terça-feira, 27 de agosto de 2013

CONCÍLIOS DA IGREJA (III)

 17. FLORENÇA - 1431/45

(Basel: 25/07/1431 a 07/05/1437; Ferrara: 18/09/1437 a 8/01/1438; Florença: de 26/02/1439 a 1445)

                                Embora seja chamado Concílio de Florença, foi iniciado em Basel (Basileia), na Suíça, continuado em Ferrara (Itália) e Florença e encerrado em Roma em 1445. Este concílio foi convocado pelo papa Martinho V que não viveu para lhe fazer a abertura (morreu em 20 de fevereiro de 1431). Eugênio I, seu sucessor, considerando a natureza da organização e os resultados desastrosos desse evento (uma assembleia de padres na Basileia), proclamou a dissolução do concílio por meio de uma bula em 18 de setembro de 1437 e reconvocou a continuidade do concílio para a cidade de Ferrara. Além da excomunhão dos que ainda permaneciam reunidos em Basel (e que induziram novo cisma à Igreja, com a eleição do antipapa Félix V), o novo concílio debateu-se exaustivamente na chamada 'Questão Filioque', relativa à inserção ou não da expressão 'filioque' (e do Filho), presente no credo da Igreja Latina ('que procede do Pai e do Filho') e ausente do credo da Igreja Oriental ('que procede do Pai'), fator de confronto vital para as tentativas de reunião das igrejas e superação do Grande Cisma do Oriente. Devido aos efeitos calamitosos da peste na cidade, o concílio foi novamente transferido, agora para Florença. Retomados os trabalhos no sentido de uma reaproximação, a chamada União de Florença pareceu dar fim ao cisma do oriente, o que na verdade nunca aconteceu, sendo desfeita por completo em face da queda de Constantinopla em 1453. A fase final do concílio compreendeu uma série de tratativas com as igrejas orientais, entre 1439 e 1445, encontros estes realizados na Catedral de Latrão, em Roma. Uma singular contribuição desse concílio foi a proclamação da supremacia da autoridade do papa sobre os prelados conciliares e a ratificação do dogma de que 'fora da Igreja não há salvação', proclamado pelo papa Eugênio IV em sua bula Cantate Domino

18. LATRÃO V - 1512/17
(10 de maio de 1512 a 16 de março de 1517)

Visando re-estabelecer as primícias doutrinárias e evitar práticas abusivas (e mesmo escandalosas, como as praticadas durante o mandato do papa Alexandre VI), o papa Júlio II convocou o décimo oitavo concílio ecumênico da Igreja, realizado novamente na Catedral de Ladrão, em Roma, a partir de 1512. Com a morte de Júlio II em 1513, o concílio foi coordenado em grande parte pelo papa Leão X (1513 - 1521), seu sucessor. O concílio ficou restrito apenas a uma mera reforma de costumes disciplinares e à condenação de algumas heresias, mas sem resoluções importantes e, principalmente, sem se ater profundamente nas grandes questões doutrinárias que, pouco mais tarde, iriam ser colocadas duramente à prova pela Reforma Protestante.

19. TRENTO - 1545/63
(13/12/1545 a 04/12/1563, em 3 períodos)


O maior e o mais longo de todos os grandes concílios ecumênicos foi convocado pelo papa Paulo III em 13 de dezembro de 1545 na aldeia montanhosa de Trento, no norte da Itália. Promoveu uma profunda reforma na estrutura interna da Igreja, definindo a jurisdição episcopal, prescrevendo os deveres do clero, as normas para a fundação e disciplina dos seminários. Aprovou decretos dogmáticos sobre a Bíblia, a tradição histórico-religiosa, o pecado original, a missa (promulgação da Missa Tridentina), a eucaristia, as indulgências, os sacramentos, o purgatório e a veneração das imagens e dos santos. É considerado o concílio da Contra-Reforma, por se opor à Reforma Protestante e condenar como anátemas Lutero e o protestantismo. Foi realizado em três diferentes períodos: 1545-48; 1551-52 e 1562-63, estendendo-se por 18 anos e contemplando cinco papas: Paulo III, Júlio III, Marcelo II, Paulo IV e Pio IV , que fechou a última sessão do concílio em 04 dezembro de 1563. O papa Pio IV emitiu uma bula específica em 7 de fevereiro de 1564, ratificando todas as deliberações tomadas em Trento. É considerado um dos três grandes concílios da Igreja e referência do Magistério da Igreja como depositária perene das verdades e tradições da autêntica fé cristã.

20. VATICANO I - 1869/70
(8 de dezembro de 1869 a 18 de julho de 1870)

Convocado pelo papa Pio IX (1846 - 1878), este concílio foi realizado na Catedral de São Pedro no Estado do Vaticano, com início em 08 de dezembro de 1869. Deliberou sobre diversas questões doutrinárias e promulgou as constituição dogmáticas Dei Filius sobre a fé católica e Pastor Aeternus, sobre o primado e a infalibilidade do Papa quando se pronuncia 'ex-catedra' em assuntos de fé e de moral (infalibilidade papal).

21. VATICANO II - 1962/65
(11 de outubro de 1962 a 07 de dezembro de 1965, em 4 períodos)

O Concílio Vaticano II foi convocado em 25 de dezembro de 1961 pelo Papa João XXIII e realizado na Catedral de São Pedro no Estado do Vaticano, que fez a sua abertura oficial em 11 de outubro de 1962. O concílio compreendeu quatro etapas diferentes, cada uma com períodos entre 2 e 3 meses. A primeira ocorreu entre 11 de outubro a 07 de dezembro de 1962. Entretanto, em 03 de junho de 1963, falecia o Papa João XXIII, que teria por sucessor o Cardeal Giovanni Montini, como Papa Paulo VI que, então, coordenou as três etapas seguintes do concílio: a segunda, entre 29 de setembro e 04 de dezembro de 1963, na qual foi promulgada a Constituição sobre a Sagrada Liturgia (Sacrosanctum Concilium); a terceira, entre 14 de setembro e 21 de novembro de 1964, na qual foi promulgada a Constituição Dogmática Lumen Gentium e a quarta etapa, realizada entre 15 de setembro a 08 de dezembro de 1965, na qual foram promulgados, além de vários Decretos e Declarações, a Constituição Pastoral Gaudium et Spes e a Constituição Dogmática Dei Verbum. É de longe o mais controverso e polêmico concílio da Igreja, e moldou, de forma decisiva e impactante, as perdas das referências cristãs da autêntica Igreja de Cristo, em nome dos 'deuses' do modernismo, ecumenismo, humanismo e indiferentismo religioso.