quarta-feira, 31 de maio de 2017

POR QUE AS ALMAS SÃO DESIGUAIS...

Durante muito tempo eu me perguntava por que Deus tinha preferências, por que todas as almas não recebiam a mesma medida de graças. Estranhava ao vê-lo prodigalizar favores extraordinários aos santos que o haviam ofendido, como São Paulo ou Santo Agostinho, a quem forçava, por assim dizer, a receber suas graças; e quando lia a vida daqueles santos a quem o Senhor acariciou desde o berço até a sepultura, retirando de seu caminho todos os obstáculos que os impedisse de se elevar até Ele e provendo essas almas com tais benefícios para que nada lhes ofuscasse o brilho imaculado de suas vestes batismais, eu me perguntava por que tantos pobres selvagens, por exemplo, morriam antes mesmo de ouvir ou sequer pronunciar o nome de Deus.

Jesus quis instruir-me a respeito deste mistério. Pôs diante dos meus olhos o livro da natureza e compreendi que todas as flores por ele criadas são belas, e que o esplendor da rosa e a brancura do lírio não tiram o perfume da humilde violeta nem a simplicidade encantadora da margarida. Compreendi que se todas as flores quisessem ser rosas, a natureza perderia sua pompa primaveril e os campos já não seriam salpicados de florzinhas.

O mesmo ocorre no mundo das almas, o jardim de Jesus. Ele quis criar grandes santos, que podem ser comparados aos lírios e às rosas; mas criou também outros menores, e estes devem se conformar em ser margaridas ou violetas destinadas a alegrar os olhos de Deus quando contempla seus pés. A perfeição consiste em fazer sua vontade, em ser aquilo que Ele quer que sejamos.

Compreendi também que o amor de Nosso Senhor se manifesta tanto na alma mais simples, que não coloca nenhuma resistência à sua graça, quanto na alma mais sublime. É próprio do amor abaixar-se. Se todas as almas se parecessem às dos santos doutores que iluminaram a Igreja com a luz de sua doutrina, parece que Deus não teria que se abaixar bastante para vir a seus corações. Mas criou a criança, que nada sabe e só balbucia fracos gemidos, criou o pobre selvagem, que só tem a lei natural para guiá-lo. E também aos seus corações Ele se abaixa! São estas as suas flores campestres, cuja simplicidade o encanta...

Assim fazendo, Deus mostra sua grandeza infinita. Assim como o sol ilumina os cedros e cada florzinha, como se somente ela existisse sobre a terra, da mesma forma Deus cuida pessoalmente de cada alma, como se não existisse outra além dela. E assim como na natureza todas as estações estão de tal modo organizadas que no momento certo se abre até a mais humilde margarida, da mesma forma tudo concorre para o bem de cada alma.

(Excertos da obra 'História de uma Alma', de Santa Teresa de Lisieux)

terça-feira, 30 de maio de 2017

FOTO DA SEMANA

Quando até as nuvens louvam Maria...

30 DE MAIO - SANTA JOANA D'ARC


Jeanne D'Arc nasceu em 6 de janeiro de 1412, na aldeia de Domrémy-la-Pucelle (na região da Lorena francesa). Descendente de camponeses analfabetos, apresentou-se, ainda adolescente e em trajes masculinos diante do rei da França Carlos VII, como a enviada por Deus para comandar as tropas francesas para a libertação da cidade de Orleans, então dominada pelos ingleses (os monarcas ingleses dominavam desde o século XI vários territórios franceses e a chamada Guerra dos Cem Anos, que durou na verdade 116 anos (1337 - 1453), foi o conflito sangrento travado entre os dois países, movidos pelo desejo francês de recuperar os territórios perdidos para a Inglaterra). Em face de vários eventos sobrenaturais, tal missão foi concedida e Orleans foi libertada em 9 de maio de 1429. Esta vitória recendeu a esperança das tropas francesas que conseguiram, em seguida, a retomada de vários outros territórios e que culminou com a coroação do rei francês em Reims, em 17 de julho de 1429. 

(coroação do rei Carlos VII e Joana D'Arc à frente das tropas francesas)

No dia 23 de maio de 1430, em Compiègne, Joana D' Arc foi aprisionada e vendida aos ingleses, a preço de ouro. Presa em Rouen, foi julgada numa farsa de processo e condenada à morte na fogueira por heresia. Foi queimada viva em 30 de maio de 1431, com apenas 19 anos de idade, após ter recebido os sacramentos da confissão e da comunhão. Suas cinzas (além do coração que, ao contrário do resto do corpo, permaneceu intacto e cheio de sangue) foram lançadas no Rio Sena, por ordem dos ingleses, para evitar quaisquer cultos futuros de suas relíquias. A revisão da condenação e a invalidação do processo que a julgou ocorreram já na época do Papa Calisto III (1455-1458), mas somente quase quinhentos anos depois, em 1920, é que Joana d'Arc foi canonizada pelo Papa Bento XV e hoje é venerada como a santa padroeira da França.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

AS SETE COLUNAS DA IGREJA DOMÉSTICA (III)

'A Sabedoria edificou sua casa, talhou sete colunas' (Pv 9, 1)

TERCEIRA COLUNA: A CRUZ NA PAREDE

A bênção de Deus só nos vém quando nos esforçamos por alcançá-la. Ela poreja da cruz, das chagas do Salvador sobre nós. 'Só na cruz está a salvação'. Seja, pois, a cruz de novo o centro da casa, o centro de gravidade visível, em torno do qual os espíritos circulam e não qualquer peça profana! Naturalmente não quero dizer com isso que só deva haver quadros religiosos nas paredes dos aposentos.

Para tudo quanto é belo resta ainda espaço em nosso lar cristão. E justamente os belos quadros da casa revelam o bom gosto dos moradores. Nisso se lhes patenteia abundantemente o sentimento estético e moral. É extremamente importante despertar já na criança este sentimento e o fino gosto para o que é realmente belo; pois, o cultivo do belo eleva a alma acima do comum e conduz a Deus, que é o Sumo Bem.

Não se pode por isso ser indiferente ao que se vê suspenso às paredes do salão e dos quartos: a casa cristã é uma cópia da casa de Deus. Lá o principal é a cruz. Faz pena ver católicos que se tornaram 'importantes', ocultarem temerosamente o velho e raro símbolo. O salão cheio de estátuas e quadros, a cruz quando muito no quarto de dormir, para que ninguém se escandalize. Não é assim que se gera o sentimento de fé profunda, o espírito verdadeiramente cristão, que salva a família do naufrágio e renova um povo.

'Não são os falsos ídolos, nem também a espada e a mão armada que dão prosperidade a um povo, mas a cruz que se venera na família'. Ouvimos uma vez um orador clamá-lo, numa reunião popular. Tinha razão. Primeiramente carece que o Crucifixo seja de novo Rei na casa e na família. Daí lhe vem a bênção, como de um manancial profundo, espalhando-se pelo país e pelo povo. Honremos, pois, a sua imagem! Será nosso pregador, que nos chamará aos velhos costumes patriarcais, à fé, à justiça e à felicidade; pois veio de novo o tempo, do qual Wolfram von Eschenbaeh (falecido em 1215) dizia:

Quase em completo abandono,
A fé, a fidelidade,
A justiça e a caridade,
Foram dormir um sono.

Quando acordarem deveras
Desse letargo profundo,
Veremos então no mundo
O bem estar de outras eras.

Como ressoa eloquente e penetra a palavra da cruz, em meio da decadência dos tempos modernos! Fala-nos da fé antiga, do velho cristianismo, ao qual nossos antepassados há quase 2.000 anos aderiram, que outrora tornou nosso povo grande e nossa vida de família feliz. Dos lábios do Crucificado, suspenso à porta, mana continuamente sobre a família cristã a fonte sagrada das mais remotas verdades, enquanto lá fora no mundo se torna - ai! - cada vez menor o número dos que se conservam fiéis ao Salvador! 

E como a cruz exorta e adverte suavemente! Perdão, paciência e caridade, que nos são tão necessárias, como o pão de cada dia, dela aprendemos. E se alguém fora de casa quer andar por maus caminhos, se há ameaça de desavença e discórdia, não se desprende então baixinho dos lábios cerrados do Filho de Deus uma tocante exortação à paz, à paciência? Que bem fará às crianças aprenderem de pais piedosos a olhar diariamente neste maravilhoso espelho! Não é como se das chagas do Salvador se desprendesse uma clara luz, iluminando-lhes a vereda, para que não tropecem e não caiam no pecado? Como fazem bem os pais e mães que veneram o crucifixo como o fiel amigo do lar, e testemunha de tudo o que sucede na família, desde o alvorecer do dia, até o crepúsculo da tarde!

As luas mudam no meio deles: vê os filhos crescerem, levarem os mortos para a sepultura; ora contempla alegres semblantes; ora vê olhos banhados de lágrimas erguerem-se-lhe súplicas! Nas horas da dor se revela o único verdadeiro consolador! Pode a casa ser pobre, não ter senão nuas paredes, despidas de adorno e crianças famintas; mas se lá dentro se encontra uma simples cruz, não lhe falta consolo. Pois quem é mais pobre que o Salvador no lenho da cruz? Comparada com a sua penúria, nossa cruz torna-se tão pequenina, nossa pobreza menos penosa! E que chagas existem ainda para as quais ele não tenha algum bálsamo e não traga algum socorro?

Já é sempre um consolo, para quem sofre, saber de outros que também sofrem e afinal ainda muito mais. Na cruz temos alguém que não só sofre conosco, mas que por nós sofreu todos os tormentos, que quis morrer por nós, para dar-nos a vida. Para quantos Ele tornou a cruz mais leve a dor mais suave! Quantos, erguendo os olhos para a cruz, suspensa à cabeceira do leito, suportaram de bom grado a enfermidade mais dolorosa e o mais penoso fardo! 'Aceito tudo por amor a Ele' - dizia-me recentemente um jovem aluno mortalmente enfermo, quando lhe perguntei se temia a morte. Assim se torna a cruz o grande baluarte da casa, um refúgio de salvação, uma fonte de cura, cujas forças nunca se gastam, cujas bênçãos são inesgotáveis. 

Um dia, em Düsseldorf, subi ao telhado de uma das altas casas modernas. Lá de cima se divisa uma vista magnífica da cidade, com seu meio milhão de habitantes e o rio coalhado de navios e botes. E quando eu estava, com a bela cidade a meus pés, veio-me sem querer à mente a esperança do que se passa em todos aqueles milhares de criaturas, que, vistas do alto, parecem formigas, o que se encontra de alegria e sofrimento nas ruas e nas casas. Quanta angústia e miséria muitas vezes passa apressada, sob uma capa brilhante! Quantos suspiros e maldições se confundem, com o tumulto das ruas, que me sobe aos ouvidos, amortecido como um surdo bramido, quase como uma voz de sepulcro! Quantas vezes, sob estas negras telas, uns olhos chorarão, um coração humano sofrerá e não poderão achar consolo algum, porque não querem consolo; porque não o procuram onde única e exclusivamente poderiam achá-lo?

É na cruz, nas chagas dAquele que deixou traspassar seu Coração na cruz, a fim de ali preparar um refúgio seguro para todos enfermos e moribundos. Ah! prouvesse a Deus que todas as famílias de novo se reunissem junto à cruz ao Coração de Jesus! Que se manifesta também hoje ainda e sempre de novo, como o asilo de todos os oprimidos, o grande manancial de bênçãos para a casa e a família, assim como se exprime na forma de consagração, com que a Igreja costuma benzer as casas novas.

O antigo e belo costume cristão conservou-o. Logo que os operários acabavam de construir o prédio, o sacerdote fazia o sinal da cruz sobre a porta e aspergia a casa com água benta, assim a consagrava quase como um templo e invocava sobre ela a bênção de Deus. Como são lindas essas orações da consagração! Poderíamos tolerar nesta casa abençoada alguma coisa que não estivesse de acordo com a lei divina? Afastemos, pois, tudo o que desagrada aos puríssimos olhos de Deus, seja quadro, ou livro, jornal ou moda! Do contrário o seu nome seria apenas um escárnio, seu domínio somente um reino das sombras - e nossa oração apenas uma função dos lábios.

Deus e Belial são polos opostos, coisas incompatíveis. Que se dirá das famílias que talvez se consagrassem solenemente ao Divino Coração de Jesus, e afinal lhe conservam acesa, em frente à imagem, uma lamparina de azeite, na primeira sexta-feira do mês; mas em cuja casa, ao lado da cruz, se encontra toda a espécie de nudez, sob a cruz diários e jornais ímpios, revistas ilustradas imorais e imundas? Quem ama o Senhor Deus, não pode tolerar em casa os seus algozes, que são os livros e jornais maus e ímpios. E não é só isso. Eles são também a morte da vida religiosa.

'Sabeis o que eu faria, se fosse o demônio, para afastar todos de Nosso Senhor?' Faria todos assinarem um mau jornal ou pelo menos uma folha que nunca fale de Deus e da Igreja!' - escreveu há anos Albano Stolz. Tinha razão. De fato é grande o mal que faz esse alimento diário ímpio ou inimigo de Deus. Faz uma obra satânica. Lento, como a malaria, o ar maligno dos pântanos da Itália, esse veneno penetra paralisante, não nos membros, mas em nosso modo de pensar e sentir, como católicos. De onde vem a letargia a inapetência, a fraqueza, a indiferença e frieza de tantos católicos? De onde procede o mal estar, o pânico que os acomete, quando têm de manifestar-se a forma da causa católica? De certo provêm muitas vezes do jornal que lêem, cujo espírito sopra contra nós, penetra-nos pouco a pouco, como o alimento que ingerimos, entra em nós.

A vida sã e realmente católica só floresce e prospera à sombra da cruz, onde toda vida doméstica e pública da família se baseia sobre os princípios da religião do Crucificado. Por amor de Deus, nada de meias tintas, do catolicismo 'secularizado', que desterra o padre para a sacristia e oculta a religião, como uma insígnia que se usa apenas nas paradas e depois se guarda o estojo. Os livres pensadores dão a senha: monismo e não dualismo! Para eles é tudo uma só coisa: espírito e matéria são iguais, não há distinção alguma entre alma e matéria, homem e animal, Deus e o mundo! Nós não somos monistas: pois temos olhos para ver o infinito abismo que se abre entre Deus e mundo, entre o espírito e o corpo. 

Compreendemos a sua diferença e condenamos o sistema monístico. Uma coisa, porém podem os monistas ensinar-nos: uma intuição mais unitária do mundo, uma concepção mais central de nossa vida! Um único ponto deve tornar-se de novo o ideal e o fim de toda a nossa atividade, de toda a nossa vida: Deus! Monismo - não dualismo, no sentido de que temos – uma só alma e não duas ou três! Não temos uma alma de domingo e outra para os demais dias da semana, não temos uma alma para a vida particular e outra para a vida pública, uma alma para uso doméstico e outra para os negócios.

Precisamos de homens de uma só têmpera: que, como o grande patriota irlandês Daniel O’Connell, se dediquem em casa e na vida – a Deus, Cristo e Pedro, isto é, a sua Igreja; só estes são católicos. Da oração tira-lhes a força nutritiva a fé. É ao mesmo tempo: o termômetro da vida religiosa em geral. Se o termômetro baixa a zero, é sinal que o gelo invadiu o país. Quando numa família o espírito de oração baixa a zero, é sinal que nesta casa já chegou o inverno, em que tudo o que dantes florescia em virtude, cai gelado e entorpecido. Com a oração familiar cresce o sentimento religioso e uma fonte abundante de bênçãos abre-se para todos que residem na casa.

Uma colunazinha

Onde se ora, respeitam-se também os demais hábitos religiosos. Lá se venera, por exemplo, a água benta. Na antiga vida cristã representava a água benta em geral um grande papel. Em casa alguma podia faltar. Guardava-se a idéia cristã, que o celebre artista Miguel Ângelo exprimiu, na pia de água benta de uma Igreja de Florença: um demônio está sentado sob a pia. Um anjinho borrifa-lhe inesperadamente a cabeça com água benta da pia de mármore. O demônio abaixa-se e foge. 

Assim o quer a benção da Igreja sobre a água: o demônio e as influências satânicas devem ser afastados da casa e de seus moradores. Por isso havia outrora, pendurada à porta, a pia de água benta e a palma benta do último domingo de Ramos. À entrada e à saída se tomava da água benta para benzer-se e, à noite, a mãe aspergia com a palma água benta sobre a caminha dos seus pequenos... Agora a pia de água benta frequentemente é banida do lar e a água benta 'secou'. Com ela, porém, secaram também as almas e muitas coisas de valor inestimável se perderam.

(Excertos da obra 'As colunas de tua Casa - um Plano para a Felicidade da Família', do Vigário José Sommer, 1938, com revisão do texto pelo autor do blog)

domingo, 28 de maio de 2017

'IDE E FAZEIS DISCÍPULOS MEUS TODOS OS POVOS'

Páginas do Evangelho - Festa Litúrgica da Ascensão do Senhor



Antes de subir aos Céus, Jesus manifesta a seus discípulos (de ontem e de sempre) as bases do verdadeiro apostolado cristão, a ser levado a todos os povos e nações: 'Toda a autoridade me foi dada no céu e sobre a terra. Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! (Mt 28, 18 - 20). Ratificando as mensagens proféticas do Antigo Testamento, Nosso Senhor imprime diretamente no coração humano os sinais da fé sobrenatural e da esperança definitiva na Boa Nova do Evangelho, que nasce, se transcende e se propaga com a Igreja de Cristo na terra.

Antes de subir aos Céus, Jesus nos fez testemunhas da esperança: 'Vós sereis testemunhas de tudo isso' (Lc 24, 48). Pela ação de Pentecostes, pela efusão do Espírito Santo, pela manifestação da 'Força do Alto', os apóstolos tornar-se-iam instrumentos da graça e da conversão de muitos povos e nações. Na mesma certeza, somos continuadores dessa aliança de Deus com os homens, na missão de semear a Boa Nova do Evangelho nos terrenos áridos da humanidade pecadora para depois colher, a cem por um, os frutos da redenção nos campos eternos da glória. Como missionários da graça, 'Que ele abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá, qual a riqueza da glória que está na vossa herança com os santos' (Ef 1, 18).

E a sua derradeira proclamação aos discípulos é a sua promessa de estar sempre junto aos homens de todos os tempos, até a consumação dos séculos: 'Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo' (Mt 28, 20). Promessa que tem, para nós, membros do seu Corpo Vivo, que é a Santa Igreja, a dimensão de uma vitória antecipada, na feliz esperança de sermos partícipes de sua glória.

E Jesus se eleva diante dos seus discípulos e sobe para os Céus. Jesus vai primeiro porque é o Caminho e para preparar para cada um de nós 'as muitas moradas da casa do Pai'. Na solenidade da Ascensão do Senhor, a Igreja comemora a glorificação final de Jesus Cristo na terra, como o Filho de Deus Vivo e, ao mesmo tempo, imprime na nossa alma o legado cristão que nos tornou, neste dia, testemunhas da esperança eterna em Cristo e herdeiros dos Céus.

sábado, 27 de maio de 2017

VERSUS: 2017 X 1517 X 1717 X 1917 X 1967


500 anos da Reforma Protestante (1517 - 2017)

Em 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero publicou, nas portas da Igreja de Wittenberg, as suas 95 teses contra diversos pontos da doutrina da Igreja Católica. Esse fato é considerado como o início da Reforma Protestante, que deu origem ao protestantismo e ao grande Cisma da Igreja do Ocidente.

300 anos de fundação da Maçonaria Moderna (1717 - 2017)

Em 7 de fevereiro de 1717, Jean-Theophile Desaguliers reuniu quatro Lojas de Londres para traçar planos referentes à alteração da estrutura maçônica. Alguns meses mais tarde, em 24 de junho de 1717, foi criada a primeira grande Loja Maçônica e eleito o nobre Anthony Sayer para Grão-Mestre dos Maçons, evento que caracteriza o nascimento da Maçonaria Moderna. Nesta reorientação estrutural, a reforma maçônica eliminou quaisquer referências católicas previamente existentes no âmbito da instituição, como se constata nas diretrizes da primeira constituição maçônica aprovada após a fundação da primeira Grande Loja:

'Todo maçom é obrigado, em virtude de seu título, a obedecer a lei moral. E como compreende bem a Arte, ele jamais será nem um ateu estúpido nem um ímpio libertino. Da mesma maneira que, nos tempos passados, os maçons eram obrigados, em cada país, a professar a religião de sua pátria ou nação, qualquer que ela fosse, nos tempos atuais nos pareceu mais adequado não obrigar além dessa religião na qual todos os homens estão de acordo, deixando cada um livre para ter sua opinião própria'.

100 anos da Revolução Russa (1917 - 2017)

Em fevereiro de 1917 (março de 1917, pelo calendário ocidental), um movimento revolucionário levou à derrocada da autocracia do czar Nicolau II da Rússia, estabelecendo a implantação de uma república de natureza liberal. Em outubro de 1917 (novembro de 1917, pelo calendário ocidental), a revolução foi consolidada sob a forma de um governo socialista, com a ascensão ao poder do Partido Bolchevique, liderado por Vladimir Lênin.

Sob o comando de Lênin, a Igreja e Estado perderam seus antigos vínculos e a liberdade religiosa foi instituída, sendo então incentivadas todas as ações que promovessem a disseminação do pensamento materialista e ateísta. Várias igrejas foram depredadas, dezenas de clérigos foram presos ou executados e as datas e os eventos religiosos foram suprimidos ou considerados ilegais.

50 anos da Revolução Sexual (1967 - 2017)

Em meados dos anos 60 do século passado, explodiu a revolução sexual que teve o seu auge com o woodstock, o movimento hippie e movimentos feministas, descaracterizando e conspurcando completamente a doutrina católica com os frutos podres da anticoncepção, do aborto, da pornografia, do homossexualismo e da ideologia do gênero. 


100 anos das Aparicões de Fátima (1917 - 2017)

'Os pecados que levam mais almas para o inferno são os pecados da carne... Hão de vir umas modas que hão de ofender muito a Nosso Senhor... As pessoas que servem a Deus não devem andar com a moda. A Igreja não tem modas. Nosso Senhor é sempre o mesmo'  (mensagens particulares de Jacinta)

'Se atenderem a meus pedidos, a Rússia converter-se-á e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja' (mensagem de Nossa Senhora na aparição de 13 de julho de 1917)

'Ai dos que perseguem a Religião de Nosso Senhor!' (mensagens particulares de Jacinta)

'Continuem a rezar o terço todos os dias em honra de Nossa Senhora do Rosário para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer' (mensagem de Nossa Senhora na aparição de 13 de julho de 1917)

'Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará' (mensagem de Nossa Senhora na aparição de 13 de julho de 1917)

ORAÇÃO: AUGUSTA RAINHA E SENHORA DOS ANJOS


Em 1863, uma alma, habituada a experimentar as ternuras da Santíssima Virgem, foi subitamente como que tocada por um raio da Divina Claridade. Acreditou ver os demônios disseminados pela Terra, e causando horríveis estragos. Ao mesmo tempo elevou seu pensamento à Santíssima Virgem. Esta boa Mãe lhe teria dito que de fato os demônios estavam desencadeados no mundo e que era chegada a hora de invocá-la como Rainha dos Anjos, e de lhe pedir para enviar as Legiões Santas a fim de combater e aterrorizar as potências do inferno.

‒ 'Ó minha Mãe', disse então esta alma, 'Vós que sois tão boa, não podeis enviá-Las sem que Vo-lo peçamos?'

‒ 'Não', respondeu a Santíssima Virgem, 'a oração é uma condição posta pelo próprio Deus para aquisição das graças'. 

‒ 'Pois então, minha Mãe', tornou a alma, 'quereis Vós Mesma ensinar-me como é preciso pedir-Vos?'
E esta alma acreditou receber da Santíssima Virgem a seguinte oração: 

Augusta Rainha e Senhora dos Anjos

Augusta Rainha dos Céus * e Senhora dos Anjos * Vós que desde o princípio * recebestes de Deus * o poder e a missão * de esmagar a cabeça de satanás * nós vos pedimos humildemente * enviai vossas santas legiões * para que elas * sob vosso poder e vossas ordens * persigam os espíritos infernais * combatendo-os por toda a parte * confundam a sua audácia * e os precipitem no abismo! Ó boa e terna Mãe * Vós sereis sempre * o nosso amor e a nossa esperança! * Ó Mãe de Deus * enviai os santos Anjos * para nos defender * e repelir para longe de nós * o cruel inimigo! * Santos Anjos e Arcanjos, * defendei-nos e protegei-nos! Amém.

* Tornando-se depositário maior desta oração, o Pe. Luiz Eduardo Cestac, fundador da Congregação das Servas de Maria, na cidade de Anglet (França), foi o grande divulgador dessa oração, posteriormente aprovada por diversos bispos e outorgada, em 1908, com 300 dias de indulgência pelo Papa São Pio X. Que seja rezada muitas e muitas vezes pelos cristãos, conclamando piedosamente a intercessão da Mãe de Deus e Rainha dos Anjos em favor da Santa Igreja, do sacerdócio e de toda a humanidade.