quinta-feira, 27 de outubro de 2022

PALAVRAS ETERNAS (XIII)

Beati pauperes spiritu, quoniam ipsorum est regnum Caelorum

'Bem-aventurados os pobres de espírito
porque deles é o Reino dos Céus!' (Mt 5,3)


Era uma vez um rei que tinha duas filhas: uma delas era de singular formosura, porte esbelto, muito atraente e vivaz; a outra, muito feia e sem atrativos, de semblante pálido e trato qualquer. Esta vendo-se tão inferior à outra, foi chorar junto ao pai, lamentando-se que ninguém a tomaria por esposa. Disse-lhe então o pai: 'Aquieta-te filha, que eu tenho determinado que quem escolher a tua irmã não levará mais dote além da sua formosura e boa conversação; mas quem escolher a ti, levará por dote todo o meu reino'. 

Eis aí a sã doutrina! Este rei é Deus e as duas irmãs são a opulência e a pobreza, filhas do mesmo pai porque Deus fez o pobre e o rico: Dives et pauper obviaverunt sibi: et utriusque operator est Dominus (Pv 22, 2). A opulência é formosa aos olhos do mundo, reluz muito, veste-se muito bem, vive contente e onde quer que vá recebe vivas e agrados. Ao contrário, a pobreza é feia e triste, tende a ser repelida e vive abandonada. Quem se casa com a opulência, porém, não leva mais nada além do dote da glória e do brilho do mundo, que logo passam. E quem recebe a pobreza e com ela vive em paz, promete-lhe Deus o Reino do Céu: beati pauperes spiritu, quoniam ipsorum est regnum Caelorum (Mt 5,3).

(Pe. Manuel Bernardes, em 'Sermões e Práticas').

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

O DOGMA DO PURGATÓRIO (XLII)

Segunda Parte - O PURGATÓRIO, MISTÉRIO DE MISERICÓRDIA

Capítulo I

Temor e Confiança - A Misericórdia de Deus - Santa Lidwina e o Sacerdote Pouco Confiante - A Boa Vontade - São Claúdio de la Colombière e seu Testemunho Espiritual

Acabamos de considerar os rigores da Justiça Divina na outra vida; eles são tremendos e é impossível pensar neles sem um grande temor. A esse fogo aceso pela justiça divina e a essas dores excruciantes, comparadas com as quais todas as penitências dos santos e todos os sofrimentos dos mártires juntos não são nada, quem ousaria pensar e refletir sobre elas e não estremecer de muito medo?

Este temor é salutar e conforme ao espírito de Jesus Cristo. Nosso Divino Mestre deseja que tenhamos medo e que tenhamos medo não só do Inferno, mas também do Purgatório, que é uma espécie de inferno mitigado. É para nos inspirar este santo temor que Ele nos mostra as masmorras do Supremo Juiz, de onde não sairemos até que tenhamos pago o último centavo (Mt 5, 26). Podemos dizer do fogo do Purgatório o que se diz do fogo do Inferno: 'Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma, mas temei aquele que pode lançar no inferno tanto a alma como o corpo' (Mt 10,28). 

No entanto, não é intenção de Nosso Senhor que tenhamos um medo excessivo e estéril, um medo que nos tortura e desencoraja, um medo sombrio e sem confiança. Não; Ele deseja que nosso medo seja temperado com uma grande confiança em sua misericórdia; Ele deseja que tenhamos medo do mal para preveni-lo e evitá-lo; Ele deseja que o pensamento dessas chamas vingadoras nos estimule ao fervor ao seu serviço, e nos leve a expiar nossas faltas neste mundo e não no outro. 'Melhor é purgar nossos pecados e eliminar os nossos vícios agora' - diz o autor da Imitação - 'do que mantê-los para purificação futura' (Im 1, 24.2). Além disso, se apesar de nossos esforços para viver bem e de satisfazer nossos pecados neste mundo, temos temores bem fundamentados de que teremos que passar por um purgatório, devemos olhar para essa contingência com confiança ilimitada em Deus, que nunca deixa de consolar aqueles a quem Ele purifica pelos sofrimentos. 

Assim, no sentido de dar ao nosso medo esse caráter prático, esse contrapeso de confiança, depois de ter contemplado o Purgatório com todo o rigor de suas dores, devemos considerá-lo sob outro aspecto e de um ponto de vista diferente – o da Misericórdia de Deus, que brilha nele com não menos magnitude que a sua Justiça. Se Deus reserva castigos terríveis na outra vida para as menores faltas, Ele não os inflige sem, ao mesmo tempo, temperá-los com clemência; e nada mostra melhor a admirável harmonia da perfeição divina do que o Purgatório, porque ali se exerce a mais severa Justiça, juntamente com a mais inefável Misericórdia. Se Nosso Senhor castiga as almas que lhe são queridas, é de acordo com o seu amor, segundo as palavras: 'A quem amo, repreendo e castigo' (Ap 3,19). Com uma mão, Ele golpeia e, com a outra, Ele cura. Ele oferece misericórdia e redenção em abundância: quoniam apud Dominum misericordia, et copiosa apud eum redemptio (Sl 129). Esta infinita Misericórdia de nosso Pai Celestial deve ser o firme fundamento de nossa confiança e, a exemplo dos santos, devemos mantê-lo sempre diante dos nossos olhos. Os santos nunca a perderam de vista; e foi por isso que o temor do Purgatório nunca os privou de sua paz e alegria do Espírito Santo. 

Santa Lidwina, que tão bem conhecia a terrível severidade do sofrimento expiratório, estava animada por esse espírito de confiança e se esforçou sempre para o inspirar também aos outros. Certa vez, recebeu a visita de um padre piedoso. Enquanto ele estava sentado ao lado dela, junto com outras pessoas virtuosas, a conversa girava em torno dos sofrimentos da outra vida. Vendo nas mãos de uma mulher um vaso cheio de grãos de mostarda, o padre aproveitou para comentar que tremia ao pensar no fogo do Purgatório. 'No entanto' - acrescentou - 'eu ficaria satisfeito em ir lá por tantos anos quantos grãos de semente houver neste vaso; então, pelo menos, eu poderia ter certeza da minha salvação'. 'O que você está dizendo padre - respondeu a santa - 'por que tão pouca confiança na Misericórdia de Deus? Ah se o senhor tivesse um melhor conhecimento do Purgatório e dos terríveis tormentos que ali são suportados!' 'Seja o Purgatório o que for' - respondeu ele - 'eu mantenho o que falei'. Algum tempo depois, este sacerdote faleceu e quando as mesmas pessoas que estiveram presentes durante a conversa dele com Santa Lidwina, questionaram a santa sobre a sua condição no outro mundo, ela respondeu: 'O falecido está bem por causa de sua vida virtuosa, mas teria sido melhor para ele se ele tivesse mais confiança na Paixão de Jesus Cristo e se tivesse tido uma visão mais branda sobre os assuntos do Purgatório'.

Em que consistia essa falta de confiança que mereceu a desaprovação da santa? Na opinião deste bom sacerdote de que é quase impossível ser salvo e que só entraremos no Céu depois de ter sofrido incontáveis ​​anos de tortura. Essa ideia é completamente equivocada e contrária à confiança cristã. Nosso Salvador veio trazer paz aos homens de boa vontade, e nos impor, como condição de nossa salvação, um jugo que é suave e um fardo que não é pesado. Assim, faça valer sempre a sua boa vontade e você encontrará a paz interior e todas as dificuldades e contrariedades irão desaparecer.  Boa vontade! Isso é tudo. Seja uma pessoa de boa vontade, submeta-se à Vontade de Deus e anteponha a sua Santa Lei acima de tudo, servindo ao Senhor com todo o seu coração e Ele lhe dará uma assistência tão poderosa que você entrará no Paraíso com uma facilidade surpreendente. Eu nunca poderia acreditar - você seria levado a pensar - que era tão fácil entrar no céu! Mais uma vez, repito, para realizar em nós esta maravilha de Misericórdia, Deus pede de nossa parte apenas um coração reto e uma boa vontade.

A boa vontade consiste, propriamente falando, em submeter e conformar a nossa vontade à de Deus, que é o fundamento de toda boa vontade; e esta boa vontade atinge a sua perfeição máxima quando abraçamos a Vontade Divina como o bem soberano, mesmo quando ela nos impõe os maiores sacrifícios e os mais agudos sofrimentos. Ó estado admirável! A alma assim disposta parece perder a sensação de dor e isso porque a alma está animada com o espírito de amor; e, como diz Santo Agostinho, quando amamos não sofremos, ou, se sofremos, amamos o sofrimento - In eo quod amatur, aut non laboratur, aut ipse labor amatur.

São Cláudio de la Colombiere, da Companhia de Jesus, possuía este coração amoroso e esta vontade perfeita, e no seu Retiro Espiritual, exprime assim os seus sentimentos: 'Não devemos deixar de expiar as desordens passadas da nossa vida pela penitência; mas isso deve ser feito sem ansiedade, porque o pior que pode nos acontecer, quando nossa vontade é boa e somos submissos e obedientes, é que tenhamos que passar por muito tempo ao Purgatório, o que se pode dizer com razão não ser isso um grande mal. Eu não temo o Purgatório. Do Inferno nem falarei, pois seria ofender a Misericórdia de Deus por possuir o menor medo do Inferno, embora o tenha merecido mais do que todos os demônios juntos. Mas o Purgatório eu não temo. Gostaria de não o ter merecido, pois não o poderia viver sem ter desagradado a Deus; mas, como o teria merecido, devo aceitar e satisfazer a Justiça divina da maneira mais rigorosa que se possa imaginar, e isso até o Dia do Juízo. Eu sei que os tormentos ali suportados são terríveis, mas sei que eles honram a Deus e não podem prover mais dano às almas; que lá estaremos certos de nunca mais nos opor à Vontade de Deus; que nunca mais nos ressentiremos do rigor de seus juízos, que iremos amar a gravidade da sua justiça e esperaremos com paciência até que toda ela seja apaziguada. Por isso, dou de todo o coração as minhas satisfações às almas do Purgatório, e a elas todos os sufrágios que serão oferecidos por mim depois de minha morte, para que Deus seja glorificado no Paraíso pelas almas que mereceram ser elevadas a um grau mais alto de glória do que eu'.

Eis o que faz esse extravasamento da Caridade e onde o amor de Deus e ao próximo nos leva quando se apodera do nosso coração: transforma e transfigura o sofrimento de tal forma que toda amargura se molda em doçura: 'quando chegares a tal ponto que a tribulação te seja doce e amável por amor de Cristo' (Imit 2,12.11). Tenhamos, pois, grande amor a Deus, uma grande caridade e pouco temor do Purgatório. O Espírito Santo nos acalenta no fundo do nosso coração de que, como filhos de Deus, não precisamos temer os castigos de um Pai.

Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog)

terça-feira, 25 de outubro de 2022

ORAÇÃO: 25 DE OUTUBRO DA DIVINA INFÂNCIA


A JESUS SOLITÁRIO

Jesus quis nascer fora da cidade, numa caverna solitária, para nos ensinar a amar a solidão e o silêncio. Com efeito, se entramos nessa gruta, não achamos senão solidão e silêncio: Jesus guarda silêncio na manjedoura; Maria e José o adoram e contemplam em silêncio. Feliz da alma que se retira à solidão de Belém para aí contemplar o amor de um Deus! 

Querido Salvador meu, vós sois o Rei do céu, o Rei dos reis, o Filho de Deus; como, pois, estais nesse estábulo e desamparado de todo mundo? Junto de vós vejo somente José e vossa santa Mãe! Ah! desejo ajuntar-me a eles para vos fazer companhia; não me recuseis esta graça. E' verdade que sou indigno dela; mas sinto que me convidais com os vossos doces atrativos. Sim, a vós venho, ó Amadíssimo Menino, deixo tudo para ficar só convosco, durante toda a minha vida, ó divino Solitário, único amor da minha alma! 

Quão insensato sou! No passado vos abandonei, ó meu Jesus, deixei-vos só, fui mendigar, junto das criaturas, prazeres miseráveis e venenosos; mas agora, iluminado pela vossa graça, não tenho outro prazer que viver só convosco, que quereis viver solitário aqui. Ah! quem me dará asas como as da pomba? (Sl 54, 7). Quem me dará a força de sair deste mundo, onde tantas vezes achei a minha ruína; fugir dele e ficar sempre convosco, alegria do paraíso e amigo verdadeiro da minha alma? 

Senhor, prendei-me ao vosso coração, a fim de que não aparte mais de vós e goze a felicidade de vos fazer indefectível companhia. Pelos merecimentos da vossa solidão na gruta de Belém, concedei-me recolhimento nunca interrompido, criai na minha alma um retiro solitário, no qual a minha única ocupação seja entreter-me convosco e submeter-vos todas as minhas ações e pensamentos, consagrar-vos todos os meus afetos, para que vos ame sempre, e suspire sem cessar pelo momento de sair da prisão do meu corpo, para vos ir amar sem véu na pátria dos santos. Amo-vos, ó Bondade infinita, e espero amar-vos sempre, no tempo e na eternidade. O' Maria, onipotente Maria, pedi a Jesus que me prenda com os laços do seu amor, e não permitais que me suceda perder novamente a sua graça. 


(A Divina Infância de Jesus, celebrada a cada dia 25 do mês, por Santo Afonso Maria de Ligório)

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

GALERIA DE ARTE SACRA (XXXII)


A Praça de São Pedro, situada em frente à Basílica de São Pedro no Vaticano, foi construída entre 1656 e 1667 e tem dimensões impressionantes:  320 metros de comprimento e 240 metros de largura. Além destas dimensões singulares, a praça é ornamentada por um anfiteatro com duas colunatas compostas por 284 colunas e 88 pilastras, que circulam a praça em um pórtico de quatro filas, tendo no topo estátuas de 140 santos e santas da Igreja, executadas pelos discípulos de Bernini, com a seguinte distribuição arquitetônica:

Colunata Esquerda 71. São Boaventura, cardeal da Ordem dos Frades Menores e Doutor da Igreja 72. São Marcos, mártir 73. São Marcelino, mártir 74. São Vito, mártir 75. São Modesto, mártir 76. Santa Praxedes, mártir 77. Santa Pudentiana, mártir 78. São Fabiano, papa e mártir 79. São Sebastião, mártir 80. São Feliciano, mártir 81. São Fausto, mártir 82. Primo de Santo, mártir 83. São Feliciano, mártir 84. São Hipólito, mártir 85. São Basilides, mártir 86. São Paulo, mártir 87. São Juliano, mártir 88. São Nereu, mártir 89. São Aquiles, mártir 90. São Félix, bispo e mártir 91. São Constâncio de Perugia, bispo e mártir 92. Santo André Corsini, bispo da Ordem Carmelita 93. São Crescentius, mártir 94. Santa Pelagia, virgem e Mártir 95. São Pancrácio, Mártir 96. São Dionísio Areopagita, bispo e mártir 97. São Lourenço, diácono e mártir 98. Santo Estêvão, diácono e protomártir da Igreja 99. São Romano de Samósata, mártir 100. Santo Eusébio de Samósata, bispo e mártir 101. São Spyridion , mártir 102. Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir 103. Santo Alexandre de Alexandria, bispo 104. São Leão Magno, papa e doutor da Igreja 105. Santo Anastácio de Antioquia, bispo 106. São João Crisóstomo, bispo e padre da Igreja 107. São Ubaldo, bispo 108. São Gregório Nazianzeno, bispo e pai da Igreja 109. São Leão IV, papa 110. São Clemente Romano, papa e mártir 111.São Celestino V, papa 112. São Marcelo, papa e mártir 113. São Martinho, papa e mártir 114. São Silvestre, papa 115. São Marcelino, papa e mártir 116. Santa Gala, viúva 117. Santa Catarina de Sena, virgem de Ordem dos Pregadores 118. Santa Beatriz, virgem e mártir 119. Santa Teodora, virgem e mártir 120. São Jacinto da Polônia, sacerdote da Ordem dos Pregadores 121. São Francisco Xavier, sacerdote da Companhia de Jesus 122. São Caetano de Thiene, sacerdote e fundador da Ordem dos Clérigos Regulares 123. São Filipe Benizi, sacerdote da Ordem dos Servos de Maria 124. São Filipe Neri, sacerdote e fundador da Congregação do Oratório 125. São Carlos Borromeu, cardeal 126. Santo Antônio de Pádua, sacerdote da Ordem dos Frades Menores e doutor da Igreja 127. São Francisco de Paula, eremita e fundador da Ordem dos Mínimos 128. Santo Antônio, abade 129. São Paulo, primeiro eremita 130. São Pedro Nolasco, sacerdote e fundador da Ordem da Misericórdia 131. São José, pai adotivo de Jesus 132. São Romualdo, eremita e fundador da Ordem dos Camaldulenses 133. São João Esmoleiro, bispo 134. São Luís Bertrand, sacerdote da Ordem dos Pregadores 135. São Bruno, sacerdote e fundador da Ordem da Cartuxa 136. Santo Hilário, abade 137. São Jerônimo, sacerdote e pai da Igreja 138. São Teodoro, mártir 139. São Teobaldo, sacerdote e eremita 140. São Norberto, bispo e fundador da Ordem Premonstratense.
Colunata Direita 1. São Galicano, mártir 2. São Leonardo, eremita 3. Santa Petronilla, virgem 4. São Vital, mártir 5. Santa Tecla, virgem e mártir 6. Santo Alberto, Carmelita 7. Santa Isabel de Portugal, viúva 8. Santa Ágata, virgem e mártir 9. Santa Úrsula, virgem e mártir 10. Santa Clara, virgem e fundadora da Ordem das Irmãs Clarissas 11. Santa Olímpia, viúva 12. Santa Lúcia, virgem e mártir 13. Santa Balbina, virgem e mártir 14. Santa Apolônia, virgem e mártir 15. São Remígio, Bispo 16. Santo Inácio de Loyola, sacerdote fundador da Companhia de Jesus 17. São Bento, Abade 18. São Bernardo de Claraval, sacerdote da Ordem de Cister e doutor da Igreja 19. São Francisco de Assis, diácono e fundador da Ordem dos Frades Menores 20. São Domingos de Guzmán, sacerdote e fundador da Ordem dos Pregadores 21. Santa Macrina, a Velha 22. Santa Teodósia, virgem e mártir 23. São Efrém, diácono e doutor da Igreja 24. Santa Maria do Egito 25. São Marcos , evangelista 26. Santa Febronia, virgem e mártir 27. Santa Fabíola, viúva 28. São Nilamon, eremita 29. São Marciano, mártir 30. São Eusigno, mártir 31. São Marino, diácono 32. São Dídimo, mártir 33. São Apolônio o Apologista, mártir 34. São Cândido, mártir 35. Santa Fausta, confessor 36. Santa Bárbara, virgem e mártir 37. São Benigno, mártir 38. São Malco, mártir 39. São Mamante, mártir 0. São Columba, abade 41. São Pontiano, mártir 42. São Genésio, mártir 43. Santa Inês, virgem e mártir 44. Santa Catarina de Alexandria, virgem e mártir 45. São Justino, mártir 46. Santa Cecília, virgem e mártir 47.Santa Francisca Romana, viúva 48. São Jorge, mártir 49. Santa Maria Madalena de Pazzi, virgem da Ordem do Carmo 50. Santa Susana, mártir 51. Santa Martina, mártir 52. São Nicolau de Bari, bispo 53. São Nicolau de Tolentino, sacerdote da Ordem de Santo Agostinho 54. São Francisco de Bórgia, sacerdote da Companhia de Jesus 55. São Francisco de Sales, bispo e cofundador da Ordem da Visitação de Santa Maria 56. Santa Teresa de Jesus, virgem e fundadora da Ordem do Carmelo Descalço 57. Santa Juliana, mártir 58. São Juliano, mártir 59. São Celso, mártir 60. São Anastácio, mártir 61. São Vicente, mártir 62. São Paulo, mártir 63. São João, mártir 64 São Damião, mártir 65. São Cosme, mártir 66. São Zózimo, mártir 67. São Rufo, mártir 68. São Potrásio, mártir 69. São Gervásio, mártir 70. São Tomás de Aquino, presbítero da Ordem dos Pregadores e Doutor da Igreja


domingo, 23 de outubro de 2022

EVANGELHO DO DOMINGO

  

'O pobre clama a Deus e Ele escuta: o Senhor liberta a vida dos seus servos(Sl 33)

 23/10/2022 - Trigésimo Domingo do Tempo Comum

48. O VALOR DA ORAÇÃO HUMILDE 


Jesus falou muitas vezes sobre o valor da oração. Do valor da oração humilde e confiante, pautada no arrependimento sincero e na dor pelos pecados cometidos. Falou sobre a necessidade de orar sempre, com contrição e perseverança nas súplicas dirigidas à Divina Misericórdia. Mas, todas as vezes que Jesus falou sobre a oração, destacou sempre a premissa essencial do seu valor e ponderação: a humildade. A oração humilde é tangida pela Verdade porque emana da gratuidade da vida em comunhão com Deus.

No Evangelho deste domingo, outros dois personagens são trazidos à realidade das digressões humanas: um fariseu e um cobrador de impostos. Investidos de suas atribuições cotidianas, são apenas homens cumprindo metas e obrigações. Diante de Deus, duas almas, fruto de escolhas singulares da Infinita Sabedoria. Na vida de ambos, certamente o fariseu parecia ter escolhido a melhor parte, pelo menos até o dia em que ambos, vivendo vidas tão opostas, 'subiram ao Templo para rezar' (Lc 18, 10).

E ali, diante de Deus, as realidades humanas se consumiram no nada. O fariseu, eivado de orgulho e auto-suficiência, proferiu a oração despropositada e inútil: 'Ó Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos. Eu jejuo duas vezes por semana, e dou o dízimo de toda a minha renda’ (Lc 18, 11-12). No ato desonesto de louvar a si mesmo com desmedida jactância e julgar o próximo pela ótica dos valores humanos, arruinou a própria súplica. O cobrador de impostos, ao contrário, sabedor de suas fraquezas e misérias, prostrou-se em humilde recato e contrição, na sua súplica por clemência e perdão: 'Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!' (Lc 18,13).

O primeiro homem se viu em luz, e se banhou com desmedido orgulho nesta própria luz, mortiça e inútil, forjada tão somente por ações humanas. E saiu do templo com a concessão irrisória das alegrias humanas. O segundo homem, porém, apagou primeiro em si toda vaidade e interesses profanos e mergulhou, com inteira confiança e despojamento, na luz de Cristo. E, iluminado pela graça de Deus, alcançou misericórdia e experimentou a consoladora e definitiva paz daqueles que são plenamente justificados em Cristo: 'Pois quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado' (Lc 18, 14).

sábado, 22 de outubro de 2022

A VIDA OCULTA EM DEUS: A UNIÃO ESTÁ NA CRUZ


Os sinais da afeição de Deus assumem duas formas muito distintas: ou podem ser agradáveis ​​e muito suaves ou então dolorosos e excruciantes. Deus eleva a alma e depois a rebaixa; primeiro a sublima e depois a aniquila. Mas sempre em união a Ele. Sim, apesar das aparências em contrário, mesmo nas fases de provação Deus e a alma estão unidas profundamente. E não falamos aqui apenas nas provações purificadoras da alma, prelúdio obrigatório da união, mas sobretudo naquelas dores redentoras que a alma experimenta muitas vezes quando alcança uma união transformadora e perfeita. 

Há neste caso uma comunhão real com os sofrimentos de Jesus Crucificado. E esta união é tanto mais intensa quanto maiores e mais profundas são as dores. Como explicar esse mistério? Parece que São Paulo nos dá a resposta quando afirma: 'estou crucificado com Cristo'. União no sofrimento e no amor! A alma interior está verdadeiramente pregada na Cruz com Jesus, e como que pelo próprio Deus! É que quanto mais querida uma alma é ao Coração do Pai, mais Ele quer que ela seja a imagem viva de seu Filho amado. Daí o cuidado de a manter sempre na Cruz, de modo a fazer compreender, de maneira viva, que o Amor não é amado e que a própria alma interior ainda não lhe oferece todo o amor de que seria capaz.

Mais ainda: dá a entender à alma que Ele, a suma Verdade, não é conhecido e que a própria alma interior não o contempla com a devida grandeza. Então a alma sente que o seu coração se livra da dor e se deleita de uma alegria secreta inefável. É a alegria da caridade terrena, sem dúvida imperfeita se a compararmos com a alegria do céu, mas muito superior que toda a felicidade da terra. Sim, o sofrimento que se aceita humildemente nos une a Deus. Diríamos que essa união é como uma mortalha de aço que nos envolve primeiro com toda a dureza, mas que nos acalenta e nos comprime a alma cada vez mais suavemente ao Coração de Deus. A amargura diminui continuamente; a alegria aumenta sempre e a união torna-se cada vez mais íntima com cada nova dor acolhida; se nem sempre é tão sentida, é sempre mais perfeita e profunda. É que para sofrer bem é preciso amar muito e, nessas condições e sob iguais circunstâncias, quanto mais e melhor se sofre, mais e melhor se ama. É por isso que o sofrimento constitui um sinal tão precioso da afeição de Deus.

(Excertos da obra 'A Vida Oculta em Deus', de Robert de Langeac; Parte IV - Fecundidade Apostólica; tradução do autor do blog)

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

PALAVRAS DE SALVAÇÃO



'Não vos enganeis; de Deus não se zomba. Porque aquilo que o homem semear, isso também colherá. Aquele que semeia na sua carne, da carne colherá corrupção; mas o que semeia no Espírito, colherá do Espírito a vida eterna. Não nos cansemos, pois, de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, não desfalecendo. Logo, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos irmãos da fé'.

(Gl 6, 7 - 10)