quarta-feira, 11 de agosto de 2021

SOBRE A GRANDEZA DO PERDÃO


Cristo nos pede duas coisas: que condenemos os nossos pecados e perdoemos os pecados dos outros, e que façamos a primeira coisa por causa da segunda, que será então mais fácil, pois aquele que pensa nos seus pecados será menos severo para com o seu companheiro de miséria. E perdoar não apenas por palavras mas do fundo do coração, para que não se vire contra nós o ferro com que cremos trespassar os outros.

Que mal te pode fazer o teu inimigo, que se possa comparar com aquele que fazes a ti próprio? Se te deixas levar pela indignação e pela cólera, serás ferido, não pela injúria que ele te fez, mas pelo ressentimento com que ficas.

Não digas: 'ele me ultrajou, me caluniou, causou-me inúmeros males'. Quanto mais disseres que ele te fez mal, mais demonstras que ele te fez bem, pois deu-te oportunidade de te purificares dos teus pecados.

Deste modo, quando mais ele te ofende, mais hipóteses te dá de obteres de Deus o perdão dos teus pecados. Porque, se quisermos, ninguém poderá prejudicar-nos; até os nossos inimigos nos prestam um grande serviço. Reflete, portanto, nas vantagens que obténs de uma injúria suportada com humildade e doçura.

(São João Crisóstomo)