sexta-feira, 18 de julho de 2014

HORA SANTA DE JULHO


Mil vezes felizes os desgraçados que, ao dobrar um caminho estreito, se encontraram a sós com Jesus! Que bem puderam, esses ditosos afligidos de Jerusalém, de Naim ou Betânia, desafogar a alma nesse celestial instante, com liberdade de súplica e pranto, no coração de Jesus! Assim nos encontramos Convosco nesta Hora Santa venturosa, Jesus de Nazaré e do Sacrário, assim! Olhai-nos: os que aqui estamos somos cabalmente esses ditosos azarados que viemos em busca de Vós, para nos esquecer, por um momento, de nós, aqui aos Vossos pés, à Vossa sombra deliciosa. 

Viemos só por Vós, chegamos em Vossa defesa, porque um clamor de raiva e de blasfêmia nos advertiu que Vossos carrascos não se dão trégua com o propósito de Vos desterrar da sociedade e das almas. E se haveis de sofrer, se haveis de agonizar, se haveis de morrer, Jesus, eis aqui o rebanho que quer ser ferido ao lado e por causa do pastor! Vós o dissestes com amargura de alma à Vossa serva Margarida: 'Quero compartilhar minha agonia, tenho necessidade de corações vítimas!' Disponde, pois, de todos estes, Senhor: amamo-Vos muito, amamo-Vos todos.

(Breve pausa)

Retrocedei, Jesus, o véu de Vosso peito, o Santo dos Santos, e consenti que Vossos filhos contemplemos, nesta Hora Santa, a paixão e ultraje, a dor da sentença dos mesmos que resgatastes com Vosso sangue. Fazei à luz nesse Tabernáculo e permiti-nos seguir-Vos, passo a passo, nesta incruenta Via Dolorosa, que começa nas sombras do Getsêmani e terminará, unicamente, no derradeiro ocaso da Terra. E ainda que não sejamos dignos, permiti que como confidentes e consoladores Vossos, participemos do cálice de Vossos opróbrios e agonias. Deixai-nos, oh amável Prisioneiro do altar, um só e único direito: amar-Vos na ignomínia de Vossa Cruz, nos unir na Hora Santa à Vossa agonia, amar-Vos até à morte e morrer amando com delírio a loucura o Getsêmani incessante de Vosso Coração Sacramentado. 

(Peçamos luz e amor para contemplar a Jesus Cristo na misteriosa paixão do Sacrário)

Jesus
(Pausa)

Vivo, alma querida, envolto no silêncio e mudo, porque estou, aqui onde me vês, perpetuamente encadeado ante os modernos Herodes da terra. Não ouves como se levanta até ao céu seu insolente interrogatório, a Mim, que sou o poder, a verdade e o único Mestre? Calo por teu amor, pensando em ti, a quem redimo com a condenação ignominiosa dos governantes, juízes dos homens, mas não de minha doutrina. Oh!, eles ambicionam autoridade de tirania para descarregá-la em Mim, e Eu sou sua perpétua vítima. Para eles o trono, para Mim o trono da vergonha; para eles o cetro de ouro e Eu sempre com o cetro da zombaria; para eles cortejo de aplausos e incensadores; para Mim a corte do desprezo e os carrascos; para eles diadema e homenagens; para Mim uma coroa de espinhos, para Mim o esquecimento, sempre o esquecimento!

E, se alguma vez, recordam a este Rei nas alturas fictícias da terra, somente Meu Nome atrai a tempestade do ódio, a perseguição e a blasfêmia. Aqui me tens, posto em roupas de réu por um mundo que vive de meu alento. Emudeço porque no Sacrário Sou a encarnação da misericórdia e do amor. E esse desacato à Minha soberania, o desconhecimento de Minha realeza nas leis que regem os povos, é o ultraje direto, blasfemos, à Minha pessoa, a Mim, que vivo abatido, sacramentado entre os humanos. Essa injúria é o desafio a este Jesus-Eucaristia, que te fala desde um altar, convertido com frequência no pretório de Pilatos.

Aqui, alma consoladora, aqui no Tabernáculo, recebo manso as afrontas do escravo e a sentença do vilão; daqui, deste calabouço, em que vivo perdoando, Me tiram unicamente quando os tribunais da terra decretam Me flagelar, para Me apresentar logo,ensanguentado, às iras populares. Como se sente aliviado Meu Divino Coração com vosso desagravo! Esse escárnio dos poderosos, o compensa nesta Hora Santa o amor ardente dos meus; o reparais vós, os ricos humildes e os pobres resignados. Desde aqui, desde o altar, Eu vos bendigo amigos fidelíssimos. Por isso, falai, Meus filhos, exigi milagres de Meu amor, vós, os predestinados de Meu Coração. Falai, sou o Rei das misericórdias infinitas.

(Pausa)
A alma

Senhor Jesus, Vossa alma enternecida pela adesão deste rebanho pequenino, nos oferece agora milagres e perdão. Oh!, sobretudo, o mundo dos poderosos, dos governantes e dos ricos, necessita o grande prodígio de Vossa luz, necessita conhecer-Vos, Senhor Sacramentado, conhecer-Vos nessa Hóstia, e aceitar desde aí a imposição de Vossa realeza salvadora. Pela afronta, pois, que padecestes ante o iníquo Herodes, na mansão dos que se chamam magnatas da terra:

(Todos, em voz alta)

Cumpri Vossas promessas de vitória, oh Divino Coração!
No santuário das leis e nos tribunais tão falíveis da justiça humana...
Cumpri Vossas promessas de vitória, oh Divino Coração!
Na consciência daqueles que influem nos destinos dos povos...
Cumpri Vossas promessas de vitória, oh Divino Coração!
Nos conselhos de tantos governantes, levantados em oposição a Vosso Calvário...
Cumpri Vossas promessas de vitória, oh Divino Coração!
Nas sedições populares explodidas em ultraje a Vossa doutrina redentora...
Cumpri Vossas promessas de vitória, oh Divino Coração!
No jogo de tantos interesses de soberba e de fortuna, dos azarados gozadores da terra...
Cumpri Vossas promessas de vitória, oh Divino Coração!
No satânico complô, estourado com sigilo, em ruína de Vosso sacerdócio e de Vossa Igreja...
Cumpri Vossas promessas de vitória, oh Divino Coração!
Na imprudente segurança de tantos bons, na apatia e indolência dos que quiseram adorar-Vos, mas longes do Calvário...
Cumpri Vossas promessas de vitória, oh Divino Coração!
Na ambição desenfreada de ganhar alturas e dinheiro, à custa de Vosso sangue e da condenação eterna de tantas almas infelizes...
Cumpri Vossas promessas de vitória, oh Divino Coração!

Jesus

Eu sou a santidade, assim dizeis vós, de joelhos ante esta Hóstia, assim canta o céu, que repete neste templo o clamor da Hora Santa. Sim, Eu sou a santidade, e fui trocado, no entanto, pelo assassino Barrabás. Ah, e ainda sou preterido, muitas vezes, por ódio, por desdém e por esquecimento!

(Pausa)

Que angustia tão cruel a de meu Coração, vexado nesta afronta! Eis-Me aqui, oculto num Sacrário; sou Jesus, o Deus da humildade. O mundo vão vive de soberba, e não perdoa que Eu seja o nazareno escondido, nascido num estábulo. Vede como passam as almas orgulhosas por diante de meu altar, como vão desoladas, sedentas de ostentações, ambicionando estimação e aplausos. Passam e Me pospõem a uma honra falsa. Nesta penumbra de meu templo, vivo relegado; desde aqui vou pregando estas palavras; 'aprendei de Mim, que sou humilde e pobre'. Ah, sim, sou pobre!, pois entreguei os tesouros da terra para vos abrir a vós a imortalidade do paraíso. Sou pobre, sou mendigo; por isso vivo desdenhado do grande mundo, que necessita do ouro e, se não o tem, de seu brilho mentiroso... O que valho Eu para ele, entre as palhas de Belém, na obscuridade de Nazaré, nudez e abatimento do Calvário e da Eucaristia? Que amarga decepção! Me fiz pobre por amor e sou um pobre repudiado, posposto à fortuna miserável deste mundo.

(Breve pausa)

Estou chagado... Minhas mãos, que chamam e bendizem, estão atravessadas; Meus pés, feridos; Minha fronte, destroçada; lívidos, Meus lábios; sem luz, Meus olhos; ensanguentado o corpo; aberto, como larga ferida, o peito apaixonado. Ah, como tremem os mortais ao ver a este Deus perpetuamente ensanguentado! Eles quiseram as delicias de um Éden antecipado no deserto. Quem me pôs assim? O amor que vos tenho... Assim estou, assim vivo no Sacrário, oferecendo paz e céu, mas entre espinhos e na Cruz. E onde estão os amigos, os crentes, os discípulos? Onde? Se foram... Me deixaram, em busca de prazeres; Me legaram ao lodo da culpa. Barrabás, o vilão, vai triunfando pelo mundo, e atrás dele, os soberbos convencidos, os de costumes levianos; atrás de Barrabás, aclamando-o em sua liberdade e em seu delito, os licenciosos, os corruptores da infância, os que mentem aos povos, os que envenenam pela imprensa. Vitorioso Barrabás, lhe dão vitória todos aqueles que me renegam e maldizem nas leis, os políticos que sobem, cuspindo-Me no rosto sua blasfêmia.

Todos estes vão ufanos, livres; o mundo lhes joga flores; para eles palmas de vitória. E aqui, em Meu solitário Tabernáculo, Eu, Jesus, atado por amor, abandonado pelos bons, negado pelos débeis, esquecido dos demais, condenando pelos governantes, flagelado pelas multidões desencadeadas contra Mim. Eu amei aos Meus, sobre todas as coisas do céu e da terra e os de Meu próprio lar Me pospuseram ao pó. Ai!, ao lodo dos caminhos... Decidi vós, Meus amigos, se há afronta mais ardente que a Minha! Considerai e vede se há dor semelhante a esta dor!


(Pausa)
A alma

O discípulo, Jesus Divino, não há de ser mais que seu Mestre. Vós, que nos destes o exemplo, quereis que, seguindo a Vós, nos neguemos, levando com amor a Cruz que salva. Vo-lo pedimos, nesta Hora Santa, com caridade ardente de Maria Dolorosa, Vo-lo exigimos para Vosso consolo e para a Redenção dos pecadores, com o entusiasmo de Margarida Maria; sim, nos abraçamos à Cruz pelo triunfo de Vosso Coração na Santa Eucaristia. Escutai-nos, Jesus, nesta Hóstia; vamos oferecer a Vós a prece do Getsêmani, que é a oração de Vosso sacrifício de aniquilamento no altar. Ouvi-nos, benigno e manso.

(Entrecortado e lento)

Amamo-Vos, Jesus; concedei-nos a glória de sermos preteridos, por Vosso entristecido Coração.
Amamo-Vos, Jesus; outorgai-nos a dita de sermos confundidos, por Vosso amargado Coração.
Amamo-Vos, Jesus; concedei-nos a graça de sermos desatendidos, por causa de Vosso misericordioso Coração.
Amamo-Vos, Jesus; outorgai-nos a honra imerecida de sermos zombados, por Vosso angustiado Coração.
Amamo-Vos, Jesus; concedei-nos a recompensa de sermos desprezados, pela glória de Vosso ferido Coração.
Amamo-Vos, Jesus; outorgai-nos a distinção preciosa de sermos injuriados, pelo triunfo de Vosso Sagrado Coração.
Amamo-Vos, Jesus; concedei-nos a fruição incomparável de ser algum dia perseguidos, pelo amor de Vosso Divino Coração.
Amamo-Vos, Jesus; outorgai-nos a coroa de sermos caluniados, no apostolado de Vosso Sagrado Coração.
Amamo-Vos, Jesus; concedei-nos a amável regalia de sermos traídos, em holocausto a Vosso Divino Coração.
Amamo-Vos, Jesus; outorgai-nos a honra de sermos aborrecidos, em união com Vosso agonizante Coração.
Amamo-Vos, Jesus; concedei-nos o privilégio de sermos condenados pelo mundo, por vivermos unidos a Vosso Sagrado Coração.
Amamo-Vos, Jesus; outorgai-nos a amargura deliciosa de sermos esquecidos, pelo amor de Vosso Sagrado Coração.
Oh, sim! Suplicamo-Vos: dai-nos a parte que de direito nos corresponde nos vilipêndios e agonias de Vosso Coração Sacramentado. Consolai-Vos, Mestre; cada um destes, pondo em Vosso Lado aberto uma palavra de humildade e confidência, Vos protesta, que Vós sois a única fortuna e seu único paraíso.

(Breve pausa)

Que tenho eu, oh, Divino Coração!, que Vós não me haveis dado?
Que sei eu, que Vós não me haveis ensinado?
Que valho eu, se não estou ao Vosso lado?
Que mereço eu, se a Vós não estou unido?
Perdoai-me os erros que contra Vós cometi.
Pois me criastes sem que o merecesse.
E me redimistes sem que Vo-lo pedisse.
Muito fizestes em me criar.
Muito em me redimir.
E não sereis menos poderoso em me perdoar.
Pois o muito sangue que derramastes,
E a acerba morte que padecestes,
Não foi pelos anjos que Vos louvam,
Senão por mim e demais pecadores que Vos ofendem.
Se Vos neguei, deixai-me reconhecer-Vos,
Se Vos injuriei, deixai-me louvar-Vos,
Se Vos ofendi, deixai-me servir-Vos,
Porque é mais morte que vida a que não está empregada em Vosso santo serviço.

(Pausa)

Jesus

Posto que vós que estais aqui comigo sois meus íntimos, deixai que em vós desafogue Meu Coração, tão amargurado; ouvi-Me. Há nEle uma pena funda, uma ferida que chega até à divisão de Minha alma. Israel, o povo de Meus amores, Israel pediu a sentença, exigiu Minha morte e levantou a Cruz. Israel, por quem Eu flagelei o Egito, Me flagelou. Despedacei suas cadeias e as pus nas mãos de seu Salvador; lhe dei maná no deserto e me teceu uma coroa de espinhos; tirei a água milagrosa da rocha, para aplacar sua sede, e insultou a febre abrasadora de Minha agonia. Baixei do céu, e na arca misteriosa quis morar com eles no deserto. Quantas vezes os tive protegidos sob Minhas asas! E vede-Me, ferido de morte por Israel. 

Por que Meu povo ainda segue Me despojando de Minha soberania? Por que ainda segue tirando a sorte sobre Minhas vestes e atirando ao vento do desprezo Meu Evangelho de caridade e de consolo? Como se agitam as multidões rugindo contra Minha lei! Como povos inteiros, seduzidos pela soberba, romperam a unidade sacrossanta de Minha doutrina, túnica inconsútil de Minha Igreja! Meu Coração soluça dentro de Meu peito desgarrado, ao ouvir, como no átrio de Pilatos, o clamor de tantas raças, de tantas sociedades, que, apontando a Mim neste pobre altar, exclamam: 'Não queremos, não, que esse Nazareno reine sobre nosso povo!'. Eu te perdoo, oh, Israel!

(Breve pausa)

Meu Vigário é perpetuamente vítima dessa multidão enlouquecida; ele é Meu rosto terreno, nele sigo sendo esbofeteado pelos insultador de Minha Igreja. Esse agravo me é particularmente doloroso; ai daquele que põe a mão no Pontífice, o ungido de Meu Pai! Detende seu braço justiceiro, interponde esta Hora Santa, em união com Meu ultrajado Coração, pois quero fazer piedade. Sim, pela apostasia cruel de tantos povos, pela apostasia pública em tantas sociedades, pela descarada afronta a Meu Vigário, pelo ódio aberto e legalizado a Meu sacerdócio, pela iníqua tolerância e os favores de que gozam todos os modernos sinedristas, por todo esse acúmulo de pecados, por essa plebe e essa corte que Me ferem, com uma só voz e uma só alma, pedi piedade a Meu Coração, pedi-Lhe misericórdia.

As almas

Prisioneiro de amor, Jesus Sacramentado, passe nossas orações as grades de Vosso cárcere, como um incenso de adoração e desagravo, que Vos oferecemos pelas mãos de Maria Imaculada.

Ladainha

Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Deus, Pai dos céus, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do mundo, ...
Deus Espírito Santo, ...
Santíssima Trindade, que sóis um só Deus, ...
Coração de Jesus, Filho do Pai Eterno, ...
Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Mãe, ...
Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus, ...
Coração de Jesus, de majestade infinita, ...
Coração de Jesus, templo santo de Deus, ...
Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo, ...
Coração de Jesus, casa de Deus e porta do céu, ...
Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade, ...
Coração de Jesus, receptáculo de justiça e de amor, ...
Coração de Jesus, cheio de amor e bondade, ...
Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes, ...
Coração de Jesus, digníssimo de todo o louvor, ...
Coração de Jesus, Rei e centro de todos os corações, ...
Coração de Jesus, no qual estão todos os tesouros da sabedoria e ciência, ...
Coração de Jesus no qual habita toda a plenitude da divindade, ...
Coração de Jesus, no qual o Pai põe as suas complacências, ...
Coração de Jesus, de cuja plenitude nós todos participamos, ...
Coração de Jesus, desejo das colinas eternas, ...
Coração de Jesus, paciente e misericordioso, ...
Coração de Jesus, rico para todos os que vos invocam, ...
Coração de Jesus, fonte de vida e santidade, ...
Coração de Jesus, propiciação pelos nossos pecados, ...
Coração de Jesus, saturado de opróbrios, ...
Coração de Jesus, atribulado por causa de nossos crimes, ...
Coração de Jesus, feito obediente até a morte, ...
Coração de Jesus, atravessado pela lança, ...
Coração de Jesus, fonte de toda a consolação, ...
Coração de Jesus, nossa vida e ressurreição, ...
Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação, ...
Coração de Jesus, vítima dos pecadores, ...
Coração de Jesus, salvação dos que esperam em Vós, ...
Coração de Jesus, esperança dos que expiram em Vós, ...
Coração de Jesus, delícia de todos os santos, ...
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.
V. Jesus, manso e humilde de coração,
R. Fazei nosso coração semelhante ao Vosso.

Oração

Deus onipotente e eterno, olhai para o Coração de Vosso Filho diletíssimo e para os louvores e as satisfações que Ele, em nome dos pecadores Vos tributa; e aos que imploram a Vossa misericórdia concedei benigno o perdão em nome do Vosso mesmo Filho Jesus Cristo, que Convosco vive e reina por todos os séculos dos séculos. Amém.

(Pausa)

Jesus

Tudo, em meu amor pelos humanos, está consumado já pela Santa Eucaristia, tudo. Oh! mas a ingratidão humana consumou também Comigo, neste maravilhoso Sacramento, a obra da dor suprema. Meus filhos, onde estáveis vós quando no Calvário se Me envolveu no silêncio de uma solidão, mais cruel que a de Minha tumba? Amigos de Meu Coração, que era de vós quando Meus olhos, nublados pelo pranto derradeiro da agonia, não contemplavam senão semblantes iracundos de verdugos? Onde estáveis? E quando, pensando em vós, os predestinados, tive sede de que consolassem Minha alma, infinitamente angustiada, por que então, se umedeceram Meus lábios, abrasado com fel de ausência., de esquecimento, de covardia, de tibieza daqueles mesmo que foram os regalados do banquete de Meu lar? Bem o sabeis: essa não é, por desgraça, uma história de séculos atrás; contemplai-Me nesta Hóstia, e decidi se a ingratidão não é pão amargo e cotidiano deste Deus feito Pão pelos mortais. Quanto e em que vos contristei cárcere voluntário, para que seleis suas portas com o abandono em que se deixa um sepulcro destruído e vazio?

Oh!, vinde, rodeai-Me, estreitai-vos a Meus pés; quero sentir-vos perto, muito perto, na mística agonia de Meu Coração Sacramentado. Hora ansiada, Hora venturosa, a Hora Santa, na qual este Deus recobra Sua herança, o preço do Seu sangue! Eu vos bendigo, porque tive fome e, deixando o repouso, viestes partir-Me o pão da caridade; vos considero Meus porque tive sede e Me destes compaixão e lágrimas; vos abraço sobre Meu peito lastimado, porque estive tristíssimo na solidão desta prisão e viestes fazer-Me deliciosa companhia. Em verdade, em verdade, vos digo que vossos nomes estão escritos para sempre com letras de fogo e sangue no mais recôndito de Meu Coração enamorado. Descansai sobre Ele, como eu descanso agora entre vós, os filhinhos preferidos de Meu amor.

(Pausa)

A alma

Viemos, não para descansar, Mestre, senão para sofrer Convosco, para compartilhar Vosso cálice e para reparar, pedindo o reinado de Vosso Divino Coração. Por isso não nos retiramos de Vosso lado, levando-Vos na alma, sem Vos haver confiado antes um anelo ardoroso, o único anelo de Vossos consoladores e amigos, e dizer-Vos que venhais, que aproximei-Vos triunfador por Vosso Sagrado Coração, que Vos reveles a estes Vossos apóstolos humildes, porque sentem ardores inefáveis, que só Vossa posse e Vosso reinado podem mitigar. Acedei, pois, Jesus amabilíssimo, e nas naturais aflições e sombras da vida.

(Todos, em voz alta)

Vinde!... sentimos sede de Vosso adorável Coração.
Nos afetos caducos e enganosos da terra.
Vinde!... sentimos sede de Vosso adorável Coração.
Nas desilusões da amizade terrena, nas fraquezas do amor humano.
Vinde!... sentimos sede de Vosso adorável Coração.
Nas seduções brilhantes da vaidade, nos obstáculos incessantes do caminho.
Vinde!... sentimos sede de Vosso adorável Coração.
Nas castas e legítimas alegrias dos lares que Vos adoram.
Vinde!... sentimos sede de Vosso adorável Coração.
Nas veleidades da adulação e da fortuna sedutora.
Vinde!... sentimos sede de Vosso adorável Coração.
Nas horas de paz da consciência, nos momentos de um arrependimento saudável.
Vinde!... sentimos sede de Vosso adorável Coração.
Nas tribulações dos nossos, ao ver sofrer os que amamos.
Vinde!... sentimos sede de Vosso adorável Coração.
Nos desfalecimentos do amor terreno, ao sentir a fadiga do desterro.
Vinde!... sentimos sede de Vosso adorável Coração.
Nas contradições incessantes, nos dias de incerteza ou de quebranto amargo.
Vinde!... sentimos sede de Vosso adorável Coração.
No momento da tentação e na hora da suprema despedida da terra e da Hóstia Santa.
Vinde!... sentimos sede de Vosso adorável Coração.

(Pausa)

As almas

Ao ver-Vos de perto e tão benigno, longe de exclamar como Vosso apóstolo: 'Apartai-Vos, Senhor; afastai-Vos, porque somos miseráveis pecadores'; queremos, pelo contrário, lançar-nos a Vosso encontro, encurtar as distâncias e estreitar a ditosa intimidade entre Vosso Coração e os nossos.

(Lento e entrecortado)

Vinde, Jesus, vinde descansar em nosso amor, quando os soberbos governantes da terra maldisserem de Vossa lei e de Vosso nome.; lembrai-Vos que somos Vossos, que estamos consagrados à glória de Vosso Divino Coração. Vinde, Jesus, vinde descansar em nosso amor quando as multidões, agrupadas por Lúcifer e os sectários seus sequazes, assaltem Vosso santuário, e reclamem Vosso sangue;. lembrai-Vos que somos Vossos, que estamos consagrados à glória de Vosso Divino Coração. 

Vinde, Jesus, vinde descansar em nosso amor; quando gemerdes pelo vitupérios e pelas cadeias com que ultrajam a Vossa Igreja santa, os poderosos e aquele falsos sábios, cujo orgulho condenastes com dulcíssima firmeza; lembrai-Vos que somos Vossos, que estamos consagrados à glória de Vosso Divino Coração. Vinde, Jesus, vinde descansar em nosso amor, quando milhares de cristãos fizerem pouco caso de Vossa pessoa adorável e Vos lastimem cruelmente com uma tranquila renúncia, que é um punhal de frieza cravado em Vosso peito sacrossanto; lembrai-Vos que somos Vossos, que estamos consagrados à glória de Vosso Divino Coração. 

Vinde, Jesus, vinde descansar em nosso amor; quando tantos bons e virtuosos Vos meçam com avareza vosso carinho, Vos deem com mesquinhez aborrecível sua confiança e Vos neguem consolo em sacrifício e santidade; lembrai-Vos que somos Vossos, que estamos consagrados à glória de Vosso Divino Coração. Vinde, Jesus, vinde descansar em nosso amor; quando Vos oprime a deslealdade, quando Vos amargue a tibieza das almas predestinadas, que, por vocação, deveriam ser inteiramente Vossas e santas, então como nunca, nessa hora de desolação ímpar, lembrai-Vos que somos Vossos; restitua aqui os olhos entristecidos, suplicantes, não esqueçais que estes filhos estão consagrados para sempre à glória de Vosso Divino Coração.

(Pai-Nosso e Ave-Maria) pelas intenções particulares dos presentes.
(Pai-Nosso e Ave-Maria) pelos agonizantes e pecadores.
(Pai-Nosso e Ave-Maria) pedindo o reinado do Sagrado Coração mediante a Comunhão frequente e diária, à Hora Santa, e a Cruzada da Entronização do Rei Divino nos lares, sociedades e nações).

(Cinco vezes)

Coração Divino de Jesus, venha a nós o Vosso Reino!

(Lento)

Vós sois, Jesus, o Deus oculto. Escondei-Vos em minha alma, e convertido eu numa Hóstia, noutra Eucaristia humilde, vamo-nos, Senhor, vamo-nos eternamente unidos, como na Comunhão, como na Hora Santa. Vós em meu pobrezinho coração e eu perdido para sempre no abismo de dor, de luz do céu, de Vosso Sagrado Coração: venha a nós o Vosso Reino!

Fórmula de consagração individual ao Sagrado Coração de Jesus, composta por Santa Margarida Maria

Eu (...) Vos dou e consagro, ó Sagrado Coração de Jesus Cristo, minha pessoa e minha vida, minhas ações, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte de meu ser senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta minha vontade irrevogável: ser todo Vosso e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar. Tomo-Vos, pois, ó Sagrado Coração, por único objeto de meu amor, protetor de minha vida, segurança de minha salvação, remédio de minha fragilidade e de minha inconstância, reparador de todas as imperfeições de minha vida e meu asilo seguro na hora da morte.

Sede, ó coração de bondade, minha justificação diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim Sua justa cólera. Ó coração de amor! Deposito toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo de minha malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero de Vossa bondade! Extingui em mim tudo o que possa desagradar-Vos, ou se oponha à Vossa vontade. Seja o Vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais possa eu esquecer-Vos, nem separar-me de Vós. Suplico, por Vosso infinito amor, que meu nome seja escrito em Vosso coração, pois quero fazer consistir toda a minha felicidade e toda a minha glória em viver e morrer como Vosso escravo. Amém.

(Hora Santa de Julho, pelo Pe. Mateo Crawley - Boevey) 

quinta-feira, 17 de julho de 2014

ORAÇÃO: REGINA COELI


Hino religioso que expressa a santa alegria do período pós-pascal (Domingo de Páscoa até o domingo da Santíssima Trindade), provavelmente composto entre os séculos IX e XII, de autoria desconhecida, embora com referências ao Papa Gregório V (998). Sua utilização original parece ter sido em Roma, na forma de uma antífona para as Vésperas na Páscoa. O versículo de conclusão não constitui parte integrante da oração original.

Uma lenda interessante em torno desta oração associa a sua autoria a São Gregório Magno. A lenda conta que, no ano de 596, durante a época da Páscoa, a peste assolava Roma. São Gregório Magno organizou, então, uma procissão para ser realizada em súplica a Deus pelo fim da epidemia. No dia marcado, reuniu-se de madrugada com todo o clero na igreja de Ara Coeli, início da procissão. Ao passar pelo Castelo de Adriano, como era chamado na época, vozes foram ouvidas do céu cantando o Regina Coeli. O Papa, surpreso e embevecido com o coro dos anjos, respondeu em voz alta: 'Ora pro nobis Deum, alleluia!' Naquele momento, um anjo apareceu em uma luz gloriosa que, desembainhando sua espada, fez cessar de imediato toda peste. Em lembrança a este acontecimento milagroso, o nome do castelo foi alterado para Santo Ângelo e as palavras do hino angelical foram inscritas no pórtico da Igreja de Ara Coeli.

V. Regina cœli (caeli), lætare, alleluia.
R. Quia quem meruisti portare, alleluia.

V. Resurrexit, sicut dixit, alleluia.
R. Ora pro nobis Deum, alleluia.

V. Gaude et lætare, Virgo Maria, alleluia.
R. Quia surrexit Dominus vere, alleluia.

Oremus: Deus, qui per resurrectionem Filii tui, Domini nostri Iesu Christi, mundum lætificare dignatus es: præsta, quæsumus; ut per eius Genetricem Virginem Mariam, perpetuæ capiamus gaudia vitæ. Per eumdem Christum Dominum nostrum. Amen.


V. Rainha do céu, alegrai-vos! Aleluia!
R. Porque quem merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
V. Ressuscitou como disse! Aleluia!
R. Rogai a Deus por nós! Aleluia!

V. Exultai e alegrai-Vos, ó Virgem Maria! Aleluia!
R. Porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente! Aleluia.

Oremos: Ó Deus, que Vos dignastes alegrar o mundo com a Ressurreição do Vosso Filho Jesus Cristo, Senhor Nosso, concedei-nos, Vos suplicamos, que por sua Mãe, a Virgem Maria, alcancemos as alegrias da vida eterna. Por Cristo, Senhor Nosso. Amém.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

GLÓRIAS DE MARIA: MÃE E FORMOSURA DO CARMELO


No dia 16 de julho de 1251, São Simão Stock suplicava a intercessão de Nossa Senhora  para resolver problemas da Ordem Carmelita quando teve uma visão da Virgem que, trazendo o Escapulário nas mãos, lhe disse as seguintes palavras:

"Filho diletíssimo, recebe o Escapulário da tua Ordem, sinal especial de minha amizade fraterna, privilégio para ti e todos os carmelitas. Aqueles que morrerem com este Escapulário não padecerão o fogo do Inferno. É sinal de salvação, amparo e proteção nos perigos, e aliança de paz para sempre". 



Imposição e Uso do Escapulário

- Qualquer padre pode fazer a bênção e imposição do Escapulário à pessoa.

2 - A bênção e a imposição valem para toda a vida e, portanto, basta receber o Escapulário uma única vez.

- Quando o Escapulário se desgastar, basta substituí-lo por um novo.

- Mesmo quando alguém tiver a infelicidade de deixar de usá-lo durante algum tempo, pode simplesmente retomar o seu uso, não sendo necessária outra bênção.

5 - Uma vez recebido, o Escapulário deve ser usado em todas as ocasiões (inclusive ao dormir), preferencialmente no pescoço.

6 - Em casos de necessidade de retirada do Escapulário, como no caso de doenças e/ou internações em hospitais, a promessa de Nossa Senhora se mantém, como se a pessoa o estivesse usando.

7 - Mesmo um leigo pode fazer a imposição do Escapulário a uma pessoa em risco de morte, bastando recitar uma oração a Nossa Senhora e colocar na pessoa um escapulário já bento por algum sacerdote.

8 - O Escapulário pode ser substituído por uma medalha que tenha, de um lado, o Sagrado Coração de Jesus e, do outro, uma imagem de Nossa Senhora (por autorização do Papa São Pio X).
Oração a Nossa Senhora do Carmo
     Ó Virgem do Carmo e mãe amorosa de todos os fiéis, mas especialmente dos que vestem vosso sagrado Escapulário, em cujo número tenho a dita de ser incluído, intercedei por mim ante o trono do Altíssimo. 

          Obtende-me que, depois de uma vida verdadeiramente cristã, expire revestido deste santo hábito e, livrando-me do fogo do inferno, conforme prometestes, mereça sair quanto antes, por vossa intercessão poderosa, das chamas do Purgatório.

        Ó Virgem dulcíssima, dissestes que o Escapulário é a defesa nos perigos, sinal do vosso entranhado amor e laço de aliança sempiterna entre Vós e os vossos filhos. Fazei, pois, Mãe amorosíssima, que ele me una perpetuamente a Vós e livre para sempre minha alma do pecado. 

       Em prova do meu reconhecimento e fidelidade, ofereço-me todo a Vós, consagrando-Vos neste dia os meus olhos, meus ouvidos, minha boca, meu coração e todo o meu ser. E porque Vos pertenço inteiramente, guardai-me e defendei-me como filho e servidor vosso. Amém.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

VERSUS: A INTEGRIDADE COMO ELEMENTO DO BELO

(Estátua de Mateus, interior da nave central da Catedral de Latrão em Roma)

'A perfeição primeira consiste em que algo seja perfeito na sua substância; e esta perfeição é  a forma do todo, a qual resulta da integridade da partes (São Tomás de Aquino, Suma Teológica I, q.73, a.1)

(Estátuas incompletas, do artista Bruno Catalano)

'Ser belo é ser e ser é ser belo. Tudo o que é, é belo pelo fato mesmo de que ele é, e o feio nada mais é do que a falta de ser ... para indicar o lugar deixado vazio, por uma ausência da realidade' (Étienne Gilson, Peinture et realité, 1972)

(citações da obra 'A beleza no mundo, no homem e em Deus', de Pierre Lejeune)

FOTO DA SEMANA

(interior da nave central da Basílica de São João de Latrão, em Roma)

(em destaque: estátua de São Mateus)

domingo, 13 de julho de 2014

13 DE JULHO - SANTA TERESA DOS ANDES


Joana Fernandes Solar nasceu em Santiago do Chile, em l3 de julho de l900, no seio de uma família tradicional e teve a infância marcada por uma intensa vida mariana, que proporcionou a ela uma sólida base para uma vida cristã autêntica. Desde tenra idade, experimentou uma extraordinária relação sobrenatural com Jesus: 'desde que fiz minha Primeira Comunhão, Nosso Senhor me falava sempre, depois de eu comungar' e com Nossa Senhora: 'minha devoção especial era à Virgem; contava-lhe tudo'.

Aos dezenove anos de idade, em maio de 1919, entrou para o mosteiro das carmelitas dos Andes, tomando o nome de Teresa de Jesus. Sua santidade era óbvia para todos que conviviam com ela, particularmente nos tempos do Carmelo. Viveu no mosteiro dos Andes por apenas onze meses, pois contraiu febre tifoide, vindo a falecer em 12 de abril de 1920, na sua cidade natal. Os seus restos mortais estão depositados na cripta do Santuário de Auco - Rinconada, em Los Andes, no Chile. Foi beatificada pelo Papa João Paulo II, no dia 13 de abril de 1987, em Santiago do Chile e canonizada, pelo mesmo papa, na Basílica de São Pedro, no dia 21 de março de 1993, tornando-se a primeira santa do Chile e do Carmelo da América Latina.
(cela no Carmelo e jazigo no Santuário de Auco - Rinconada)

A PARÁBOLA DO SEMEADOR

Páginas do Evangelho - Décimo Quinto Domingo do Tempo Comum


No Evangelho deste domingo, Jesus nos ensina a força e a eficácia da Palavra de Deus, lançada aos homens pelo semeador, imagem do apóstolo. Palavra que fecunda e irriga de graças a terra inteira, e que produz muitos frutos de salvação, pois assim diz o Senhor: 'Assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam mais, mas vêm irrigar e fecundar a terra, e fazê-la germinar e dar semente, para o plantio e para a alimentação, assim a palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la' (Is 55, 10 - 11).

Jesus se coloca em uma barca, às margens do mar da Galileia e fala à multidão, reunida na praia, por meio de uma parábola: 'Ouvi, portanto, a parábola do semeador' (Mt 13, 8). A Palavra de Deus é um tesouro de bênçãos e graças, que somente se revela na luz do Cristo, na pureza de uma consciência devotada às coisas do Alto, no despojamento do eu e na entrega ao discernimento espiritual de ver, ouvir e entender as coisas de Deus com o coração (profecia de Isaías). Os mistérios do Reino dos Céus são revelados apenas aos pequeninos, aos puros de coração, aos Filhos da Luz.

Jesus é o Semeador; a Palavra de Deus feita Carne, Sangue e Revelação. As sementes da graça devem ser acolhidas, endossadas, vividas, transmitidas, compartilhadas. Almas de apóstolo, eis a síntese da nossa fé cristã, pois também somos semeadores da Palavra de Deus: 'A verdade sai de minha boca, minha palavra jamais será revogada: todo joelho deve dobrar-se diante de mim, toda língua deve jurar por mim' (Is 45,23). 

A Palavra de Deus é semente lançada ao mundo para se tornar fruto de salvação. No coração enrijecido dos que renegam o Cristo, a semente é vã pois foi lançada em terra estéril, à beira do caminho. Há sementes que morrem sem germinar entre pedras ou entre espinhos, sem encontrar raízes ou luz, sufocadas pelas paixões do mundo, estancadas por qualquer revés, entregues à própria sorte de suas enormes fragilidades. As sementes que dão fruto são aquelas acolhidas na terra fértil do coração humilde e da alma temente a Deus, regadas e cuidadas com zelo e perseverança, firmadas em raízes profundas e alimentadas pela luz do Cristo. Sementes da graça que vão produzir frutos em abundância: 'Um dá cem, outro sessenta e outro trinta' (Mt 13, 23).