09 DE JANEIRO
Similes ei erimus [seremos semelhantes a Deus] (1Jo 3,2)
Meu Deus, o que me pedes, neste mundo, é um nada; apenas alguns anos de luta. No entanto, o teu amor tem, reservada para mim, uma eternidade de glória: In hac brevi et exigua vita agones et labores; in illa vero vita, quae aeterna est, praemia meritorum [nesta vida breve e passageira, provações e fatigas; na outra e verdadeira vida, recompensa eterna (São Beda)].
Senhor, que este mundo não me faça perder de vista essa eternidade que, com tanto carinho, puseste diante dos meus olhos. Como irei desinteressar-me dessa recompensa que preparaste para teus filhos, ante mundi constitutionem [antes de criar o mundo]? Que dignidade, e que riqueza para mim: Nunc filli Dei sumus [desde agora somos filhos de Deus!] No entanto, ainda preciso esperar: Nondum apparuit quid erimus [não se manifestou ainda o que seremos]; quero acalentar esta esperança, pois, cum apparuerit, similes ei erimus [quando se manifestar, seremos semelhantes a Deus].
Meu Deus, diante do que me espera, que eu não viva neste mundo como um escravo, nem sofra como se eu fosse um condenado ao desespero! Não posso me esquecer de que sou um dos teus filhos, com direito a uma parte da tua riqueza infinita. Ela está à minha espera, pois é herança minha. E eu estaria ofendendo a tua liberalidade, se quisesse fechar os olhos, para não ver aquilo que o teu amor, desde já, me quis mostrar. Levate oculos vestros! [levantai os vossos olhos! (Jo 4,35)].
(Oremus — Pensamentos para a Meditação de Todos os Dias, do Pe. Isac Lorena, 1963, com complementos de trechos traduzidos do latim pelo autor do blog)