sábado, 17 de outubro de 2020

A ESCADA DE JACÓ

'Jacó, partindo de Bersabeia, tomou o caminho de Harã. Chegou a um lugar, e ali passou a noite, porque o sol já se tinha posto. Serviu-se como travesseiro de uma das pedras que ali se encontravam, e dormiu naquele mesmo lugar. E teve um sonho: via uma escada, que, apoiando-se na terra, tocava com o cimo o céu; e anjos de Deus subiam e desciam pela escada. No alto estava o Senhor, que lhe dizia: Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão, teu pai e o Deus de Isaac; darei a ti e à tua descendência a terra em que estás deitado. Tua posteridade será tão numerosa como os grãos de poeira no solo; tu te estenderás, para o ocidente e para o oriente, para o norte e para o meio-dia, e todas as famílias da terra serão benditas em ti e em tua posteridade. Estou contigo, para te guardar aonde quer que fores, e te reconduzirei a esta terra, e não te abandonarei sem ter cumprido o que te prometi' (Gn 28, 10 - 15).

250 DOGMAS DE FÉ DA IGREJA CATÓLICA (VII)

PARTE XII - A PENITÊNCIA

200. A Igreja recebeu do Cristo o poder de remir os pecados cometidos após o batismo. 

201. Pela absolvição da Igreja, os pecados são verdadeiramente e imediatamente remidos. 

202. O poder da Igreja de perdoar os pecados estende-se a todos os pecados sem exceção. 

203. O exercício do poder da Igreja para perdoar os pecados é um ato judicial.

204. O perdão dos pecados que tem lugar no Tribunal da Penitência é um sacramento verdadeiro e válido, que é distinto do sacramento do batismo.

205. A justificação extra-sacramental é efetivada pelo perfeito arrependimento apenas quando ele é associado com o desejo para o sacramento (votum sacramenti).

206. A contrição emergindo por motivo de temor é moralmente boa e ação sobrenatural. 

207. A confissão sacramental do pecado é ordenado por Deus e é necessária para a salvação. 

208. Pela virtude da divina ordenança, todos os pecados graves de acordo com espécie e número, assim como aquelas circunstâncias que alteram a sua natureza, são objetos da obrigação da confissão.

209. A confissão dos pecados veniais não é necessária, mas é permitida e é útil. 

210. Nem todos os castigos temporais para o pecado são sempre remidos por Deus da culpa do pecado e do castigo eterno.

211. O sacerdote tem o direito e o dever, de acordo com a natureza dos pecados e a possibilidade do penitente, de impor obras salutares e apropriadas para a satisfação. 

212. As obras penitenciais extra-sacramentais, tais como desempenhar práticas penitenciais voluntárias e suportar pacientemente as provações mandadas por Deus, possuem valor satisfatório.

213. A forma do sacramento da penitência consiste nas palavras da absolvição.

214. A absolvição, em associação com os atos do penitente, efetiva o perdão dos pecados.

215. O efeito principal do sacramento da penitência é a reconciliação do pecador com Deus.

216. O sacramento da penitência é necessário para a salvação daqueles que, após o batismo, caem em pecado grave. 

217. Os únicos proprietários do poder de absolvição da Igreja são os bispos e os sacerdotes.

218. A absolvição dada por diáconos, clérigos ou ordem inferior e leigos não constitui a absolvição sacramental.

219. O Sacramento da penitência pode ser recebido por qualquer pessoa batizada que, após o batismo, cometeu um pecado grave ou venial.

220. O uso das indulgências é útil e salutar para o Fiel. 
(Todas as indulgências concedidas pela Igreja continuam válidas, mesmo as mais antigas).

PARTE XIII - AS SANTAS ORDENS

221. A Santa Ordem é um sacramento verdadeiro e distinto que foi instituído por Jesus Cristo.

222. A consagração dos sacerdotes constitui um sacramento.

223. Os bispos são superiores aos sacerdotes e o Bispo de Roma é o Papa e o chefe de todos.

224. O sacramento da ordem confere graça santificante sobre o receptor. 

225. O sacramento da ordem imprime um caráter sobre o receptor.

226. O sacramento da ordem confere um poder espiritual permanente sobre o receptor.

227. O dispensador ordinário de todos os graus da ordem, tanto sacramental como não-sacramental, é apenas o bispo validamente consagrado.

(Compilação da obra 'Fundamentos do Dogma Católico', de Ludwig Ott)

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

'Meu filho, foge de todo o mal ou daquilo que se assemelha ao mal. Não sejas irascível: a cólera leva ao crime. Não sejas ciumento, conflituoso nem violento: essas paixões originam mortes. Meu filho, não sejas sensual: a sensualidade é o caminho para o adultério. Não uses de linguagem licenciosa, nem tenhas um olhar atrevido: também isso engendra adultério. Resguarda-te dos encantamentos, da astrologia, das purificações mágicas; recusa-te a vê-las e a ouvi-las: isso seria perderes-te na idolatria. Meu filho, não sejas mentiroso, porque a mentira conduz ao roubo. Não te deixes seduzir pelo dinheiro nem pela vaidade, que também incitam a roubar. Meu filho, não murmures contra os outros: tornar-te-ás blasfemo. Não sejas insolente nem malévolo, pois isso também conduz à blasfêmia. Usa de mansidão: 'Felizes os mansos, porque possuirão a terra' (Mt 5,5). Sê paciente, misericordioso, sem malícia, cheio de paz e bondade. Respeita sempre as palavras que ouviste do Senhor (Is 66,2). Não te engrandeças a ti próprio, não abandones o teu coração ao orgulho. Não te alies aos soberbos, mas frequenta os justos e os humildes. Recebe os acontecimentos da vida como dons, sabendo que é Deus quem dispõe sobre todas as coisas'.
 Da Didaqué (catequese cristã do primeiro século)

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

A FÉ EXPLICADA: O SUICÍDIO PODE SER PERDOADO?


O único pecado para o qual não existe perdão é o pecado contra o Espírito Santo. E em que consiste esse pecado? Consiste em fechar a mente e o coração à ação do Espírito Santo (Lc 12,10). E não é perdoado, porque por não permitir que a pessoa seja influenciada pelo Espírito Santo, ela não pode se arrepender e, sem arrependimento, não pode haver perdão. Na realidade, o pecado contra o Espírito Santo é a rejeição da graça de Deus e do arrependimento final: é a rejeição de Deus até o momento da morte.

O arrependimento ou contrição é essencial para receber o perdão de Deus. É assim que o Catecismo da Igreja Católica define a contrição: 'uma dor da alma e uma aversão ao pecado cometida com a resolução de não pecar novamente' (Catecismo da Igreja Católica: # 1451).

Existe a 'contrição perfeita', que é um dom do Espírito Santo e consiste em escolher Deus e rejeitar o pecado, porque preferimos Deus mais do que qualquer outra coisa. A 'contrição perfeita' brota, então, do amor de Deus acima de todas as coisas. Este tipo de arrependimento perdoa as faltas veniais e também obtém o perdão dos pecados mortais, desde que tenhamos a firme resolução de confessar esses pecados graves no Sacramento da Confissão o mais rápido possível (CIC: # 1452).

Existe ainda a 'contrição imperfeita' ou 'atrição', também impulso do Espírito Santo, pelo qual nos arrependemos de nossos pecados por medo da condenação eterna ou porque podemos apreciar a miséria do próprio pecado. Este tipo de arrependimento, embora imperfeito, é suficiente para obter o perdão dos pecados mortais ou veniais no Sacramento da Confissão (CIC: # 1453).

Por outro lado, o suicídio é gravemente contrário à justiça, à esperança e à caridade, sendo proibido pelo quinto mandamento. O suicídio contradiz a inclinação natural do ser humano a conservar e perpetuar a própria vida. Entretanto, ainda que gravíssimo, é um pecado também passível de acolhimento e perdão pela misericórdia divina, como explicitado pelo próprio Catecismo da Igreja: 'Não se deve desesperar pela salvação eterna das pessoas que se mataram. Deus pode ter providenciado a eles, de maneiras conhecidas apenas por Ele, a ocasião de arrependimento salvador. A Igreja reza pelas pessoas que atentaram contra a própria vida' (Catecismo da Igreja Católica: # 2283).

Somente Deus é o dono de cada vida humana. Não podemos dispor de nossa vida e de outras pessoas de acordo com nossos desejos e critérios. O mandamento 'não matar' se aplica à morte para si mesmo e à morte para quaisquer outras pessoas, incluindo bebês que ainda estão no ventre de sua mãe desde o primeiro momento de sua concepção; então o aborto, em qualquer momento durante a gravidez, também é um pecado grave. Outro pecado contra a vida é a eutanásia ou assassinato misericordioso, que consiste em acabar com a vida de um doente terminal. Ninguém tem o direito, nem o paciente nem os médicos, de decidir o momento da morte, por isso o chamado 'suicídio assistido' é também um pecado grave que cometem todos aqueles que colaboram para dar fim a uma vida humana.

Entretanto, por mais graves que sejam esses pecados contra a vida, todos são passíveis do perdão de Deus, se o devido arrependimento for cumprido e manifestado expressamente por meio do sacramento da confissão.

(adaptação de texto originalmente publicado em www.homilia.org)

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

ORAÇÃO: ATO DE CONTRIÇÃO


Meu Deus do meu coração, da minha alma, da minha vida, das minhas entranhas, a quem tanto ofendi: tanto meu Deus, e Senhor, como não tem o mar areias, o céu estrelas, o campo flores, as plantas folhas, cujo número não exceda a multidão sem número de meus pecados, a variedade sem conta dos meus delitos. 

Pequei, Senhor, ofendi-vos, fiz mal na face dos Céus e da terra; afastei-me de vossa Lei, dei as costas à vossa graça, adorei a vossa ofensa, fiz ídolo da minha culpa, corri sem temor nem pejo pelos caminhos do engano, da vaidade, da perdição. Ah meu Deus! quanto me pesa do muito que vos ofendi! Pesa-me do pouco que me pesa, do muito que vos agravei: mais me pesa pela muita ingratidão com que vos tenho agravado, que pelo grande inferno, que tenho merecido. 

Mas que digo, Senhor? nada me pesa, meu Deus: um pesar que me não tira a vida, não é pesar; uma pena que me não arranca esta alma, não é pena; uma dor que me não me parte o coração, ainda não é dor. Quisera ter uma pena das culpas que cometi, tamanha como as minhas culpas. Quisera ter uma mágoa da ofensa. Quisera ter uma dor igual à vossa misericórdia. Quisera com lágrimas de sangue chorar meus grandes pecados, mais pelo que tem de culpa e agravo contra vós, que pelo que tem de dano e perdição contra mim. Quisera, Senhor, que assim como no agravo foi infinita a culpa, fosse no arrependimento infinita a pena. 

Mas onde achei esta ânsia, senão na fonte de vossa graça? Onde acharei esta dor, senão no conhecimento de vossa bondade imensa e de minha maldade infinita? De onde hão de de vir estas lágrimas, senão do mar de Vossa misericórdia? 

Aqui venho aos vossos pés; não olheis o como; não estranheis o quando, não repareis no tarde, olhai somente que venho. Ó que miserável que venho, Senhor! Ó que torpe, ó que abominável! vestido das fealdades de meus pecados, coberto das torpezas de minhas culpas, cheio de abominações e vícios de minha vida! Mas como venho aos vossos pés, confiado venho, meu Deus, de achar em vossa misericórdia porto, em vossa piedade amparo, em vossa clemência refúgio, em vossa bondade remédio. 

Por isso, tremendo de vossa justiça, não me valho de outro seguro, mais que do de vossa clemência: não solicito outro abrigo, senão vossa misericórdia: nesta me fio, meu Deus; porque ainda que eu por minha culpa perdi o ser de filho, vós, Senhor, infinitamente bom não perdestes o ser e condição que tendes de Pai. 

Acabe pois, Senhor, em mim vossa graça infinita esta obra, que começou em mim vossa piedade infinita: acuda vossa clemência a esta miserável criatura e tende dó e compaixão desta pobre alma. Proponho com vossa graça emendar a vida, confessar as culpas, perseverar na emenda, perdoar agravos, esquecer-me de injúrias, aborrecer meus vícios, restituir como posso, satisfazer como devo aos vossos mandamentos. 

Espero, Senhor, em vossa bondade infinita me haveis de perdoar todos os meus pecados, pela morte e paixão de meu Senhor Jesus Cristo: porque, se nas suas chagas tendes a justiça para me castigar, também tendes a misericórdia para me favorecer. Misericórdia. Misericórdia. Misericórdia!

(Frei Antônio das Chagas, pregador apostólico)

terça-feira, 13 de outubro de 2020

250 DOGMAS DE FÉ DA IGREJA CATÓLICA (VI)

PARTE IX - BATISMO

169. O batismo é um verdadeiro sacramento instituído por Jesus Cristo.

170. A matéria remota do sacramento do batismo é a verdade e a água natural.

171. O batismo confere a graça da justificação.

172. O batismo efetiva a remissão de todos os castigos do pecado, tanto eterno quanto temporal.

173. Mesmo recebido imerecidamente, o batismo válido imprime na alma do receptor uma marca espiritual indelével, o Caráter Batismal, e por esta razão, o sacramento não pode ser repetido.

174. O batismo pela água (baptismus fluminis) é, desde a promulgação do Evangelho, necessário para todo o homem sem exceção para a sua salvação.

175. O batismo pode ser validamente administrado por qualquer pessoa.

176. O batismo pode ser recebido por qualquer pessoa em perigo de vida e que ainda não tenha sido batizada.

177. O batismo de uma criança recém-nascida é válido e lícito.


PARTE X - CONFIRMAÇÃO

178. A confirmação é um verdadeiro sacramento propriamente assim chamado.

179. A confirmação imprime sobre a alma uma marca espiritual indelével, e por esta razão, não pode ser repetida.

180. O ministro ordinário da confirmação é somente o bispo. 
(Em casos de força maior, também um padre pode ser nomeado pelo bispo a fim de administrar este sacramento).


PARTE XI - A SANTA EUCARISTIA

181. O Corpo e o Sangue de Jesus Cristo estão verdadeiramente, realmente e substancialmente presente na Eucaristia.

182. Cristo torna-se presente no Sacramento do Altar pela transformação de toda a substância do pão em seu Corpo e de toda a substância do vinho em seu Sangue.

183. Os acidentes do pão e vinho continuam após a transformação da substância.

184. O Corpo e Sangue de Cristo juntos com a sua Alma e Divindade e, portanto, todo o Cristo, estão verdadeiramente presentes na Eucaristia.

185. O Cristo Completo está presente sob cada uma das duas Espécies.

186. Quando qualquer Espécie consagrada é dividida, o Cristo Completo está presente em cada parte das Espécies.

187. Após o término da Consagração, o Corpo e Sangue estão permanentemente presente na Eucaristia.

188. O Culto da Adoração (latria) deve ser dado ao Cristo presente na Eucaristia.

189. A Eucaristia é um verdadeiro sacramento instituído por Jesus Cristo.

190. A matéria para a consumação da Eucaristia é o pão e o vinho.

191. Para a criança antes da idade da razão, a recepção da Eucaristia não é necessária para a salvação.

192. A comunhão sob duas espécies não é necessária para qualquer membro individual dos fieis, quer pela razão do preceito divino, quer como meio da salvação.

193. O poder da consagração reside apenas nos sacerdotes consagrados validamente.

194. O sacramento da eucaristia pode ser validamente recebido por todas as pessoas batizadas em perigo de vida, incluindo crianças jovens.

195. Para a recepção válida da eucaristia, são necessários o estado de graça e a disposição apropriada e devota.

196. A Santa Missa é um sacrifício verdadeiro e distinto.

197. No Sacrifício da Missa, o Sacrifício de Cristo na Cruz é feito presente, a sua memória celebrada e o seu poder salvífico empregado.

198. No Sacrifício da Missa e no Sacrifício da Cruz, o Dom Sacrifical e o Sacerdote Sacrificante Primário são idênticos; apenas a natureza e o modo de oferecimento são diferentes.

199. O Sacrifício da Missa não é meramente um sacrifício de louvor e ação de graças, mas também um sacrifício da expiação e impetração.

(Compilação da obra 'Fundamentos do Dogma Católico', de Ludwig Ott)

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

GLÓRIAS DE MARIA: NOSSA SENHORA APARECIDA

A história é bem conhecida: em 1717, Dom Pedro de Almeida Portugal e Vasconcelos (Conde de Assumar), efetivado como governador das Capitanias de São Paulo e Minas Gerais, viajou de navio de Portugal a Santos, com grande comitiva. Tomando posse do governo em São Paulo, seguiu rumo às minas de ouro em Minas Gerais, fazendo uma longa parada em Guaratinguetá, no período de 17 a 30 de outubro. Para a recepção do ilustre viajante, foram-lhe servidos os melhores pratos da culinária local, incluindo os saborosos pescados do Rio Paraíba do Sul.

Para a nobre tarefa de pescar uma grande quantidade de peixes, foram convocados os pescadores Domingos Alves Garcia, seu filho João Alves e Felipe Pedroso, cunhado de Domingos, entre outros. Entretanto, mesmo com o conhecimento enorme que tinham dos melhores pontos de pesca, não conseguiam nada. Mas algo extraordinário estava para ocorrer. Na rede lançada, surgiu primeiro uma pequena imagem em terracota de Nossa Senhora da Conceição, sem a cabeça, que foi recolhida e guardada com zelo pelos pescadores no fundo do barco. E eis que, numa nova investida, mais abaixo no rio, sem nada de peixe, veio a cabeça da imagem. Um objeto de dimensões tão reduzidas coletado do leito largo e vigoroso do Paraíba do Sul! E, surpresa ainda maior, novas investidas da rede trouxeram agora cardumes de peixes, em tão grande quantidade, repetindo-se, no largo do Porto de Itaguaçu, o milagre de Cristo no Mar da Galileia.


Cientes dos fatos extraordinários ocorridos, os pescadores locais recuperaram a imagem e passaram a venerá-la em suas casas, como imagem peregrina, até que a mesma foi colocada em pequeno oratório na casa de Atanásio Pedroso, filho de Felipe, e depois, com o culto já generalizado na ‘Nossa Senhora Aparecida’, erigiu-se uma pequena capela de sua devoção em Itaguaçu, com o apoio do Padre José Alves Vilela, pároco da Igreja de Santo Antônio de Guaratinguetá. Sob a sua coordenação, a devoção recebeu a aprovação episcopal e foi construída, então, a Igreja de Nossa Senhora Aparecida, no chamado Morro dos Coqueiros, inaugurada em 1745, apenas 28 anos após o achado da imagem. Em torno da igreja, implantou-se rapidamente uma comunidade que constitui hoje a cidade de Aparecida. A igreja tornou-se de imediato centro de romarias e de devoções marianas de toda a natureza.


Com a intensa participação popular e, pela ausência de sacerdotes no Brasil, optou-se pela solicitação de auxílio junto a comunidades religiosas europeias. Em 1894, com a chegada dos padres redendoristas alemães, as atividades religiosas, os cultos e as romarias tornaram-se muito mais organizados, favorecendo muito a rápida difusão da evangelização e a consolidação da igreja como santuário de frequente peregrinação. Tais eventos culminaram com a solene coroação da imagem de Nossa Senhora Aparecida em 8 de setembro de 1904 (com manto azul e coroa de ouro cravejada de diamantes e rubis, ofertados pela Princesa Isabel em visita ao santuário em 6 de novembro de 1888) e com a elevação do santuário à condição de Basílica Menor em 29 de abril de 1908. Em 16 de julho de 1930, o Papa Pio XI outorgou o título de Nossa Senhora Aparecida como Padroeira do BrasilEm 1967, ano da comemoração do jubileu dos 250 anos da aparição da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, o Papa Paulo VI ofertou ao Santuário Nacional da Padroeira do Brasil uma Rosa de Ouro, ato repetido pelo Papa Bento XVI em 2007. O dia da Padroeira do Brasil é celebrado em 12 de outubro, feriado nacional. 

As enormes e crescentes manifestações populares exigiram a construção de uma nova basílica, com dimensões e infraestrutura compatíveis com o maior centro de peregrinação espiritual do Brasil que se tornou Aparecida. Desta forma, entre 1955 e 1980, foi construída a atual Basílica, inaugurada a 04 de julho de 1980 pelo Papa João Paulo II e elevada a Santuário Nacional em 1984. Que continua a receber milhares de peregrinos, infindáveis romarias, em agradecimento, louvor e veneração à Virgem Padroeira do Brasil. Na Sala das Promessas, em meio a milhares de ex-votos, tem-se uma ideia da admirável senda de prodígios e milagres alcançados por tantos romeiros e fieis, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida.


Em Aparecida, ao contrário de tantos outros centros de peregrinação mariana, a Virgem fez-se aparecer apenas sob a forma de uma pobre e pequena imagem de terracota de 38cm de altura, sem quaisquer visões, mensagens ou prodígios sobrenaturais, para falar aos simples, aos humildes, aos fracos, aos desvalidos, que as almas simples, despojadas de valores intrinsecamente humanos e entregues somente à confiança e à misericórdia de Deus por Maria, são as glórias dos Céus.


ORAÇÃO A NOSSA SENHORA APARECIDA

Ó Senhora da Conceição Aparecida, que fizestes tantos milagres que comprovam vossa poderosa intercessão junto ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, obtende para nossas famílias as graças de que tanto necessitam. Defendei-nos da violência, das doenças, do desemprego e, sobretudo, do pecado, que nos afasta de Vós. Protegei nossos filhos de tantos fatores de deformação da juventude. E concedei a todos os membros de nossas famílias a graça de poderem trilhar o caminho de perfeição e de paz ensinado por Vosso Divino Filho, que afirmou: "Disse-vos estas coisas para que tenhais paz em Mim. Haveis de ter aflições no mundo; mas tende confiança, Eu venci o mundo!" Amém.