sexta-feira, 11 de agosto de 2023

PALAVRAS ETERNAS (XVIII)


Há quem busque o saber por si mesmo, conhecer por conhecer: 
é uma indigna curiosidade.

Há quem busque o saber só para poder exibir-se: 
é uma indigna vaidade. 

Há quem busque o saber para vendê-lo por dinheiro ou por honras: 
é um indigno tráfico.

Mas há quem busque o saber para se edificar, 
e isto é prudência.

E há quem busque o saber para edificar os outros, 
e isto é amor. 

(São Bernardo de Claraval)

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

O NOSSO MAIOR INIMIGO

O que é mais importante do que saber que este nosso corpo é o maior opositor e inimigo que temos? Inimigo mortal, o maior traidor que jamais se viu, que anda buscando a morte, e morte eterna, a quem lhe dá de comer e tudo de que necessita; que por ter ele um pouco de prazer, não teme em nada ultrajar a Deus e jogar alma e corpo no inferno, para sempre... Quantas vezes vos tem posto no inferno esse vosso inimigo? Quantas vezes vos tem feito ofender a Infinita Bondade? De quantos bens espirituais vos há privado? Quantas vezes põe vossa salvação em perigo a cada hora? Pois quem não se indignará e tomará uma coragem santa contra quem tantos males lhe faz, de tantos bens lhe priva e em tantos perigos lhe põe a cada momento?

Se detestamos ao demônio e lhe temos por capital inimigo pela guerra e dano que que nos faz, maior inimigo é nossa carne, porque ela nos faz mais cruel e mais contínua guerra, e muito pouco poderiam os demônios, se não tivessem por eles esta carne e sensualidade para fazer-nos guerra com ela. Isto fazia aos santos ter este ódio e aborrecimento contra si mesmos; e daí nascia neles um espírito grande de mortificação e penitência para vingar-se deste seu inimigo, e trazê-lo sujeito e rendido, e andar sempre com temor de dar algum contento e conforto ao seu corpo, parecendo-lhes que isso era ajudar e dar armas a seu inimigo, para que obrasse brios e forças para lhes fazer mal.

Diz Santo Agostinho: 'Não ajudemos nem demos forças a nossa carne, para que não faça guerra contra o espírito' (De salutaribus monitis, c. 35), mas procuremos castigá-la e mortificá-la para que não se rebele, porque, como diz o Sábio (Pv 29, 21): 'aquele que delicadamente cria o seu servo desde sua primeira idade, depois o achará rebelde e contumaz'.

Andavam aqueles santos monges antigos com tão grande cuidado neste exercício, procurando mortificar e diminuir as forças a este inimigo, que quando outros meios não bastavam, realizavam trabalhos corporais muito excessivos para domar e quebrantar seu corpo, como conta Paládio de um monge que era muito fatigado de pensamentos de vaidade e soberba, e não podendo afastá-los de si, resolveu tomar uma pá e passar um grande montão de terra de uma parte a outra. Perguntavam-lhe: 'Que fazeis?' Ao que respondia: 'Atormento e fatigo a quem me fatiga e atormenta; vingo-me de meu inimigo'. O mesmo se diz de São Macário em sua Vida; e de São Doroteu conta-se que fazia grande penitência e afligia muito ao seu corpo e, uma vez, vendo-lhe outro tão torturado, disse-lhe: 'Por que atormentas tanto o teu corpo?' Respondeu: 'Porque mata ele a mim'.

O glorioso São Bernardo, incendido em um ódio e coragem santa contra seu corpo, como contra seu inimigo capital, dizia: 'Levante-se Deus em nossa ajuda, e seja destruído este inimigo, menosprezador de Deus, amador do mundo e de si mesmo, servo e escravo do demônio. Por certo, se tendes bom sentir, que digais comigo: Bem merece a morte! morra o traidor! coloquem-no no madeiro, crucifiquem-no!'. Pois com estes brios e zelos nós temos que empenhar, mortificando nossa carne e sujeitando-a para que não se rebele, e arraste após si o espírito e a razão e tanto mais que, vencido este inimigo, ficará também o demônio vencido. Assim como os demônios nos fazem guerra e nos procuram vencer por meio de nossa carne, assim nós havemos de fazer guerra aos demônios e vencê-los, mortificando-a e contradizendo-a.

Nota isto muito bem Santo Agostinho quando ratificando as palavras do Apóstolo: 'Não luto eu contra o demônio como quem dá golpes no ar e briga com fantasmas, porque isso é inútil, senão que castigo e mortifico minha carne, e procuro trazê-la sujeita e rendida (I Cor 9, 20), complementa: 'castigai vossa carne, mortificai as vossas paixões e más inclinações e, dessa maneira, vencereis os demônios, porque assim nos ensina o Apóstolo a pelejar contra eles'.

Como um capitão em combate põe na masmorra e deixa preso em ferros o mouro que tem cativo, para que não se levante contra ele e ajude os seus inimigos, façamos nós o mesmo, sujeitando e mortificando nossa carne, para que não se junte ao bando dos nossos inimigos.

(Excertos da obra 'Exercício de Perfeição e Virtudes Cristãs', do Pe. Alonso Rodríguez)

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

O DOGMA DO PURGATÓRIO (LXI)

Capítulo LXI

Alívio às Santas Almas pelo Santo Sacrifício da Missa - Santa Teresa e Bernardino de Mendoza - Número de Missas x Pompas das Exéquias

Concluamos o que dissemos sobre o Santo Sacrifício com as palavras que Santa Teresa relata sobre Bernardino de Mendoza. Ela relata este fato no seu Livro das Fundações (capítulo 10), da seguinte forma: 'Na Festa de Finados, Dom Bernardino de Mendoza doou uma casa com um belo jardim, em Madrid, para que ela fundasse ali um mosteiro em honra da Mãe de Deus. Dois meses depois, ele adoeceu subitamente e perdeu a fala, de modo que não podia nem confessar, embora desse muitos sinais de contrição. 'Morreu '- diz Santa Teresa - 'muito pouco tempo depois, e longe do lugar onde eu estava. Mas Nosso Senhor falou-me e me disse que ele estava salvo, apesar de ter corrido um grande risco; mas que a misericórdia lhe tinha sido feita por causa da doação da casa ao convento de Sua Mãe Santíssima; mas que a sua alma só seria libertada dos sofrimento quando fosse rezada a primeira missa naquele lugar. Senti tão profundamente as dores que esta alma sofria que, embora estivesse muito ansiosa para realizar a fundação de um convento em Toledo, parti imediatamente para Valladolid no dia de São Lourenço'.

'Um dia, quando estava a rezar em Medina del Campo, Nosso Senhor me disse para que me apressasse o máximo possível, porque a alma de Mendoza era refém dos mais intensos sofrimentos. Ordenei imediatamente aos pedreiros que erguessem sem demora as paredes do convento; mas como isso levaria muito tempo, pedi ao bispo autorização para fazer uma capela provisória para uso das Irmãs que eu tinha trazido comigo. Obtida a autorização, mandei rezar a missa e, no momento em que deixava o meu lugar para me aproximar da Santa Mesa, vi o nosso benfeitor que, de mãos unidas e rosto radiante, me agradeceu por o ter libertado do Purgatório. Depois eu o vi entrar no Céu. Fiquei tanto mais contente quanto não contava com isso assim. Isto porque, embora Nosso Senhor me tivesse revelado que a libertação desta alma se seguiria à celebração da primeira missa na casa, eu pensava que deveria ser a primeira missa em que o Santíssimo Sacramento fosse ali reservado'. Este belo relato nos mostra não só a eficácia do Santo Sacrifício da missa, mas também a terna bondade com que Jesus se interessa pelas almas santas, condescendendo mesmo em solicitar os nossos sufrágios em favor delas.

Mas, sendo o Divino Sacrifício de tanto valor, pode-se perguntar se um grande número de missas proporciona às almas mais alívio do que um número menor, mas que, em compensação, são acompanhadas por magníficas exéquias e abundantes esmolas? A resposta a esta pergunta pode ser deduzida do espírito da Igreja, que é o espírito do próprio Jesus Cristo e a expressão da sua vontade. Ora, a Igreja aconselha os fiéis a mandarem rezar pelos defuntos, a darem esmolas e a praticarem outras boas obras, a pedirem indulgências para eles mas, sobretudo, mandarem celebrar a Santa Missa e a ela assistirem. Embora dando o primeiro lugar ao Divino Sacrifício, ela aprova e faz uso de vários tipos de sufrágios, de acordo com as circunstâncias, devoção ou condição social do falecido ou dos seus herdeiros.

É um costume católico, religiosamente observado desde a mais remota antiguidade, mandar celebrar a missa pelos defuntos com cerimônias solenes, e fazer um funeral com tanta pompa quanto as posses o permitam. A despesa com isso é uma esmola dada à Igreja, uma esmola que, aos olhos de Deus, aumenta muito o preço do Santo Sacrifício e seu valor compensatório para o falecido. É bom, porém, regular as despesas do funeral, de modo a deixar uma soma suficiente para um certo número de missas, e também para dar esmolas aos pobres. O que se deve evitar é perder de vista o caráter cristão dos funerais e considerar a cerimônia fúnebre menos como um grande ato de religião do que como uma mera manifestação de vaidade mundana.

O que deve ainda ser evitado são os emblemas profanos de luto que não são conformes à tradição cristã, tais como as coroas de flores, com as quais, com grande despesa, se carregam os caixões dos mortos. Trata-se de uma inovação, justamente desaprovada pela Igreja, à qual Jesus Cristo confiou o cuidado dos ritos e cerimônias religiosas, sem exclusão das cerimônias fúnebres. Aquelas de que ela se serve por ocasião da morte de seus filhos são veneráveis pela sua antiguidade e cheias de sentido e de consolação. Tudo o que se apresenta aos olhos dos fiéis em tais ocasiões, a cruz e a água benta, as luzes e o incenso, as lágrimas e as orações, respiram a compaixão pelas pobres almas, a fé na Divina Misericórdia e a esperança da imortalidade. O que há de tudo isso nas frias coroas de violetas? Não dizem nada à alma cristã; não passam de emblemas profanos desta vida mortal, que contrastam estranhamente com a cruz, e que são estranhos aos ritos da Igreja Católica.

Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog.

terça-feira, 8 de agosto de 2023

A DESIGUALDADE É INJUSTA?


'Porque (o reino dos céus) será como um homem… que deu cinco talentos (a um servo), e a outros dois, e a outro um, e a cada um segundo a sua capacidade' (Mt 25,14-15).

'Por que é que um dia é preferido a outro dia, uma luz a outra luz e um ano a outro ano, provindo todos do mesmo sol? Foi a ciência do Senhor que os diferenciou, depois que criou o sol, o qual obedece às suas ordens. E variou as estações e os seus dias de festa, e nelas se celebraram as solenidades à honra determinada. Destes mesmos dias fez Deus a uns grandes e sagrados, e a outros pôs nos números de dias comuns. E assim é que também todos os homens são feitos do pó e da terra, de que Adão foi formado. O Senhor, porém, pela grandeza de sua sabedoria, distinguiu-os, e diversificou os seus caminhos, A uns abençoou e exaltou; a outros santificou e tomou para si; e a outros amaldiçoou e humilhou, e expulsou-os, depois de os ter separado, como o barro está nas mãos do oleiro, para lhe dar a forma e disposição que deseja, e para o empregar nos usos que lhe aprouver, assim o homem se encontra na mão daquele que o criou, e que lhe dará o destino segundo o seu juízo. Contra o mal está o bem, e contra a morte a vida; assim também contra o homem justo está o pecador. Considera assim todas as obras do Altíssimo. Achá-las-ás duas a duas e uma oposta à outra' (Ecle 33,7-15).

'O primeiro princípio a por em evidência é que o homem deve aceitar com paciência a sua condição: é impossível que na sociedade civil todos estejam elevados ao mesmo nível. É, sem dúvida, isto o que desejam os socialistas; mas contra a natureza todos os esforços são vãos. Foi Deus, realmente, que estabeleceu entre as homens diferenças tão multíplices como profundas; diferenças de inteligência, de talento, de habilidade, de saúde, de força; diferenças necessárias, de onde nasce espontaneamente a desigualdade das condições. Esta desigualdade, por outro lado, reverte em proveito de todos, tanto da sociedade como dos indivíduos; porque a vida social requer um organismo muito variado e funções muito diversas, e o que leva precisamente os homens a partilharem estas funções é, principalmente, a diferença de suas respectivas condições' (Leão XIII, Rerum Novarum).

'Por isso, assim como no Céu quis que os coros dos anjos, fossem distintos e subordinados uns aos outros, e na Igreja instituiu graus e diversidade de ministérios, de tal forma que nem todos fossem apóstolos, nem todos doutores, nem todos pastores (1Cor 12,27). Assim estabeleceu que haveria na sociedade civil várias ordens diferentes em dignidade, em direitos e em poder, a fim de que a sociedade fosse, como a Igreja, um só corpo, compreendendo um grande número de membros, uns mais pobres que os outros, mas todos reciprocamente necessários e preocupados com o bem comum' (Leão XIII, Quod Apostolici Muneris).

‘Num povo digno de tal nome, todas as desigualdades, não arbitrárias, mas derivadas da mesma natureza das coisas, desigualdades de cultura, posses, posição social (sem prejuízo, bem entendido, da justiça e da caridade) não são de modo algum obstáculo à existência ou ao predomínio de um autêntico espírito de comunidade e fraternidade. Pelo contrário, longe de lesar de algum modo a igualdade civil, lhe conferem o seu legítimo significado: Isto é, que defronte do Estado cada qual tem o direito de viver honradamente a própria vida pessoal, no lugar e nas condições em que os desígnios e disposições da Divina Providência o tiverem colocado’ (Pio XII, Radiomensagem de Natal de 1944).

'Nos seres naturais, vemos que as espécies são gradativamente ordenadas; assim, os compostos são mais perfeitos do que os elementos, as plantas do que os minerais, os animais do que as plantas e os homens do que os outros animais; e, em cada uma dessas classes, encontram-se espécies mais perfeitas do que as outras. Portanto, sendo a divina sabedoria a causa da distinção das coisas, para a perfeição do universo, assim o será da desigualdade' (São Tomás de Aquino, Suma Teológica).

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

POEMAS PARA REZAR (XLVII)


FALANDO COM DEUS

Só vos conhece, Amor, quem se conhece,
Só vos entende bem, quem bem se entende,
Só quem se ofende a si, não vos ofende,
E só vos pode amar quem se aborrece.

Só quem se mortifica, em Vós floresce,
Só é senhor de si quem se vos rende,
Só sabe pretender quem vos pretende,
E só sobe por Vós quem por Vós desce.

Quem tudo por Vós perde, tudo ganha,
Pois tudo quanto há, tudo em Vós cabe;
Ditoso quem no vosso amor se inflama,

Pois faz troca tão alta e tão estranha;
Mas só vos pode amar o que vos sabe,
Só vos pode saber o que vos ama.

Jerônimo Baía (1627-1688)

DOUTORES DA IGREJA (XX)

 20São Cirilo de Alexandria, Bispo (†444)

Doutor da Encarnação
Concessão do título: 1883 - Papa Leão XIII

Celebração: 27 de junho (Memória Facultativa)

 Obras e Escritos 

  • Comentários sobre o Antigo Testamento
  • Comentário sobre o Evangelho de João
  • Homilias sobre o Evangelho de Lucas
  • Homilias sobre o Evangelho de Mateus [fragmentos]
  • Tornando-se Templos de Deus
  • Discurso contra Arianos
  • Thesaurus (objeções às heresias arianas)
  • Cinco Tomos contra Nestório (escritos anti-nestorianos)
  • Contra Diodoro [de Tarso] e Teodoro [de Mopsuéstia] (mestres de Nestório)
  • Quod unus sit Christus - Sobre a Unidade de Cristo
  • Scholia de Incarnatione Unigeniti - Escola da Encarnação do Unigênito
  • Diálogos sobre a Trindade
  • Contra Juliano
  • Cartas
  • Sermões

domingo, 6 de agosto de 2023

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Deus é Rei, é o Altíssimo, muito acima do universo!(Sl 96)

Primeira Leitura (Dn 7,9-10.13-14) - Segunda Leitura (2Pd 1,16-19)  -  Evangelho (Mt 17,1-9)

 06/08/2023 - Festa da Transfiguração do Senhor

37. A TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR


'Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha' (Mt 17,1). Uma alta montanha, o Monte Tabor. Como testemunhas da extraordinária manifestação da glória celeste e da vida eterna em Deus, Jesus conduz os três apóstolos escolhidos para o alto, numa clara assertiva de que é por meio da profundo recolhimento interior e da elevação da alma muito acima das coisas do mundo é que podemos viver efetivamente a experiência plena da contemplação de Deus.

'E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz' (Mt 17,2). No mistério da transfiguração do Senhor, os apóstolos testemunharam antecipadamente alguma coisa dos mistérios de Deus. Algo profundamente diverso da natureza humana, pois nascido direto da glória de Deus. Algo muito limitado da Visão Beatífica, posto que deveria atender sentidos humanos: 'nem o olho viu, nem o ouvido ouviu, nem jamais passou pelo pensamento do homem o que Deus preparou para aqueles que O amam' (1 Cor 2, 9). Ainda assim, algo tão extraordinário e consolador, que perturbou completamente aqueles homens e, ao mesmo tempo, os moldou definitivamente na certeza da vitória e da ressurreição de Cristo.

'Nisto apareceram-lhe Moisés e Elias, conversando com Jesus' (Mt 17, 3). A revelação da glória de Deus é atestada pela Lei e pelos Profetas, pelo Senhor da vida e da morte, pelos textos das Sagradas Escrituras. Naquele momento, se fecha a Lei e a morte (com Moisés) e se cumprem todas as profecias e se impõe a vida eterna em Deus (com Elias, que ainda vive). E, para não se ter dúvida alguma, Deus se pronuncia no Alto do Tabor em favor do Filho: 'Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o!' (Mt 17, 5).

Do alto do Tabor, a ordem divina ecoa pelos tempos e pelas gerações humanas a todos nós, transfigurados na glória de Deus pelo batismo e herdeiros do Tabor eterno: 'Escutai-o!' Como batizados, somos como os apóstolos descidos do monte e novamente envoltos pelas brumas e incredulidades do mundo. Pela transfiguração, entretanto, somos encorajados a vencer o mundo como Cristo, a superar a fragilidade de nossos sentidos, a elevarmos nosso pensamento às coisas do Alto, a manifestar em nós a glória de Deus como primícias do Céu, sob a divina consolação: 'Levantai-vos e não tenhais medo' (Mt 17, 7).