sexta-feira, 22 de junho de 2018

RUMO À SANTIDADE (I)

Sentimo-nos atingidos, com um forte estremecimento no coração, ao escutarmos atentamente o grito de São Paulo: 'Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação' (1 Ts 4,3). É o que hoje, uma vez mais, proponho a mim mesmo, recordando-o também a quantos me ouvem e à humanidade inteira: esta é a Vontade de Deus, que sejamos santos. 

Para pacificar as almas com paz autêntica, para transformar a terra, para procurar Deus Nosso Senhor no mundo e através de coisas do mundo, torna-se indispensável a santidade pessoal. Em minhas conversas com pessoas de tantos países e dos mais diversos ambientes sociais, perguntam-me com frequência: E que diz aos casados? E a nós que trabalhamos no campo? E às viúvas? E aos jovens?  

Respondo sistematicamente que tenho uma só panela. E costumo frisar que Jesus Cristo Nosso Senhor pregou a boa nova a todos, sem distinção alguma. Uma só panela e um só alimento; Meu alimento é fazer a vontade dAquele que me enviou e consumar a sua obra. Chama cada um à santidade e a cada um pede amor; a jovens e velhos, a solteiros e casados, a sãos e enfermos, a cultos e ignorantes; trabalhem onde trabalharem, estejam onde estiverem. só há um modo de crescerem na familiaridade e na confiança com Deus: ganhar intimidade com Ele na oração, falar com Ele, manifestar-lhe - de coração a coração - o nosso afeto.

'Invocar-me-eis e Eu vos atenderei' (Jr 29,12). E nós o invocamos conversando com Ele, dirigindo-nos a Ele. Por isso, temos que por em prática a exortação do Apóstolo: Sine intermissione orate -  rezai sempre, aconteça o que acontecer. Não só de coração, mas de todo o coração.

Talvez se pense que a vida nem sempre é fácil de levar, que não faltam dissabores e penas e tristezas. Responderei, também com São Paulo, que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as virtudes; nem o presente, nem o futuro, nem a força, nem o que há de mais alto, nem de mais profundo, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos jamais do amor de Deus, que se fundamenta em Jesus Cristo Nosso Senhor (Rm 8, 38-39). Nada nos pode afastar da caridade de Deus, do Amor, da relação constante com o nosso Pai. 

Recomendar esta união contínua com Deus, não será apresentar um ideal tão sublime, que se revele inacessível à maioria dos cristãos? Na verdade, alta é a meta, mas não inacessível. A senda que conduz à santidade é a senda da oração, e a oração deve vingar pouco a pouco na alma, como a pequena semente que se converterá mais tarde em árvore frondosa. 

Começamos com orações vocais, que muitos de nós repetimos quando crianças: são frases ardentes e singelas, dirigidas a Deus e à sua Mãe, que é nossa Mãe. Ainda hoje, de manhã e à tarde, não um dia, mas habitualmente, renovo aquele oferecimento de obras que me ensinaram meus pais: 'O' Senhora minha, ó minha Mãe! Eu me ofereço todo a Vós. E, em prova do meu afeto filial, vos consagro neste dia os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu coração'... Não será isto - de certa maneira - um princípio de contemplação, demonstração evidente de confiado abandono? O que é que dizem um ao outro os que se amam, quando se encontram? Como se comportam?

Sacrificam tudo o que são e tudo o que possuem pela pessoa amada. Primeiro, uma jaculatória, e depois outra, e mais outra até que parece insuficiente esse fervor, porque as palavras se tornam pobres e se dá passagem à intimidade divina, num olhar para Deus sem descanso e sem cansaço. Vivemos então como cativos, como prisioneiros. Enquanto realizamos com a maior perfeição possível, dentro dos nossos erros e limitações, as tarefas próprias da nossa condição e do nosso ofício, a alma anseia escapar-se. Vai-se rumo a Deus, como o ferro atraído pela força do ímã. Começa-se a amar a Jesus de forma mais eficaz, com um doce sobressalto. 

'Eu vos livrarei do cativeiro, estejais onde estiverdes' (Jr 29,14). Livramo-nos da escravidão pela oração: sabemo-nos livres, voando num epitalâmio de alma apaixonada, num cântico de amor, que impele a não desejar afastar-se de Deus. Um novo modo de andar na terra, um modo divino, sobrenatural, maravilhoso. Recordando tantos escritores castelhanos quinhentistas, talvez nos agrade saborear isto por nossa conta: vivo porque não vivo; 'é Cristo que vive em mim!' (Gl 2, 20). 

Aceita-se com gosto a necessidade de trabalhar neste mundo durante muitos anos, porque Jesus tem poucos amigos cá em baixo. Não recusemos a obrigação de viver, de nos gastarmos - bem espremidos - a serviço de Deus e da Igreja. Desta maneira, em liberdade: in libertatem gloriae filiorum Dei (Rm 8, 21), qua libertate Christus nos liberavit (Gl 4, 31) - com a liberdade dos filhos de Deus, que Jesus Cristo nos conquistou morrendo sobre o madeiro da cruz. 

É possível que, já desde o princípio, se levantem grandes nuvens de pó e que, ao mesmo tempo, os inimigos da nossa santificação empreguem um técnica tão veemente e tão bem orquestrada de terrorismo psicológico - de abuso de poder que arrastem em sua absurda direção inclusive aqueles que durante muito tempo mantinham outra conduta mais lógica e reta. E, embora essa voz soe a sino rachado, que não foi fundido com bom metal e é bem diferente dos silvos do pastor, desse modo aviltam a palavra, que é um dos dons mais preciosos que o homem recebeu de Deus, dádiva belíssima para manifestar altos pensamentos de amor e de amizade ao Senhor e às suas criaturas; a tal ponto que se chega a entender por que São Tiago diz da língua que ela é um mundo inteiro de malícia, tantos são os males que pode causar: mentiras, detrações, desonras, embustes, insultos, murmurações tortuosas.

Como poderemos superar esses inconvenientes? Como conseguiremos fortalecer-nos naquela decisão, que começa a parecer-nos muito pesada? Inspirando-nos no modelo que nos mostra a Virgem Santíssima, nossa Mãe; uma rota muito ampla, que necessariamente passa por Jesus.

(Parte I da Homilia 'Rumo à Santidade', pronunciada em 26/11/1967, por São Josemaria Escrivá)

quinta-feira, 21 de junho de 2018

A FÉ CATÓLICA


Quem quiser salvar-se deve antes de tudo professar a fé católica. Porque aquele que não a professar, integral e inviolavelmente, perecerá sem dúvida por toda a eternidade.

A fé católica consiste em adorar um só Deus em três Pessoas e três Pessoas em um só Deus. Sem confundir as Pessoas nem separar a substância. Porque uma só é a Pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo. Mas uma só é a divindade do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, igual a glória, coeterna a majestade. Tal como é o Pai, tal é o Filho, tal é o Espírito Santo.

O Pai é incriado, o Filho é incriado, o Espírito Santo é incriado. O Pai é imenso, o Filho é imenso, o Espírito Santo é imenso. O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno. E contudo não são três eternos, mas um só eterno. Assim como não são três incriados, nem três imensos, mas um só incriado e um só imenso. Da mesma maneira, o Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é onipotente. E contudo não são três onipotentes, mas um só onipotente.

Assim o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus. E contudo não são três deuses, mas um só Deus. Do mesmo modo, o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, o Espírito Santo é Senhor. E contudo não são três senhores, mas um só Senhor. Porque, assim como a verdade cristã nos manda confessar que cada uma das Pessoas é Deus e Senhor, do mesmo modo a religião católica nos proíbe dizer que são três deuses ou senhores.

O Pai não foi feito, nem gerado, nem criado por ninguém. O Filho procede do Pai; não foi feito, nem criado, mas gerado. O Espírito Santo não foi feito, nem criado, nem gerado, mas procede do Pai e do Filho. Não há, pois, senão um só Pai, e não três Pais; um só Filho, e não três Filhos; um só Espírito Santo, e não três Espíritos Santos. E nesta Trindade não há nem mais antigo nem menos antigo, nem maior nem menor, mas as três Pessoas são coeternas e iguais entre si. Em tudo se deve adorar a unidade na Trindade e a Trindade na unidade. Quem, pois, quiser salvar-se, deve pensar assim a respeito da Trindade. 

Mas, para alcançar a salvação, é necessário ainda crer firmemente na Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo. A pureza da nossa fé consiste, pois, em crer ainda e confessar que Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, é Deus e homem.

É Deus, gerado na substância do Pai desde toda a eternidade; é homem porque nasceu, no tempo, da substância da sua Mãe. Deus perfeito e homem perfeito, com alma racional e carne humana. Igual ao Pai segundo a divindade; menor que o Pai segundo a humanidade. E embora seja Deus e homem, contudo não são dois, mas um só Cristo. É um, não porque a divindade se tenha convertido em humanidade, mas porque Deus assumiu a humanidade. Um, finalmente, não por confusão de substâncias, mas pela unidade da Pessoa.

Porque, assim como a alma racional e o corpo formam um só homem, assim também a divindade e a humanidade formam um só Cristo. Ele sofreu a morte por nossa salvação, desceu aos infernos e ao terceiro dia ressuscitou dos mortos. Subiu aos Céus e está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos. E quando vier, todos os homens ressuscitarão com os seus corpos, para prestar conta dos seus atos.

E os que tiverem praticado o bem irão para a vida eterna, e os maus para o fogo eterno. Esta é a fé católica, e quem não a professar fiel e firmemente não se poderá salvar.
(Santo Atanásio de Alexandria)

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

Bem-aventurados os pobres em espírito, 
porque deles é o reino dos céus.

          Bem-aventurados os que choram, 
          porque serão consolados.

                     Bem-aventurados os mansos, 
                     porque herdarão a terra.

                                  Bem-aventurados os que                                           têm fome e sede de justiça, 
                                  porque serão saciados.

                Bem-aventurados os misericordiosos, 
                porque alcançarão misericórdia.

                    Bem-aventurados os puros de coração, 
                    porque verão a Deus.

          Bem-aventurados os obreiros da paz, 
          porque serão chamados filhos de Deus.

Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, 
porque deles é o reino dos céus.

Bem-aventurados sereis vós, quando vos insultarem e perseguirem 
e, mentindo, disserem todo gênero de calúnia contra vós por minha causa; 
exultai e alegrai-vos, porque será grande a vossa recompensa no reino dos céus.

(Mt 5, 3-12)

quarta-feira, 20 de junho de 2018

O PENSAMENTO VIVO DE SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ


1. Não digas: 'essa pessoa me aborrece'; pense: 'essa pessoa me santifica'.

2. Busque mortificações que não mortifiquem os outros.

3. Não acredito na tua mortificação interior, se vejo que desprezas, que não praticas a mortificação dos sentidos.

4. O mundo só admira o sacrifício com espetáculo, porque ignora o valor do sacrifício escondido e silencioso.

5. Tudo o que não te leva a Deus é um estorvo. Arranca-o e atira-o para longe.

6. Não sejas frouxo, mole; já é tempo de repelires essa estranha compaixão que sentes por ti mesmo.

7. Acertou quem disse que a alma e o corpo são dois inimigos que não se podem separar, e dois amigos que não se podem ver.

8. Estes são os saborosos frutos da alma mortificada: compreensão e transigência para as misérias alheias; e intransigência para as próprias.

9. Quantos, que se deixariam cravar numa cruz, perante o olhar atônito de milhares de espectadores, não sabem sofrer cristãmente as alfinetadas de cada dia! 

10. Não repreendas quando sentes a indignação pela falta cometida. Espera pelo dia seguinte, ou mais tempo ainda; e, depois, tranquilo e com a intenção purificada, não deixes de repreender.

terça-feira, 19 de junho de 2018

7 ORAÇÕES PARA REZAR EM LATIM

1. Sinal da Cruz

In nomine Patris, et Filii, et Spiritus Sancti. Amen.



2. Glória ao Pai

Gloria Patri, et Filio, et Spiritui Sancto. Sicut erat in principio, et nunc, et semper, et in saecula saeculorum. Amen.


3. Ave Maria

Ave Maria, gratia plena, Dominus tecum. Benedicta tu in mulieribus, et benedictus fructus ventris tui, Iesus. Sancta Maria, Mater Dei, ora pro nobis peccatoribus, nunc, et in hora mortis nostrae. Amen.



4. Pai Nosso

Pater noster, qui es in caelis, sanctificetur nomen tuum. Adveniat regnum tuum. Fiat voluntas tua, sicut in caelo et in terra. Panem nostrum quotidianum da nobis hodie, et dimitte nobis debita nostra sicut et nos dimittimus debitoribus nostris. Et ne nos inducas in tentationem, sed libera nos a malo. Amen.


5. Salve Regina

Salve Regina, Mater misericordiae. Vita, dulcedo, et spes nostra, salve. Ad te clamamus exsules filii Hevae. Ad te Suspiramus, gementes et flentes in hac lacrimarum valle. Eia ergo, Advocata nostra, illos tuos misericordes oculos ad nos converte. Et Iesum, benedictum fructum ventris tui, nobis post hoc exsilium ostende. O clemens, o pia, o dulcis Virgo Maria.
V. Ora pro nobis, Sancta Dei Genitrix. R. Ut digni efficiamur promissionibus Christi.


6. Angelus

V. Angelus Domini nuntiavit Mariae. R. Et concepit de Spiritu Sancto.
Ave Maria...
V. Ecce ancilla Domini, R. Fiat mihi secundum verbum tuum.
Ave Maria...
V. Et Verbum caro factum est, R. Et habitavit in nobis.
Ave Maria...
V. Ora pro nobis, sancta Dei Genetrix, R. Ut digni efficiamur promissionibus Christi.

Oremus. Gratiam tuam, quaesumus, Domine, mentibus nostris infunde; ut qui, Angelo nuntiante, Christi Filii tui incarnationem cognovimus, per passionem eius et crucem ad resurrectionis gloriam perducamur. Per eumdem Christum Dominum nostrum. R. Amen.



7. Credo

Credo in unum Deum, 
Patrem omnipoténtem, 
Factórem cæli et terræ, 
Visibílium ómnium et invisibílium. 
Et in unum Dóminum Iesum Christum, 
Fílium Dei Unigénitum, 
Et ex Patre natum ante ómnia sæcula. 
Deum de Deo, lumen de lúmine, Deum verum de Deo vero, 
Génitum, non factum, consubstantiálem Patri: 
Per quem ómnia facta sunt. 
Qui propter nos hómines et propter nostram salútem 
Descéndit de cælis. 
Et incarnátus est de Spíritu Sancto 
Ex María Vírgine, et homo factus est. 
Crucifíxus étiam pro nobis sub Póntio Piláto; 
Passus, et sepúltus est, 
Et resurréxit tértia die, secúndum Scriptúras, 
Et ascéndit in cælum, sedet ad déxteram Patris. 
Et íterum ventúrus est cum glória, 
Iudicáre vivos et mórtuos, 
Cuius regni non erit finis. 
Et in Spíritum Sanctum, 
Dóminum et vivificántem: 
Qui ex Patre Filióque procédit. 
Qui cum Patre et Fílio simul adorátur et conglorificátur: 
Qui locútus est per prophétas. 
Et unam, sanctam, cathólicam et apostólicam Ecclésiam. 
Confíteor unum baptísma in remissiónem peccatorum. 
Et expecto resurrectionem mortuorum, 
Et vitam ventúri sæculi. Amen.


Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos. Deus de Deus, Luz da luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado, não feito, da mesma substância do Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas. E, por nós, homens, e para a nossa salvação, desceu dos céus: Se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou dos mortos ao terceiro dia, conforme as Escrituras; E subiu aos céus, onde está assentado à direita de Deus Pai. Donde há de vir, em glória, para julgar os vivos e os mortos; e o Seu reino não terá fim. Creio no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai (e do Filho); e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele falou pelos profetas. Creio na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. Confesso um só batismo para remissão dos pecados. Espero a ressurreição dos mortos; E a vida do mundo vindouro. Amém.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

SANTINHOS (VI)

'Santinhos' são pequenos cartões impressos que retratam santos, cenas ou pinturas religiosas, produzidos desde época remota e comumente em grandes quantidades, para disseminação da cultura religiosa entre os católicos. São especialmente confeccionados e distribuídos nas festas de devoção de um santo, como pagamento de promessas ou como lembrança da realização de datas festivas e/ou eventos religiosos públicos ou particulares (batismo, primeira comunhão, crisma, etc). As fotos abaixo apresentam alguns exemplos destes 'santinhos' dedicados ao Sagrado Coração de Jesus, devoção tradicionalmente celebrada pela Igreja no mês de junho.

A fonte da devoção ao Sagrado Coração é o amor - isto é, o Coração de Jesus nos deu essa devoção como um último esforço do seu amor e o mais perfeito presente que Ele pode nos conceder. É o amor que deseja se doar sem reservas, até o fim dos tempos, até os confins da terra, até os extremos limites de sua afeição; amor que procura aquecer o mundo, onde a caridade é agora tão fria; amor que veio trazer fogo à terra e que deseja, no final dos tempos, consumi-lo inteiramente em suas chamas; amor que visa mais amar do que ser amado, pois essa é a lei do amor.












domingo, 17 de junho de 2018

O REINO DE DEUS

Páginas do Evangelho - Décimo Primeiro Domingo do Tempo Comum


No Evangelho deste Décimo Primeiro Domingo do Tempo Comum, Jesus utiliza-se de duas parábolas para explicitar às multidões o sentido maior do Reino de Deus no mundo, consubstanciadas na mesma ideia central do trabalho fecundo e silencioso das boas sementes lançadas em terra fértil que se desenvolvem para produzir muitos frutos. A semente do Evangelho deve ser convertida em apostolado e no reino militante da Santa Igreja Católica pelos caminhos do mundo.

A primeira parábola compara o Reino dos Céus à boa semente lançada em terra fértil: 'O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra' (Mc 4, 26). Na terra que é o campo do Senhor, ou seja, o mundo, Deus planta sempre a boa semente, plena de fertilidade e capaz de produzir muitos frutos. E, enquanto todos dormem e se entregam aos seus afazeres cotidianos, a boa semente 'vai germinando e crescendo', produzindo folhas e grãos, e frutos que amadurecem e que geram outras muitas sementes. E eis que a terra boa de plantar torna-se então farta na colheita: pelas mãos dos homens e pela graça divina escondida no ventre da terra. 

A segunda parábola compara o Reino dos Céus a uma minúscula semente de mostarda: 'O Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra' (Mc 4, 31). De fertilidade ímpar, a pequena semente produz um vigoroso arbusto, tão alto que as aves podem fazer ninhos em seus ramos: 'Quando é semeado, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças, e estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra' (Mc 4, 32). O Reino de Deus se desenvolve tal como a pequena semente: no escondimento, quase imperceptível na sua evolução, mas vigoroso e extraordinário na grandeza e dimensão dos seus frutos! O caminho da santificação é essencialmente simples e tranquilo, mas sempre impelido por uma torrente de bênçãos e graças.

O Reino de Deus é obra única e exclusiva do Pai. Nos mistérios insondáveis dos seus divinos desígnios, Deus arma a teia da vida e da propagação da civilização cristã através de um mundo conturbado que parece, por muitas vezes, querer abortar a semente lançada e conspurcar os seus frutos. Mas Deus utiliza de suas graças abundantes para fazer jorrar a água viva do Evangelho do chão rude e pedregoso talhado por uma humanidade pecadora e licenciosa das verdades eternas. Que o nosso propósito seja o de mostrar-nos ao Pai, não escondidos atrás das muralhas do nosso orgulho e das nossas vaidades, mas como frágeis vasos de argila, expostos como instrumentos dóceis à ação da graça divina para praticarmos sempre o bem, de forma generosa e perseverante. Supliquemos a Deus a graça de sermos fecundos nesta semeadura, deixando a Ele, e somente a Ele, a tarefa de colher os frutos dos nossos pequenos trabalhos e obras, de acordo com a sua Santa Vontade.