sexta-feira, 4 de maio de 2018

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

Porque há dois tipos de martírio: o primeiro consiste numa disposição do espírito; o segundo alia a essa disposição os atos da existência. Por isso, podemos ser mártires mesmo sem morrermos executados pelo gládio do carrasco. Morrer às mãos dos perseguidores é o martírio em ato, na sua forma visível; suportar as injúrias amando quem nos odeia é o martírio em espírito, na sua forma oculta. 

Que haja dois tipos de martírio, um oculto, o outro público, a própria Verdade o comprova quando pergunta aos filhos de Zebedeu: 'Podeis beber o cálice que Eu hei de beber?' E à sua asserção, 'Podemos', o Senhor respondeu: 'Bebereis do meu cálice'. Ora, que pode significar para nós este cálice, senão os sofrimentos da sua Paixão, da qual diz em outra ocasião: 'Pai, se é possível, afasta de Mim este cálice' (Mt 26,39)? Os filhos de Zebedeu, Tiago e João, não morreram ambos mártires, mas foi a ambos que o Senhor disse que haviam de beber esse cálice. 

De fato, se bem que não viesse a morrer mártir, João acabou todavia por sê-lo, já que os sofrimentos, que não sentiu no corpo, os sentiu na alma. Devemos então concluir do seu exemplo que nós próprios podemos ser mártires sem passar pela espada, se conservarmos a paciência da alma.

(São Gregório Magno)

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS


A Grande Revelação do Sagrado Coração de Jesus foi feita a Santa Margarida Maria Alacoque durante a oitava da festa de Corpus Christi de 1675...

         'Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para  honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares ... Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra'.


... e as doze Promessas:
  1. A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração.
  2. Eu darei aos devotos do meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.
  3. Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias.
  4. Eu os consolarei em todas as suas aflições.
  5. Serei seu refúgio seguro na vida, e principalmente na hora da morte.
  6. Lançarei bênçãos abundantes sobre todos os seus trabalhos e empreendimentos.
  7. Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias.
  8. As almas tíbias se tornarão fervorosas pela prática dessa devoção.
  9. As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição.
  10. Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais empedernidos.
  11. As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes inscritos para sempre no meu Coração.
  12. A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna.

    ATO DE DESAGRAVO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 
    (rezai-o sempre, particularmente nas primeiras sextas-feiras de cada mês)

Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é deles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados, diante do vosso altar, para vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o vosso dulcíssimo Coração.

Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as nossas próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não vos querendo como pastor e guia, ou, conspurcando as promessas do batismo, renegam o jugo suave da vossa santa Lei.

De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas particularmente das licenças dos costumes e imodéstias do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra vós e vossos santos, dos insultos ao vosso vigário e a todo o vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino Amor, e enfim, dos atentados e rebeldias oficiais das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.

Oh, se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniquidades! Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação que vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre os nossos altares.

Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a viveza da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nossos próximos, impedir, por todos os meios, novas injúrias à vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número possível de almas.

Recebei, ó Jesus de Infinito Amor, pelas mãos de Maria Santíssima Reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes até a morte no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à Pátria bem-aventurada, onde vós, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.

quinta-feira, 3 de maio de 2018

POEMAS PARA REZAR (XXIV)

The Greatness of Silence 
(Pe. Frederick Faber)

The silence is sweet: 
when no answer to the offense, 
not when you claim your rights 
when they leave God to defend your honor.

Silence is mercy: 
when you shut up before the faults of your brothers,
when you forgive without dwelling on the past 
When not condemn, but to intercede in secret.

Silence is patience: 
when you suffer without you grieve 
when no searches consolation among men, 
when not intervens, hoping that the seed germinates slowly.

Silence is humility: 
when you delete to leave your brother appears,
When, at discretion, reveals God's gifts, 
while supporting that your actions are misunderstood, 
When you leave the others the glory of unfinished work.

Silence is authentic: 
when you dying out, knowing that it is he who acts ...
When waivers to the voices of the world to remain in His presence ... 
When you just that only he understands you.


A Grandeza do Silêncio 
(Pe. Frederick Faber) 

O silêncio é doçura:
Quando não respondes às ofensas,
Quando não reclamas os teus direitos, 
Quando deixas a Deus a defesa da tua honra. 

O silêncio é misericórdia:
Quando te calas diante das faltas de teus irmãos,
Quando perdoas sem remoer o passado,
Quando não condenas, mas intercedes em segredo.

O silêncio é paciência:
Quando sofres sem te lamentares,
Quando não procuras consolação junto aos homens,
Quando não intervéns, e esperas que a semente germine lentamente.

O silêncio é humildade:
Quando te apagas para deixar aparecer teu irmão,
Quando, na discrição, revelas dons de Deus,
Quando suportas que tuas ações sejam mal interpretadas,
Quando deixas a outros a glória da obra inacabada.

O silêncio é verdade:
Quando te apagas, sabendo que é Ele quem age...
Quando renuncias às vozes do mundo para permanecer na Sua presença...
Quando basta que apenas Ele te compreenda.

(tradução do autor do blog)

quarta-feira, 2 de maio de 2018

SUMA TEOLÓGICA EM FORMA DE CATECISMO (XII)

VII

DOS MOVIMENTOS AFETIVOS CHAMADOS PAIXÕES

Há no homem, além dos atos da vontade, outros impulsos afetivos capazes de contribuir para a consecução do último fim?
Sim, Senhor.

Quais são?
As paixões (XXII - XLVIII)*.

Que entendeis por paixões?
Os movimentos afetivos da parte sensível.

São as paixões próprias e exclusivas do homem?
Não, Senhor; têm-nas também os animais (XX, 1, 2, 3).

As paixões dos animais podem ser sujeito de moralidade?
Não, Senhor; só podem sê-lo as do homem.

Por que?
Porque só no homem estão submetidas ao império da vontade livre (XXIV, 1, 4).

A que chamamos propriamente movimentos afetivos ou paixões?
Aos movimentos do coração, que nos impelem a procurar o bem e a fugir do mal, conforme o apresentam os sentidos (XXIII - XXV).

Quantas são?
São onze (XXII, 4).

Como se chamam?
Amor, desejo, prazer ou alegria, ódio, tédio, tristeza, esperança, audácia, temor, ira e desesperação.

Em muitos dos nossos atos encontra-se o impulso passional?
Sim, Senhor.

Por que?
Porque somos compostos de duas naturezas, uma racional e outra sensitiva, e esta é a primeira que atua, por estar em contato com o mundo exterior sensível, donde tomamos os dados originários de todo conhecimento e ação.

Logo, as paixões nem sempre são más?
Por si mesmas, não Senhor.

Algumas vezes elas são más?
Sim, Senhor, quando não estão de acordo com a reta razão.

E quando é que não estão?
Quando nos afastam do bem e nos impelem para o mal sensível, antecipando ou contrariando o juízo da razão (XXIV, 3).

As paixões que mencionamos radicam-se, exclusivamente, na parte sensível do homem?
Não, Senhor; encontram-se também na vontade (XXVI, 1).

Que diferença existe entre as paixões da parte sensível e as da vontade?
Diferenciam-se em que o organismo toma sempre parte nos movimentos das paixões sensitivas, ao passo que as da vontade são totalmente espirituais (XXXI,4).

Quando se fala dos movimentos do coração, trata-se das paixões sensitivas ou das da vontade?
Propriamente das sensitivas, porém, em sentido metafórico, aplica-se também a frase às da vontade.

Logo, ao falarmos do coração humano, referimo-nos indiferentemente às duas espécies de paixões?
Sim, Senhor.

Que queremos exprimir quando aplicamos a um homem a expressão 'homem de coração'?
Umas vezes queremos dizer que é afetuoso e terno, assim na ordem sensível, como na ordem superior da vontade; outras, que é homem de valor e energia.

Por que se recomenda vigiar atentamente os movimentos do coração, e que significa tal conselho?
Significa que devemos por grande cuidado em não seguir inconsideradamente os primeiros movimentos afetivos, visto que só nos impelem a procurar o prazer e a fugir do sofrimento.

Também se recomenda educar o coração. Que significa este outro preceito?
Que devemos ocupar-nos em desarraigar os movimentos afetivos que nos inclinam ao mal.

É importante educar o coração no sentido explicado?
É como o resumo de todos os esforços do homem para adquirir a virtude e afastar-se do vício.

VIII

DO PRINCÍPIO DAS BOAS AÇÕES OU DAS VIRTUDES

Que significa adquirir virtudes?
A aquisição e aperfeiçoamento de todos os hábitos que inclinam o homem a proceder bem (XLIX - LVIII).

Que são os hábitos virtuosos?
São certas disposições e inclinações das diversas faculdades, que fazem bons os atos correspondentes (LV, 1, 4).

Qual é a sua origem?
Há ocasiões, ainda que parcialmente, em que são conaturais ao homem; outras, adquiridas com o exercício e, às vezes, infundidos direta e sobrenaturalmente por Deus (LXIII).

Existem hábitos ou virtudes intelectuais?
Sim, Senhor (LXVI, 3).

Que efeito produzem?
O de conduzir sempre o homem pelos caminhos da verdade (Ibid).

Quais são?
Inteligência, sabedoria, ciência, prudência e arte (LXVII, 1, 3).

Qual é o objeto de cada uma?
O da inteligência é facilitar o conhecimento dos primeiros princípios; a sabedoria, o das causas segundas, supremas; a ciência, o das conclusões; a prudência dirige a vida moral e a
arte, a execução das obras externas (Ibid).

Qual é, moralmente considerada, a mais importante na prática?
A prudência (LVII, 5).

Não há na inteligência humana mais virtudes que as enumeradas?
Sim, Senhor; há outra de ordem muito mais elevada (LXII, 1, 4).

Qual é?
A Fé (Ibid).

Existem na vontade algumas virtudes da mesma categoria que a Fé?
Sim, Senhor (Ibid).

Quais são?
A Esperança e a Caridade (Ibid).

As virtudes da fé, esperança e caridade, têm nome especial?
Sim, Senhor; chamam-se virtudes teologais (Ibid).

Que significa a expressão 'Virtudes teologais'?.
Significa que as virtudes da fé, esperança e caridade provém exclusivamente de Deus e a Deus na ordem sobrenatural têm por objeto (LXII, 1).

Existe alguma outra virtude na vontade?
Sim, Senhor; a virtude da Justiça e as que dela se derivam (LVI; LIX; LX, 2, 3).

Além do entendimento e da vontade, há no homem outras potências que possam ser sujeito de virtudes?

Sim, Senhor; as potências afetivas da ordem sensitiva (LVI, 4; LX, 4).

Que virtudes as adornam?
A Fortaleza e a Temperança, com as demais que delas dependem.

Que nome tem o conjunto das virtudes de Justiça, Fortaleza e Temperança, unidas à Prudência?
O de virtudes morais (LVIII, 1).

Não se chamam também virtudes cardeais?
Sim, Senhor (LXI, 1-4).

Que significa este nome?
Que são virtudes de capital importância, por serem como o eixo (em latim cardo, cardinis), em volta do qual giram todas as demais, exceto as teologais (Ibid).

As virtudes naturais e adquiridas, quer sejam intelectuais, quer morais, requerem como complemento outras virtudes correspondentes da ordem sobrenatural, infundidas por Deus, com o fim de facilitar ao homem todos os meios necessários para que suas ações sejam perfeitas na ordem moral?
Sim, Senhor; porque unicamente as virtudes infusas são proporcionadas aos atos de que o homem necessita para sua elevação à ordem sobrenatural, e que deve alcançar mediante as virtudes teologais (LXIII, 3, 4).

Necessita o homem possuir todas as virtudes, tanto as teologais como as cardeais, para que as suas ações sejam boas em conjunto?
Sim, Senhor.

Se lhe falta uma só, já não se pode chamar virtuoso?
Não, Senhor; porque, faltando uma, as demais são informes, ou não têm os caracteres de virtude completa.

referências aos artigos da obra original

('A Suma Teológica de São Tomás de Aquino em Forma de Catecismo', de R.P. Tomás Pègues, tradução de um sacerdote secular).

terça-feira, 1 de maio de 2018

01 DE MAIO - SÃO JOSÉ OPERÁRIO


São José, São José carpinteiro,
dai-me o cinzel do entalhador
para que eu molde almas, muitas almas,
com a sagrada face do Senhor...


São José, modelo de virtudes,
imprimi em mim virtuoso labor
para que eu seja luz, luz que alumie,
os santos caminhos do Senhor...


São José, homem de oração,
dai-me a graça da vida interior
para que eu leve ovelhas, muitas ovelhas,
 ao rebanho do Bom Pastor...
  

São José, São José missionário,
guiai-me no apostolado do amor
pelos homens, para que muitos se salvem,
 na infinita misericórdia do Senhor...



 São José, esposo de Maria,
ungi-me a fronte com especial fervor
de levar as almas, todas as almas,
às fontes da graça do Senhor...


São José, São José camponês,
dai-me o arado e fazei-me semeador
que eu possa dar frutos, muitos frutos,
nas vinhas gloriosas do Senhor...


São José, homem justo na fé,
fazei de mim esteio consolador
de todos que sofrem, dos que padecem,
crucificados como o Senhor...



São José, São José operário,
fazei de mim um santo trabalhador
que eu seja obra de muitos nomes
nas moradas eternas do Senhor...

('Poema a São José', de Arcos de Pilares)

segunda-feira, 30 de abril de 2018

A INSONDÁVEL PROFUNDIDADE DE DEUS

'Se Deus pudesse ser compreendido, não seria Deus'  
(Santo Agostinho)

Deus está em todo lugar, imenso e próximo em toda parte, conforme o testemunho dado por ele mesmo: Eu sou o Deus próximo e não o Deus de longe. Não busquemos, então, longe de nós a morada de Deus, que temos dentro de nós, se o merecermos. Habita em nós como a alma no corpo, se formos seus membros sadios, mortos ao pecado. Então verdadeiramente mora em nós aquele que disse: E habitarei neles e entre eles andarei. Se, portanto, formos dignos de tê-lo em nós, em verdade seremos vivificados por ele, como membros vivos seus: nele, assim diz o Apóstolo, vivemos, nos movemos e somos. 

Quem, pergunto eu, investigará o Altíssimo em sua inefável e incompreensível essência? Quem sondará as profundezas de Deus? Quem se gloriará de conhecer o Deus infinito que tudo enche, tudo envolve, penetra em tudo e ultrapassa tudo, tudo contém e esquiva-se a tudo? Aquele que ninguém jamais viu como é. Por isto, não haja a presunção de indagar sobre a impenetrabilidade de Deus, o que foi, como foi, quem foi. São realidades indizíveis, inescrutáveis, ininvestigáveis; simplesmente, mas com todo o ardor, crê que Deus é como será, do modo como foi, porque Deus é imutável.

Quem, pois, é Deus? Pai, Filho e Espírito Santo, um só Deus. Não perguntes mais sobre Deus; porque os que querem conhecer a imensa profundidade, têm antes de considerar a natureza. Com razão compara-se o conhecimento da Trindade à profundeza do mar, conforme diz o Sábio: E a imensa profundidade, quem a alcançará? Do modo como a profundeza do mar é invisível ao olhar humano, assim a divindade da Trindade é percebida como incompreensível pelo entendimento humano. Por conseguinte, se alguém quiser conhecer aquele em quem deverá crer, não julgue compreender melhor falando do que crendo; ao ser investigada, a sabedoria da divindade foge para mais longe do que estava.

Procura, portanto, a máxima ciência não por argumentos e discursos, mas por uma vida perfeita; não pela língua, mas pela fé que brota da simplicidade do coração, não adquirida por doutas conjecturas da impiedade. Se, por doutas investigações procurares o inefável, irá para mais longe de ti do que estava; se, pela fé, a sabedoria estará à porta, onde se encontra; e onde mora poderá ser vista ao menos em parte. Mas em verdade até certo ponto também será atingida, quando se crer no invisível, mesmo sem compreendê-lo; deve-se crer em Deus por ser invisível, embora em parte o coração puro o veja.

(Das Instruções de São Columbano, abade)

domingo, 29 de abril de 2018

A VIDEIRA ETERNA

Páginas do Evangelho - Quinto Domingo da Páscoa


Neste Quinto Domingo da Páscoa, como os ramos da videira eterna, somos chamados a permanecer em Deus, vivendo em plenitude os ensinamentos de Cristo e, como cooperadores e partícipes na obra do Pai, sermos frutos de salvação, no apostolado diário e na vivência diária da nossa vocação para a santidade, como Filhos de Deus: 'Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto, se não permanecerdes em mim' (Jo 15, 4).

Eis a verdadeira medida do nosso amor: a plena confiança em Deus e nos desígnios da Providência Divina. Que nada além desta disposição interior, de colocar tudo nas mãos de Deus, seja o nosso conforto e consolação. Deus governa todas as coisas e sabe, muito além de nós mesmos, como nos levar a uma mais perfeita santificação. Com Cristo, por Cristo e em Cristo, a seiva da graça é levada a todos os ramos para que possam produzir muitos frutos de salvação: 'Aquele que permanece em mim, e eu nele, esse produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer' (Jo 15, 5).

Como rebentos vigorosos da videira eterna, somos cuidados com infinito amor. Deus é próprio agricultor destas vinhas eternas; nos cerca de zelos extremados, corta as imperfeições de nossas almas insensatas; poda os ramos que se curvam sob o peso das tentações e das provações, para que se reergam mais fortes e mais atraídos para o alto, para os ditames da luz. Como ramos limpos e regados com a seiva da vida eterna, somos chamados à perseverança em Deus, permanecendo e fazendo conservar no coração os tesouros da graça, a exemplo de Maria, nossa Mãe, que 'conservava todas estas coisas, meditando-as no seu coração' (Lc 2, 19).

Perdida a seiva, os ramos secam, atrofiam, morrem... não podendo se sustentar por si mesmos, perdem o vigor, a essência da vida; não podem dar frutos nem sementes, caem por terra e serão consumidos pelo fogo: 'Quem não permanecer em mim, será lançado fora como um ramo e secará. Tais ramos são recolhidos, lançados no fogo e queimados' (Jo 15, 6). Não há meio termo no plano da salvação: ou somos ramos vivos ligados à videira, ou somos ramos mortos destinados ao fogo eterno. Pelo apostolado, por nossas obras de caridade, tornamo-nos rebentos vivos desta videira eterna, como discípulos de Jesus e para a maior glória de Deus.