sábado, 9 de junho de 2018

PÁGINAS CATÓLICAS ESQUECIDAS (I)

Dizem os protestantes que são cristãos, que querem o cristianismo puro. E eu lhes digo que o protestantismo não é cristianismo puro, nem cristianismo de espécie alguma; é pseudo-cristianismo, um cristianismo falso. Nem sequer tem os protestantes direito de se chamarem cristãos.

Há, não o nego, protestantes de boa fé, os quais, equivocados, serão cristãos, e crerão em Jesus Cristo e na sua doutrina, e não refletirão sobre as origens do protestantismo. Não falo desta classe de protestantes que, como se vê, são protestantes por equívoco, por engano e por ignorância. Falo do protestantismo em si e, afirmo sem receio, que o protestantismo não é cristianismo, nem puro, como eles imaginam, nem impuro, nem de espécie alguma.

A Igreja Romana antes de 1521 – Reflita alguns instantes, meu caro amigo, e se é realmente amante da verdade, preste atenção ao que lhe vou dizer. Antes de 1521, a Igreja Romana era igreja verdadeira cristã, e desta verdade ninguém duvidava em todo o mundo. Ela apresentava sua sucessão clara e sem interrupção desde São Pedro, São Lino, Santo Anacleto, e assim toda a série dos papas e sucessores de São Pedro até Leão X. Ninguém se lembrava de protestar, a ninguém ocorria sequer a ideia de duvidar. Todos aqueles que queriam ser cristãos sabiam perfeitamente que a Igreja Romana era a verdadeira Igreja, a religião cristã.

O Grande Argumento – O grande argumento de Santo Agostinho contra os hereges donatistas era este, belíssimo: 'Contai os sacerdotes desde a mesma Sé de Pedro, examinai como se foram sucedendo sem interrupção: esta é a pedra que não vencem as soberbas portas (os soberbos poderes) do inferno, isto é, esta é a Igreja de Cristo, da qual disso o mesmo Jesus Cristo que não a venceriam os poderes do inferno'. E acrescentava: 'O fato que me prende e retém na Igreja Católica é a sucessão de sacerdotes, que nunca foi interrompida desde a mesma Sé de Pedro Apóstolo até o presente episcopado' (queria dizer, desde São Pedro até o Pontífice que, no seu tempo, regia a Igreja). E como Santo Agostinho tem pensado e pensam sempre todos os cristãos, a saber, que a Igreja verdadeira vem dos Apóstolos. Claro está que assim é; de outra maneira não será a Igreja de Cristo, mas outra qualquer. Como porém não pode haver duas Igrejas de Cristo, aquela outra será forçosamente falsa.

Onde estavam os protestantes antes do século XVI? – Onde estava Lutero? Onde Zwinglio? Onde estava Calvino? Onde estava Henrique VIII e todos os demais reformadores?.Eles mesmos, até o dia da sua rebelião, eram católicos, estavam na Igreja Católica e, por isso mesmo, eram cristãos. E de repente, a alturas tantas, que havia de dar na veneta a esses homens escandalosos? Por motivo de melindres, de enfados e de soberbas, emproa-se Lutero e diz com altivez: 'Eu não obedeço à Igreja Católica, separo-me dela! Eu, Martinho Lutero, digo que esse cristianismo não é o verdadeiro! Eu, Martinho Lutero, descobri que essa Igreja Católica, à qual pertence todo o mundo cristão, não é cristã!'

E sem mais, o frade apóstata se separa da Igreja Católica e da videira verdadeira, que trazia sua origem desde os Apóstolos até então havia existido. Atrás de Lutero, se foram precipitando Zwinglio, que era um homem perdido e fora escorraçado de sua paróquia pela sua libertinagem; um Calvino, tipo orgulhoso, marcado com o ferrete de ignomínia e por certo delito nefando; um Henrique VIII, homem de sete mulheres, adúltero e uxoricida; e Carlostadio [Andreas Karlstadt (1480-1541)], de quem, dizia Melanchton [Philipp Mellanchton (1497-1560)],  que era homem brutal, ignorante, mais amigo das tabernas que dos livros; e Ecolampadio [Johannes Ecolampadio (1482-1531)], e Osiandro [Andreas Osiander (1498-1552)], e Bucero [Martín Bucero (1491 -1551)], e Farel [Guilherme Farel (1489 -1565)] e Beza [Theódore de Bèze (1519 -1605)], todos eles conhecidos pela sua vida desregrada e péssimos costumes.

Considere sinceramente este apostolado – Porque se o amigo chega a perceber a força deste argumento, verá como basta para pulverizar o protestantismo. O protestantismo não é religião cristã. Se o fosse, proviria dos Apóstolos, e por meio deles havia de mostrar-nos que está unido a Jesus Cristo. O protestantismo porém tem a data do seu nascimento, que é o ano de 1521. O protestantismo vem de Lutero, e Lutero não é Jesus Cristo; vem de Zwinglio, e Zwinglio não é Jesus Cristo; vem de Henrique VIII, e Henrique VIII não é Jesus Cristo! Meu Deus, que diferentes de Jesus Cristo são todos estes monstros infames, e quão contrários a Ele! Os protestantes são Luteranos, Calvinistas, Anglicanos, Zwinglianos, Metodistas, Batistas, tudo o que quiserem, Cristãos porém de modo nenhum! Apostólicos? De maneira nenhuma!

(Excertos da obra 'Raios de Sol', com correções, do Pe. Armando Lochu, São Paulo, 1933)

quinta-feira, 7 de junho de 2018

VERSUS: CRUZ X CRUCIFIXO


Esse problema da dor tem um símbolo e o símbolo é a cruz. Mas por que seria a cruz o símbolo perfeito do sofrimento? Porque ela é feita de duas barras: uma horizontal e outra vertical. A barra horizontal é a barra da morte; é como a linha da morte nos eletro-encefalogramas: reta, prostrada. A barra vertical é a barra da vida: ereta, de pé, firmada para o alto. O cruzamento de uma barra sobre a outra significa a contradição entre a vida e a morte, entre a alegria e o sofrimento, sorriso e lágrimas, prazer e dor, nossa vontade e a vontade de Deus.

O único modo de se fazer uma cruz é sobrepor a barra da alegria sobre a barra do sofrimento. Em outras palavras: nossa vontade é a barra horizontal, enquanto a vontade de Deus é a barra vertical, na medida em que nós sobrepomos nossos desejos e nossas vontades contra a vontade de Deus, formamos assim uma cruz. Desse modo, a cruz se torna o símbolo da dor e do sofrimento. Todavia, se a cruz é o símbolo perfeito do problema da dor, o crucifixo então é a sua solução. A diferença entre a cruz e o crucifixo é Cristo. 

Uma vez que Nosso Senhor, que é por si só o Amor, sobe na cruz, Ele nos revela como o amor pode ser transformado pelo amor num alegre sacrifício, como aqueles que semeiam em lágrimas podem colher com alegria, como aqueles que choram podem ser confortados, como aqueles que sofrem com Ele podem também reinar com Ele e como aqueles que carregam suas cruzes, por uma breve Sexta Feira da Paixão, possuirão a felicidade por um eterno Domingo de Ressurreição. O Amor é o ponto de interseção onde a barra horizontal da morte e a barra vertical da vida reconciliam-se na doutrina de que toda a vida vem através da morte.

É aqui que a solução de Nosso Senhor se diferencia de todas as outras soluções para o problema da dor, até mesmo daquelas pseudo-soluções que se mascaram sob o nome de 'cristãs'. O mundo tenta resolver o problema da dor de duas maneiras: ou negando-o ou tentando torná-lo insolúvel. O problema da dor é negado por um peculiar processo de auto-hipnotismo que costuma inculcar nas pessoas a ideia de que a dor é imaginária. Tenta-se torná-lo insolúvel através de uma tentativa de fuga e, por essa razão, o homem moderno sente que é melhor pecar do que sofrer. Nosso Senhor, ao contrário, não nega a dor e nem tenta escapar dela. Ele a encara e ao agir assim Ele nos prova que o sofrimento não é alheio nem mesmo ao Deus que se fez homem.

Vemos assim que a dor desempenha um papel definitivo na vida. É sem dúvida um fato marcante que nossas sensibilidades são mais desenvolvidas para a dor do que para o prazer e nossa capacidade de sofrer excede nossa capacidade de alegrarmo-nos. O prazer cresce até chegar a um ponto de saciedade e nós sentimos que, se passasse daquele ponto, tornar-se-ia uma verdadeira tortura. A dor, ao contrário, continua crescendo e crescendo mesmo quando já choramos 'o bastante'. Ela atinge um ponto em que nós sentimos que não poderíamos mais suportar e ela vai se descarregando até matar.

Eu penso que o motivo pelo qual nós possuímos mais capacidade para a dor do que para o prazer é porque talvez Deus pretendia que aqueles que levam uma vida moral correta deveriam beber até a última gota do cálice da amargura aqui nesse mundo, porque no Céu não existe mais amargor. Por outro lado, aqueles que são moralmente bons nunca gozam o máximo do prazer aqui embaixo porque sabem que uma felicidade muito maior os aguarda no Céu. Mas deixando de lado as conjecturas, seja lá qual for a razão, a verdade que permanece é que, na cruz, Nosso Senhor demonstra um tipo de Amor que não pode tomar outra forma quando é contraposto ao mal, senão a forma de dor.


Para vencer o mal com o bem, uma pessoa deve sofrer injustamente. A lição do crucifixo então é que a dor nunca pode ser separada ou isolada do amor. O crucifixo não significa dor; significa sacrifício. Em outras palavras, ele nos diz em primeiro lugar que dor é sacrifício sem amor e em segundo, que sacrifício é dor com amor. Primeiro, dor é sacrifício sem amor. A crucifixão não é a glorificação da dor pela dor. A atitude cristã da mortificação algumas vezes é mal interpretada como sendo uma idealização da dor, como se nos tornássemos mais agradáveis a Deus quando sofremos do que quando nos alegramos.

Não! A dor em si mesma não possui nenhuma influência santificante! O efeito natural da dor é nos individualizar, centralizar nossos pensamentos em nós mesmos e fazer de nossa enfermidade o pretexto pra tudo quanto é conforto e atenção. Todas as aflições do corpo, tais como penitências e mortificações em si mesmo não tendem a tornar o homem melhor. Aliás, frequentemente tornam o homem pior. Quando a dor é divorciada do amor ela leva o homem a desejar que os outros estejam como ele está, ela o torna cruel, cheio de ódio, amargura. Quando a dor não é santificada, ela deixa cicatrizes, queima todas as mais finas sensibilidades da alma deixando-a brutalmente desfigurada. Dor como simples dor então não é um ideal: torna-se uma maldição quando é separada do amor pois, ao invés de tornar uma alma melhor, a torna pior.

Agora contemplemos o outro lado da figura. A dor não é para ser negada e nem para fugirmos dela. É para ser encarada com amor e vivida como sacrifício. Analise sua própria experiência e verá que muitas vezes seu coração e mente lhe dizem que o amor é capaz de superar de algum modo seus sentimentos naturais acerca da dor, que algumas coisas que poderiam parecer dolorosas tornam-se alegria quando você percebe que podem beneficiar o próximo.

Em outras palavras, o amor pode transformar a dor em sacrifício agradável, o que é sempre uma alegria. Se você perde por exemplo, uma certa quantidade de dinheiro, tal perda não poderia ser aliviada pela compreensão de que talvez aquele dinheiro foi encontrado por uma pobre alma que tinha mais necessidade do que você? Se sua cabeça está latejando de dor e seu corpo extenuado por uma noite de vigília ao lado da cama de seu filho doente, não seria essa dor aliviada pelo pensamento de que foi através desse amor e devoção que aquela criança conseguiu superar a enfermidade? Você jamais poderia ter sentido aquela alegria e nem ter tido a mínima ideia do tamanho do seu amor se você tivesse se negado a fazer aquele sacrifício. E se o seu amor não estivesse presente, então aquele sacrifício teria sido apenas dor, incômodo e aborrecimento.

A verdade gradualmente emerge quando percebemos que a nossa profunda felicidade consiste no sentimento de que o bem ou o benefício do próximo foi conquistado através do nosso sacrifício. O motivo por que a dor é amarga é porque não temos ninguém para amar e por quem nós deveríamos sofrer. O amor é a única força do mundo que pode tornar a dor suportável e a faz mais do que suportável ao transformá-la na alegria do sacrifício.


Agora, se a escória da dor pode ser transformada no ouro do sacrifício pela alquimia do amor, então daí se segue que nosso amor se torna mais profundo, a sensação de dor diminui e cresce nossa alegria no sacrifício. Mas não podemos esquecer que não existe amor maior do que o amor dAquele que entregou a sua própria vida por seus amigos. Portanto, quanto mais intensamente nós amarmos os seus santos propósitos, quanto mais zelosos formos por seu Reino, quanto mais devotados formos pela maior glória de Nosso Senhor e Salvador, mais nos alegraremos em qualquer sacrifício que possa trazer uma só alma para seu Sacratíssimo Coração. Tal é o motivo pelo qual São Paulo se gloriava em suas enfermidades e alegrias e que os Apóstolos se alegravam quando podiam sofrer por Jesus, por quem eles tanto amavam.

Não é de se admirar que os maiores santos sempre disseram que a melhor e maior das graças que Deus havia concedido-lhes era o mesmo privilégio concedido ao seu Divino Filho: ser usado e sacrificado por uma causa mais elevada. Nada poderia dar-lhes maior satisfação do que renovar a vida de Cristo em suas próprias vidas, cobrir seus corpos com os mesmos sofrimentos sofridos por Cristo em sua dolorosa Paixão. O mundo tenta eliminar a dor. O crucifixo a transforma através do amor recordando-nos que a dor vem do pecado enquanto o sacrifício vem do amor e que não há nada mais nobre do que o sacrifício.

O mundo não pode dispensar o Cristo em sua cruz. Eis o motivo porque o mundo é triste: por que se esqueceram de Cristo e da sua Paixão. E quanto desperdício de dor há neste mundo! Quantas cabeças que padecem dos mais diversos tipos de dor sem jamais terem se unido à Cabeça coroada de espinhos pela redenção do mundo; quantos pés latejam de dor sem jamais terem se aliviado pelo amor dAquele cujos pés subiram descalços a colina do calvário; quantos corpos feridos existem que não conhecem o amor de Cristo por eles. Esses não conhecem o amor que pode aliviar suas dores. 

Quantos corações que sofrem e padecem porque não possuem aquele amor do Sacratíssimo Coração; quantas almas que só conseguem enxergar a cruz ao invés do crucifixo! Almas que possuem dor sem sacrifício, almas que nunca aprendem que é pela falta de amor que a dor cresce, almas que perdem a alegria do sacrifício porque não sabem o que é amar. Ó quão doce é o sacrifício daqueles que sofrem porque amam o Amor que sacrificou-se por eles numa cruz. Apenas para essas almas é possível compreender os santos propósitos de Deus, apenas aqueles que caminham pela noite escura são capazes de contemplar as estrelas.

(Venerável Fulton Sheen)

quarta-feira, 6 de junho de 2018

SUMA TEOLÓGICA EM FORMA DE CATECISMO (XIII)

IX

DOS DONS, COMPLEMENTOS DAS VIRTUDES

É suficiente que o homem possua as virtudes de que temos falado, para que possa alcançar a eterna Bem-aventurança?
Não, Senhor; necessita além disso dos dons do Espírito Santo (LXVIII)*.

Que se entende por dons do Espírito Santo?
Certas disposições habituais e infusas que fazem o homem dócil e submisso às inspirações e movimentos interiores com que o Espírito de Deus o guia e encaminha para a felicidade eterna (LXVIII, 1, 2, 3).

Por que, além das virtudes, necessita o homem dos dons do Espírito Santo?
Porque está elevado, como dissemos, à vida da graça, e para que as suas ações alcancem nesta ordem a perfeição precisa, é necessário um auxílio direto e especial de Deus, com que se leve a bom termo o que, com o exercício das virtudes, só se pode iniciar; pois os dons do Espírito Santo preparam e dispõem para receber esta ação de Deus (LXVIII, 2).

Quantos são os dons do Espírito Santo?
São sete (LXVIII, 4).

Quais são?
Sabedoria, entendimento, ciência, conselho, piedade, fortaleza e temor de Deus (Ibid).

X

DAS BEM-AVENTURANÇAS E FRUTOS DO ESPÍRITO SANTO, RESULTANTES DOS DONS E VIRTUDES

Possui o homem, adornado com as virtudes e dons do Espírito Santo, tudo o que de sua parte necessita para levar uma vida perfeita na ordem sobrenatural?
Sim, Senhor.

Podemos dizer que a sua vida, neste caso, é na terra já o começo da que depois há de levar no céu?
Sim, Senhor; e em atenção a isso falamos, neste mundo das bem-aventuranças e dos frutos do Espírito Santo.

Que entendeis por bem-aventuranças?
Os atos das virtudes e dos dons, conforme as enumerou Jesus Cristo, como consta do Evangelho, que, por sua presença na alma, ou pelos merecimentos que em sua virtude entesoura, são como uma antecipação e um penhor da vida eterna (LXIX, 1).

Que entendeis por frutos do Espírito Santo?
As boas ações de ordem sobrenatural que, realizadas sob a inspiração do Espírito Santo, têm a virtude de produzir prazer e alegria quando se praticam (LXX, 2).

São distintas das bem-aventuranças?
Distingamos: enquanto significam o bem supremo do homem, não, Senhor, porque neste sentido se confundem com o fruto por excelência, que é a bem-aventurança celestial. Pela mesma razão, podem identificar-se com as bem-aventuranças aqui na terra. Porém, distinguem-se em que as bem-aventuranças são obras excelentes e perfeitas, e ao fruto lhe basta a razão de obra boa, sem ser perfeita (LXX, 2).

Quais são as bem-aventuranças e qual a sua recompensa?
São as seguintes: Bem-aventurados os pobres de Espírito, porque deles é o reino do céu; bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra; bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados; bem-aventurados os que têm fome e sede de Justiça, porque serão fartos; bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia; bem-aventurados os limpos do coração, porque verão a Deus. bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus (LXIX, 2-4).

Quais são os frutos do Espírito Santo?
Caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, longanimidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência e castidade (LXX, 3).

Donde consta a sua existência?
Da Epístola de São Paulo aos Gálatas (V, 22, 23).

Onde se enumeram as bem-aventuranças?
A enumeração completa lê-se em São Mateus (Mt 5, 3-13). Encontra-se outra, se bem que incompleta, em São Lucas (LC 6, 20-22).

Consigna São Mateus e reproduz São Lucas outra bem-aventurança, que seria a oitava?
Sim, Senhor; e é a bem-aventurança dos que sofrem perseguição por amor à Justiça, porém, se põe a modo de resumo e conclusão das sete anteriores, nas quais está incluída (LXXXIX, 3 ad 5).

Há, neste mundo, alguma coisa mais proveitosa para o homem do que o exercício assíduo dos dons e virtudes conducentes às bem-aventuranças e frutos do Espírito Santo?
Não, Senhor.

XI

DOS VÍCIOS, FONTE E ORIGEM DOS ATOS PECAMINOSOS

Há. neste mundo, algum método de vida oposto ao que acabamos de descrever?
Sim, Senhor; a vida do vício e do pecado (LXXI-LXXIX).

Que entendeis por vício?
O estado do homem que vive em pecado (LXXI, 1-6).

Que entendeis por pecado?
Um ato ou omissão voluntária em matéria ilícita (Ibid).

Quando devemos dizer que um ato ou omissão voluntária é pecaminoso?
Quando é contrário ao bem de Deus, ao bem próprio ou ao do nosso próximo (LXXII, 4).

Como é possível que possa o homem querer coisas opostas ao bem de Deus, ao seu próprio bem e ao do seu próximo?
Porque pode querer um bem incompatível com aqueles bens (LXXI, 2).

Que bens podem ser estes incompatíveis com o de Deus, o próprio e o do próximo?
Os que deleitam os sentidos ou lisonjeiam a ambição e o orgulho (LXXII, 2, 3; LXXVII, 5).

Por que pode o homem querer semelhantes bens?
Porque os sentidos têm a faculdade de inclinar-se para o que proporciona prazeres, antecipando-se ao exercício da inteligência e da vontade, ou arrastando estas duas faculdades para o seu partido, se elas não se opõem, podendo e devendo fazê-lo (LXXIII, 2 ad 3).

Qual é, por conseguinte, a raiz, a origem, e, em certo modo, a razão de todos os pecados humanos?
A prossecução desatenta dos bens sensíveis e temporais.

Como se chama o estado que inclina o homem a procurar sem razão, nem medida, os bens sensíveis?
Chama-se cobiça ou concupiscência (LXXVII, 1-5).

referências aos artigos da obra original

('A Suma Teológica de São Tomás de Aquino em Forma de Catecismo', de R.P. Tomás Pègues, tradução de um sacerdote secular).

terça-feira, 5 de junho de 2018

PALAVRAS DE SALVAÇÃO




Muitos que se dizem cristãos querem viver afortunadamente no mundo junto com o pecado, vivendo na inimizade com Deus, não frequentando igrejas, não rezando, não praticando os sacramentos, não resguardando os feriados e festas religiosas; e, mesmo assim, esperam que Deus os torne prósperos e felizes... Tolos! Será que são incapazes de pensar que é exatamente o pecado que torna miseráveis e infelizes os povos?

(Dom Bosco)

segunda-feira, 4 de junho de 2018

CATEQUESES SOBRE O BATISMO (V)/Final


Catequeses Mistagógicas ('de Formação') para Recém-Batizados

(São Cirilo de Jerusalém)

Quinta Catequese: A Celebração Eucarística

1. Pela benignidade de Deus, ouvistes de maneira suficiente, nas reuniões precedentes, sobre a batismo, a crisma e a participação do corpo e sangue de Cristo. Mas agora é necessário ir adiante, para coroar o edifício espiritual de vossa instrução.

2. Vistes o diácono oferecer água ao pontífice e aos presbíteros que rodeiam o altar de Deus para lavarem-se. Não a deu, absolutamente, por causa da sujeira corporal. Não é isso. Pois com o corpo sujo nem sequer teríamos entrado na igreja. Mas lavar as mãos é símbolo de que nos devemos purificar de todos os pecados e de todas as faltas. Já que as mãos são símbolo das obras, lavamo-las, indicando evidentemente a pureza e a irrepreensibilidade das obras. Não ouviste como o bem-aventurado Davi te introduziu neste mistério ao dizer: 'Lavarei as mãos entre os inocentes e andarei ao redor do teu altar, Senhor' (Sl 26, 7-8)? Então, lavar as mãos é estar limpo de pecado.

3. Depois o diácono proclama: Acolhei-vos mutuamente e dai-vos o ósculo da paz. Não suponhas que este ósculo seja como os que os amigos íntimos se dão na praça pública. Este ósculo não é assim. Mas este ósculo une as almas entre si e é para elas penhor de esquecimento de todos os ressentimentos. É sinal de que as almas se unem e afastam toda lembrança de toda injúria. Por isso Cristo disse: 'Quando fores apresentar uma oferta perante o altar, e ali te lembrares de que teu irmão tem algo contra ti, deixa ali a tua oferta diante do altar, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão, depois volta para apresentar a tua oferta' (Mt 5, 23-24). Então, o ósculo é reconciliação, e é por esta razão que é santo, como o bem-aventurado Paulo o proclama alhures: 'Saudai-vos uns aos outros no ósculo santo' (2Cor 13,12). E Pedro: 'Saudai-vos uns aos outros no ósculo de caridade' (1Pe 5,5).

Introdução à anáfora

4. Depois disso o sacerdote proclama: 'Corações ao alto!' Verdadeiramente, nesta hora mui tremenda, é preciso ter o coração no alto, junto de Deus, e não embaixo, na terra, nas coisas terrenas. Com autoridade, pois, o sacerdote ordena que nesta hora se abandonem todas as preocupações da vida e os cuidados domésticos e que se tenha o coração no céu, junto ao Deus benevolente. Vós então respondeis: 'Já os temos no Senhor!' assentindo à ordem por causa do que confessais. Ninguém esteja presente dizendo apenas com a boca: 'Nós os temos no Senhor', tendo a mente voltada para as preocupações da vida. Sempre devemos estar lembrados de Deus. Se isso é impossível pela fraqueza humana, naquela hora isto é o que mais deve ser procurado.

5. Depois diz o sacerdote: 'Demos graças ao Senhor'. Deveras, devemos agradecer-lhe, porque sendo indignos chamou-nos a tamanha graça que nos reconciliou, sendo seus inimigos, e nos fez dignos da adoção do Espírito. E vós dizeis: 'É digno e justo'. Pois quando damos graças nós fazemos algo digno e justo. Ele nos beneficiou não com a justiça, mas além de toda justiça, fazendo-nos dignos de grandes bens.

Anáfora, prece de louvor

6. Depois disso mencionamos o céu, a terra e o mar, o sol e a lua, os astros, toda criatura racional e irracional, visível e invisível, os anjos e arcanjos, as virtudes, dominações, principados, potestades, tronos, os querubins de muitas faces e, com vigor, dizemos com Davi: 'Celebrai comigo o Senhor' (Sl 33,1). Lembramo-nos ainda dos serafins, que Isaías, no Espírito Santo, contemplava. Estavam colocados em círculo ao redor do trono de Deus. Com duas asas cobriam o rosto, com outras duas os pés, e com mais duas voavam e diziam: 'Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos'. Por isso recitamos essa doxologia que nos foi transmitida pelos serafins, para que neste canto nos associemos aos exércitos celestes.

Epiclese

7. Depois de santificados por esses hinos espirituais, suplicamos ao Deus benigno que envie o Espírito Santo sobre os dons colocados, para fazer do pão corpo de Cristo e do vinho sangue de Cristo. Pois tudo o que o Espírito Santo toca é santificado e transformado.

Intercessões

8. Em seguida, realizado o sacrifício espiritual, o culto incruento, em presença dessa vítima de propiciação, invocamos a Deus pela paz comum das igrejas, pelo bem-estar do mundo, pelos imperadores, pelos exércitos e aliados, pelos doentes, pelos aflitos e, em geral, todos nós rezamos por todos aqueles que têm necessidade de socorro e oferecemos essa vítima.

9. Depois fazemos menção dos que adormeceram, primeiro dos patriarcas, profetas, apóstolos, mártires, para que Deus, por suas preces e intercessão, aceite nossa súplica. Depois ainda rezamos pelos santos padres, bispos adormecidos e, enfim, por todos os que nos precederam, persuadidos de que será de máximo proveito para as almas, pelas quais a súplica é elevada ante a santa e tremenda vítima.

10. E quero persuadir-vos com um exemplo. Sei que muitos dizem: Que aproveita à alma que parte deste mundo com faltas ou sem elas, se é mencionada na oferenda [eucarística]? Porventura, se um rei banisse aos que se rebelaram contra ele, e se em seguida seus companheiros, trançando uma coroa, a presenteiam ao rei em favor dos condenados, não lhes concederá a remissão dos castigos? Do mesmo modo nós também, apresentando a Deus as súplicas pelos adormecidos, embora tenham sido pecadores, nós não trançamos uma coroa, mas apresentamos o Cristo imolado por nossos pecados, tornando propício em favor deles e em nosso o Deus benigno.

O 'Pater'

11. Depois disso, tu dizes aquela oração que o Salvador transmitiu aos discípulos, atribuindo a Deus, com pura consciência, o nome de Pai e dizes: 'Pai nosso, que estás nos céus'. Ó incomensurável benignidade de Deus! Aos que o tinham abandonado e jaziam em extremos males, é concedido o perdão dos males e a participação da graça, a ponto de ser invocado como Pai. 'Pai nosso que estás nos céus'. Os céus poderiam bem ser os que portam a imagem do celestial, nos quais Deus habita e vive.

12. 'Santificado seja teu nome'. Santo é por natureza o nome de Deus, quer o digamos ou não. Mas uma vez que naqueles que pecam por vezes é profanado, segundo o que se diz: Por vós meu nome é continuamente blasfemado entre as nações, oramos que em nós o nome de Deus seja santificado. Não que por não ser santo chegue a sê-lo, mas porque em nós ele se torna santo quando nos santificamos e praticamos obras dignas de santificação.

13. 'Venha o teu reino'. É próprio de uma alma pura dizer com confiança: Venha o teu reino. Quem ouviu Paulo dizer: 'Que o pecado não reine em vosso corpo mortal' (Rm 6,12) e se purificar em obra, pensamento e palavra, dirá a Deus: 'Venha o teu reino'.

14. 'Seja feita a tua vontade, assim no céu como na terra'. Os divinos e bem-aventurados anjos de Deus fazem a vontade de Deus, como Davi dizia no salmo: 'Bendizei ao Senhor, todos os seus anjos, heróis poderosos, que executais sua palavra' (Sl 103,20). Rezando, pois, com vigor, dize isto: como nos anjos se faz a tua vontade, Senhor, assim na terra se faça em mim.

15. 'Nosso pão substancial dá-nos hoje'. O pão comum não é substancial. Mas este pão é substancial, pois se ordena à substância da alma. Este pão não vai ao ventre nem é lançado em lugar escuso mas se distribui sobre todo o organismo, em proveito da alma e do corpo. O 'hoje' equivale a dizer de 'cada dia' , como também dizia Paulo: 'Enquanto perdura o hoje'.

16. 'E perdoa-nos as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores'. Temos muitos pecados. Caímos, pois, em palavra e em pensamento e fazemos muitas coisas dignas de condenação. E se dissermos que não temos pecado, mentimos (1Jo 1,8), como diz João. Fazemos com Deus um pacto pedindo-lhe nos perdoe nossos pecados como também nós perdoamos ao próximo suas dívidas. Tendo presente, portanto, o que recebemos em troca do que damos, não sejamos negligentes, nem deixemos de perdoar uns aos outros. As ofensas que se nos fazem são pequenas, simples, fáceis de reconciliar. As que nós fazemos a Deus são enormes e temos necessidade só de sua benignidade. Cuida, então, que por faltas pequenas e simples contra ti não te excluas do perdão, por parte de Deus, dos pecados gravíssimos.

17. 'E não nos induzas em tentação, Senhor'. Porventura com isto o Senhor nos ensina a pedir que de modo algum sejamos tentados? Como se encontra em outro lugar: 'Aquele que foi tentado não tem experiência' (Eclo 34,10) e ainda: 'Tende por suma alegria, meus irmãos, se cairdes em diversas provações' (Tg 1,2)? Mas jamais entrar em tentação é o mesmo que ser submerso por ela. A tentação, pois, se assemelha a uma torrente difícil de atravessar. Os que, então, não são submersos nas tentações, atravessam, como bons nadadores, sem serem arrastados pela corrente. Os que não são assim, uma vez que entram, são submersos. Assim, por exemplo, Judas, entrando na tentação da avareza, não passou a nado, mas, submergindo, afogou-se corporal e espiritualmente. Pedro entrou na tentação de negação, mas, tendo entrado, não submergiu; antes, nadando com vigor, se salvou da tentação. 

Escuta novamente, em outro lugar, o coro dos santos todos rendendo graças por terem sido subtraídos à tentação: 'Tu nos provaste, ó Deus, acrisolaste-nos como se faz com a prata. Deixaste-nos cair no laço; carga pesada puseste em nossas costas; submeteste-nos ao jugo dos tiranos. Passamos pelo fogo e pela água, mas tu nos conduziste ao refrigério' (Pv 17,10). Tu os vês falar abertamente de sua travessia sem serem vencidos? 'Tu nos conduziste ao refrigério' (Sl 19, 7). Chegar ao refrigério é ser livrado da tentação.

18. 'Mas livra-nos do Mal'. Se a expressão 'não nos induzas em tentação' significasse não sermos de modo algum tentados, não se diria: Mas livra-nos do Mal. O Mal é o demônio, nosso adversário, do qual pedimos ser libertos.

Depois, terminada a prece, dizes: 'amém', selando com este amém, que significa 'faça-se', o que se contém na oração ensinada por Deus.

Comunhão

19. Depois disso, diz o sacerdote: 'As coisas santas aos santos'. As coisas são as oferendas aí colocadas, pois receberam a vinda do Espírito Santo. Santos sois também vós, julgados dignos do Espírito Santo. As coisas santas, então, convêm aos santos. Em seguida vós dizeis: 'Um é o santo, um o Senhor, Jesus Cristo'. Verdadeiramente um é o santo, santo por natureza. Nós, porém, se santos, o somos não pela natureza, mas pela participação, ascese e prece.

20. Depois dessas coisas, ouvis o cantor que, com uma melodia divina, vos convida à comunhão dos santos mistérios, dizendo: 'Provai e vede como o Senhor é bom' (Sl 34,9). Não confieis o julgamento ao gosto corporal, mas à fé inabalável. Pois provando não provais pão e vinho, mas o corpo e sangue de Cristo que aqueles significam.

21. Ao te aproximares [da comunhão], não vás com as palmas das mãos estendidas, nem com os dedos separados; mas faze com a mão esquerda um trono para a direita como quem deve receber um Rei e no côncavo da mão espalmada recebe o corpo de Cristo, dizendo: 'Amém'. Com segurança, então, santificando teus olhos pelo contato do corpo sagrado, toma-o e cuida de nada se perder. Pois se algo perderes é como se tivesses perdido um dos próprios membros. Dize-me, se alguém te oferecesse lâminas de ouro, não as guardarias com toda segurança, cuidando que nada delas se perdesse e fosses prejudicado? Não cuidarás, pois, com muito mais segurança de um objeto mais precioso que ouro e pedras preciosas, para dele não perderes uma migalha sequer?

22. Depois de teres comungado o corpo de Cristo, aproxima-te também do cálice do seu sangue. Não estendas as mãos, mas inclinando-te, e num gesto de adoração e respeito, dize 'amém'. Santifica-te também tomando o sangue de Cristo. E enquanto teus lábios ainda estão úmidos, roça-os de leve com tuas mãos e santifica teus olhos, tua fronte e teus outros sentidos. Depois, ao esperares as orações [finais], rende graças a Deus que te julgou digno de tamanhos mistérios.

23. Conservai inviolavelmente essas tradições e vós mesmos guardai-vos sem ofensa. Não vos separeis da comunhão, nem pela mancha do pecado vos priveis desses santos e espirituais mistérios. O Deus da paz santifique-vos completamente. Conserve-se inteiro o vosso espírito, e a vossa alma e o vosso corpo sem mancha, para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo (1Ts 5,23), a quem a glória pelos séculos dos séculos. Amém.

('Quinta Catequese Mistagógica aos Recém-iluminados', de São Cirilo de Jerusalém, século IV)

domingo, 3 de junho de 2018

O SENHOR DO SÁBADO

Páginas do Evangelho - Nono Domingo do Tempo Comum


Naqueles tempos ditosos em que o Senhor habitava a terra, o Evangelho de hoje faz memória de um certo dia e uma certa caminhada de Jesus, 'passando por uns campos de trigo, em dia de sábado' (Mc 2, 23). Desta vez, como em muitas outras vezes, sempre rodeados por grandes multidões e em andanças contínuas, os discípulos de Jesus estavam famintos. Desta vez, ao contrário da figueira frondosa mas estéril, as searas de trigo à beira do caminho estavam repletas de espigas. E os discípulos de Jesus se serviram delas para matar a fome.

Para os fariseus presentes, homens esmagados pela frieza e rigidez das normas sabáticas - até a simples coleta de espigas em trigais à beira de uma estrada, por homens fatigados e famintos, atentava contra a pureza e preservação do dia de sábado, o 'dia consagrado ao Senhor' (Dt 5, 14). De fato, muito mais que uma mera perplexidade fingida, estes fariseus eram movidos pela malícia doentia de buscar quaisquer meios e situações para tentar recriminar e indispor Jesus em relação às multidões que O seguiam. Jesus os interpela, então, sobre o episódio da fuga de Davi à perseguição de Saul quando, por necessidade extrema, permitira que seus homens se alimentassem com os pães sagrados e reservados aos sacerdotes (I Sm 21, 6). 

Jesus vai lhes dar em seguida o testemunho definitivo: 'O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. Portanto, o Filho do Homem é Senhor também do sábado' (Mc 2, 27 - 28). Os discípulos se serviam de trigo diante do Senhor do trigo. Os discípulos colhiam espigas no dia de sábado diante do Senhor do sábado. Não havia lugar então para simples conjecturas humanas, para firulas normativas da antiga lei mosaica, para o relativismo mesquinho e tenebroso de pobres fariseus, saciados e empanturrados de tanto orgulho e vaidade, que não tinham olhos e nem ouvidos para perceber que estavam diante do senhor do trigo e do sábado. Diante de corações tão duros e obstinados à graça, Jesus vai interpelá-los mais tarde, na sinagoga, movido por ira e tristeza: 'É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?' (Mc 3,5). 

Jesus que fizera um dia uma figueira sem frutos secar até a raiz, agora dá vida plena a uma mão seca, no dia especialmente consagrado ao Senhor. Uma mão sadia para plantar sementes e para colher espigas. Bastou ao homem da mão seca acreditar, bastou àquele homem estender a mão para ficar curado. A misericórdia de Deus é infinita, mas a nossa salvação precisa do nosso sim, de nossas mãos estendidas, ávidas de cura e aptas à semeadura, para produzir muitos frutos e espigas nos trigais do Senhor. E nos tornar também cientes dos mistérios da iniquidade deste mundo, em que muitos não reconhecerão Jesus como Mestre e Senhor e, no seu ódio obstinado à Verdade, negarão a Deus e serão, novamente e muitas vezes, outros tantos fariseus.  

sábado, 2 de junho de 2018

ABERRAÇÕES LITÚRGICAS (X)

Para os que se locupletam de ovações ao CVII: o resultado está aí embaixo, mistura de loucura e delírio patético e circense. Este 'catolicismo moderno' implodiu os pilares da cristandade, derrubou a tradição bimilenar da Igreja, reinventou a visão cristã como porfia do mundo, esvaziou seminários e vocações sacerdotais, tão aniquilados de graça que produzem estes arremedos de sacerdotes... Essa gente tolera tudo, e tudo é permissível, tão permissível que chegam a ostentar diabolicamente a intenção de que Deus pode ser moldado toscamente na conjunção de tanta insensatez e loucura...


Rezemos pelos sacerdotes fieis e santos! E façamos atos de desagravo pelos maus sacerdotes da vinha do Senhor: 'Meu Deus, eu Vos ofereço reparação pelos que Vos ofenderam por pensamentos, palavras e ações, pelos maus exemplos de Vossos sacerdotes e religiosos...' (oração diária de reparação a Deus, constante na aba lateral do blog).