terça-feira, 8 de junho de 2021

TESOURO DE EXEMPLOS (76/78)

 

76. A CASA DA SAGRADA FAMÍLIA

Durante anos viveu Jesus em Nazaré, pequena cidade da Galileia. Ajudava a São José, que era o santo carpinteiro, e a Maria Santíssima, em seus trabalhos domésticos. Por mais de trinta anos foi aquela pobre e pequenina casa santificada pelas mais sublimes virtudes.

Muitos anos mais tarde, os turcos conquistaram Nazaré e destruíram, em seu fanatismo desmedido, a grande igreja que os cristãos haviam construído e que cobria precisamente o recinto da casa do Menino Jesus.

Aconteceu, porém, que, em uma noite de céu estrelado, os anjos tomaram aquela casinha e, voando, levaram-na até às proximidades de Fiume, na Itália. Mas, como havia ali muitos ladrões que assaltavam os viajantes, os anjos a levaram de novo e a deixaram no meio de um bosque de louros. Foi por causa desses louros que aquela casinha veio a se chamar como 'a santa casa de Loreto'. No centro do altar há uma milagrosa imagem da Mãe de Deus e os aviadores tomaram Nossa Senhora de Loreto por advogada e padroeira.

77. O VIAJANTE E SÃO JOSÉ

Foi em 18 de março de 1888. Viajava um sacerdote no trem de Mogúncia a Colônia quando, ao passar por Bonn, notou que seu vizinho se persignou, juntou as mãos e pôs a rezar.
➖ Amanhã é a festa de São José e talvez que seja o seu patrono - disse o padre.
➖Não, senhor, mas a minha esposa chama-se Josefina e gostaria de estar amanhã em sua companhia. Tenho, porém, outro motivo de dar graças e, se interessar ao senhor, contar-lhe-ei a minha história pois um sacerdote a entenderá.
➖ Certamente.
➖ Quando menino, recebi de minha boa mãe uma educação piedosa. Infelizmente, bem cedo morreu minha mãe; meu pai não se ocupou de minha educação religiosa e logo abandonei todas as práticas de piedade. Encontrei, mais tarde, uma jovem excelente e, desejando fazê-la minha esposa, fingi sentimentos religiosos que não possuía. 

Uma vez casados, quase morreu de pesar, quando lhe abri meu coração e me pus a zombar de suas devoções. Há cinco anos, na sua festa onomástica, fiz-lhe um rico presente, mas ela, quase receosa, me disse:
➖ Há outro presente que me faria mais feliz...
➖ Qual?
➖ A tua alma, querido, respondeu entre soluços.
➖ Pede-me o que quiseres: eu o farei.
➖ Vem comigo amanhã, dia de São José, à Igreja de N... Haverá sermão e bênção.
➖ Se for só isso, podes enxugar tuas lágrimas, pois eu te acompanharei.

A igreja estava repleta; o pregador, muito moço, deixou-me frio e indiferente; contudo disse uma coisa que me impressionou: 'Jamais alguém invocou a proteção de São José sem que sentisse o seu auxílio. Tende firme confiança de que correrá em socorro de todo aquele que o invocar na hora do perigo, ainda que seja pecador ou mesmo incrédulo'.

Ao sairmos da igreja, disse-me a minha esposa:
➖ Meu bom homem, muitas vezes estarás em perigo em tuas viagens; promete-me que, chegando a ocasião, dirás sempre esta breve oração: 'São José, rogai ao vosso divino Filho por mim'?
➖ Assim o farei; não é nada difícil.

Pouco depois, viajava por este mesmo lugar em que nos encontramos; éramos sete no compartimento. De repente, um apito de alarme e já um formidável choque nos atirava pelos ares. Não tive tempo de dizer mais que: 'São José, socorro!' Tudo foi coisa de um instante. Ao voltar a mim, vi meus companheiros horrivelmente despedaçados e mortos. Eu sofrera apenas leves contusões. Desde aquele dia retomei as práticas religiosas e repito, sempre com grande confiança: 'São José, socorrei-me!'

78. SÃO JOSÉ E O PRIMEIRO ASILADO

Em 1863 chegava a Barcelona um grupo das Irmãzinhas dos Pobres para fazer a sua primeira fundação na Espanha. Foram muito bem recebidas pelos catalães, que precisavam não pouco de um asilo para tantos velhos infelizes abandonados, como costuma haver nas grandes capitais. O asilo foi, como de costume, colocado sob a proteção de São José, a quem chamam as Irmãs de Procurador da Casa. 

No início, por falta de local, admitiam somente mulheres idosas. Mas, eis que São José, um belo dia, lhes traz o primeiro idoso. Era um homem de 80 anos que se apresentou, dizendo à Irmã:
➖ Venho aqui para internar-me.
➖ É impossível - replicou a Superiora - ainda não podemos receber nenhum homem.
➖ Seja, mas não há remédio; ficarei assim mesmo.
➖ Como se chama o senhor?
➖ Chamo-me José.

O nome chamou a atenção das Irmãs; além disso era dia consagrado a São José. Não há remédio, recebê-lo-emos em nome de São José. O velho não possuía mais que farrapos e estava coberto de insetos. Roupa de homem não havia. A Superiora, chamando duas das Irmãs, disse-lhes:
➖ Saiam à procura de roupa, enquanto vamos lavá-lo e penteá-lo.

Durante este breve colóquio, ouviu-se a campainha da portaria: era uma senhora desconhecida que, entregando um embrulho, retirou-se sem dizer nada. Abriram e viram, com grande surpresa, que era um traje completo para homem. O pobre velho chegou ao cúmulo da alegria; não menos, porém, as Irmãs que compreenderam que São José as convidava a ampliar os seus planos de caridade. O asilo cresceu tranquila e constantemente e, dentro de poucos anos, abrigava mais de duzentos idosos, sem que lhes faltasse o pão de cada dia e nem as carinhosas atenções das boas Irmãs.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

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