quarta-feira, 5 de abril de 2017

LUZ NAS TREVAS DA HERESIA PROTESTANTE (X)

Sexta Objeção* do crente: apresentar um texto das Sagradas Escrituras que prove que o papa é vigário de Cristo e sucessor de São Pedro.

A sexta objeção de tal crente é a de provar que o papa é vigário de Cristo e sucessor de São Pedro. Nada mais fácil. Não somente um texto, caro crente, mas muitos textos posso citar-lhe em abono desta verdade. Vou provar-lhe claramente pela história, pelo bom senso e pela Sagrada Escritura, que o papa é o sucessor legítimo e verdadeiro de São Pedro e, como tal, depositário de toda primazia, autoridade e poder do mesmo São Pedro. E depois de ler estas provas, se o amigo tiver sinceridade e bom senso, será obrigado a reconhecer a verdade provada.

I. Transmissão do poder


O amigo quer um texto que prove que o papa é sucessor de São Pedro; eu lhe peço um único texto que prove que ele não o seja. Esta verdade foi sempre aceita por todos, de modo que, para combatê-la de frente, precisam provar com um texto, como pelo bom senso, que estamos errados. Ora, protestante só nega, nada afirma nem prova! Só quer que nós provemos. Pois bem! Provaremos, porque a verdade tem provas, enquanto o erro só ataques e negações.

Tome, pois, a sua Bíblia, pois é baseado sobre ela que vou mostrar-lhe a verdade da tese católica e o erro da negação protestante. Abramos o evangelho, para aí verificar as palavras divinas da investidura perpétua dos apóstolos, para serem os enviados do Cristo (Mt 28, 18-20). 'É-me dado todo o poder no céu e na terra; ide pois e ensinai a todos os povos e eis que estou convosco todos os dias até à consumação do mundo'. Que quer dizer isto, caro crente? Cristo tem todo o poder, é a primeira parte. Cristo transmite este poder, é a segunda parte. Aos sucessores dos apóstolos, é a terceira parte. É este terceiro ponto que os protestantes não sabem compreender, apesar da lógica insofismável.

Eu pergunto agora: Cristo transmitiu este poder unicamente aos apóstolos presentes? Não pode ser, pois os apóstolos deviam morrer um dia, como todos os homens morrem, mas ele diz:'estarei convosco até à consumação do mundo'. Poderia dizer: 'estarei convosco até ao fim de vossa vida'. Ora, nada disso, promete estar com os apóstolos até ao fim do mundo. Que quer dizer isso? É simples. Cristo não se dirige aos apóstolos, como pessoas físicas, mas sim como um corpo moral, que deve perpetuar-se nos seus sucessores, e hão de durar até ao fim dos tempos. Que esplendor de evidência! 'Estarei convosco, e com vossos sucessores, até ao fim do mundo' (Mt 28,20). Este texto não pode ter outro sentido sem cair na mais flagrante contradição. Eis o que prova claramente que o bispo de Roma, que é o papa, é o sucessor de São Pedro. 

Vamos à segunda parte, mostrando que São Pedro e seus sucessores são vigários de Jesus Cristo. Abra de novo a sua bíblia, amigo crente (Mt 16,18). Cristo pergunta aos apóstolos: 'E vós que dizeis que eu sou?' (Mt, 16,15). Pedro, como chefe dos apóstolos, responde em nome de todos: 'Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo' (Mt 16,16). Jesus proclama Pedro bem-aventurado por ter sido escolhido pelo Padre eterno, a quem ele mesmo revela esta grande verdade (Mt 16,17) e, como para confirmar aquele que acabava de ser escolhido pelo Padre Eterno, Jesus diz a Pedro: 'Eu te digo: tu és Pedro (em aramaico pedra) e sobre esta pedra eu edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno (que são os erros e as paixões) nunca prevalecerão contra ela' (Mt 16,18).

Como isto é claro e positivo! Jesus Cristo muda o nome de Simão, em pedra (em aramaico, Kephas, significa pedra e Pedro, numa única palavra, como em francês Pierre é o nome de uma pessoa e o nome do minério pedra). Deus faz diversas vezes tais mudanças, para que o nome exprimisse o papel especial que deve representar a pessoa. Assim mudou o nome de Abrão em Abraão (Gn 17,5), para exprimir que devia ser o pai de muitos povos.

Mudou ainda o nome de Jacob em Israel (Gn 32,28) para significar a força contra Deus. Assim Jesus Cristo mudou o nome de Simão em Pedro, para significar que deve ser a pedra, sobre a qual estará fundada a Igreja, sendo o seu construtor o próprio Cristo. E esta Igreja nunca poderá ser vencida nem corrompida pelo erro. Como isso pulveriza o protestantismo, que pretende que a Igreja de Pedro errou, viciou-se e foi reformada por Lutero! Neste caso, falhou a palavra de Cristo! Cristo mentiu e as portas do inferno prevaleceram contra a Igreja fundada sobre Pedro, feito pedra. Pobre crente, reflete um instante!

II. Tu es Petrus

Este texto é capital e de uma significação transcendente. Sobre a sua clareza meridiana, não levantaram a menor sombra de dúvida quinze séculos de cristianismo. A interpretação pessoal protestante envolveu este texto numa névoa tão densa de sofismas, que eles julgam ter abatido este farol luminoso que, entretanto, continua e continuará sempre a iluminar este mundo. O texto, de fato, é tão claro, que todos os sofismas tem de abater-se diante de seu fulgor. Ele não precisa de explicação ou de comentário, basta-lhe a própria luz e a serenidade do leitor.

Tu es Petrus... Qual é a interpretação literal destas palavras? Qual o seu valor demonstrativo? Pelo seu sentido literal e imediato, São Pedro é constituído pedra fundamental da Igreja. Para iludir as momentosas consequências deste sentido óbvio e espontâneo, os pastores protestantes costumam distinguir entre Pedro e pedra. Eis como eles raciocinam: O Pedro do primeiro membro: tu es Petrus, é o apóstolo. A Pedra do segundo: super hanc petram, é Cristo. Sobre esta pedra (não sobre São Pedro) foi edificada a Igreja.

Tal distinção é injustificada, ridícula, contrária às regras comezinhas da hermenêutica. Quem, livre de preconceitos, lê o texto de São Mateus, fica logo persuadido que em todo ele Cristo se dirige a Pedro.
Et ego dico tibi, quia tu es Petrus,et super hanc petram aedificabo Ecclesiam meam (Mt 16, 18). 'E eu te digo, tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; e eu te darei as chaves do reino dos céus: e tudo o que desatares sobre a terra, será desatado também nos céus'. Em toda essa passagem, é claro que o Salvador se dirige exclusivamente a Pedro; sem o mínimo desvio nas palavras, nem no sentido.

'Eu te digo... tu és Pedro... sobre esta pedra edificarei... eu te darei... o que desatares...' São Pedro é a pessoa a quem tudo é dirigido; é ele o centro de todo este texto. Todos os membros do texto se articulam, seguem-se num todo, cuja continuidade não é possível interromper sem lhe quebrar as harmonias divinas. Admitindo-se a interpretação protestante, cai-se necessariamente no mais ridículo disparate. Eles dizem que o sentido é o seguinte: 'Eu te digo: Tu és Pedro, e eu edificarei a minha Igreja sobre mim... e eu te darei as chaves do reino dos céus, e tudo o que desatares...' Poderá haver mais desconjuntada incoerência de sentido? Mais desalinho de construção?

É impossível imaginar no espírito do divino Mestre tanta versatilidade de idéias e tão incoerente falar.
Que coisa ridícula seria admitir que o Salvador nem soubesse exprimir uma verdade tão fundamental, como é a da supremacia do chefe da Igreja. 'Tu és Pedro', diz o Mestre, e os protestantes dizem que não, que a pedra é Cristo. É como se Jesus Cristo dissesse: 'Simão, tu és pedra, mas não edificarei sobre ti a minha Igreja, porque não é pedra, senão sobre mim'. Uma tal linguagem não seria indigna de lábios divinos!? Não, não, tudo isso é grotesco. Não há necessidade de tantos rodeios, de tanta explicação: 'Tu és pedra'. Tal pedra é Pedro, e é sobre Pedro que Cristo edificou a sua Igreja.

III. Vigário de Cristo

Concluamos com uma citação de uma obra do Pe. Leonel Franca: 'A Igreja e a Reforma', que aconselho ao crente ler e a estudar. O Evangelho nos diz que Pedro é o fundamento sobre o qual Jesus construiu a sua Igreja, sociedade visível que há de durar até ao fim dos tempos e contra a qual não hão de prevalecer as portas do inferno. De um lado afirma a perenidade da Igreja; de outro, constitui a Pedro sua pedra fundamental. Ora a perpetuidade de um edifício é essencialmente condicionada pela estabilidade de seus alicerces. Repudiando esta pedra fundamental, que é a sua autoridade de governo, a Igreja apartar-se-ia das intenções de Cristo, destruiria a própria organização constitucional que lhe impôs a vontade de seu divino Fundador.

No dia em que viesse faltar o principado hierárquico de Simão, a pedra escolhida pelo Salvador, as portas do inferno teriam prevalecido. Sem base, o edifício cairia em inevitável ruína. Esse dia não despontará nunca! Há 20 séculos que todos os poderes da terra, coligados, arremetem-se contra essa rocha firmada pela mão de Deus. Há 20 séculos que a dinastia dos sucessores de Pedro continua na história, como um milagre vivo, sem exemplo na ordem moral. Digitus Dei est hic! É o selo da divindade. Reflita sobre isso, caro crente, e em vez de atacar, incline-se reverente diante deste milagre permanente, de Pedro sobrevivendo em seus sucessores até ao fim do mundo (Mt 28,20), e também diante do papa, sucessor de São Pedro e vigário de Cristo, como o foi o próprio Pedro.

* Esta 'objeção' foi proposta por 'um crente' como um desafio público ao Pe. Júlio Maria e que foi tornado público durante as festas marianas de 1928 em Manhumirim, o que levou às refutações imediatas do sacerdote, e mais tarde, mediante a inclusão de respostas mais abrangentes e detalhadas, na publicação da obra 'Luz nas Trevas - Respostas Irrefutáveis às Objeções Protestantes', ora republicada em partes neste blog.

(Excertos da obra 'Luz nas Trevas - Respostas Irrefutáveis às Objeções Protestantes', do Pe. Júlio Maria de Lombaerde)

segunda-feira, 3 de abril de 2017

ATO DE OFERECIMENTO A DEUS

Deus eterno, eis-me prostrado diante de vossa infinita Majestade; adoro-vos humildemente e vos ofereço todos os meus pensamentos, todas as palavras e ações deste dia. Tenho a intenção de tudo fazer por vosso amor, por vossa glória, para cumprir vossa divina vontade, para vos servir, louvar e bendizer, para me instruir nos mistérios da fé, assegurar minha salvação e alcançar vossa misericórdia; para satisfazer a vossa divina justiça por tantos pecados que cometi, para aliviar as santas almas do Purgatório e para obter, para todos os pecadores, a graça duma verdadeira conversão. 

Em suma, tenho a firme intenção de executar neste dia todas as minhas ações em união com as intenções perfeitíssimas que tiveram nesta vida Jesus e Maria, todos os santos que estão no Céu, e todos os justos na terra. Quisera poder assinar com meu próprio sangue esta resolução e repeti-la a todo momento, tantas vezes quantos instantes houvesse na eternidade. 

Recebei, meu Deus, minha boa vontade, dai-me vossa santa benção, com a graça eficaz de não cometer pecado mortal em todo tempo de minha vida, mas especialmente neste dia. Desejo e tenho a firme intenção de ganhar neste dia todas as indulgências que puder, e de assistir a todas as missas que se celebrarão no mundo inteiro e aplicá-las no alívio das almas do Purgatório, a fim de que elas fiquem livres de suas penas. Amém.

(São Leonardo de Porto Maurício)

domingo, 2 de abril de 2017

'EU SOU A RESSURREIÇÃO E A VIDA'

Páginas do Evangelho - Quinto Domingo da Quaresma


Há tantas belas lições a serem consideradas no Evangelho deste Quinto Domingo da Quaresma! Tomemos algumas delas e situemos no tempo e no espaço o desenrolar dos acontecimentos deste evento extraordinário da ressurreição de Lázaro: 'Lázaro, vem para fora!' (Jo 11, 43). Jesus frequentava, com alguma periodicidade, a propriedade dos irmãos, Lázaro, Marta e Maria, e sentia por eles especial predileção. E, diante da doença do irmão e das súplicas das duas irmãs, aparentemente vai ser movido por uma indiferença inexplicável: 'Quando ouviu que este estava doente, Jesus ficou ainda dois dias no lugar onde se encontrava' (Jo 11,6). E, que assombro não teria tomado Marta e Maria diante da morte do irmão e da resposta de Jesus aos enviados delas: 'Esta doença não leva à morte; ela serve para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela' (Jo 11, 4).

As nossas aflições e sofrimentos expressam em nós e por nós a manifestação da glória de Deus. Como almas aflitas, imploramos a misericórdia de Deus diante do infortúnio, da doença, do sofrimento, da dor. Como Marta e como Maria. A resposta de Deus não segue a direção do apelo humano;  reverbera nos Céus e encontra eco nos imponderáveis desígnios de Deus que paga um bem com bem infinito, confiança com graças infinitas, a oração contrita e humilde com infinita misericórdia! Jesus não vai apenas curar a doença de Lázaro, vai ressuscitá-lo e, com isso, converter muitos outros e torná-lo, assim, muito acima da doença, um instrumento maior da glória de Deus.

Nossa oração de aflitiva comoção deve ser humilde, confiante, perseverante, fervorosamente despojada na misericórdia do Pai. Como Marta e Maria, podemos ficar sucumbidos pela dúvida e pela inquietação diante o sofrimento: 'Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido' (Jo 11, 21). E comovido profundamente e movido de compaixão, 'Jesus chorou' (Jo 11, 35). Nesta pequena oração do Evangelho, perpassa todo o amor do Coração de Infinita Misericórdia de Nosso Senhor. Jesus chora e se comove com Lázaro, Jesus chora e se comove com todos os seus filhos, e será capaz de operar portentosos milagres para buscar, seja onde for, uma ovelha perdida.

Quando Lázaro sai do túmulo, não é o Lázaro enterrado há quatro dias, ainda que totalmente enfaixado e sem possibilidade humana de se locomover por si mesmo. Lázaro se move pela glória de Deus, Lázaro retorna da morte para a glória de Deus, muitos outros (não todos, pela inacreditável soberba humana) creram para a glória de Deus, manifestada por Jesus naquele dia com palavras de vida eterna: 'Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais' (Jo 11, 25 - 26). 

sábado, 1 de abril de 2017

PRIMEIRO SÁBADO DE ABRIL


Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima: 
                                                                                                                           (Pontevedra / Espanha)

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’
 DEVOÇÃO PARA O QUARTO SÁBADO 


ATO DE DESAGRAVO
AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA

em reparação contra as blasfêmias daqueles que afastam e corrompem as inocentes crianças em relação ao tesouro de graças de Nossa Senhora

Ó Coração Doloroso e Imaculado de Maria, transpassado de dor pelas injúrias com que os pecadores ultrajam vosso santo nome e vossas excelsas prerrogativas; eis prostrado aos vossos pés vosso indigno filho, que, oprimido pelo peso das próprias culpas, vem arrependido vos oferecer este ato de reparação contra as injúrias, blasfêmias, indiferenças e injustiças cometidas contra vós pela impiedade dos homens que não vos conhecem.

Neste Quarto Sábado, ó Coração Doloroso e Imaculado de Maria, desejo reparar particularmente as blasfêmias daqueles que procuram publicamente por no coração das crianças a indiferença, o desprezo e até mesmo o ódio contra Vós, ó Mãe Imaculada. Virgem Maria, doçura das crianças e mãe admirável de Deus menino; por vós, exultam os céus, alegram-se os anjos e os arcanjos e a terra inteira. E contra este tesouro de graças, homens ímpios ousam vos blasfemar... Feliz, porém, aquele que Vos ama, ó Maria, Mãe Santíssima, e possa proclamar as bem-aventuranças do vosso Santo Nome nos confins de toda a terra. Que este meu pequeno ato de puro amor e devoção seja depositado no repositório de graças da Santa Igreja em desagravo e reparação às blasfêmias daqueles que buscam afastar e corromper as inocentes crianças diante de vossa Maternidade Divina.

E que meu ato de amor seja também um ato de  esperança e de súplica à vossa misericordiosa mediação: concedei-me, ó Imaculado e Doloroso Coração de Maria, o firme propósito de vos ser fiel todos os dias de minha vida, de defender a vossa honra de todos os ultrajes, de propagar com entusiasmo vosso culto e vossas glórias a todos os homens, de amar Vosso Filho de todo o meu coração  e a graça suprema de estar convosco e com Jesus no Céu por toda a eternidade. Amém. 

(rezar 3 Ave Marias em desagravo ao Imaculado Coração de Maria pelas blasfêmias cometidas por aqueles que afastam e corrompem as inocentes crianças em relação ao tesouro de graças de Nossa Senhora)

Orações e Práticas da Devoção neste Quarto Primeiro Sábado de 2017:

Confissão*
Sagrada Comunhão
Rezar o Terço
Meditação dos Mistérios do Rosário (15 minutos)

* A confissão pode não ser realizada neste sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte. Caso não tenha sido realizada, fazê-la com esta intenção explícita numa próxima confissão.

sexta-feira, 31 de março de 2017

CORAÇÃO DE JESUS: MISTÉRIO DOS TEMPOS FINAIS

Deus tudo faz oportunamente. Sua sabedoria tem brilhado ao lado de sua misericórdia, dando à Igreja o divino tesouro do Coração de Jesus em tempos em que esta mais havia de necessitá-lo. O mesmo Salvador disse primeiro à Santa Gertrudes, e depois à beata Margarida Maria: 'Meu divino Coração está destinado para os últimos tempos'.

Não há que duvidar: todos os sinais indicados pelo Filho de Deus no Evangelho de São Mateus (capítulo XXIV) reúnem-se, acumulam-se, por assim dizer, com espantosa evidência: a fé diminui e se apaga em muitos; o Evangelho tem sido pregado em quase todas as partes; todas as sociedades cristãs têm apostatado; guerras horríveis, lutas de povo contra povo, de nação contra nação, fazem abalar o mundo; brotam milagres de todas as partes; um conjunto extraordinário de profecias, muitas delas indubitavelmente autênticas, unem-se a um secreto instinto das almas santas. Finalmente, os três mistérios que parece devem servir de refúgio à Igreja de Deus nas supremas tribulações, o mistério da infalibilidade do Papa, o da Imaculada Conceição de Maria, o do Sagrado Coração de Jesus, dominam a tempestade universal levantada contra tudo o que é católico, dando aos verdadeiros fiéis firmeza na fé e na obediência, a graça da inocência necessária para o triunfo, e o dom de uma caridade, de uma misericórdia e de uma reparação absolutamente divinas. Tudo nos indica a proximidade mais ou menos imediata destes 'últimos tempos' preditos pelo Deus do Sagrado Coração.

Em tempos precedentes, para cada novo mal o Salvador tirava um remédio saudável 'do tesouro de seu Coração'; mas, em nosso tempo, em que todas as negações e todos os males antigos vêm concentrando-se, unindo-se estreitamente sob a bandeira da revolução e do anticristianismo, Jesus se digna abrir-nos e dar-nos todo inteiro esse mesmo Coração, esse precioso tesouro, com tudo o que contém. É o último esforço de seu amor; o remédio supremo universal.

Sim, o Sagrado Coração é o que necessita a Igreja nos tempos extraordinários. Para grandes males, grandes remédios; para um mal extremo, há que lhe aplicar o remédio mais eficaz. A Europa cristã está gangrenada até o coração; para evitar, pois, a morte, é preciso que os fiéis se lancem a buscar a vida em sua fonte, penetrando no Coração do Rei dos céus. Quanto mais penetrarmos, com mais verdade poderá dizer-se: 'Não há salvação fora do Coração de Jesus'. Vislumbram-se os fins admiráveis da Providência ao retardar a manifestação do Sagrado Coração para finais do século XVII, para aquela época em que Satanás haveria de suscitar Voltaire, Rousseau, a franco-maçonaria, o ateísmo filosófico, a Revolução propriamente dita, ou seja, a grande rebelião da sociedade contra a Igreja, do homem contra o Filho do homem, da terra contra o céu.

Ao terminar o século XVII, a heresia quis destruir, na teoria e na prática, o Sacramento do amor e, por conseguinte, o amor mesmo, o amor santo e confiado que nasce da Comunhão. Aos fariseus dos últimos tempos, Jesus opõe a revelação de seu Coração adorável, transbordando doçura e humildade, fonte inesgotável de ternura, de caridade, de misericórdia, de verdadeira santidade e de verdadeiro amor. A impiedade no século XVIII levanta um grito satânico, grito de guerra contra Jesus Cristo: 'esmaguemos o infame' e, com sofismas, com sua propaganda infernal e universal, perturbam as inteligências. Que fará Jesus Cristo? Ele, que fez o homem e que o conhece, vai direto a seu coração e o manifesta sob sua forma mais poderosa, mais íntima, mais sedutora: como soberano Amor. Entrega-lhe seu Coração divino; e, pelo coração, lhe arranca às mortais seduções do entendimento. Com efeito, nada mais forte do que o amor; e pela revelação de seu Sagrado Coração Jesus se fará amar. Admirável ardil de guerra!

Há mais! Aquelas grandes blasfêmias vão dar por fruto grandes crimes; a seita anticristã vai comover a Igreja até seus alicerces; uma perseguição selvagem vai destruir as antigas instituições católicas na Europa; faz rodar pelo cadafalso a cabeça de Luis XVI, fecha os templos, degola sacerdotes e bispos, destrói as ordens religiosas, faz subir uma prostituta nos altares, conduz o Papa ao desterro (Pio VI) e lhe faz morrer nele; inaugura uma sociedade nova sem fé, sem Deus, sem Jesus Cristo; propaga por todo o mundo essa grande blasfêmia que se chama a separação da Igreja e o Estado; extingue em milhões e milhões de almas a vida da graça.

A esses crimes que provocam necessariamente as represálias da Justiça Divina, a esses sacrilégios públicos e até então inauditos, Nosso Senhor Jesus Cristo opõe uma expiação cuja santidade sobrepuja e sobrepujará a perversidade humana; revela, inaugura o culto público de seu Sagrado Coração, e este culto mil vezes bendito, essencialmente expiatório e reparador, irá propagar-se de tal maneira, que 'ali onde abundou o pecado, sobreabundará a graça' sempre. Inspire Satanás quanto queira aos demônios em carne humana que há mais de cem anos fazem ressoar o mundo com suas blasfêmias, insultam e pisoteiam a santíssima e adorabilíssima Eucaristia; incite-lhes a blasfemar da Santíssima Virgem, a assassinar sacerdotes, a cometer toda classe de crimes: tudo em vão: a Igreja tem de hoje em diante um meio de reparação mais poderoso que todas as maquinações do inferno: tem o Sacratíssimo Coração de Jesus, o Coração do mesmo Deus.

Mas estas e outras muitas razões que seria demasiado longo expor aqui, a misericordiosíssima Providência manifestou de um modo admirável revelando o culto do Sagrado Coração no final do século XVII. Acrescente-se a isto que quando a Santíssima Virgem apareceu em 19 de setembro de 1846, na montanha de La Salette, a fim de salvar, se fosse possível, a sociedade, declarou, entre outras coisas, que a propagação do culto do Sagrado Coração seria um dos meios de que Deus se serviria para combater o anticristianismo e santificar os fiéis, a seus escolhidos dos últimos tempos. Esta revelação tem contribuído muito para propagar por todas as partes o amor e o culto do Sagrado Coração.

Entremos nesta corrente de fé, que é o caminho de salvação. Escutemos a voz da Igreja; escutemos as advertências da Santíssima Virgem; creiamos, aceitemos com amor a palavra de Nosso Senhor. Sim, o Sagrado Coração é o mistério dos últimos tempos. Mas a fim de penetrarmos mais das inefáveis excelências do Sagrado Coração e, por conseguinte, da excelência do culto e da devoção que se lhe tributam na Igreja, contemplemos de mais perto com os olhos da fé, e com a felicidade e alegria do divino amor, esse Coração amantíssimo e mil vezes adorável de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Excertos da obra 'El Sagrado Corazon de Jesus', de Monsenhor de Ségur)

quinta-feira, 30 de março de 2017

DA PERVERSÃO DO HOMOSSEXUALISMO


Este vício [a sodomia] não é absolutamente comparável a nenhum outro, porque supera a todos enormemente. Este vício é a morte do corpo e a perdição da alma. Infecta a carne, extingue a luz da inteligência, expulsa o Espírito Santo do templo do coração do homem, fazendo nele entrar o diabo fomentador da luxúria, induz ao erro, subtrai a verdade da alma enganada, prepara armadilhas para os que nele incorrem, obstrui a saída do poço para que os que nele se prostram; abre-se-lhes o inferno, e se lhes são fechadas as portas do Céu, transforma-os de herdeiros da Jerusalém Celeste em habitantes da Babilônia infernal; arranca-os do seio da Igreja e os lançam às chamas da geena ardente.

Este vício busca destruir as muralhas da pátria celeste e tornar redivivos os muros calcinados de Sodoma. É algo que atropela a temperança, assassina o pudor, distorce a castidade e aniquila a virgindade, como o aguilhão de uma chaga repugnante. Tudo corrompe, tudo contamina, tudo macula e como não tem nada de pudor e nada alheio à imundície, nada suporta que seja puro. Como dito pelo Apóstolo: 'tudo é puro para os puros; para os impuros e imundos, nada é puro' (Tito 1, 15). Esse vício expulsam-nos do coro da assembléia eclesiástica e os obrigam a se associarem com os energúmenos e com aqueles que compartilham a causa do demônio; separa a alma de Deus para uni-la ao Diabo.

Este reino pestilentíssimo dos sodomitas torna os que se submetem aos seus desvarios em torpes perante os homens e odiosos perante a Deus. Exige impor a eles uma guerra abominável contra o Senhor e a marcharem sob as milícias de espíritos absolutamente perversos; separa-os do convívio dos Anjos e, sob o jugo de sua torpe dominação, priva as almas de sua nobreza inata. Despoja os seus servos das armas das virtudes e os expõem para serem transpassados pelos arpões de todos os vícios. Humilha-se na Igreja, condena-se no fórum, conspurca-se secretamente, sofre desonra em público, rói a consciência como um verme, queima a carne como o fogo, arde-se para se satisfazer em luxúria. E, por outro lado, teme se revelar, expor-se publicamente diante os homens. Aquele que olha com apreensão o próprio cúmplice, o que mais não poderá temer?

...

Arde a mísera carne com o furor da luxúria, estremece a fria inteligência pela suspeição, ferve o coração do infeliz mergulhado num caos infernal; a todo momento assomem-lhes à mente os aguilhões da consciência como a lhes torturarem com os tormentos futuros das penas. Uma vez que esta serpente de veneno mortal tenha cravado os seus dentes numa alma desgraçada, imediatamente ela perde o seu domínio, a memória se desvanece, a inteligência reduz-se obscurecida, perde-se a essência de Deus e se perde a essência de si mesmo. Esta peste solapa os fundamentos da fé, inibe as forças da esperança, dissipa os vínculos da caridade, aniquila a justiça, fragiliza a fortaleza e corrói os fundamentos da prudência.

O que devo acrescentar? No momento em que se há expulsado do coração humano todo o rol das virtudes, como que arrancando os ferrolhos das suas portas, este fica exposto e refém à barbárie de todos os vícios. A estes se aplica com exatidão aquele versículo de Jeremias que trata da Jerusalém terrena (Lm 1, 10): 'o inimigo tomou em suas mãos todas as coisas que Jerusalém julgava como as mais preciosas, e viu entrar os gentios em seu santuário, aqueles que dissestes que nele não deveriam entrar'. 

Aqueles que são devorados pelas entranhas desta besta famélica, são mantidos aprisionados, como por grossas correntes, da prática de quaisquer boas obras e são instigados a se projetarem sem nenhuma cautela aos precipícios da mais infame perversão. Quando se cai neste abismo de perdição extrema, se é exilado da pátria celeste, separado do Corpo de Cristo, desprezado pela autoridade de toda a Igreja, condenado pelo juízo dos Santos Padres, expulsos da companhia dos herdeiros das moradas celestes. O Céu se enrijece como ferro e a terra como bronze: não se pode ascender ao Céu por se estar vergado sob o peso da ignomínia, nem sobre a terra poderá ocultar por muito tempo o seu desvario no esconderijo da ignorância. Não poderá almejar felicidade nesta vida, e muito menos quando morrer, porque agora está refém do escárnio dos homens e, depois, dos tormentos da condenação eterna.

...

Choro por Vós, ó alma infeliz entregue às mazelas infernais da impureza, e choro com todas as lágrimas que podem chorar os meus olhos. Que dor atroz!

...

Ai de vós, alma miserável! Por vossa desgraça e perdição, entristecem-se os anjos, enquanto o inimigo exulta de alegria. Convertestes em prenda do demônio, espólio do mal, despojo dos ímpios. Abriram as bocas contra Vós todos os vossos inimigos; rugem e rangem os dentes e vociferam: 'Eis chegada a hora há tanto esperada; vamos nos apropriar de vossa alma e devorá-la inteira'. Por isso, ó alma miserável, eu choro todas as minhas lágrimas, porque não vos vejo chorar por vós.

(São Pedro Damião, excertos da obra Del Liber Gomorrhianus - Livro Gomorriano, tradução do autor do blog)

quarta-feira, 29 de março de 2017

MEDITAÇÕES PARA A QUARESMA (IV)

MEDITAÇÃO PARA A QUARTA SEMANA DA QUARESMA

A SATISFAÇÃO EXIGIDA PELOS NOSSOS PECADOS


PRIMEIRO PONTO - A IMPORTÂNCIA DA SATISFAÇÃO PELO PECADO COMETIDO, MESMO DEPOIS DE PERDOADO
     
Toda falta merece uma punição e cada injúria exige uma reparação. Nossa falta, se for grave, merece punição eterna; Deus, por meio do sacramento da Penitência, nos perdoa o castigo eterno, mas continua a nos exigir uma punição temporal. 'Vós perdoais, Senhor' diz Santo Agostinho 'o pecador que confessa a sua culpa, mas com a condição de que seja punido'. E existe coisa mais justa? É justo que inocente, o Deus-homem tenha sofrido por nossos pecados a mais cruel de todas as mortes e que o culpado se beneficie do preço pago sem tomar parte na expiação? Paulo não pensava de outra forma, quando dizia: 'Eu completo em minha carne o que falta aos sofrimentos de Jesus Cristo; nós não seremos glorificados em Jesus Cristo, se não padecermos junto com Ele'. 

A Igreja também confirma esta crença, quando define a penitência como um batismo laborioso, que somente justifica a alma ao custo de muitas lágrimas e penas. Assim, por sua bondade, Deus nos perdoa; mas, por sua justiça, exige satisfação do pecado. Uma satisfação que o homem é incapaz por mérito próprio satisfazer à sua justiça; mas que, por sua bondade, aceita o homem tirar proveito dos méritos infinitos do Salvador, associando-os às suas obras e usufruindo com isso de uma união de valor infinito. Desta forma, a justiça e bondade divina são plenamente satisfeitas. Admiremos e bendigamos estas primícias maravilhosas de sabedoria divina.

SEGUNDO PONTO - MEDIDA DA SATISFAÇÃO PELO PECADO PERDOADO
       
Se a penitência imposta pelo confessor é geralmente muito leve, é apenas pelo temor de desencorajar o penitente exigindo mais. Mas, na realidade, uma satisfação em grau muito diferente é devida. 'Se deve a Deus', diz Tertuliano, 'uma penitência que seja uma compensação ou uma abreviação das penas eternas'. E o Concílio de Trento acrescenta que toda a vida cristã deve ser uma perpétua penitência. Se Deus perdoou a Adão e a Davi, foi apenas com a condição de que eles seriam punidos com terríveis castigos: um em si mesmo e em toda a sua posteridade; o outro em sua pessoa e em seu povo. Os santos, mesmo depois de terem recebido o perdão, consagram-se por toda a vida a pesadas penitências e, por fim, os justos no Purgatório, ainda que Deus lhes tenha perdoado as culpas, sempre têm que padecer penas que tornam, por comparação, todos os sofrimentos desta vida como sendo muito leves. Ó justiça de Deus, quão severa sois, e como nós nos tornamos inimigos de nós mesmos fazendo pouca penitência neste mundo!

TERCEIRO PONTO - MODOS DE PRESTAR SATISFAÇÃO A DEUS PELOS PECADOS COMETIDOS
       
1. É preciso cumprir rigorosamente a penitência imposta pelo confessor. Esta ação traz consigo algumas graças especiais, que fazem parte integrante do sacramento; e, faltar ao seu cumprimento, seria mutilar o sacramento e, consequentemente, ofender a Nosso Senhor Jesus Cristo. Retardá-la seria retardar o mérito, que nos ajuda a viver melhor; seria diminuir a graça contra os pecados veniais que iríamos cometer neste intervalo; seria ainda perdê-la integralmente se, neste período, viéssemos a cair em pecado mortal. Ainda mais, esta ação nos preserva contra recaídas e nos propicia os meios necessários para viver devotamente certos dias santos. 

2. É preciso receber esta penitência com respeito e submissão, como imposta pelo próprio Jesus Cristo na pessoa do seu ministro, tomando-a como sendo infinitamente menor do que a exigida pelos nossos pecados e cumpri-la devotamente, aspirando a uma vida melhor e com vívidos sentimentos de pesar pelos pecados cometidos. 

3. A penitência sacramental deve ser acompanhada por uma plena aceitação de todos os problemas associados à nossa posição ou estado, incluindo todas as nossas enfermidades, o rigor das estações, as diversas contradições da vida, os desgastes causados pelos defeitos dos outros, aceitando todas essas cruzes com espírito de penitência e dizendo-nos muitas vezes: 'o que é isso comparado ao inferno, onde eu merecia estar para sempre?'

4. Enfim, é preciso, com o mesmo espírito de penitência, renunciar ao prazer e à sensualidade, aos entretenimentos perigosos, inúteis ou demasiado longos, para a satisfação da curiosidade, da vontade própria, da auto-estima e do caráter e colocar todo o nosso prazer na linha do dever, privando-nos do usufruir, dizendo como aquele santo penitente a quem se propôs prazeres, banquetes e jogos: 'Deixo tudo isso para as almas justas; mas eu pequei e estou em perigo de pecar ainda e, assim, não tenho outra opção que não seja gemer e fazer penitência'. Podemos colocar em prática estes diversos modos de satisfazer a justiça divina?

(Excertos da obra 'Meditações para todos os dias do ano para uso do clero e dos fieis', de Pe. Andrés Hamon, Tomo II, tradução do autor do blog).