quarta-feira, 6 de novembro de 2013

QUANDO A MORTE É SEMPRE E NUNCA MORRE!

O que os pecadores mais receiam na terra é a morte, mas no inferno será a morte o que mais desejarão e nunca obterão. Ali a morte fará seu repasto nos condenados; mata-os a todos os instantes, mas deixa-lhes a vida para continuar eternamente a infligir-lhes o mesmo tormento. Se quisermos evitar tamanha desgraça, lembremo-nos frequentes vezes da eternidade no tempo de vida que nos resta, e meditemos nestas duas palavras: 'Sempre!' 'Nunca!' Quantos grandes pecadores se converteram por meio desta meditação e são agora grandes Santos no Céu!

I. Nesta vida a morte é para os pecadores a coisa mais temida; mas no inferno será a mais desejada. 'Eles procurarão a morte', diz São João, 'e não a encontrarão; desejarão morrer, e a morte fugirá deles'. (1) Por isso escreve São Jerônimo: 'Ó morte, quão doce serias para aqueles que outrora a acharam amaríssima!' Diz Davi que a morte fará o seu repasto nos condenados: Mors depascet eos. Destas palavras São Bernardo dá a seguinte explicação: a ovelha, quando anda pastando, come apenas a verdura da erva, deixando as raízes; é assim que a morte trata os condenados: mata-os a todos os instantes, mas deixa-lhes a vida para continuar eternamente a matá-los. De sorte que, conclui São Gregório, o condenado morre a todos os momentos sem nunca morrer: Flammis ultricibus traditus, semper morietur.

Quando alguém agoniza no meio de sofrimentos, todos têm compaixão dele. Se ao menos o condenado tivesse uma pessoa que se compadecesse! Mas não; o miserável morre de dor a todos os instantes e nunca haverá quem tenha pena dele. Encerrado numa sombria prisão, o imperador Zenon gritava: 'Abri, por piedade!' Como ninguém o atendesse, acharam-no morto de desespero, havendo devorado os próprios braços. Os condenados gritam do fundo do inferno, diz São Cirilo de Alexandria, mas ninguém os irá libertar, ninguém deles se compadecerá: Nemo eripit, nemo compatitur!

E quanto tempo durará este misérrimo estado? Sempre, sempre! Lê-se nos Exercícios Espirituais do Padre Segneri que um dia, em Roma, se perguntou ao demônio, na pessoa de um possesso, quanto tempo devia ficar no inferno. Ao que o demônio respondeu com raiva, batendo com a mão numa cadeira: 'Sempre! Sempre!' O espanto foi tão grande, que muitos moços do Seminário Romano que estavam presentes fizeram logo confissão geral e mudaram de vida, feridos por este terrível sermão em duas palavras: 'Sempre! Sempre!'

II. O Bem aventurado João de Ávila converteu uma senhora dizendo-lhe: 'Minha senhora, pense nestas duas palavras: Sempre! Nunca!' É o que nós também devemos fazer se nos quisermos salvar: meditemos frequentemente nestas duas palavras: Sempre e Nunca; e nos dias de vida que porventura nos restem, procuremos viver tendo continuamente em vista a nossa eternidade. Quem vive pensando na eternidade, foge das ocasiões do pecado e procura unir-se cada vez mais a Jesus Cristo por meio de orações frequentes; quem reza, com certeza se salva, e quem não reza, com certeza se condena.

Ó meu amadíssimo Jesus, se um dia tiver a desgraça de me condenar, estarei para sempre no fogo do inferno longe e separado de Vós. E ai de mim! Sei com certeza que muitas vezes tenho merecido esse inferno. Mas também sei com certeza que Vós perdoais a quem se arrepende e que livrais do inferno aquele que espera em Vós. Vós mesmo me dais esta certeza: Clamabit ad me... eripiam eum et glorificabo eum (2) — 'Chamará por mim... livrá-lo-ei e glorificá-lo-ei'. Apressai-Vos, ó meu Senhor, apressai-Vos a perdoar-me e livrar-me do inferno. Pesa-me, ó meu soberano Bem, pesa-me, acima de todos os males, de Vos haver ofendido. Restitui-me a vossa graça e dai-me o vosso santo amor.

Se eu estivesse agora no inferno, não Vos poderia mais amar. Ah, meu Deus! Que tendes feito de mal para que eu Vos odeie? Vós me amastes até morrer por mim; sois digno de amor infinito. Meu Senhor, não permitais que eu me afaste de Vós. Amo-Vos e quero amar-Vos sempre: Quis me separabit a caritate Christi? (3) — 'Quem me separará do amor de Cristo?' Meu Jesus, somente o pecado me pode separar de Vós; porém, não o permitais, eu Vo-lo suplico pelo sangue que derramastes por mim; deixai-me antes morrer. Ne permittas me separari a te. Maria, minha Rainha e minha Mãe, ajudai-me pelas vossas orações; alcançai-me antes a morte, e mil mortes, do que separar-me do amor de vosso Filho. (II* 126.)

1. Apoc. 9, 6.
2. Ps. 90, 15.
3. Rom. 8, 35.

(Excertos da obra 'Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano' de Santo Afonso Maria de Ligório, Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico; Herder & Cia, 1922)

terça-feira, 5 de novembro de 2013

ORAÇÃO UNIVERSAL PELA SALVAÇÃO

Pai eterno, meu Senhor e meu Deus, creio em Vós; dai-me, porém, fé mais firme. Espero em Vós, mas dai-me esperança mais segura. Eu Vos amo, mas dai-me amor mais ardente. Tenho verdadeiro pesar de ter pecado contra Vós, mas dai-me pesar mais profundo.

Eu Vos adoro, como a meu primeiro princípio; por Vós suspiro, como por meu último fim; eu Vos dou graças, como a meu perpétuo benfeitor; eu Vos invoco, como a meu defensor propício nas tentações. Dignai-vos, Senhor, dirigir-me com a vossa sabedoria, conter-me com a vossa justiça, consolar-me com a vossa clemência, e proteger-me com a vossa onipotência.

Eu Vos consagro e ofereço, ó meu Deus, todos os meus pensamentos, para que sejam só vossos, as minhas ações, para que Vos sejam conformes, enfim, os meus sofrimentos, para que sejam suportados por amor de Vós. Eu me conformo em tudo com a vossa divina vontade, porque Vós o quereis.

Eu Vos suplico, Senhor, que alumieis o meu entendimento, inflameis a minha vontade, purifiqueis o meu coração e santifiqueis a minha alma. Fazei, ó meu Deus, que não me eive a soberba, a lisonja não me entre no coração, o mundo não me engane, nem Satanás me enrede.

Animai-me, Deus meu, com a vossa graça para limpar a minha memória, refrear a língua, guardar os olhos e conter todos os meus sentidos. Fazei, Senhor, que eu chore os meus pecados passados, resista às tentações, reprima as más inclinações e pratique as virtudes que me são necessárias.

Deus de bondade, enchei o meu coração de vosso amor, de ódio de mim, de caridade para com o próximo e de desprezo a tudo que é mundano. Fazei, Senhor, que jamais me esqueça de ser submisso e obediente aos meus superiores, compassivo e caritativo para com os inferiores, fiel aos amigos e indulgente para com os inimigos.

Lembrar-me-ei, ó Jesus, da vossa ordem e do vosso exemplo para amar os inimigos, sofrer as injúrias, fazer bem aos que me perseguem, orar pelos que me caluniam. Vinde, meu Deus, em meu auxílio para que eu possa moderar os sentidos com a mortificação, a avareza, com a esmola, a ira, com a brandura, e a tibieza, com a devoção. 

Tornai-me prudente nas empresas, constante nos perigos, paciente nos infortúnios e humilde na prosperidade. Fazei-me, Senhor, atento na oração, sóbrio no alimento, diligente nas minhas obrigações, e firme nos meus propósitos. Inspirai-me a solicitude de guardar sempre a pureza do coração, um exterior modesto, uma conversação edificante e uma conduta exemplar.

Fazei que, sem cessar, me aplique a domar a rebeldia da natureza, a cooperar com a vossa lei e merecer a salvação. Espero santificar-me com a sincera confissão dos meus pecados, com a fervorosa comunhão do Sagrado Corpo do Senhor, com o contínuo recolhimento do espírito e com a pura intenção do coração.

Ensinai-me, ó meu Deus, quão pequeno é o que é da terra, quão grande o que é divino, quão breve o tempo, quão dilatada a eternidade. Concedei-me, Senhor, que me prepare para a morte, tema o vosso juízo, escape do inferno e entre no paraíso. Pelos merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

(Papa Clemente XI)

DAS INDULGÊNCIAS AOS FIÉIS DEFUNTOS

Visita ao cemitério:

Indulgência Parcial: concedida apenas às almas do purgatório e dada por meio do fiel que visitar devotamente um cemitério e rezar, mesmo em espírito, pelos defuntos.

Indulgência Plenária: concedida apenas às almas do purgatório e dada por meio do fiel que visitar devotamente um cemitério e rezar, mesmo em espírito, pelos defuntos, no período de 1 a 8 de novembro de cada ano.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

Que o homem todo se espante, que o mundo todo trema, que o céu exulte, quando sobre o altar, nas mãos do sacerdote, está Cristo, o Filho de Deus Vivo (Jo 11,27)!

Oh! grandeza admirável, oh! condescendência assombrosa, 
oh! humildade sublime, oh! sublimidade humilde, que o Senhor de todo o universo, Deus e Filho de Deus, 
se humilhe a ponto de se esconder, para nossa salvação, 
nas aparências de um bocado de pão.

Vede, irmãos, a humildade de Deus e derramai diante dele os vossos corações (Sl 61, 9); humilhai-vos também vós para que Ele vos exalte (1Pd 5, 6; Tg 4,10).

(São Francisco de Assis, da 'Carta a toda a Ordem')

domingo, 3 de novembro de 2013

AS BEM-AVENTURANÇAS

Páginas do Evangelho - Solenidade de Todos os Santos


Neste domingo da Solenidade de Todos os Santos, nós somos por inteiro a Santa Igreja de Deus, o Corpo Místico de Cristo: almas peregrinas do Céu da Igreja Militante, almas sob a justiça divina da Igreja Padecente, almas santificadas da Igreja Triunfante, testemunhas da Visão Beatífica e cidadãos eternos da Jerusalém Celeste, nem mais peregrinos e nem mais sujeitos à Santa Justiça, mas tornados eleitos do Pai e herdeiros da Glória de Deus.

Com efeito, Filhos de Deus já o somos desde agora, como peregrinos do Céu mergulhados nas penumbras da fé e nas vertigens das realidades humanas... 'mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque o veremos tal como Ele é (1Jo 3, 2). Filhos de Deus, gerados para a eternidade da glória de Deus, seremos os vestidos de roupas brancas, enquanto perseverantes na fé e revestidos da luz de Cristo: 'Esses são os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro' (Ap 7, 14). 

Na solenidade de Todos os Santos, os que seremos santos amanhã se confortam dessa certeza nos que já são santos na Glória Celeste, vivendo a felicidade perfeita, e indescritível sob o ponto de vista das palavras e pensamentos humanos. Jesus nos fala dessa realidade transcendente na comunhão dos santos e na unidade da família de Deus: 'Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus' (Mt 5, 12). Em contraponto à fidelidade e à fé dos que almejaram ser santos, Deus os recompensará com limites insondáveis de graça, as chamadas bem-aventuranças de Deus.

Bem-aventurados os pobres de espírito, os simples de coração. Bem-aventurados os aflitos que anseiam por consolação. Bem-aventurados os mansos que se espelham no Coração de Jesus. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça. Bem-aventurados os misericordiosos, filhos prediletos da caridade. Bem-aventurados os puros de coração, transformados em novas manjedouras do Sagrado Coração de Jesus. Bem-aventurados os que promovem a paz e os que são perseguidos por causa da justiça. E bem-aventurados os que foram injuriados e perseguidos em nome da Cruz, do Calvário, dos Evangelhos e de Jesus Cristo porque serão os santos dos santos de Deus!

sábado, 2 de novembro de 2013

ALMA DO PURGATÓRIO


Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que vive agora a pena do fogo purificador,
à espera de ir ao encontro de Deus:
imploro a Misericórdia do Pai para aliviar vossa agonia
e o sofrimento de vossa alma ainda sem Deus.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que anseia encontrar quem já vos encontrou,
na plenitude de todos os tempos:
imploro que o Sangue e Água do Coração de Jesus
lavem as vossas imperfeições e vossos pecados.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que tateia nas trevas ansiando a Luz
que esteve perdida em tantas manhãs de sol:
imploro ao Espírito Santo Consolador,
que seja abreviado vosso tempo para a Plena Visão.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que lamenta as penitências não feitas
e o cálice das dores não provadas:
imploro à Santa Virgem Maria, mãe de Deus e nossa,
lançar o Santo Rosário em vosso socorro.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que geme e agoniza desvarios e pecados
na tremenda dor que inteira vos devora:
imploro a todos os Santos e Santas
que intercedam por vós diante do Altíssimo.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
que tem dívidas a pagar em penas
por tantas graças que não foram recebidas: 
imploro aos coros de anjos e arcanjos,
que movam sem descanso suas asas sobre vós.

Alma do Purgatório, 
bendita alma do Purgatório,
imploro a vós, quando na Infinita Glória,
cercada por muitos a quem imploro agora:
Reze pela minha alma com tanto graça e zelo 
que um dia Deus não tenha que esperar por mim
no Purgatório.
(Arcos de Pilares)

PRIMEIRO SÁBADO DE NOVEMBRO


Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima: 
                                                                                                                           (Pontevedra / Espanha)

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem*, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’
* Com base em aparições posteriores, esclareceu-se que a confissão poderia não se realizar no sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte.