sábado, 18 de agosto de 2012

FÉ E RELATIVISMO RELIGIOSO


Certo dia, um rei indiano colocou um elefante diante de um grande número de cegos de nascença, e pediu-lhes que tocassem o animal sob supervisão dos seus servos. A um primeiro grupo, foi dado ter contato com as patas do animal; a um segundo grupo, as orelhas e, assim, sucessivamente, diferentes grupos de cegos tocaram o animal em suas diferentes partes, sendo que, a todos os grupos, foi dada a mesma informação: “isto é um elefante”. Em seguida, o rei pediu aos cegos dos diferentes grupos que descrevessem o elefante a partir das experiências vivenciadas em separado. Cada grupo, evidentemente, descreveu o elefante à sua maneira e cada grupo, a partir das descrições feitas pelos outros, consideraram os 'próximos' bem estúpidos e ignorantes da 'verdade', que nenhum deles poderia possuir em essência pelo conhecimento limitado do todo.

Esta pequena fábula oriental incorpora, de forma essencial, o conceito do relativismo: todos os pontos de vista são válidos, independentemente de sua contextualização, e a verdade não passa de um reflexo óbvio e direto do ponto de vista adotado. Essa mesma concepção relativista inspira uma certa teologia moderna que prescreve como dogma que o 'pluralismo religioso' constitui uma realidade formal. Assim, não existiria um caminho único, mas muitos e diferentes caminhos para se chegar a Deus e à salvação; todas as religiões seriam, assim, vias parciais e dispensadoras, portanto, de partes diferentes da mesma verdade. Cristo, concessão dos não-cristãos, seria mais um dos grandes sábios, a exemplo de um Buda ou de um Maomé. E o ecumenismo seria a síntese de todos os caminhos, a grande praça onde se encontrariam todos os 'homens de boa vontade', num grande apogeu de felicidade e de paz mundial. 

O relativismo é agnóstico e hedonista. Não comportando valores absolutos, pressupõe que o que ontem não era muito bom, hoje pode muito bem não ser assim. Assim, por exemplo, o casamento entre pessoas de mesmo sexo seria hoje não apenas aceitável, como muito pertinente, em nome dos direitos alienáveis da liberdade humana e da 'historicidade' dos fatos. E, nesse mesmo diapasão, a Igreja Católica seria fundamentalista e arcaica, por não se adaptar 'aos novos tempos'.

A verdade católica é alicerçada em padrões comuns de fé, razão e santidade, não em critérios temporais ou culturais. O Catolicismo professa uma e só uma verdade, que é a Verdade Absoluta, pautada nos ensinamentos de Cristo, Filho de Deus vivo, dos Evangelhos e na Tradição bimilenar da Igreja. E que fora da Verdade, não há salvação (a não ser os não-cristãos que desconhecem a Verdade por simples ignorância ou por profundo desconhecimento). É por isso que o trabalho de evangelização tem sido atualmente tão difícil e tão pouco produtivo. A Verdade não está em dizer o que o elefante realmente é, mas em curar a cegueira crônica dos que passam a vida inteira botando a mão em bumbuns de elefantes.