terça-feira, 13 de agosto de 2013

A FÉ EXPLICADA (X)


O JUÍZO PARTICULAR E A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS

A vida é o tempo de cada homem na terra. E a única coisa certa da vida, como se diz sempre, é a morte. É um momento singular, espantoso, impossível de ser caracterizado com absoluta certeza. Não basta o coração não bater, não basta constatar que já não existe a respiração, não basta a dormição dos sentidos. Por isso, a absolvição e a unção dos enfermos podem ser aplicados mesmo após a morte aparente. Nós simplesmente não sabemos exatamente quando a alma abandona o corpo pelo qual se manifestava. A morte é a separação do corpo e da alma. Com o rigor mortis ou o início da coagulação do sangue, podemos ter certeza que a pessoa realmente morreu. E os homens morrem uma só vez (Heb 9, 27).

No momento exato da morte, no instante singular em que a alma abandona o corpo, ela é julgada por Deus e tem o veredito definitivo do seu destino eterno. Este evento, o mais terrível e o mais importante da história de qualquer homem, é o chamado Juízo Particular. A alma não tem 'que ir a algum lugar' e nem 'esperar um tempo' para se ver como Deus a vê e ser julgada, simplesmente porque espaço e tempo não existem mais. Por isso, no instante da morte, a alma livre do corpo humano se projeta no Céu, no Inferno ou no Purgatório, ou seja, para a Visão Beatífica, para a condenação eterna ou para a purificação final dos eleitos do Pai.

Não há ressurreição da carne após a morte. De todos os homens falecidos, de todas as histórias de vidas que se acabaram, a Igreja fala apenas e tão somente de suas almas e postula a crença na 'gloriosa manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo que há de vir' como essencialmente distinta em relação à condição humana imediatamente após a morte. E, ainda mais, a Igreja reconhece a magnitude desse mistério na Assunção de Nossa Senhora, em que a glorificação corporal da Virgem Santíssima constituiu, por um extraordinário desígnio divino, uma antecipação da glorificação que está destinada a todos os demais eleitos de Deus.

A ressurreição da carne é o triunfo ou a danação do ser humano em sua totalidade, corpo e alma. A felicidade eterna é recompensa do triunfo conjunto do corpo e da alma do homem pela sua salvação; a danação eterna é a impenitência final do corpo e da alma que se condenaram juntas. Este momento em que as almas e os corpos se reencontram para a eternidade é um evento que não se aplica a um homem em particular mas a humanidade como um todo. Então, somente poderá ocorrer ao final do mundo, ao final da história universal, e mediante um Juízo Universal aplicado a todos os homens de todos os tempos, em contraposição ao Juízo Particular aplicado a cada homem que existiu. 

Neste último dia (Jo 6, 39-40.44.54;11,24), não haverá mais mundo, nem humanidade, nem tempo. Apenas a eternidade e a consumação dos séculos para os homens, em corpo e alma, santificados na glória de Deus ou condenados à separação eterna de Deus. Nas palavras das Sagradas Escrituras:

'Assim como todos morrem em Adão, em Cristo todos receberão a vida. Cada um, porém, em sua ordem: como primícias, Cristo; depois, aqueles que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. A seguir, haverá o fim, quando Ele entregar o reino a Deus Pai, depois de ter destruído todo Principado, toda Autoridade, todo Poder' (1Cor 15,22-24). 

'Em verdade, em verdade, eu vos digo: vem a hora – e é agora – em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem, viverão… Não vos admireis com isto: vem a hora em que todos os que repousam nos sepulcros ouvirão a voz do Filho do homem e sairão: os que tiverem feito o bem, para uma ressurreição de vida; os que tiverem cometido o mal, para uma ressurreição de condenação' (Jo 5,25.28s). 

'Quando o Senhor, ao sinal dado, à voz do arcanjo e ao som da trombeta divina, descer do céu, então os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; em seguida, nós, os vivos que estivermos lá, seremos arrebatados com eles nas nuvens para o encontro com o Senhor nos ares' (1Ts 4,16s).