segunda-feira, 6 de junho de 2022

A TRANSVERBERAÇÃO DE SANTA VERÔNICA GIULIANI

Santa Verônica Giuliani talvez tenha sido, depois de Nossa Senhora, o ser humano que compartilhou com maior rigor e realismo a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo no Calvário. Suas experiências sobrenaturais neste contexto foram tremendas e quase impossíveis de descrever em seus domínios, tarefa que se reveste realmente impossível na compreensão humana de seus flagelos, dores e sofrimentos interiores e exteriores. Ela experimentou por completo a coroação de espinhos, o peso da cruz, a flagelação, a crucificação, a sua própria morte e a de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os seus jejuns, penitências e sofrimentos foram quase sobre-humanos.

Dentre este conjunto tremendo de interações praticamente cotidianas com o Céu, a experiência da transverberação foi de todo impressionante, muito além da descrição da experiência em si e das enormes consequências e efeitos do fenômeno sobrenatural, os quais foram detalhadamente expostos nas quase 22.000 páginas dos seus diários. Isto porque a transverberação de Santa Verônica Giuliani pôde ser contemplada, analisada e confirmada por vestígios e sinais físicos extraordinariamente visíveis.

Com efeito, a Irmã Florinda Cevoli da sua congregação esboçou uma imagem de um coração, sob a orientação da santa italiana e por determinação do confessor da mesma, contendo o arranjo geral das diferentes marcas e sinais que eram impressos sucessivamente no coração físico de Verônica, que era então informada por Jesus sobre cada nova impressão. 


O esboço final contempla um total de 25 marcas ou sinais, constituídos por 16 figuras e 9 letras, de acordo com o seguinte padrão: 

- uma cruz central contendo quatro letras: a letra C - Carità (Caridade) no topo, a letra F - Fede e Fedeltà (Fé e Fidelidade) ao centro, a letra U - Umiltà (humildade) na extremidade direita e a letra O - Obbedienza (Obediência) na esquerda

- um estandarte interceptando obliquamente a cruz e símbolo da vitória de Cristo, comportando uma bandeira branca inferior incorporando a letra m - Maria e uma bandeira acima, como uma projeção direta e superior à primeira, contendo a letra I - Iesus (Jesus)

- figuras à direita da cruz: uma chama de amor a Deus; duas chagas entrelaçadas; uma túnica; um cálice; a coluna de flagelação; um chicote e três cravos;

- figuras à esquerda da cruz: uma coroa de espinhos; uma chama de amor ao próximo; um martelo, uma lança; uma vara com uma esponja; um alicate (para remoção dos cravos)

- em ambos os lados da base da cruz, duas letras P: à esquerda P - Patire (Sofrer, Padecer) e, à direita P - Pazienza (Paciência)

- sob a cruz: sete espadas alinhadas segundo um padrão radial e convergente nas pontas, simbolizando as sete dores de Nossa senhora;

- na extremidade inferior do coração, abaixo do ponto de convergência das sete espadas, a letra V - Volontà di Dio (Vontade de Deus).

No dia seguinte à morte de Santa Verônica Giuliani, por ordem do bispo local, foi realizada uma autópsia parcial no corpo da santa pelos médicos Francesco Gentili e Gian Francesco Bordigia, com a presença de diferentes testemunhas e que envolveu a abertura da caixa torácica e a remoção do coração. Não foram encontradas evidências de derrame ou de inflamação na cavidade torácica. Nas partes expostas do coração, foram encontrados formações e contornos perfeitamente visíveis da parte da cruz com a letra C, da coroa de espinhos, das duas chamas, das sete espadas dispostas em arranjo radial , das letras V e P, da lança, da vara com a esponja e do estandarte com as bandeiras com as letras I e M e ainda de um cravo com ponta afiada. Nesta altura, a veracidade dos sinais foi considerada plenamente ratificada e a autópsia foi dada por concluída, sem a necessidade de reconhecimento físico das prováveis outras incisões mencionadas pela santa.