segunda-feira, 15 de setembro de 2025

VERSUS: RICOS X POBRES

'Felizes os pobres de espírito porque é deles o reino dos céus' (Mt 5,3). Poderíamos perguntar-nos a que pobres se referia a Verdade ao dizer 'felizes os pobres', se não tivesse acrescentado nada sobre o tipo de pobres de que falava. Pensar-se-ia então que, para merecer o Reino dos Céus, bastaria a indigência de que muitos sofrem devido a uma necessidade penosa e dura. Mas ao dizer: 'felizes os pobres de espírito', o Senhor mostra que o Reino dos Céus deve ser dado aos que são recomendados mais pela humildade da alma, do que pela penúria dos recursos. No entanto, não podemos duvidar de que os pobres adquirem mais facilmente do que os ricos o bem que é esta humildade, pois a doçura é uma amiga da sua indigência, ao passo que o orgulho é o companheiro da opulência dos ricos. 

Porém, também se encontra entre muitos ricos esta disposição de alma que os leva a servirem-se da sua abundância, não para se encherem de orgulho, mas para praticarem a bondade, e que encaram como grande lucro o que gastaram para aliviar a miséria e a infelicidade dos outros... Feliz esta pobreza que não está agrilhoada pelo amor das riquezas materiais; ela não deseja aumentar a sua fortuna neste mundo, antes aspira a tornar-se rica dos bens dos céus.

(São Leão Magno)


Como sois divinamente bom, meu Deus! Se tivésseis chamado os ricos em primeiro lugar, os pobres não teriam ousado aproximar-se de Vós; pensariam que estavam obrigados a manter-se à distância por causa da sua pobreza; ter-vos-iam olhado de longe, deixando que os ricos vos rodeassem. Mas haveis chamado para junto de Vós toda a gente: os pobres, uma vez que assim lhes mostrais, até ao fim dos séculos, que eles são os primeiros a ser chamados, os favoritos, os privilegiados; os ricos porque, por um lado, não são tímidos e por outro, depende deles tornarem-se tão pobres como os pastores. 

Num minuto, se o quiserem, se tiverem o desejo de se assemelhar a Vós, se temerem que as riquezas os afastem de Vós, podem tornar-se perfeitamente pobres. Como sois bom! Como agistes da melhor forma para chamar ao mesmo tempo, para o vosso redor, todos os Vossos filhos, sem nenhuma excepção! E que bálsamo colocastes, até ao fim dos tempos, no coração dos pobres, dos pequenos, dos desdenhados deste mundo, mostrando-lhes, desde o vosso nascimento, que eles são os vossos privilegiados, os vossos favoritos, os primeiros a ser chamados — os sempre chamados para junto de Vós, que quisestes ser um dos seus e estar, desde o vosso nascimento e toda a vossa vida, rodeado por eles.
(São Charles de Foucauld)

Nenhum comentário: