quarta-feira, 12 de junho de 2024

POEMAS PARA REZAR (LIV)

(John Donne, poeta inglês, 1572 - 1631)

HOLY SONNET (VII)

At the round earth's imagin'd corners, blow
your trumpets, angels, and arise, arise
from death, you numberless infinities
of souls, and to your scatter'd bodies go;
all whom the flood did, and fire shall o'erthrow,
all whom war, dearth, age, agues, tyrannies,
despair, law, chance hath slain, and you whose eyes
shall behold God and never taste death's woe.
But let them sleep, Lord, and me mourn a space,
for if above all these my sins abound,
tis late to ask abundance of thy grace
when we are there; here on this lowly ground
teach me how to repent; for that's as good
as if thou'hadst seal'd my pardon with thy blood.

(John Donne)

SONETO SACRO (VII)

Nos arredores imaginários da terra circular, 
anjos, soprai vossas trombetas, tomai prumo, 
e erguei-vos da morte, ó almas sem lugar
e retornai aos vossos corpos sem rumo.
Vós, mortos no dilúvio, e os mortos teus, 
pelo fogo, pela guerra, pela febre, pela velhice
pela angústia, tiranias ou até pela má sorte 
e mesmo vós que havereis de ver a Deus
sem passar pela provação da morte...
Mas deixai-os dormir, Senhor, que eu faça
meu pranto em tempos mais dilatados
pois, se acima de todos, abundam meus pecados, 
tarde seria implorar depois a vossa graça.
Que eu a tenha agora, neste chão pisado,
ensinai-me então o arrependimento sublimado:
com o vosso Sangue seja meu perdão selado!

(tradução do autor do blog)