quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

AS QUATRO VERDADES DO 'SERVIR A DEUS'

PRIMEIRA VERDADE

O servir a Deus não é somente o negócio mais importante que temos, mas é o nosso único negócio!

É verdade tão óbvia que se basta em afirmá-la. Querer demonstrá-la é desperdício de tempo e de palavras. Mas ai de mim! mesmo as pessoas espirituais precisam que se lhes lembre dessa verdade elementar. Procedamos a rápido exame. Estamos nós inteiramente convencidos desta grande verdade? Tem a nossa vida passada dado provas disso? É a nossa vida presente pautada neste princípio? Estamos fazendo algum esforço para que assim seja, pelo menos no futuro? Qual o resultado, quando comparamos nossa prontidão e diligência nos negócios temporais, com a preferência que devemos dar ao serviço de Deus sobre todas as coisas? Estamos atentos a dar-Lhe a maior glória ou a nossa união mais íntima com Ele? É claro que, por princípio, nenhum objeto ou empreendimento nos é tão empolgante, tão excelente, quanto o serviço a Deus?

SEGUNDA VERDADE

O espírito com que servimos a Deus deve ser sem reserva alguma!

Preciso prová-lo? O que significa ter reservas? Pode-se ter reservas para com Deus? Pode a sua soberania ter limites ou o amor que lhe temos ter a medida do suficiente? Não temos, entretanto, atualmente, reservas para Ele? Não haverá realmente, algum canto do nosso coração em que Ele não reine como Senhor absoluto? Damos-Lhe liberdade para pedir o que deseja? Tratamos de dar-Lhe tudo o que nos pede? Não Lhe impomos alguma restrição ou condição implícita para que peça até certo ponto e não além? Podemos dizer que nossa vida exterior depende completa e incondicionalmente de Deus? E que, finalmente, o reino de  nossas intenções interiores repousa tranquilamente sob o seu domínio incontestável?

TERCEIRA VERDADE

A nossa paixão dominante deve ser o horror ao pecado, mesmo ao pecado venial e às indignas imperfeições!

Ora, já sabemos o que significa este sentimento. Quando lemos algo a respeito nos livros espirituais, não nos parece falso exagero? Temos pedido a Deus com fervor que nos dê um ódio crescente ao pecado?  Não há outros muitos males que nos afligem mais vivamente? Sentimo-nos atraídos ao Getsêmani e à visão misteriosa do Mestre esmagado, como as uvas num lagar de vinho, sob o horror que Lhe inspiram os pecados do mundo? Até sentirmos algo deste horror ao pecado, os princípios sobrenaturais dificilmente tomarão posse da nossa inteligência. 

QUARTA VERDADE

Devemos evitar, como se sacrilégio fosse, qualquer negligência nas nossas relações com Deus!

Decerto, o terror de sua majestade e a imensidão do seu amor deveriam fazer dessa máxima um dos nossos axiomas fundamentais. Há, na negligência, um desprezo pessoal que a torna por demais terrível para aliar-se à ideia de Deus. É, de fato, maior ateísmo prático que muito pecado grave, a que somos levados, traiçoeiramente, pela veemência das paixões culpadas. Em que pé, portanto, estamos quanto à meditação, à oração vocal, à missa, à confissão, à comunhão? E se não praticamos bem estes deveres estritamente espirituais, que será dos deveres de estado, com os quais temos de operar a nossa salvação, e que só podem ser santificados por extrema pureza de intenção? 

(Excerto da obra: 'Progresso na Vida Espiritual' do Pe. Frederick William Faber; Editora Vozes, 1939)