deus revelou à Beata Emily, tendo morrido algum tempo depois, ela obteve uma grande diminuição do sofrimento que a esperava na outra vida. Deus contou como tantas horas no Purgatório foram poupadas pelas horas que ela passou em oração por meio de um espírito de obediência.

Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog.

quinta-feira, 19 de junho de 2025

CORPUS CHRISTI 2025

 

Corpus Christi, expressão latina que significa Corpo de Cristo, é uma festa litúrgica da Igreja sempre celebrada na quinta–feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade, que acontece no domingo seguinte ao de Pentecostes, 50 dias depois da Páscoa. 

O pão é pão e o vinho é vinho
como frutos do homem em oração;
é o que trazemos, é tudo o que temos,
como oferendas da nossa devoção. 

Não é mais pão, nem é mais vinho
quando espécies na consagração;
alma e divindade que se reconciliam
a cada missa, em cada comunhão.

Aparente pão, aparente vinho,
é mais que vinho, muito mais que pão;
o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo
 é o alimento da nossa salvação.

(Arcos de Pilares)

INDULGÊNCIAS DO DIA DA SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI

   

Nesta quinta-feira, dia da solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, o católico pode ser contemplado com as seguintes indulgências:

(i) Indulgência parcial: rezar, com piedosa devoção, a oração 'Alma de Cristo':

Alma de Cristo, santificai-me.
Corpo de Cristo, salvai-me.
Sangue de Cristo, inebriai-me.
Água do lado de Cristo, lavai-me.
Paixão de Cristo, confortai-me.
Ó bom Jesus, ouvi-me.
Dentro de vossa chagas, escondei-me.
Não permitais que eu me separe de vós.
Do espírito maligno, defendei-me.
Na hora da morte chamai-me e
mandai-me ir para vós,
para que com vossos Santos vos louve
por todos os séculos dos séculos.
Amém. 

(ii) Indulgência plenária: rezar, com piedosa devoção, a oração 'Tantum Ergo' ou 'Tão sublime Sacramento':

Tão sublime sacramento
vamos todos adorar,
pois um Novo testamento
vem o antigo suplantar!
Seja a fé nosso argumento
se o sentido nos faltar.
Ao eterno Pai cantemos
e a Jesus, o Salvador,
igual honra tributemos,
ao Espírito de amor.
Nossos hinos cantaremos,
chegue aos céus nosso louvor.
Amém.

Do céu lhes deste o pão,
Que contém todo o sabor.

Oremos: Senhor Jesus Cristo, neste admirável Sacramento, nos deixastes o memorial da vossa Paixão. Dai-nos venerar com tão grande amor o mistério do vosso corpo e do vosso sangue, que possamos colher continuamente os frutos da vossa redenção. Vós que viveis e reinais para sempre. Amém.

domingo, 15 de junho de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Ó Senhor nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo!' (Sl 8)

Primeira Leitura (Pr 8,22-31) - Segunda Leitura (Rm 5,1-5) -  Evangelho (Jo 16,12-15)

  15/06/2025 - SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE

GLÓRIA À TRINDADE SANTA!


O mistério da Santíssima Trindade é um mistério de conhecimento e de amor. Pois, desde toda a eternidade, o Pai, conhecendo-se a Si mesmo com conhecimento infinito de sua essência divina, por amor gera o Filho, Segunda Pessoa da Trindade Santa. E esse elo de amor infinito que une Pai e Filho num mistério insondável à natureza humana se manifesta pela ação do Espírito Santo, que é o amor de Deus por si mesmo. Trindade Una, Três Pessoas em um só Deus.

Mistério dado ao homem pelas revelações do próprio Jesus, posto que não seria capaz de percepção e compreensão apenas pela razão natural, uma vez inacessível à inteligência humana: 'Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele (o Espírito Santo) receberá e vos anunciará, é meu' (Jo 16, 15). Mistério revelado em sua extraordinária natureza em outras palavras de Cristo nos Evangelhos: 'Em verdade, em verdade vos digo: O Filho não pode de si mesmo fazer coisa alguma, mas somente o que vir fazer o Pai; porque tudo o que fizer o Pai, o faz igualmente o Filho. Porque o Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o que ele faz (Jo 5, 19-20) ou ainda 'Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece o Filho senão o Pai; nem alguém conhece o Pai senão o Filho (Mt 11, 27).

Nosso Senhor Jesus Cristo é o Verbo de Deus feito homem, sob duas naturezas: a natureza divina e a natureza humana: 'Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele' (Jo 3, 16 - 17). Enquanto homem, Jesus teve as três potências da alma humana: inteligência, vontade e sensibilidade; enquanto Deus, Jesus foi consubstancial ao Pai, possuindo inteligência e vontade divinas.

'Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo'. Glórias sejam dadas à Santíssima Trindade: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Neste domingo da Santíssima Trindade, a Igreja exalta e ratifica aos cristãos o maior dos mistérios de Deus, proclamado e revelado aos homens: O Pai está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito Santo; o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espírito Santo está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Filho (Conselho de Florença, 1442).