terça-feira, 23 de abril de 2013

O INFERNO QUE SALVA

O inferno leva muitas almas para o céu. O que leva muitas almas para o inferno é pensar que o inferno não existe. O que leva muitas almas para o inferno é o orgulho desmedido, é a presunção da verdade manipulada pela individualidade de se decidir apenas por si mesmo, é a arrogância da miserável condição humana tutelada por vanglórias efêmeras. O que leva muitas almas para o inferno é a indiferença às graças divinas, é a busca da satisfação a qualquer preço aos mais sórdidos instintos. O que leva muitas almas para o inferno é a maliciosa concessão ao pecado frequente e glamourizado. 

O inferno em si não condena ninguém. Pelo contrário, o inferno leva muitas almas para o céu. Tangido pelo horror da eternidade do inferno, o homem se reconhece pecador e necessitado da misericórdia de Deus. Pecador, mas não refém do pecado; consciente de que é na fraqueza humana que se manifesta a força de Cristo; na incapacidade de amar sem reservas, suplicar pelo Amor sem limites; no vazio das amarguras diárias, construir uma alma revestida da eternidade. Eis o propósito de minha alma eivada da crença do inferno: entregar, com simplicidade a despojamento absoluto, o meu nada no coração de Deus.   

Se é assim, tão transparente e cristalina quanto a misericórdia divina, porque esta verdade demolidora não é trombeteada a plenos pulmões, pelos quatro cantos da terra, pelos servos de Deus? Por que o dogma da existência do inferno é escondido dos fiéis? De que vale as tolas preocupações da vida diante os mistérios dos Novíssimos do homem? Os sacerdotes receberam do Cristo a missão de salvar almas e como se salvam almas mostrando a realidade eterna do inferno! E, qualquer ser humano, morrendo em pecado mortal, ganha a eternidade do inferno. E nisso não existe objeção alguma à misericórdia de Deus; simplesmente porque Deus abomina o pecado, qualquer pecado, mas o pecado mortal, por um ato de responsabilidade pessoal do homem, aniquila em sua alma, absolutamente, incondicionalmente, intempestivamente, definitivamente, a misericórdia de Deus.

Mas a graça persiste e reluz como ouro pela sagrada confissão. Ai dos santos se não tivessem confessado. A confissão nos torna santos; as indulgências nos santificam, as orações e as boas obras nos fazem perseverar no caminho da santidade. O Santo Rosário e o Escapulário são as armaduras da graça. E os santos, os que o são de verdade e os que buscam trilhar os seus caminhos para chegar ao céu, temem, e como temem, o inferno. A meditação frequente e consciente sobre o inferno gera santos. Quem não teme o inferno são os pecadores: quantos milhares de milhares só acreditarão no inferno quando estiverem lá? O inferno não condena ninguém, o inferno salva, porque a crença consciente no inferno leva muitas almas para o céu.