segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O NÚMERO DOS QUE SE SALVAM (II)

Conforme a posição unânime dos Padres da Igreja, o número de almas (e o número de adultos católicos) que se salva, é larga minoria. Mas não precisaríamos dos Padres da Igreja para obter tal constatação. Jesus, em várias passagens, foi cristalino em relação aos eleitos de Deus: 'esforce-se pra entrar pela porta estreita...'; 'muitos são chamados, poucos são os escolhidos'; 'é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus'. Se o rico aqui é aquele que se entregou de corpo e alma às coisas do mundo (podendo tê-las alcançado ao máximo ou ao mínimo, indistintamente), as palavras de Jesus não contêm metáforas. O Céu não é ali; e são poucos os que se salvam. Entretanto, esta 'larga minoria' ou este 'pequeno resto' não significa que os eleitos de Deus sejam poucos. Não, são muitíssimos de muitos, tantos quantas são as 'estrelas do céu', embora os condenados sejam tantos 'como a areia do mar'.

Deus que que todos os homens se salvem e provê, na sua sabedoria e amor infinitos, os meios de salvação para todos (e quantos lamentarão no Juízo Particular não terem percebido ou aplicado a miríade de graças recebidas!). Deus chama, Deus atrai, Deus busca a ovelha desgarrada até as portas do abismo, Deus concede o sofrimento ou a doença como meio de reparação, Deus mostra de forma cristalina às almas a loucura que seria um mundo sem Deus, Deus ama, ama, ama infinitamente cada alma e a busca, por todos os meios, ao caminho do Céu. Mas o Sim a Deus implica o Não ao mundo: às glórias mundanas, à fama terrível, à riqueza sem duro trabalho, ao lazer sem fim, à impureza, ao orgulho e às vaidades do nada, o amor ao pecado. Deveis temer o pecado mais do que a todos os demônios do inferno: é o pecado mortal que isola a sua alma de Deus e a deixa à mercê de todos os demônios.  

Deus há de nos julgar com justiça e misericórdia e, embora sejam atributos iguais, o próprio Jesus manifestou a Santa Faustina Kowalska o valor incomensurável da Devoção à Misericórdia de Deus para a salvação das almas: 'Antes de vir como justo juiz, abro de par em par as portas da Minha misericórdia. Quem não quiser passar pela porta de misericórdia, terá que passar pela porta da Minha justiça..." (Diário, n. 1146). Na porta da Justiça, há certamente de prevalecer as posições dos Santos Padres da Igreja; na porta da Misericórdia, Deus é Bondade Pura: "Coloquem a esperança na Minha misericórdia os maiores pecadores. Eles têm mais direito do que outros à confiança no abismo da Minha misericórdia. Minha filha, escreve sobre a minha misericórdia para as almas atribuladas. Causam-Me prazer as almas que recorrem à Minha misericórdia. A estas almas concedo graças que excedem os seus pedidos. Não posso castigar, mesmo o maior dos pecadores, se ele recorre à Minha compaixão, mas justifico-o na Minha insondável e inescrutável misericórdia" (Diário, n. 1146).

O caminho da salvação passa, repassa, cruza, se atalha, pela devoção à misericórdia de Deus. Tome-a como premissa de vida espiritual, como referência de vida cristã, como escada para o Céu. Viva profundamente a graça de não cometer um pecado mortal (ninguém comete um pecado mortal sem querer pecar expressamente; esta verdade teológica implica, portanto, que só vai ao inferno quem quer e também que só se salva quem quer se salvar), de não se deixar levar pelas coisas do mundo. Nessa condição, a sua oração, no escondimento e no anonimato, tornar-se-á um tesouro para a salvação de sua alma e daqueles que você ama de modo particular. Na verdadeira devoção à misericórdia de Deus, não há minoria, nem um a menos, todos serão salvos: Não posso castigar, mesmo o maior dos pecadores, se ele recorre à Minha compaixão, mas justifico-o na Minha insondável e inescrutável misericórdia". Todos serão salvos. E aí não importa o número final dos que se salvam: o que realmente importa é estarmos entre os que se salvam, entre os eleitos para a glória eterna de Deus.