domingo, 19 de outubro de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Do Senhor é que me vem o meu socorro,
do Senhor que fez o céu e fez a terra' (Sl 120)

Primeira Leitura (Ex 17,8-13) - Segunda Leitura (2Tm 3,14-4,2) -  Evangelho (Lc 18,1-8)

  19/10/2025 - VIGÉSIMO NONO DOMINGO DO TEMPO COMUM

O JUIZ INÍQUO E A VIÚVA IMPERTINENTE


No evangelho deste domingo, Jesus nos exorta, uma vez mais, à oração frequente, confiante, perseverante e colocada no coração de infinito amor do Deus de Misericórdia. À oração despojada de contrapartidas favoráveis aos apelos intrinsecamente humanos, mas entregue aos desígnios do Pai para o bem maior de nossa alma e do nosso semelhante. E vai enfatizar, de forma cristalina, que a obscuridade e as trevas da perda de fé são engendradas na forja da falta de oração. Santo Afonso de Ligório, doutor da Igreja, já nos alertava: 'Quem reza, se salva; quem não reza, se condena'.

Na parábola do mau juiz e da viúva impertinente, deparam-se duas realidades humanas antagônicas: de um lado, o homem privilegiado pelas leis humanas e detentor do poder de decisão sobre as ações e contendas dos outros homens; de outro lado, a mulher exposta e fragilizada pela perda do marido, sob o peso de novas e doloridas realidades e indefesa pelas dramáticas circunstâncias do momento. Cabe a ela, portanto, pedir, pedir uma vez mais e muitas vezes enfim e mesmo implorar a intervenção do juiz em sua causa e defesa. Ao juiz, homem iníquo, ao qual a soberba do cargo tinha imposto sempre decisões rápidas e inquestionáveis, a insistência da viúva é ocasião de incômodo, transtorno, desvario. Eis o cenário que Jesus montou para falar do valor incomensurável da oração.

Diante de apelos tão inoportunos e persistentes, até o juiz iníquo se rendeu: 'Eu não temo a Deus, e não respeito homem algum. Mas esta viúva já me está aborrecendo. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha a agredir-me!' (Lc 18, 4-5). Se até um homem iníquo e injusto é complacente com os rogos repetidos da viúva inconsolável a qual desdenha, o que Deus de infinita misericórdia não iria fazer por nós em oração confiante e perseverante nas suas graças? E Jesus é taxativo ao dizer: 'Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa' (Lc 18,8).

E, no mesmo versículo, Jesus encerra a parábola com uma frase extremamente preocupante: 'Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?' (Lc 18, 8). Jesus não precisaria se expressar assim se não profetizasse uma terrível apostasia dos homens dos tempos da Segunda Vinda do Senhor, fomentada pela perda dos valores espirituais, submissão aos valores mundanos e, principalmente pela perda da oração confiante e perseverante aos desígnios de Deus. E, de repente, ao se ter em conta as realidades de agora, não parece que Jesus está falando para nós?

sábado, 18 de outubro de 2025

ORAÇÃO A MARIA, MÃE DO ROSÁRIO

 

Com o terço entre as mãos,
Eu cantarei os teus louvores, ó Maria;
Em cada conta rezada do Rosário,
com todo meu amor humano eu pediria...

Ó Maria, Mãe do Rosário,
bendita Virgem Maria, medianeira das graças divinas,
legai-nos a paz e o triunfo do vosso Imaculado Coração!

Ó Maria, Mãe do Rosário,
tomai-me por inteiro junto ao vosso Coração Imaculado,
como filho(a) e propriedade do vosso amor. 

Ó Maria, Mãe do Rosário,
concedei-me a graça de ser discípulo fiel do vosso Filho,
agora e sempre, todos os dias da minha vida.

Ó Maria, Mãe do Rosário,
consolai-me nas aflições e provações da minha jornada
nos caminhos e nos atalhos deste mundo.

Ó Maria, Mãe do Rosário,
velai pela minha família, pela vinha herdada do vosso Filho,
que ela produza sempre frutos de vida eterna.

Ó Maria, Mãe do Rosário,
confortai os que sofrem, erguei os desvalidos,
e rogai a Deus pela conversão e salvação dos pecadores.

Ó Maria, Mãe do Rosário,
infundi na alma dos sacerdotes sua proteção maternal
e sede o farol que ilumina a Santa Igreja.

Ó Maria, Mãe do Rosário,
fortalecei em mim os dons do Espírito Santo,
para que eu seja luz para a salvação dos homens.

Ó Maria, Mãe do Rosário,
cumulai-me do vosso poderoso amparo e consolação
no dia e na hora da minha morte.

Ó Maria, Mãe do Rosário,
dai-me a graça de vos amar e adorar o vosso Filho,
por toda a eternidade no Céu. Amém.

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

A CIÊNCIA DE DEUS (VII)


Há bastante tempo, um jovem e petulante estudante universitário embarcou em um trem na França, sentando-se ao lado de um senhor de idade que lhe pareceu ser um camponês abastado. O estudante observou que, sob a aparência de silêncio, o homem mexia suavemente os lábios enquanto fazia correr as contas de um terço por entre os dedos.

Não lhe bastando a companhia e o fato, o jovem fez questão de interromper a prece do outro:
- Desculpe-me a intromissão, mas o senhor acredita mesmo em coisas tão tolas e ultrapassadas?
- Sim, acredito sim. E você, não? - respondeu o homem.

O estudante riu e comentou então:
- Eu não acredito nessas bobagens. Quer um conselho? Jogue este terço fora e aprenda a verdade que a ciência tem a dizer sobre isso.
- Ciência? Eu não entendo essa ciência. Talvez você possa me explicar - retrucou o velho homem, olhando fixamente o jovem nos olhos.

O estudante universitário percebeu que o homem ficara profundamente comovido. Para não ferir ainda mais os sentimentos do outro, disse cheio de empáfia: 
- Por favor, me dê o seu endereço e eu lhe enviarei alguns artigos e documentos que vão esclarecer muito esse assunto para o senhor.
- Está bem. Aqui está o meu cartão.

O cartão identificava o portador: Louis Pasteur - Diretor do Instituto de Pesquisa Científica de Paris.

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

GALERIA DE ARTE SACRA (XLIII)

Na época medieval, era um procedimento bastante comum decorar as paredes internas das catedrais com tapeçarias preciosas, reproduzindo comumente eventos da vida de Jesus Cristo, Nossa Senhora ou de algum santo. A tapeçaria presente na Catedral de Reims, muito famosa pela quantidade de peças e qualidade da composição, exibe passagens diversas da vida de Nossa Senhora. As tapeçarias da vida de Nossa Senhora foram doadas à Catedral de Reims pelo Arcebispo Robert de Lenoncourt em 1530, contemplando um conjunto total de 17 painéis independentes.

I. Árvore de Jessé [árvore genealógica de Jesus Cristo]
II. Joaquim e Ana expulsos do Templo [por não ter filhos]
III. Encontro de Joaquim e Ana diante do Portão Dourado [a pedido do anjo que profetiza o nascimento da Virgem]
IV. Nascimento de Maria
V. Apresentação de Maria no Templo
VI. Perfeições de Maria [Imaculada Conceição. Modelo e Pefeição da Graça]
VII. José e os Pretendentes de Maria [escolha divina por José]
VIII. Casamento de Maria e José
IX. A Anunciação a Maria
X. A visitação de Maria a Santa Isabel
XI. A Natividade [nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo]
XII. A Adoração dos Reis Magos
XIII. A Apresentação de Jesus no Templo
XIV. A Fuga para o Egito
XV. Parentesco de Maria - As Três Marias [Maria, Maria de Jacobé, Maria de Salomé]
XVI. Dormição da Virgem
XVII. Assunção de Maria

Como exemplo ilustrativo, a figura abaixo apresenta a Tapeçaria VI - As Perfeições de Maria, um tributo à sua Imaculada Conceição, cuja devoção especial ganhou popularidade durante os séculos XV e XVI. 


A tapeçaria é dominada por Deus Pai, declarando Maria como critura toda pura e sem mancha de imperfeição - Tota pulchra es amica mea et macula non est in te (Ct 4,7). No centro da imagem, vemos Maria tecendo, ladeada por dois anjos que trazem pão e vinho. Ela está sentada num jardim, cujos umbrais são encimados por bandeiras que exibem o brasão das catedrais de Reims. Os dois unicórnios, à direita e à esquerda das colunas, simbolizam a virgindade de Maria. Entre Deus Pai e o Jardim, podemos ver os sete anjos da criação e, nos cantos inferiores direito e esquerdo, encontramos figuras de profetas anônimos proclamando a grandeza de Maria.

A riqueza dos detalhes e a magnitude do trabalho, cuja origem exata é desconhecida, são retratadas na figura abaixo, que apresenta uma peça da Tapeçaria XI do conjunto - A Natividade.  

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

'QUE EU NÃO VÁ DIANTE DE VÓS COM AS MÃOS VAZIAS...'


Custe o que custar, Senhor, não queiras que eu vá diante de Vós com as mãos vazias, pois a recompensa deve ser dada segundo as minhas obras. Eis a minha vida, eis a minha honra e a minha vontade; tudo vos dou, sou vosso, dispõe de mim segundo a vossa vontade. Vede bem, meu Senhor, quão pouco posso fazer, ainda que tendo chegado diante de Vós, abrigado nesta torre de vigia onde se veem as verdades: sem desviares de mim, poderei fazer todas as coisas mas, se afastares, por pouco que seja, voltarei para onde estava, que era o inferno.

Oh como é uma alma quando se encontra aqui, tendo que voltar a lidar com todos a olhar e ver esta falsa vida mal organizada, a perder tempo cumprindo seus deveres para com o corpo, dormindo e comendo! Tudo a cansa, ela não sabe como escapar e se vê acorrentada e aprisionada. Então ela sente mais verdadeiramente o cativeiro que trazemos com nossos corpos e a miséria desta vida. Ela percebe então porque São Paulo implorou a Deus que o libertasse de tudo isso. Ela clama como ele. Ela pede a Deus liberdade, como eu disse antes; mas aqui é frequentemente com tão grande ímpeto que parece que a alma quer deixar o corpo em busca dessa liberdade, já que ela não é dada. Ela vagueia como se vendida em uma terra estrangeira, e o que mais a cansa é não encontrar muitos que se queixem como ela e peçam por isso, pois o mais comum é simplesmente desejar viver.

Ah se não estivéssemos apegados a nada e não tivéssemos alegria em nada da terra, como a dor de viver para sempre sem Ele temperaria o medo da morte com o desejo de desfrutar a vida verdadeira!

(Excertos da obra 'Livro da Vida', de Santa Teresa de Ávila)

SANTA TERESA DE ÁVILA, ROGAI POR NÓS!

terça-feira, 14 de outubro de 2025

TRATADO SOBRE A HUMILDADE (XLII)

 

145. O santo papa São Gregório percebeu o orgulho em todos os tipos de pessoas e descreveu suas características. Alguns, diz ele, orgulham-se de seus bens, outros de sua eloquência, alguns orgulham-se de coisas mundanas e outros de coisas da Igreja e dos dons de Deus de tal forma que, cegos pela vaidade, somos incapazes de discernir isso; quer nos exaltemos acima dos outros por causa da glória mundana ou dos dons espirituais, o orgulho nunca saiu do nosso coração porque está domiciliado ali e, para se disfarçar, assume uma aparência falsa.

É bom saber também que o orgulho não tenta superiores e inferiores da mesma maneira. Ele tenta os grandes, fazendo-os entender que alcançaram sua posição por seu próprio mérito e que nenhum de seus inferiores poderia ser comparado a eles; ele tenta seus subordinados, desviando sua atenção de suas próprias falhas e fazendo-os observar e julgar as ações de seus superiores; eles falam, no entanto, de seus superiores com uma certa liberdade, e como esse orgulho é chamado de independência legítima neles, assim também no superior é chamado de zelo e decoro.

Às vezes, nosso orgulho nos obriga a falar alto, outras vezes a preservar um silêncio amargo. O orgulho é dissoluto em suas alegrias, sombrio e delirante em sua melancolia; parece honroso na aparência, mas não tem honra; é cheio de valor ao ofender, mas covarde ao ser ofendido; é lento para obedecer, importuno em suas exigências para determinar seu dever, mas negligente em cumpri-lo; embora seja rápido para se intrometer e interferir em tudo o que não lhe diz respeito, não há possibilidade de incliná-lo em qualquer direção, a menos que ele próprio se incline para isso por seu próprio gosto. Por outro lado, é astuto, e finge ser indiferente em relação a qualquer cargo ou dignidade que cobiça, para que possa ser forçado a aceitá-los, amando ter aquelas coisas que mais deseja como se impostas violentamente sobre si, por medo de ser considerado com desprezo se seu desejo por elas fosse revelado. Tudo isso é ensinamento de São Gregório.

146. Depois de considerar o orgulho em si mesmo, resta-nos observar seus efeitos, e especialmente oito dos vícios mais comuns e familiares que ele produz, que são a presunção, a ambição, a inveja, a vaidade, a ostentação, a hipocrisia, a desobediência e a discórdia. Vamos examiná-los com São Tomás.

A presunção é um vício pelo qual nos consideramos capazes de realizar coisas além de nossas forças, esquecendo a necessidade da ajuda divina. O pecador é culpado de presunção quando acredita que pode se converter a Deus quando quiser e escolher, como se a conversão fosse obra apenas de seu livre arbítrio; vivendo mal, ainda confia em ter uma boa morte; quando peca e continua pecando, confiando em obter o perdão final; quando acredita que pode, por si mesmo e sem a ajuda da graça, resistir à tentação, evitar o pecado e observar os mandamentos de Deus, ou então que pode realizar algum ato sobrenatural de fé, esperança, caridade ou contrição, ou realizar algum ato meritório para o seu bem-estar eterno e salvar-se perseverando no bem.

Tudo isso está além de nossas próprias forças, e pensar que podemos fazer essas coisas sem a ajuda especial de Deus, e sem estar dispostos a pedir essa ajuda a Deus, é um pecado de presunção - um pecado grave de orgulho pelo qual acreditamos que possuímos uma virtude quando não a temos: 'Ó presunção perversa' - diz a Sagrada Escritura - 'de onde vieste?' [Eclo 37,3]. E São Gregório, explicando qual era o pecado que Jó chamava de 'grande iniquidade' [Jó 31,28], afirmou que era a presunção, que é um insulto ao autor de toda a graça, 'pela qual o homem atribui a si mesmo todo o mérito de uma boa obra' [Lib. xxii, Mor., cap. x].

147. A ambição é um vício que nos leva a buscar nossa própria honra com avidez desmedida [São Tomás, 2a 2æ, qu. cxxxi, art. 2]. Ora, como essa honra é um sinal de respeito e estima, concedido à virtude meritória e àquele que é de grau superior, e como é certo que não temos mérito algum por nós mesmos, porque tudo o que recebemos vem de Deus, não é a nós mesmos, mas somente a Deus que tal honra é inteiramente devida.

Além disso, como essa honra foi ordenada por Deus como um meio para nos tornar capazes de ajudar o próximo, é certo que toda essa honra deve ser usada por nós para cumprir esse fim. Portanto, duas coisas são necessárias para nos permitir fugir da ambição. A primeira é que não devemos nos apropriar do mérito da honra, e a segunda é que devemos confessar que essa mesma honra é devida inteiramente a Deus e só nos é querida na medida em que pode servir ao nosso próximo. Se, portanto, nos faltar uma dessas duas coisas, cometemos o pecado da ambição. É ambicioso, portanto, aquele que busca ter algum cargo ou posição, seja no mundo ou na Igreja, quando não tem a virtude e o conhecimento necessários para mantê-lo, e que trama e conspira para ser colocado à frente de outros que são mais dignos do que ele.

É ambicioso aquele que deseja ser estimado, honrado e reverenciado mais do que sua posição merece, e como se fosse de posição superior à que realmente ocupa, para ser honrado como um pregador eloquente ou um escritor inteligente, ou em qualquer profissão à qual pertença, embora na realidade só possa ser classificado entre os indiferentes e medíocres.

É ambicioso aquele que, sem um único pensamento pela glória de Deus ou por servir ao próximo, deseja ou busca algum cargo mundano ou eclesiástico, simplesmente com vistas ao seu próprio bem-estar temporal e ao avanço de sua família, ou deseja ganhar a honra de algum cargo elevado ou bispado, 'pelo amor ao poder' - como diz Santo Agostinho - 'e pelo orgulho da posição' [Lib. xix, De Civ. Dei., cap. xiv].

Jesus Cristo demonstra um ódio especial por esse vício em vários trechos do seu evangelho [Mt 18, 20. 23; Lc 9,12] e os Padres argumentam, a partir disso, que o homem ambicioso está em estado de pecado mortal; e é fácil para as pessoas mais espirituais cometerem esse pecado, como diz Santo Ambrósio: 'A ambição muitas vezes torna criminosos aqueles que nenhum vício poderia deleitar, que nenhuma luxúria poderia mover, que nenhuma avareza poderia enganar' [Lib. 4 in Luc.]. O pior da ambição é que poucas pessoas têm escrúpulos a respeito dela, e a razão é que, por esse vício, a consciência se deprava, porque se une a essa paixão e raramente recupera a sua integridade [São Tomás, 2a 2æ, qu. cxxxi, art. 1 et 2; qu. clxxxv, art. 2].

148. A inveja é uma tristeza que surge da contemplação do bem-estar do nosso próximo, quando imaginamos que o bem que lhe acontece deve ser em nosso detrimento, prejudicial à nossa própria glória e interesse; mas dos seus bens, só invejamos aqueles que nos trazem estima aos olhos do mundo -riquezas, dignidade, a amizade e os favores dos grandes, ciência, elogios, fama e tudo o que nos parece contribuir para o nosso crédito e nos trazer honra.

E é assim que a inveja nasce dentro de nós, quando vemos alguém mais rico, mais culto do que nós, outro mais sábio e mais virtuoso do que nós, outro que tem mais talento e habilidade, e a quem, portanto, gostaríamos de ver privado desses dons, para que também fosse privado dos elogios, da honra e de quaisquer outras vantagens que imaginamos ser mais devidas a nós do que a ele. Ora, o pecado consiste nisto: que, quando deveríamos, por caridade, regozijar-nos com a prosperidade do nosso próximo, ficamos apenas tristes com ela, desejando, em nosso orgulho, que ela fosse nossa, para que pudéssemos ser superiores ao nosso próximo em mérito; e este pecado é o pecado especial do diabo, como diz o Sábio: 'a inveja do diabo' [Sb 2,24]. O Espírito Santo nos ordena com toda justiça, por meio de São Paulo, que nos guardemos contra ele: 'Não nos invejemos uns aos outros' [Gl 5,26], pois é fácil pecar mortalmente de uma forma ou de outra. Mas, no entanto, quão comum é esse vício nas famílias, nas comunidades, em todos os estados de vida, entre altos e baixos, ricos e pobres, entre os seculares e até mesmo entre os próprios religiosos!

Todo esse mal provém de uma falsa consciência, que nos leva a acreditar que a inveja não é um grande pecado e, portanto, embora seja um mal grave, não é temida, nem evitada, nem nos esforçamos para nos corrigir dela. Esta reflexão é de São Cipriano: 'A inveja parece uma ofensa pequena, de modo que, enquanto nos parece leve, não é temida; enquanto não é temida, é desprezada; enquanto é desprezada, não é facilmente evitada e, assim, torna-se uma fonte secreta de ruína' [São Tomás, 2a 2æ, qu. xxxiv, art. 6; et qu. xvi, art. 1 et 2 etc.; et qu. clviii, art. 11 et 14].

('A Humildade de Coração', de Fr. Cajetan (Gaetano) Maria de Bergamo, 1791, tradução do autor do blog)

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

DEPOIS DO MILAGRE DO SOL...

Naquela manhã de 13 de outubro de 1917, caía uma chuva torrencial em Fátima. Uma enorme multidão afluía à Cova da Iria por caminhos lamacentos e encharcados. Nem este cenário impactante de lamaçal completo impedia a gente humilde de se ajoelhar em profundo oração e recolhimento. E o céu se abriu então para o o milagre portentoso e tão conhecido do sol bailando no céu.

Um evento menor e igualmente extraordinário aconteceu então com a própria multidão reunida na Cova da Iria. Quando o sol voltou à sua condição normal, todas as pessoas presentes estavam com suas roupas impecavelmente limpas e secas.