domingo, 29 de julho de 2018

CINCO PÃES E DOIS PEIXES

Páginas do Evangelho - Décimo Sétimo Domingo do Tempo Comum



Depois da morte do Precursor João Batista, 'Jesus subiu ao monte e sentou-se aí, com os seus discípulos' (Jo 6, 3) para um momento de recolhimento e oração. Mas eis que uma grande multidão, uma esplêndida multidão, saiu das cidades e veio ao seu encontro. Tomado de amor e compaixão, Jesus abandona o seu intento inicial e passa a atender com zelo extremado aquela gente durante todo o dia. E, ao final do dia, famintos de Deus, a multidão agora está faminta de pão. 

Jesus pergunta, então, a Filipe: 'Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?' (Jo 6, 5). Sabendo em princípio que tal resposta era insondável, o Mestre coloca o seu discípulo à prova. No meio de um campo aberto e relvado, afastado das cidades, uma enorme multidão, cansada e faminta, veio ficar perto de Deus. Não havia condições de alimentação ali e nem perto dali, porque eram centenas de centenas e 'nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um' (Jo 6, 7). Mas para Deus não existe nada que seja impossível. Movido pela compaixão, Jesus vai realizar ali, diante de todos, um dos seus mais portentosos milagres. E o Cordeiro de Deus há de saciar a todos com o pão da existência e prepará-los também para lhes dar alimento de vida eterna, na Santa Eucaristia.

Pois Deus não nos abandona nunca; não nos cria perspectivas de vida eterna pela insensibilidade de nossas necessidades humanas. Jesus vai dizer em outro momento que 'nem só de pão vive o homem'. Não só de pão, mas também de pão. E, para a incredulidade dos seus discípulos, ordena então: 'Fazei sentar as pessoas' (Jo 6, 10). E, como em tudo o mais, Deus faz uso da graça como fruto da contrapartida humana; Jesus toma o que os homens têm ali a oferecer: cinco pães e dois peixes. Diante de oferta tão singela, vai realizar a partilha do pouco (que é tudo em Deus) entre muitos (que é nada sem Deus), configurando, assim, o prenúncio da partilha do seu Corpo e Sangue na Sagrada Eucaristia.

'Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes (Jo 6, 11). E os poucos pães e os poucos peixes se multiplicaram em muitos pães e em muitos peixes, que alimentaram com fartura a multidão, a ponto de serem recolhidos ainda doze cestos cheios (símbolo da partilha universal da graça divina) no final, pois Deus usa sempre da superabundância da graça para pagar o tributo da oferta sincera do homem. Este prodígio extraordinário é o prenúncio de outro milagre ainda maior que subsiste pelos tempos, a cada Santa Missa: na multiplicação das hóstias, o mesmo Deus é entregue aos homens na plenitude da graça, hoje, ontem e até a consumação dos séculos.