quinta-feira, 30 de março de 2017

DA PERVERSÃO DO HOMOSSEXUALISMO


Este vício [a sodomia] não é absolutamente comparável a nenhum outro, porque supera a todos enormemente. Este vício é a morte do corpo e a perdição da alma. Infecta a carne, extingue a luz da inteligência, expulsa o Espírito Santo do templo do coração do homem, fazendo nele entrar o diabo fomentador da luxúria, induz ao erro, subtrai a verdade da alma enganada, prepara armadilhas para os que nele incorrem, obstrui a saída do poço para que os que nele se prostram; abre-se-lhes o inferno, e se lhes são fechadas as portas do Céu, transforma-os de herdeiros da Jerusalém Celeste em habitantes da Babilônia infernal; arranca-os do seio da Igreja e os lançam às chamas da geena ardente.

Este vício busca destruir as muralhas da pátria celeste e tornar redivivos os muros calcinados de Sodoma. É algo que atropela a temperança, assassina o pudor, distorce a castidade e aniquila a virgindade, como o aguilhão de uma chaga repugnante. Tudo corrompe, tudo contamina, tudo macula e como não tem nada de pudor e nada alheio à imundície, nada suporta que seja puro. Como dito pelo Apóstolo: 'tudo é puro para os puros; para os impuros e imundos, nada é puro' (Tito 1, 15). Esse vício expulsam-nos do coro da assembléia eclesiástica e os obrigam a se associarem com os energúmenos e com aqueles que compartilham a causa do demônio; separa a alma de Deus para uni-la ao Diabo.

Este reino pestilentíssimo dos sodomitas torna os que se submetem aos seus desvarios em torpes perante os homens e odiosos perante a Deus. Exige impor a eles uma guerra abominável contra o Senhor e a marcharem sob as milícias de espíritos absolutamente perversos; separa-os do convívio dos Anjos e, sob o jugo de sua torpe dominação, priva as almas de sua nobreza inata. Despoja os seus servos das armas das virtudes e os expõem para serem transpassados pelos arpões de todos os vícios. Humilha-se na Igreja, condena-se no fórum, conspurca-se secretamente, sofre desonra em público, rói a consciência como um verme, queima a carne como o fogo, arde-se para se satisfazer em luxúria. E, por outro lado, teme se revelar, expor-se publicamente diante os homens. Aquele que olha com apreensão o próprio cúmplice, o que mais não poderá temer?

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Arde a mísera carne com o furor da luxúria, estremece a fria inteligência pela suspeição, ferve o coração do infeliz mergulhado num caos infernal; a todo momento assomem-lhes à mente os aguilhões da consciência como a lhes torturarem com os tormentos futuros das penas. Uma vez que esta serpente de veneno mortal tenha cravado os seus dentes numa alma desgraçada, imediatamente ela perde o seu domínio, a memória se desvanece, a inteligência reduz-se obscurecida, perde-se a essência de Deus e se perde a essência de si mesmo. Esta peste solapa os fundamentos da fé, inibe as forças da esperança, dissipa os vínculos da caridade, aniquila a justiça, fragiliza a fortaleza e corrói os fundamentos da prudência.

O que devo acrescentar? No momento em que se há expulsado do coração humano todo o rol das virtudes, como que arrancando os ferrolhos das suas portas, este fica exposto e refém à barbárie de todos os vícios. A estes se aplica com exatidão aquele versículo de Jeremias que trata da Jerusalém terrena (Lm 1, 10): 'o inimigo tomou em suas mãos todas as coisas que Jerusalém julgava como as mais preciosas, e viu entrar os gentios em seu santuário, aqueles que dissestes que nele não deveriam entrar'. 

Aqueles que são devorados pelas entranhas desta besta famélica, são mantidos aprisionados, como por grossas correntes, da prática de quaisquer boas obras e são instigados a se projetarem sem nenhuma cautela aos precipícios da mais infame perversão. Quando se cai neste abismo de perdição extrema, se é exilado da pátria celeste, separado do Corpo de Cristo, desprezado pela autoridade de toda a Igreja, condenado pelo juízo dos Santos Padres, expulsos da companhia dos herdeiros das moradas celestes. O Céu se enrijece como ferro e a terra como bronze: não se pode ascender ao Céu por se estar vergado sob o peso da ignomínia, nem sobre a terra poderá ocultar por muito tempo o seu desvario no esconderijo da ignorância. Não poderá almejar felicidade nesta vida, e muito menos quando morrer, porque agora está refém do escárnio dos homens e, depois, dos tormentos da condenação eterna.

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Choro por Vós, ó alma infeliz entregue às mazelas infernais da impureza, e choro com todas as lágrimas que podem chorar os meus olhos. Que dor atroz!

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Ai de vós, alma miserável! Por vossa desgraça e perdição, entristecem-se os anjos, enquanto o inimigo exulta de alegria. Convertestes em prenda do demônio, espólio do mal, despojo dos ímpios. Abriram as bocas contra Vós todos os vossos inimigos; rugem e rangem os dentes e vociferam: 'Eis chegada a hora há tanto esperada; vamos nos apropriar de vossa alma e devorá-la inteira'. Por isso, ó alma miserável, eu choro todas as minhas lágrimas, porque não vos vejo chorar por vós.

(São Pedro Damião, excertos da obra Del Liber Gomorrhianus - Livro Gomorriano, tradução do autor do blog)