'Stabat Mater Dolorosa' é considerado um dos maiores sete hinos litúrgicos latinos de todos os tempos. O hino tem origem no século XIII e sua autoria tem sido atribuída ao Papa Inocêncio III (m. 1216), São Boaventura, ou mais provavelmente, Jacopone da Todi (1230-1306). A partir de 1727 e até os dias atuais, tornou-se ofício comum aplicado às liturgias do Setenário das Dores de Nossa Senhora, tendo recebido inúmeras adaptações musicais em latim e em diferentes vernáculos.
HINO STABAT MATER DOLOROSA
Stabat mater dolorosa
iuxta Crucem lacrimosa,
dum pendebat Filius.
Estava a mãe dolorosa
chorando junto à cruz
da qual seu Filho pendia.
Cuius animam gementem,
contristatam et dolentem
pertransivit gladius.
Sua alma soluçante,
inconsolável e angustiada
era atravessada por um punhal.
O quam tristis et afflicta
fuit illa benedicta,
mater Unigeniti!
Ó, quão triste e aflita
estava a bendita mãe
do Filho Unigênito!
Quae maerebat et dolebat,
pia Mater, dum videbat
nati poenas inclyti.
Transpassada de dor,
chorava, vendo
o tormento do seu Filho.
Quis est homo qui non fleret,
matrem Christi si videret
in tanto supplicio?
Quem poderia não se entristecer
ao contemplar a Mãe de Cristo
sofrendo tanto suplício?
Quis non posset contristari
Christi Matrem contemplari
dolentem cum Filio?
Quem poderia conter as lágrimas
vendo a mãe de Cristo
dolorida junto ao seu Filho?
Pro peccatis suae gentis
vidit Iesum in tormentis,
et flagellis subditum.
Pelos pecados do seu povo
Ela viu Jesus no tormento,
flagelado por seus súditos.
Vidit suum dulcem Natum
moriendo desolatum,
dum emisit spiritum.
Viu seu doce Filho
morrendo desolado
ao entregar seu espírito.
Eia, Mater, fons amoris
me sentire vim doloris
fac, ut tecum lugeam.
Ó mãe, fonte de amor,
faz-me sentir toda a tua dor
para que eu chore contigo.
Fac, ut ardeat cor meum
in amando Christum Deum
ut sibi complaceam.
Faz com que meu coração arda
no amor a Cristo Senhor
para que possa consolá-lo.
Sancta Mater, istud agas,
crucifixi fige plagas
cordi meo valide.
Santa Mãe, marca profundamente
no meu coração
as chagas do teu Filho crucificado.
Tui Nati vulnerati,
tam dignati pro me pati,
poenas mecum divide.
Por mim, teu Filho coberto de chagas
quis sofrer seus tormentos,
quero compartilhá-los.
Fac me tecum pie flere,
crucifixo condolere,
donec ego vixero.
Faz com que eu chore
e que carregue com Ele a sua cruz
enquanto dure a minha existência.
Iuxta Crucem tecum stare,
et me tibi sociare
in planctu desidero.
Quero estar em pé
ao teu lado, junto à cruz
chorando junto a ti.
Virgo virginum praeclara,
mihi iam non sis amara,
fac me tecum plangere.
Virgem das virgens notável,
não sejas rigorosa comigo,
deixa-me chorar junto a ti.
Fac, ut portem Christi mortem,
passionis fac consortem,
et plagas recolere.
Faz com que eu compartilhe a morte de Cristo
que participe da sua paixão
e que rememore suas chagas.
Fac me plagis vulnerari,
fac me Cruce inebriari,
et cruore Filii.
Faz com que me firam suas feridas,
que sofra o padecimento da cruz
pelo amor do teu Filho.
Flammis ne urar succensus,
per te, Virgo, sim defensus
in die iudicii.
Inflamado e elevado pelas chamas,
seja defendido por ti, ó Virgem,
no dia do Juízo Final.
Christe, cum sit hinc exire,
da per Matrem me venire
ad palmam victoriae.
Faz com que eu seja custodiado pela cruz,
fortalecido pela morte de Cristo
e confortado pela graça.
Quando corpus morietur,
fac, ut animae donetur
paradisi gloria. Amen.
Quando o corpo morrer,
faz com que minha alma alcance
a glória do Paraíso. Amém.