quinta-feira, 17 de junho de 2021

SOBRE A COMUNHÃO ESPIRITUAL

A comunhão pode ser feita sacramentalmente, apenas espiritualmente ou preferencialmente de ambas as formas e, neste caso, particularmente durante a Santa Missa. A comunhão espiritual implica uma união da alma com Jesus Eucarístico não diretamente por meio da recepção do sacramento, mas por meio apenas do desejo sincero e fervoroso dessa recepção. No primeiro caso, o sacramento é a própria causa da graça e o comungante apenas uma condição (ex opere operato), ao passo que, na comunhão espiritual, o comungante torna-se a causa direta da graça, que depende das disposições pessoais colocadas em relação ao ato (ex opere operantis).  

Estas disposições pessoais são basicamente duas: primeiro, manifestar uma fé verdadeira e autêntica na presença de Cristo na Eucaristia, não apenas como presença real, mas também em termos da eficácia dessa presença como causa da graça. A segunda disposição implica buscar compensar com um desejo ardente o próprio ato do sacramento.

A distinção entre as formas de comunhão é significativa, e pode ser ponderada pelas próprias palavras de Nosso Senhor dirigidas a Soror Paula Maresca, fundadora do convento de Santa Catarina de Sena em Nápoles: 'Eu mantenho as suas comunhões sacramentais em um vaso de ouro e, em um vaso de prata, as suas comunhões espirituais'. Essa distinção será tanto maior em função de nossas imperfeições e fragilidades e, neste sentido, a comunhão espiritual será significativamente menos eficaz que a comunhão sacramental, ainda que atuando sobre os mesmos efeitos de graça santificante, alimento espiritual e remissão dos pecados veniais. 

Essa distinção, entretanto, depende essencialmente das nossas disposições interiores e, assim, é lícito pensar que, numa oferenda ardente e sincera de comunhão com Nosso senhor Jesus Cristo em espírito e com o coração pode resultar em maiores graças e frutos do que uma comunhão sacramental realizada com pouco zelo espiritual. A eficácia e o valor extremo da comunhão espiritual são expressos de formas diversas pelo testemunho de diferentes santos e santas da Igreja e muitos deles relataram a percepção de graças recebidas pelas comunhões espirituais como equivalentes às recebidas ou que teriam recebido nas comunhões com as espécies sacramentais.  

Tudo depende das nossas reais disposições interiores na comunhão espiritual, amparadas por uma fé viva e a condição do estado de graça, alcançado por um ato de contrição perfeito. Sem a contrição perfeita, a comunhão espiritual não seria válida (e não constitui um pecado), ainda que o desejo fosse bom. A grande vantagem da comunhão espiritual é que pode ser praticada várias vezes e em quaisquer  lugares, mas pressupõe um ambiente e as condições adequadas para a sua efetiva validação e obtenção de graças, pelo que é preferencialmente indicada durante a prática da Santa Missa.

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