terça-feira, 11 de julho de 2017

A CONTRIÇÃO PERFEITA É A CHAVE DE OURO DO CÉU

Como se obtém a contrição perfeita

Põe-te diante de um crucifixo, na igreja ou na casa de tua habitação, ou senão imagina que o tens diante de ti, e, chorando de compaixão à vista das feridas do Senhor, pensa uns momentos com fervor: Quem é este que está pendente da Cruz e sofrendo nela? — É Jesus, meu Deus e Salvador. O que sofre? — As mais terríveis dores no corpo, tem-no ensanguentado e coberto de feridas; a alma, tem-na lacerada pelas dores e afrontas. Por que sofre tudo isso? — Pelos pecados dos homens e também pelos meus pecados; em meio de suas amarguradas dores, também pensa em mim, também sofre por mim, também quer expiar os meus pecados.

Entretanto, deixa que o sangue redentor do Salvador, quente ainda, caia sobre ti, gota a gota, e pergunta a ti mesmo como tens correspondido ao teu Salvador, tão atormentado por ti. Pensa um momento, recorda teus pecados, e esquece-te, se quiseres, do Céu, do inferno, e arrepende-te principalmente porque são eles que a tão miserando estado reduziram o teu Salvador; promete-lhe que não tornarás a crucificá-Lo com mais pecados e, por fim, reza, pausadamente e com fervor, acompanhando com sentimento interno, as palavras de alguma fórmula da contrição.

Mas é possível alcançar com facilidade a contrição perfeita? 

Antes de tudo, é verdade que, para a contrição perfeita, se requer mais do que para a imperfeita, que é a de que se necessita para a Confissão. Contudo, porém, ajudado com a graça de Deus, pode qualquer um alcançar a contrição perfeita, bastando que deveras a deseje, porque a verdadeira contrição está na vontade e não no sentimento. Tudo se reduz a termos o devido motivo de arrependimento, quer dizer, que nos arrependamos porque amamos a Deus sobre todas as coisas e, por seu amor, detestamos os nossos pecados; nisto, e não na duração ou intensidade da dor, está a contrição perfeita. 

Digo isto, porque muitas vezes se confunde a contrição perfeita com certa contrição que há, altíssima e sublime, não se advertindo que a contrição perfeita tem seus graus e degraus, e que, para que o seja, não é necessário que chegue à contrição altíssima e firmíssima de São Pedro, de Madalena, de São Luiz Gonzaga e de outros santos: muito bom seria isso, mas não é necessário; um grau mais baixo de contrição perfeita e verdadeira basta para perdoar os pecados. 

Além disso, advertirás uma coisa, que me parece te animará e te dará confiança para poderes alcançar a contrição perfeita. Antes de Jesus Cristo, na Lei antiga, por espaço de 4.000 anos, foi a contrição perfeita o único meio que tiveram os homens para alcançarem o perdão dos pecados e entrarem no Céu. E hoje mesmo a milhões e milhões de pagãos e hereges que só e unicamente pela contrição perfeita, podem sair do pecado. Portanto, se é verdade, como é, que Deus não quer a morte do pecador, parece natural que não haja exigido para a contrição perfeita ato demasiadamente difícil, mas antes que esteja ao alcance de todos. 

Pois, se podem alcançar a perfeita contrição tantos e tantos que vivem e morrem afastados, é verdade que sem culpa sua, da corrente da graça e da Igreja Católica, ser-te-á isto a ti difícil, a ti, que tens a grande dita de ser cristão e católico, a ti, que tens muito mais graças e estás mais instruído do que eles? E ainda te digo mais: muitas vezes, sem o saber ou sem o pensar, tens realmente contrição perfeita; quando, por exemplo, ouves piedosamente a santa Missa, quando fazes com devoção a Via-Sacra, quando meditas com fervor diante de uma imagem de Jesus Crucificado ou do Sagrado Coração, ou assistes à pregação da palavra divina. 

Além disso, muitas vezes pode-se exprimir com poucas palavras o amor mais ardente e a mais profunda contrição, atendendo só ao sentido e ao motivo (o amor de Deus). Por exemplo, com estas jaculatórias: 'Deus meu e meu tudo!'; 'Meu Jesus, misericórdia!'; 'Ó meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas!'; 'Meu Deus, compadecei-Vos de mim pecador!', etc.

Que efeitos produz a contrição perfeita? 

Efeitos verdadeiramente admiráveis! Se és pecador, perdoa-te imediatamente os pecados e isto de cada vez e ainda antes de receberes o sacramento da Confissão; necessário é, porém, que tenhas vontade de confessá-los mais tarde (vontade esta que já está incluída na contrição perfeita). E este efeito é produzido pela contrição perfeita e verdadeira não só em perigo de morte, mas sempre e quando a excitamos no coração; de modo que o pecador, ao mesmo tempo que lhe são remidas as penas do inferno, recobra os méritos passados e, de inimigo de Deus, se faz seu filho e herdeiro do Céu. 

Se és justo, a contrição perfeita assegura-te e aumenta-te o estado de graça, apaga-te os pecados veniais que, pelo ato de contrição de caridade, detestaste; perdoa-te, sobretudo, as penas dos pecados, firmando e robustecendo-te no verdadeiro e sólido amor de Deus. Tais são as maravilhas que o amor e a misericórdia de Deus obram na alma do cristão pela contrição perfeita. Tão grandes são que, talvez, te pareçam incríveis; tratando-se do perigo de morte, já terás ouvido que se devem pedir a contrição e a dor; mas que também, em tempo de saúde e em qualquer tempo, a contrição perfeita obre tais maravilhas, mal te atreverás a acreditá-lo.

Será, pois, certa e segura esta doutrina da contrição perfeita? 

Digo-te que é tão firme e tão segura como a própria palavra de Deus. No Concilio ecumênico de Trento, onde a Igreja declarou e explicou os principais ensinamentos divinos que já eram correntes nela e eram combatidos por muitos hereges, diz-se na Sessão 14, cap. 4: 'A contrição perfeita, a contrição que procede do amor de Deus, justifica o homem e reconcilia-o com Deus ainda antes de receber o sacramento da Confissão'. Como o Concilio não diz que isto seja só em tempo de necessidade e em perigo de morte, segue-se que a contrição perfeita produz sempre este efeito. 

E, para o afirmar, apoia-se a Igreja na palavra e ensino de Jesus Cristo, que diz entre outras coisas: 'Se alguém me ama (e isto só o faz o que tem verdadeira contrição no coração), meu Pai o amará e Nós viremos a ele e faremos nele morada' (I Jo 14,23). Para que, porém, Deus possa habitar na alma, é preciso que o pecado tenha desaparecido; logo, o apagar o pecado é um dos efeitos da contrição perfeita, da contrição de caridade. Assim também o tem declarado sempre a Igreja infalível, chegando a condenar como herege, Baio, por dizer o contrário. O mesmo ensinam os Santos Padres e Doutores sagrados sem exceção e o mesmo confirma a razão, porque se, como já disse, tão grandes efeitos produzia a verdadeira contrição no Antigo Testamento, quando ainda imperava a lei do temor, quanto maior produzirá no Novo, em que impera a lei do amor!

Se a contrição perfeita destrói os pecados por que é necessário confessá-los depois? 

Sim, é verdade; a contrição perfeita faz o mesmo que a Confissão, faz com que desapareçam da alma os pecados; não o faz, porém, com independência do sacramento da Confissão, porque é necessário ter vontade de confessar mais tarde os pecados destruídos ou apagados pela contrição perfeita. E isto porque é lei de Jesus Cristo que se confessem todos os pecados, pelo menos todos os mortais, e esta lei, de forma alguma, se pode mudar. Verdade é que, se alguém não quisesse depois confessar os pecados que lhe foram perdoados pela contrição perfeita, não os contrairia novamente; mas é certo que perderia de novo o estado de graça, precisamente por faltar à obrigação de confessá-los.

É preciso confessar os pecados logo depois da contrição de caridade? 

A rigor, não é necessário; porém, de todo o coração, aconselho-te e recomendo-te que o faças; assim estarás mais seguro de ter alcançado o perdão e conseguirás, por sua vez, as grandes graças que traz consigo o sacramento da Confissão e que se chamam graças sacramentais. Talvez que alguém, tentado pelo demônio, vendo os grandes efeitos da contrição perfeita, diga: 'Pois se é tão fácil alcançar o perdão dos pecados com a contrição perfeita, já não preciso mais me confessar; peco quanto quiser, arrependo-me depois com contrição perfeita, e estou pronto. Não é assim?'

Não, de forma alguma; porque quem assim pensa não tem nem sombra de contrição. Não ama a Deus sobre todas as coisas logo que não queira em tudo e por tudo romper com o pecado mortal, nem trata seriamente de emendar a sua vida, coisa que tanto se requer para a Confissão como para a contrição perfeita; em uma palavra, falta-lhe boa vontade e, faltando-lhe esta, faltar-lhe-á a graça de Deus, sem a qual a contrição perfeita é absolutamente impossível. Poderá enganar-se a si mesmo, jamais, porém, enganará a Deus Nosso Senhor. 

Aquele que tem contrição perfeita, está inteiramente resolvido a romper com o pecado mortal; receberá logo que possa e com mais fervor do que dantes, os santos sacramentos, e com a sua boa vontade, ajudada da graça de Deus, conservar-se-á livre de pecado e se firmará mais e mais no feliz estado de filho de Deus. A quem, de modo especial, a contrição perfeita auxilia, é aos que leal e sinceramente querem adquirir e conservar o estado de graça e, sobretudo, aos que pecam por costume, isto é, aos que, ainda que tenham boa vontade, a força dos maus hábitos e a própria fraqueza os fazem cair de vez em quando; porém, de forma alguma, a contrição perfeita ajuda aos que se acolhem a ela para pecarem mais à vontade. 

E estes convertem o celestial remédio do perfeito arrependimento em narcótico fatal e em infernal veneno. Não sejas, pois, destes, leitor amado; não consintas, incauto, que graça tão preciosa como a contrição perfeita te sirva para o mal, senão para o bem, já que tão grandes bens produz na alma do cristão.

Por que é tão importante a contrição perfeita em vida? 

Porque não existe bem tão precioso quanto o estado de graça! A graça não adorna somente a alma, mas invade-a e penetra-a toda, e transforma-a em uma nova criatura, em filha de Deus e herdeira do céu. Além disso, faz com que todas as obras e trabalhos do cristão sejam meritórios para o Céu; a graça é a varinha mágica que tudo converte em ouro, porém em ouro de méritos celestiais. Pelo contrário, que triste é o estado do cristão que jaz em pecado! Todos os seus trabalhos, todas as suas orações, todas as suas boas obras ficam inúteis e sem mérito para o Céu; é inimigo de Deus e, no momento em que o tênue fio da vida se parta, cairá precipitado no inferno. 

Não será, pois, importante e necessário o estado de graça para o cristão? Pois, se o perdeste, podes recuperá-lo, principalmente de duas maneiras: (i) pela Confissão; (ii) pela contrição perfeita. A Confissão é o meio adequado e ordinário para alcançar a graça santificante. Como este meio, porém, nem sempre está ao nosso alcance, Deus deu-nos outro extraordinário, que é a contrição perfeita. Imagina que, um dia, tens a imensa desgraça de cometer um pecado mortal. Quando, passada a agitação do dia, vem o sossego da noite, a tua consciência angustiada levanta-se e clama com voz poderosa. 

Confessar-se agora... não é possível. Como remediar este estado? Pois olha, Deus põe em tuas mãos a chave de ouro que te vai abrir as portas do Céu; arrepende-te de teus pecados por verdadeiro amor de Deus, protesta-lhe firmemente não tornar a cometê-los, promete confessá-los quanto antes, e podes acreditar que estás reconciliado com Deus; deita-te tranquilo. Porém, se o cristão não conhece nem pratica a contrição perfeita, que triste estado o da alma! Em pecado mortal se deita e se levanta, e assim vive dois, três, quatro meses e mais, até a confissão seguinte. 

E talvez que, neste estado, continue por anos inteiros, sem que a profunda noite do pecado seja interrompida, nem um momento sequer, na sua alma pelos raios do sol da graça depois da Confissão. Triste estado! Viver quase sempre em pecado, inimigo de Deus, sem mérito para o Céu e em perigo de eterna condenação! Mais; quando alguém, antes de receber um sacramento, por exemplo, o da Confirmação, o do Matrimonio, se lembra de um pecado grave não perdoado, pode, pela contrição perfeita, fazer-se digno de receber o sacramento. Somente para a Comunhão, isso não basta; é necessária a Confissão. 

Também para o cristão que está em estado de graça, é importante o uso frequente da contrição perfeita. Antes de tudo, nunca podemos estar completamente seguros de que estamos em estado de graça. Porém, esta segurança aumenta e se confirma com cada ato de verdadeira contrição perfeita. Sucede, além disso, que alguém tenha dúvida sobre se consentiu em alguma tentação; estas dúvidas acovardam e desalentam a alma no caminho da virtude. Que há a fazer nestes casos? Examinar se consentimos ou não? Isso de nada aproveita. Excita-te à contrição perfeita e fica tranquilo. 

Porém, ainda que tivéssemos toda a certeza possível de que estamos em graça, que preciosa não é a contrição perfeita! Por cada ato de contrição perfeita, aumentamos este estado de graça na alma, e cada grau de graça vale mais do que todas as riquezas do mundo. Por cada ato de contrição perfeita e caridade, destroem-se os pecados veniais e as faltas que mancham a alma, e esta fica cada vez mais formosa diante de Deus. Por cada ato de contrição perfeita, são perdoadas as penas temporais dos pecados.

Por que é tão importante a contrição perfeita na morte? 

É importante sobretudo em perigo de morte repentina. Houve um grande incêndio numa cidade, e neste pereceram centenas de pessoas. Entre muitas que gemiam no pátio de uma casa, via-se um menino de doze anos que, de joelhos, pedia em voz alta a graça da contrição; explicou depois porque o fazia e suplicou que orassem com ele em voz alta. Talvez que, por seu intermédio, muitos daqueles infelizes se salvassem para sempre. Perigos como este sem conta te cercam e, quando menos o penses, podes ser vítima de uma desgraça repentina: podes, por exemplo, cair de uma árvore; podes ser atropelado por um carro na rua; podes ser surpreendido de noite, pelo fogo, na tua habitação; podes colocar mal o pé em uma escada; pode ser que, enquanto trabalhas, te falte repentinamente os sentidos e caias... levam-te moribundo à casa, vão a correr chamar o sacerdote; este, porém, tarda em chegar, e urge tanto!

Que fazer? Excita-te em seguida à contrição perfeita, arrepende-te por amor e gratidão para com Deus, e Jesus Cristo paciente salvar-te-á por toda a eternidade; a contrição perfeita terá sido para ti a chave do Céu no último momento e no último e supremo transe para a alma e para o corpo. Com isto, não desejo que alguém se aventure a deixar tudo para o último momento, à mercê de um ato de contrição perfeita, julgando ficar já por isso livre de pecado, pois é muito duvidoso que a contrição perfeita possa servir aos que têm pecado à sua sombra. 

O que deixo dito vale, antes de tudo e sobretudo, para os que têm boa vontade. Porém, haverá tempo em tais circunstâncias, para fazer um ato de contrição perfeita? Com a ajuda de Deus, sim; porque, para a contrição perfeita não se requer muito tempo, sobretudo quando antes, em tempo de saúde, nos temos exercitado nela; em um momento a podemos excitar e penetrar na alma. E como, em casos tão extraordinários, tem mais eficácia a graça de Deus, e o espírito, mais atividade no transe tremendo da morte, dos momentos se fazem horas. 

Lembra-te de que falo por experiência própria. Uma vez, a 20 de julho de 1886, estive em grande e terrível perigo de morte, seria coisa de oito ou dez segundos, o espaço para meio Pai-Nosso. Pois, em tão curto espaço de tempo, mil pensamentos cruzaram-se em minha mente; a minha vida inteira passou diante de minha alma, com rapidez incrível, e, atrás dela, o que seria de mim depois da minha morte; tudo isto, como disse, num espaço de tempo insignificante, o suficiente para meio Pai-Nosso. Por dita minha, porém, e grande favor de Deus, a quem rendo graças, não foi aquele momento para morte, mas sim para vida; do contrário, não teria podido escrever esta Chave de ouro. 

Pois, a primeira coisa que fiz, em tão terrível momento, foi o que, segundo o Catecismo, deve fazer todo o cristão em perigo de morte: excitar-se à contrição e recorrer a Deus pedindo-a e implorando-a a seu favor. E a verdade é que, naquela ocasião, creio que aprendi a amar e apreciar o valor da contrição perfeita; desde então tenho difundido, quanto me tem sido possível, o seu conhecimento e estima. E esta misericórdia, que podes exercitar na tua alma no último momento, podes exercitá-la também com os demais cristãos, teus irmãos. E quão triste é que, em tão apurado transe, não seja isto melhor compreendido! 

Acode muita gente, choram e gritam desordenadamente, e, sem saber que fazer, correm à procura do médico e do sacerdote, trazem todos os remédios que têm em casa e, entretanto, o enfermo agoniza, e, naqueles breves mas preciosos momentos, talvez não haja quem se compadeça da sua alma imortal e lhe proponha que faça um ato de contrição perfeita e o salve para sempre. Se te apresentar ocasião, vai com sossego e tranquilidade para o lado do moribundo ferido ou enfermo; se te for possível, põe-lhe o Crucifixo diante dos olhos e, com voz firme mas tranquila, pede-lhe que pense e repita com o coração o que tu vais rezar; e, feito isto, vai dizendo compassada e claramente o ato de contrição, ainda que te pareça que ele nada ouve nem entende. 

Com isto, terás feito uma obra sumamente boa e o moribundo te agradecerá eternamente no Céu. Sim, até mesmo a um herege, podes ajudar desta maneira em seus últimos momentos; não lhe fales, se queres, de Confissão, porém excita-o a que faça um ato de amor a Deus e a Jesus Crucificado e dize-lhe compassadamente o ato de contrição.

A contrição perfeita é a chave de ouro do Céu 

Cristão leitor, deixa que, olhando-te afetuosamente e apertando-te a mão, te diga de todo o coração e com a maior insistência: dá este prazer a Deus e à tua alma: faze devotadamente todas as noites, com tuas orações, um ato de contrição perfeita. Não deixes passar noite alguma sem exame de consciência e contrição, como não deixes passar manhã alguma sem purificar a intenção. Não pecarás, é claro, se o deixares de fazer alguma vez; porém tem por bom e saudável o conselho que te dou. 

E não me digas que isso de exame de consciência e contrição é coisa própria de sacerdotes e homens perfeitos e não para ti; não te escuses com o 'não tenho tempo'; quanto tempo julgas que é necessário? Meia hora? Não. Um quarto de hora? Também não; alguns poucos minutos bastam. Não costumas recitar algumas orações antes de te deitares? Pois, em seguida à tua pequena oração, pensa uns momentos nas faltas e pecados do dia que acaba de passar, e reza, pausadamente e com fervor, diante do Crucifixo, o ato de contrição. Depois podes recolher-te tranquilo. Deste ao Senhor as boas noites, e ele te respondeu: 'Boa noite, meu filho'. Ele perdoou-te misericordiosamente os teus pecados. Que te parece? Fá-lo desde esta noite e jamais te arrependerás. 

Se, nesta vida, tiveres a imensa desgraça de cometeres um pecado mortal, não permaneças mergulhado em tão grande miséria; levanta-te pela contrição perfeita, levanta-te imediatamente, ou, o mais tarde, logo que faças as tuas orações da noite; depois não demores muito em confessar-te. Finalmente, cristão da minha alma, mais tarde ou mais cedo, terás que morrer, e se, o que não te desejo, a morte te colhesse de improviso, já sabes onde está o remédio, já sabes onde está a chave do Céu. Chama imediatamente por Deus com íntima e perfeita contrição, e, se em vida te exercitares nela gostosa e devidamente, não te faltarão então tempo, vontade e graça de Deus para teres firme contrição perfeita, e a contrição perfeita te salvará. 

Porém, se antes de morrer, tens tempo para prevenir-te e preparar-te para o caminho da eternidade, que a última coisa que na terra penses e faças, com conhecimento, seja um ato de entranhado amor a Deus, teu Criador, teu Redentor, Salvador e Juiz; um ato de sincera e perfeita contrição de todos os pecados da tua vida. Feito isto, lança-te com confiança nos braços da misericórdia divina e Deus será para ti bondoso Juiz. 

Com isto, me despeço de ti, amado leitor; vê e faze o que neste livrinho tens lido. Ama e pratica a contrição perfeita, meio esplêndido de graça que a divina misericórdia põe em tuas mãos para saíres do pecado mortal em qualquer momento, e não só em perigo de morte; meio fácil, que tão grandes efeitos produz; meio supremo e único que, em caso de necessidade, salvará a tua alma; fonte, enfim, de graças na vida e na morte — verdadeira chave de ouro do Céu.

(Excertos da obra 'A Contrição Perfeita - Uma Chave de Ouro do Céu' do Pe. J.de Driesch, 1913).

segunda-feira, 10 de julho de 2017

LUZ NAS TREVAS DA HERESIA PROTESTANTE (XVI)

A 14ª objeção* do famoso repto protestante é a de citar um texto que prove que há mais de um mediador. Tal objeção denota de novo grande ignorância da Bíblia e da significação dos termos, e visa sobretudo atacar o culto da Santíssima Virgem Maria, invocada pelos católicos sob o título de medianeira. Demos-lhe, pois, a resposta clara e bíblica.

I. Cristo Mediador 

Só há um Deus, diz São Paulo, e só há um mediador entre Deus e os homens. Esta verdade é repetida diversas vezes pelo Apóstolo (Gl 3, 20; Hb 8, 6; 9, 15; 12, 24). E este mediador é Jesus Cristo feito Homem (1 Tm 2, 5). Eis a verdade básica, que os católicos e protestantes aceitam integralmente e sem discussão. Donde vem a discordância? Unicamente pela tendência perversa dos amigos protestantes, em quererem protestar, até nos pontos onde não há possibilidade de protesto, nem sombra de razão de protesto.

Nunca a Igreja Católica admitiu outro mediador entre Deus e os homens, senão Jesus Cristo; e isso pela razão admiravelmente exposta pelo Apóstolo: Cristo nos deu um novo testamento, mas, onde há um testamento, é necessário que intervenha a morte do testador; pois o testemunho não se confirma senão quanto aos mortos (Hb 9, 16-17). Tudo isso é positivo e claro. Por que então discutir? Cristo ofereceu-se, morreu derramando seu sangue divino e por isso é o mediador do novo testamento (Hb 9, 15).

Por que os católicos invocam a Imaculada Mãe de Jesus como medianeira das graças? Eis que a palavra medianeira, aplicada à Virgem Santa, levanta e exalta a natural aversão dos protestantes à mãe de Jesus. Não havia razão para isso, pois os católicos não perturbam em nada a ordem estabelecida e não pretendem, como julgam os amigos protestantes, colocar um outro mediador ao lado de Cristo. Tal asserção denota simplesmente uma ignorância estupenda ou, então, resolução de querer protestar, seja como for. Examinemos bem, pois, a tal mediação, atribuída à Virgem Maria.

II. Maria Santíssima Medianeira

O único mediador, entre Deus e os homens, é Jesus Cristo. Note bem, amigo protestante. Os católicos colocam aqui, a Virgem Santíssima, não diretamente entre Deus e os homens, mas sim entre Cristo e os homens, o que é essencialmente diferente. A teologia católica diz: Mediatrix ad Christum mediatorem: isto é, Medianeira junto a Cristo mediador. Deste modo, Cristo fica o único mediador entre Deus e os homens; e a Virgem Maria fica uma medianeira junto a Cristo; em outros termos: o mediador principal e perfeito é Cristo; sendo Maria Santíssima uma medianeira ministerial e dispositiva. 

Neste sentido, todos os santos são intercessores, medianeiros, junto a Cristo, sendo-o a Virgem Santa, pela sua qualidade de mãe de Deus, de um modo mais excelente e eficaz. Eis a doutrina muito simples e muito lógica. Deus, o Pai e Senhor de tudo. Jesus Cristo, único mediador entre Deus e os homens. Maria Santíssima, medianeira entre Cristo e os homens, de um modo mais excelente, mas na mesma ordem do que todos os santos.

III. A dupla mediação

Tal é a mediação particular da Virgem Santíssima. Ao lado desta mediação exerce ela ainda uma mediação geral, ao lado do mediador único, que é Jesus Cristo. Maria Santíssima é Medianeira entre Jesus Cristo e os homens; ela é também Medianeira entre Deus e os homens, desta vez ao lado do seu divino Filho. Esta segunda mediação resulta da unidade da obra redentora. A obra redentora – este ponto é o eixo sobre o qual giram todas as outras obras divinas – não é simplesmente a paixão e morte do Salvador, como o pensam os protestantes, mas é o conjunto de tudo o que se refere a ela, na preparação, na execução e na aplicação. A obra redentora, nos desígnios divinos, é uma só: é a nossa salvação por Jesus Cristo.

Estas três partes são, e devem ficar, inseparavelmente unidas, de tal modo que os elementos que constituem a primeira parte, devem encontrar-se na segunda e na terceira. Sendo certo que Maria teve a sua parte ativa, ao lado de Jesus, na obra redentora, pelo fato mesmo, ela deve ter parte na obra de nossa salvação e em todas as graças que nos são dadas, em vista do Redentor, pois tudo isso é uma única e mesma obra redentora.

E tudo isso é ligado à maternidade divina. E Maria, devendo ser a mãe de Jesus, o é necessariamente no Jesus inteiro, de Jesus como pessoa e como enviado de Deus. Pelo fato de sua cooperação na Encarnação, Maria Santíssima cooperou em nossa redenção e em nossa salvação. São estas as três partes constitutivas da obra redentora. Deste modo nós somos devedores a Maria de Jesus inteiro: é Jesus como resgate e como fonte do todas as graças.

Logo Deus, nos dando Jesus por Maria, dá-nos tudo por Maria; e ela se torna verdadeiramente associada à redenção, ou, em outros termos, co-redentora. A medianeira, ao lado de Jesus, entre Deus e os homens. Tal é a dupla mediação da Virgem Santíssima. Para refutar os erros protestantes a esse respeito, repitamos que isso não significa de modo algum que nós aceitamos um mediador ao lado do mediador único, ou que a mediação de Jesus nos parece insuficiente, ou que atribuímos qualquer coisa a Maria, fora de Jesus.

Nada de tudo isto. Maria está, ao lado de Jesus-mediador, para constituí-lo mediador perfeito, neste sentido que ela ocupa na mediação da vida a parte que Deus lhe outorgou; como Eva estava ao lado de Adão, na mediação da morte. Em ambos os sentidos aqui indicados, o nome de medianeira inclui para Maria Santíssima a dupla cooperação à obra redentora, acima exposta: cooperação pela sua ação na terra, cooperação pela sua intercessão no céu.

Estas duas mediações são universais, como é universal a mediação de Jesus, e se estendem a todas as gerações que nos são concedidas em vista de Jesus. Numa das orações da festa da medalha milagrosa, a Igreja adota integralmente esta opinião, dizendo: 'Senhor, Deus onipotente, que quisestes que recebamos todos os bens pela Mãe Imaculada de vosso Filho, concedei-nos, pelo auxílio de uma Mãe tão poderosa', etc. É o que a piedade cristã exprime neste axioma clássico: 'tudo por Jesus, nada sem Maria!'

IV. O necessário e o útil

Podíamos mostrar, com outros argumentos, a lógica e o fundamento desta mediação, dizendo que a mediação de Jesus Cristo é uma mediação necessária, e a da Virgem Santíssima, uma mediação útil. A seguinte comparação é de Carlos de Laet: podemos dizer que sem água não podemos viver: a água é, pois, necessária; porém, podemos ir buscar esta água ao longe, na fonte, como pode ser-nos transmitida por encanamento e chegar, deste modo, até dentro de casa, poupando-nos fadiga e tempo, para ir captá-la em cima dos montes. 

Tal encanamento não é necessário, porém é muito útil. Imagine-se agora que um homem venha dizer-nos: 'não vos é necessário tal encanamento; urge, pois, destruí-lo, porque necessário é só a nascente'. Que diria o meu amigo protestante a tal homem? Diria, de certo, o que o católico dirá: 'É verdade que só a água é necessária, porém o encanamento é de suma utilidade'. Eis o que ensina a Igreja Católica: só a mediação de Cristo é necessária, mas a da Virgem Santa é sumamente útil. Cristo é a nascente, a fonte; Maria Santíssima é o canal, que nos transmite a água cristalina da graça divina: Aquaeductus gratiarum, como dizem os teólogos e os santos padres.

V. Outra comparação

Suponhamos, amigo protestante, que o presidente da república governasse só a nossa pátria, auxiliado por um ministro de confiança, por cujas mãos passassem todas as nomeações e cargos inferiores. Tal ministro será, deste modo, o único mediador entre o presidente e o povo. Suponhamos que tal ministro tenha junto a si a sua própria mãe, a quem muito estima, sem que ela tome parte na direção dos negócios públicos. Um belo dia, eis que o amigo protestante precisasse de um emprego, de um favor qualquer. Que faria o amigo? 

Usaria de um pouco de diplomacia, e podendo entrar em relação com mãe do ministro, falaria com ela, para que intercedesse junto ao filho, a fim de alcançar-lhe o benefício almejado. Não seria isso lógico, natural? E podia o ministro ficar ofendido por não ter o suplicante recorrido a ele? De certo que não. Ao contrário, o pedido do amigo protestante, apresentado ao ministro pela própria mãe deste, adquiria duplo valor: o do pedido e o da intercessão.

Ainda assim fazem os católicos. Reconhecem que Deus é a fonte e o autor de todo o bem; reconhecem que Jesus Cristo é o único mediador necessário, mas reconhecem que, junto a ele, tem um valor extraordinário a sua Santíssima Mãe, e recorrem a ela como medianeira secundária de grande utilidade para que interceda por eles junto ao seu divino Filho.

VI. Conclusão

Está vendo, caro amigo protestante, que é inútil citar trechos da Bíblia, para provar uma verdade que a Igreja Católica reconhece e aceita. É inútil refutar objeções, que só existem na cabeça daqueles que a fabricam, sem indagar ou saber o que eles objetam, se existe ou tem, pelo menos, qualquer razão de existir. Que serve provar que o Sol existe, quando ninguém nega a sua existência?

Por que atribuir à Igreja Católica erros que ela não possui ou doutrinas que ela não professa? Tudo isso, de novo, mostra ou uma ignorância sem igual, ou então uma leviandade sem nome. Peço, pois, reter bem esta conclusão, que o Senhor quer provar sem que ninguém o negue: 'só há um Deus, e só há um mediador entre Deus e os homens, o qual é Jesus Cristo' (1 Tim 2, 5). Os santos, por serem amigos de Deus, são intercessores junto de Deus, porém secundariamente.

Acima de todos os santos, elevada pela sua dignidade de Mãe de Deus, está a Virgem Santíssima, verdadeira medianeira entre Jesus e os homens, medianeira entre Deus e os homens, pois o seu Filho é Deus; porém medianeira secundária, não absolutamente necessária, mas sumamente útil para nós homens. Eis porque os católicos têm em vista apresentarem-se a Jesus Cristo, acompanhados pela Virgem Santa, para, deste modo, dar mais valor às suas preces e serem mais bem acolhidos pelo único mediador necessário, isto é, Cristo Jesus, o Filho de Maria. Como isto é lógico, suave, consolador e, sobretudo, esperançoso!

* Estas 'objeções' foram propostas por 'um crente' como um desafio público ao Pe. Júlio Maria e que foi tornado público durante as festas marianas de 1928 em Manhumirim, o que levou às refutações imediatas do sacerdote, e mais tarde, mediante a inclusão de respostas mais abrangentes e detalhadas, na publicação da obra 'Luz nas Trevas - Respostas Irrefutáveis às Objeções Protestantes', ora republicada em partes neste blog.

(Excertos da obra 'Luz nas Trevas - Respostas Irrefutáveis às Objeções Protestantes', do Pe. Júlio Maria de Lombaerde)

domingo, 9 de julho de 2017

AOS MANSOS E HUMILDES DE CORAÇÃO

Páginas do Evangelho - Décimo Quarto Domingo do Tempo Comum


Deus prometeu as alegrias eternas aos que são mansos e humildes de coração: 'Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração' (Mt 11, 29). Estes serão chamados realmente de Filhos de Deus: 'Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus' (Mt 5,9). Eis a virtude da excelência cristã, chamada Virtude do Cordeiro - a amada virtude de Jesus Cristo. Porque, como um cordeiro sem ira e sem queixa alguma, Ele suportou as dores de Sua Paixão e Crucificação, como exemplo a ser seguido. Bem aventurados os que se submetem pacificamente a todas as cruzes, infortúnios, perseguições e injúrias desta vida! 

São estes os chamados 'pequeninos' por Jesus, diante os 'sábios' e 'entendidos' do mundo. O entendimento e a sabedoria, o estudo e a cultura geral, são valores essencialmente bons e agradáveis a Deus, desde que não se transformem em orgulho humano e em pilares da soberba científica. Entendimento e sabedoria são frutos da graça divina, dadas ao homem para a ascensão ao encontro da glória de Deus, e não como compartimentos ou domínios fechados da jactância humana. Deus fecha a estes o caminho das grandes revelações sobrenaturais.

Jesus chama a todos, para a conversão perfeita dos humildes de coração: 'Vinde a mim, todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso' (Mt 11, 28). Chama todos a Ele, todos os que estão curvados pelas cruzes do mundo, pelos infortúnios da vida, pelo peso do pecado. As instabilidades e as misérias da vida quebrantam a nossa fé e fazem oscilar a nossa vocação cristã em meio às vertigens do mundo; a Cruz de Cristo é a luz que nos permite emergir da escuridão e das trevas do pecado.

Humildade e mansidão são os frutos da fé e da generosidade despojada daqueles que seguem a Jesus: 'Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração' (Mt 11, 29). O caminho da santificação é talhado pela prática destas virtudes e, por meio delas, encontraremos o descanso, a paz e as alegrias eternas, como pequeninos acolhidos às graças do Senhor: 'o meu jugo é suave e o meu fardo é leve' (Mt 11, 30).

sábado, 8 de julho de 2017

SOBRE A VIRTUDE DA PACIÊNCIA

Paciência é a virtude pela qual suportamos os infortúnios deste mundo com tranquilidade de espírito, para que, em razão deles, não fiquemos desnecessariamente perturbados ou entristecidos interiormente e não nos permitamos fazer nada de errado ou de inadequado. As adversidades desta vida que a paciência suporta são doenças, desterros, angústia psicológica, desgraça, escárnio, maltrato, insultos, calúnias, reprimendas, fome, sede, frio, as mortes dos pais e dos filhos, dos parentes e dos amigos, massacres e calamidades públicas, e outras coisas da mesma espécie que geralmente ocorrem todos os dias. 

A longanimidade é a parte da paciência que fortalece o espírito contra o aborrecimento ocasionado pela demora em receber algo que esperamos. Ela difere da paciência por suportar males por um longo tempo e aguardar consolação postergada por muitos dias, meses e anos. Assim Deus é chamado longânime, porque Ele tolera nossas demoras e hesitações enquanto nos convida ao arrependimento. Também a equanimidade não é uma virtude distinta da paciência, embora seja considerada especialmente voltada a moderar o aborrecimento que advém da perda de bens exteriores.

A matéria próxima com que a paciência se ocupa é a aflição da mente e a tristeza por conta dos reveses enumerados acima: essa virtude as reprime por inteiro ou então as controla tanto, que elas não excedem as exigências da reta razão. Desta forma, as principais ações da paciência são:

(i) Suportar todas as sobreditas adversidades calmamente, de bom grado, com ânimo e em ação de graças, e sem nenhuma murmuração ou queixa.
(ii) Suportar esses males mesmo não tendo culpa, e mesmo que nos sejam infligidos por aqueles que receberam muitos benefícios de nós.
(iii) Atribuir todos os nossos problemas e dificuldades unicamente à vontade Divina, não importa por intermédio de quem provenham.
(iv) Sempre que estivermos feridos ou irritados, voltarmo-nos para Jesus Crucificado como estando presente, buscando obter dEle a paciência e oferecendo a Ele tudo o que sofremos.
(v) Oferecer-se a si próprio, bem no começo de todas as manhãs, a Deus para sofrer não importa o quê, e para suscitar um desejo ardente na alma de sofrer todos os males possíveis em imitação de Cristo.

Nós temos muitas ocasiões para exercitar a paciência a quase todo momento, suportando os males e perdas que nos acometem com respeito a nossa boa reputação, vida e bens exteriores. Os sinais da paciência são:

(i) Suportar com calma as imperfeições dos outros.
(ii) Não ceder ao rancor quando maltratado pelo próximo.
(iii) Não murmurar contra as punições divinas.
(iv) Não evitar a companhia daqueles que cometem injustiça contra nós, mas antes ir ao seu encontro, ter amor por eles e por eles rezar.
(v) Em alguma enfermidade, rezar a Deus que aumente nosso sofrimento.
(vi) Manter silêncio em meio às injustiças, não se desculpar, mas entregar tudo nas mãos de Deus a exemplo de Nosso Senhor, que mesmo quando convocado a se defender preferiu permanecer em silêncio.

Agora, quem não faria tudo o que está em seu poder para exercer essa virtude com máximo cuidado, considerando a paciência e longanimidade de Deus, que não somente tolera os pecadores com benevolência, mas não cessa de cobri-los com os maiores benefícios? E a vida de Cristo e sua amaríssima paixão não proporcionam o exemplo supremo de paciência?

Nem deve ser preterido o exemplo dos santos do Antigo e do Novo Testamentos, principalmente de Jó e Tobias e dos incontáveis mártires. Ademais, quem quer que considere atentamente os inomináveis tormentos do inferno, de que tão frequentemente escapou por conta da infinita misericórdia de Deus, não considerará os aborrecimentos desta vida, não importa quão graves e dolorosos sejam, como de nenhuma importância, e até os tratará como prazeres?

Finalmente, como diz o Apóstolo, 'a paciência vos é necessária' (Hb 10,36), pois ela fortalece a fé, governa a paz, auxilia o amor, instrui a humildade, excita o arrependimento, faz satisfação pelos pecados, ata a língua, refreia a carne, resguarda o espírito, aperfeiçoa todas as virtudes e dota-nos, ao fim desta vida, com a bem-aventurada imortalidade: 'Porque agora o que é para nós uma tribulação momentânea e ligeira, produz em nós um peso eterno de uma sublime e incomparável glória' (2 Cor 4,17).

(Excertos traduzidos da obra 'Textbook Of The Spiritual Life' do Pe. Charles Joseph Morotius, texto publicado originalmente no site confrarianossasenhoradocarmo)

BREVIÁRIO DIGITAL - ILUSTRAÇÕES DE NADAL (III)

Parte I - Nascimento, Infância e Início da Vida Pública de Jesus

Mittunt Iudaei ad Ioannem
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11. Evangelho (Jo 1):Testemunho de João aos fariseus

Tentat Christum daemon
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12. Evangelho (Mt 4. Mc 1. Lc 4): Jesus é Tentado pelo Demônio

Secunda & tertia tentatio
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13. Evangelho (Mt 4. Mc 1. Lc 4): Segunda e Terceira Tentações

Angeli ministrant Christo
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14. Evangelho (Mt 4. Mc 1. Lc 4): Jesus sendo servido pelos Anjos

Nuptiae ad Cana Galilaeae
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15. Evangelho (Jo 2): As Bodas de Caná

Eijcit primo vendentes de templo
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16. Evangelho (Jo 2): Jesus expulsa os Vendilhões do Templo

De copiosa captura piscium

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17. Evangelho (Lc 5): Jesus e a Pesca Milagrosa

Sanatur Socrus Petri
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18. Evangelho (Mt 8. Mc 1. Lc 4): Jesus cura a Sogra de Pedro

Compescitur iracundia
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19. Evangelho (Mt 5): 'Dominar a ira'

De dilectione inimici
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20. Evangelho (Mt 5. Lc 6): 'Amai os Vossos Inimigos'

sexta-feira, 7 de julho de 2017

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS


A Grande Revelação do Sagrado Coração de Jesus foi feita a Santa Margarida Maria Alacoque durante a oitava da festa de Corpus Christi de 1675...

         'Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para  honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares ... Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra'.


... e as doze Promessas:
  1. A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração.
  2. Eu darei aos devotos do meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.
  3. Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias.
  4. Eu os consolarei em todas as suas aflições.
  5. Serei seu refúgio seguro na vida, e principalmente na hora da morte.
  6. Lançarei bênçãos abundantes sobre todos os seus trabalhos e empreendimentos.
  7. Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias.
  8. As almas tíbias se tornarão fervorosas pela prática dessa devoção.
  9. As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição.
  10. Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais empedernidos.
  11. As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes inscritos para sempre no meu Coração.
  12. A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna.

    ATO DE DESAGRAVO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 
    (rezai-o sempre, particularmente nas primeiras sextas-feiras de cada mês)

Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é deles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados, diante do vosso altar, para vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o vosso dulcíssimo Coração.

Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as nossas próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não vos querendo como pastor e guia, ou, conspurcando as promessas do batismo, renegam o jugo suave da vossa santa Lei.

De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas particularmente das licenças dos costumes e imodéstias do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra vós e vossos santos, dos insultos ao vosso vigário e a todo o vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino Amor, e enfim, dos atentados e rebeldias oficiais das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.

Oh, se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniquidades! Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação que vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre os nossos altares.

Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a viveza da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nossos próximos, impedir, por todos os meios, novas injúrias à vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número possível de almas.

Recebei, ó Jesus de Infinito Amor, pelas mãos de Maria Santíssima Reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes até a morte no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à Pátria bem-aventurada, onde vós, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.