Das Sagradas Escrituras:
'Não habite perto de ti o maligno, nem os justos permanecerão diante dos teus olhos. Aborreces todos os que praticam a iniquidade; o Senhor abomina o homem sanguinário e fraudulento' (Sl 5, 6-7).
'O Senhor odeia toda abominação e ela não será amada pelos que O temem' (Eclo 15, 13).
'Tens ódio aos adoradores de coisas vãs e de mentiras' (Sl 30,5).
'Amas a justiça e odeies a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo da alegria de preferência a todos os teus companheiros' (Sl 44, 8).
'Ó vós que amais o Senhor, odiai o mal!' (Sl 96, 10).
'Ó Senhor, não odiarei os que Te odeiam? E não me consumirei contra os teus inimigos? Com ódio perfeito eu os odiei e tornaram-se meus inimigos' (Sl 138, 21 -22).
'Odeio a assembléia dos malvados e não me sentarei com os ímpios' (Sl 25, 5).
'Amemos as almas por amor de Jesus e não Jesus por amor das almas. Há ocasiões nas quais temos de passar deste instinto de amor divino para um outro, do amor às almas ao ódio à heresia. Este último sentimento ofende o mundo de modo particular, pois é tão contrário ao espírito do mundo que, mesmo no coração do bom fiel, o pouco de mundano que ele ainda conserva se levanta contra o ódio da heresia.
É um fermento que irrita mesmo os caracteres mais doces. Muitos convertidos, com os quais Deus queria fazer grandes coisas, caminham para o túmulo como um 'aborto espiritual', visto que não quiseram odiar a heresia. O coração que hesita em odiar a heresia ainda não se converteu. Nele Deus ainda não reina com uma soberania indivisa, e os caminhos que levam à mais elevada santidade estão fechados àquele coração. Conforme o parecer do mundo e dos cristãos mundanos, o ódio à heresia é exagero, aspereza, indiscrição, está fora de moda, absurdo, retrógrado, estreito, estúpido, imoral. Que podemos dizer em sua defesa? Nada que esses possam compreender! O melhor que podemos fazer, portanto, é calar-nos.
Se entendemos a Deus e Ele nos compreende, não é assim tão difícil percorrer a estrada, suspeitos, incompreendidos e até odiados. A opinião adocicada de certa gente boa, sem discernimento espiritual, adota a opinião do mundo e condena-nos, porque a bondade tímida tem uma segurança e uma aparência de doçura que estão longe de Deus e os seus instintos de caridade inclinam-se de preferência para aqueles que são menos corajosos por Deus, enquanto que a sua timidez é bastante ousada para censurar sem piedade.
Não se pode, se se está na plena posse das próprias faculdades, por-se a demonstrar ao mundo, a este inimigo de Deus, que um ódio completo e católico da heresia é próprio de um espírito reto. Poderíamos, porventura, obrigar um cego a escolher entre diversas cores? O amor divino põe-nos num outro nível de vida, de motivos e de princípios que não apenas deste mundo, mas inimigos jurados dele'.
(Excertos da obra 'Aos pés da Cruz', do Pe. Frederick Faber )