sábado, 5 de agosto de 2023

DECÁLOGO SOBRE A CONTRIÇÃO

1. A contrição perfeita é aquela que tem por motivo o amor de Deus, pois reconcilia o pecador com Deus, ainda antes da recepção do sacramento da penitência; porém, deve sempre encerrar o desejo e a vontade de recebê-la (Concílio de Trento).

2. A contrição cura a alma, ilumina o espírito e apaga os pecados (Santo Efrém).

3. Quando ouvirdes falar das lágrimas da contrição, não vos figureis que sejam a imagem da dor e dos sofrimentos; são mais doces que todas as delícias que se podem gozar neste mundo (São João Crisóstomo).

4. Semelhante à cera que contém o mel, a compunção contém um manancial inesgotável de doçuras espirituais; Deus visita e consola, de um modo invisível, porém inefável, os corações despedaçados por uma santa dor (São João Clímaco).

5. Correi, pois, lágrimas de compunção; correi como uma torrente, ondas bem-aventuradas; limpai essa consciência manchada, lavai esse coração profanado, e devolvei-me aquela alegria divina que é fruto da justiça e da inocência (Bossuet).

6.  A compunção do coração e as lágrimas sinceras são um verdadeiro batismo (São Bernardo).

7. Uma ferida profunda e muito perigosa requer um poderoso remédio: o pecado é uma grande ofensa, que impõe como necessária uma grande satisfação (Santo Ambrósio).

8. Há muitos homens que confessam com frequência que são pecadores e, contudo, deleitam-se ainda no pecar. Sua palavra é um reconhecimento e não uma mudança; declaram as chagas de sua alma e não as curam; confessam a ofensa e não a apagam. Somente o ódio ao pecado e o amor a Deus constituem uma verdadeira contrição (Santo Agostinho).

9. Está convertido e seguro do perdão somente aquele que chora o seu pecado e não descuida nada para não voltar a recair nele (São Gregório).

10. Aqueles que semeiam lágrimas, ceifarão plenos de júbilo. Quando espalhavam as suas sementes, iam chorando; mas, quando retornarem, voltarão com grande regozijo, trazendo os grandes feixes de suas colheitas (Sl 125, 5-6).

PRIMEIRO SÁBADO DO MÊS

      

DEVOÇÃO DOS CINCO PRIMEIROS SÁBADOS  

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

PALAVRAS DA SALVAÇÃO

'O que Cristo fez e ensinou foi a vontade de Deus: a humildade na conduta, a firmeza na fé, a contenção nas palavras, a justiça nas ações, a misericórdia nas obras, a retidão nos costumes; ser incapaz de fazer o mal, mas poder tolerá-lo quando se é vítima dele; manter a paz com os irmãos; querer ao Senhor de todo o coração; amar nele o Pai e temer a Deus. Não por nada à frente de Cristo, pois Ele próprio nada pôs à nossa frente; ligarmo-nos inabalavelmente ao seu amor; abraçar com força e confiança a própria cruz; quando for preciso, lutar pelo seu nome e pela sua honra, mostrar constância na nossa profissão de fé; sob tortura, mostrar essa confiança que sustenta o nosso combate e, na morte, essa perseverança que nos faz alcançar a coroa. Querer ser herdeiro com Cristo - é nisso que consiste obedecer aos preceitos de Deus; é nisso que consiste cumprir a vontade do Pai'.

(São Cipriano de Cartago)

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS

 

DEVOÇÃO DAS NOVE PRIMEIRAS SEXTAS - FEIRAS  

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

FRASES DE SENDARIUM (VI)

 

'A medida do amor é amar sem medida' 

                                                                                                                     (Santo Agostinho)


Buscai a perfeição, vivei para a tua completa santificação. Isto não é uma utopia: Deus quer tão somente o teu firme propósito em ser instrumento dócil do amor divino no mundo 

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

SOBRE AS SECURAS E TENTAÇÕES ESPIRITUAIS

São Francisco de Sales nos diz que a verdadeira devoção e o verdadeiro amor de Deus não consistem em sentir consolações espirituais nos exercícios de piedade, mas em ter uma vontade resoluta de só querer e fazer aquilo que Deus quer. É só para este fim que devemos orar, comungar, praticar a mortificação e qualquer outra virtude que agrada a Deus, muito embora façamos isso sem satisfação alguma e no meio de mil tentações e aborrecimentos de espírito. 'Pelas securas e tentações' -  diz Santa Teresa - 'o Senhor experimenta os que o amam. Posto que a secura continue durante toda a vida, não deixe a alma de fazer oração; virá tempo em que será bem paga por tudo'.

Segundo o aviso dos mestres da vida espiritual devemos, no tempo da desolação, exercitar-nos principalmente em fazer atos de humildade e de resignação. Não há tempo mais próprio para conhecermos a nossa fraqueza e miséria como quando na oração estamos áridos, aborrecidos, distraídos e desgostosos, sem fervor sensível, mesmo sem desejo sensível de progredirmos no amor divino. Então a alma diz: 'Senhor, tende compaixão de mim! Vede como sou incapaz de fazer qualquer ato de virtude'. Ela deve também praticar a resignação e dizer: 'Meu Deus, deixai-me ficar nesta escuridão e aflição; seja sempre feita a vossa vontade! Não desejo consolações; basta-me estar aqui para vos agradar'. E assim ela deve perseverar na oração todo o tempo determinado.

A maior pena, porém, das almas amantes da oração, não é tanto a secura, como a escuridão, na qual a alma se vê privada de toda a boa vontade, e tentada contra a fé e contra a esperança. Eis porque nesse tempo a solidão lhe é um horror e a oração lhe parece um inferno. Então ela deve criar coragem e lembrar-se que esses temores de ter consentido na tentação ou na desconfiança, não são senão temores vãos e tormentos da alma, mas não atos da vontade e por isso são isentos de pecado.

No tempo da desolação e escuridão não quer a alma assegurar-se de que está na graça de Deus e isenta de pecado. Tu então queres saber e estar certo de que Deus te ama; mas Deus nesse tempo não o quer fazer conhecer. Quer que te apliques à humildade, à confiança na sua bondade, e à resignação à sua vontade. Tu então queres ver, e Deus não quer que vejas. A este respeito diz São Francisco de Sales que a resolução que tens (ao menos com uma ponta da vontade) de amar a Deus e de não lhe dar deliberadamente o menor desgosto, te afiança que estás na graça de Deus. Nesse tempo, abandona-te todo nos braços da misericórdia divina, protesta que não queres outra coisa senão Deus e sua santa vontade, e não temas. Ó quanto agradam a Deus os atos de confiança e de resignação feitos no meio dessas trevas pavorosas!

Santa Joana de Chantal sofreu por um espaço de 41 anos penas interiores, acompanhadas de tentações horrorosas e do temor de estar em pecado e abandonada por Deus. Pelo que dela dizia São Francisco de Sales, que a sua bendita alma era como um músico surdo, que canta bem, mas não pode gozar da voz, porque a não ouve.  A alma que é provada pelas securas, por mais densas que sejam no sangue de Jesus Cristo, resigne-se à vontade divina e diga: 'Ó Jesus, minha esperança e único amor da minha alma, eu não mereço as vossas consolações. Guarde-as para aqueles que Vos têm amado sempre; eu só mereci o inferno, abandonado para sempre de Vós e sem esperança de Vos poder ainda amar. Privai-me de todas as coisas, mas não de Vós. Amo-vos, miserável como sou. Jesus, meu Deus, eu vos amo sobre todas as coisas; consagro-me todo a Vós e não quero mais viver para mim mesmo. Dai-me força para vos ser sempre fiel. Ó Virgem Santíssima, esperança dos pecadores, tenho confiança na vossa intercessão; fazei que eu ame sempre o meu Deus, meu Criador e Redentor. 

(Excertos da obra 'Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano', de Santo Afonso Maria de Ligório)

terça-feira, 1 de agosto de 2023

A IMAGEM DE DEUS


O telescópio espacial James Webb, lançado ao espaço no Natal de 2021, é uma das mais extraordinárias façanhas da ciência humana. Com um espelho principal medindo cerca de 6,5 metros de diâmetro e visão infravermelha, o telescópio permite desvendar as regiões mais profundas do universo conhecido, destacando galáxias, estrelas e sistemas planetários que se mostram totalmente invisíveis à luz natural. A própria jornada do telescópio ao seu ponto de observação no espaço constitui uma epopeia memorável, por superar sem problemas 344 pontos de falha potencialmente impactantes ao sucesso da chamada 'missão impossível'.

A foto acima (divulgada em julho de 2022) constitui a primeira imagem colorida do telescópio divulgada pela NASA, mostrando, ao que aparentemente seria apenas um ponto negro no universo,  um aglomerado de galáxias chamado SMACS 0723, exatamente como era há cerca de 4,6 bilhões de anos. O feito, naturalmente, foi comemorado com entusiasmo louvável por toda a comunidade científica mundial. Todos viram - ou buscaram ver - nesta foto detalhes cosmológicos de estrelas e galáxias distantes e perdidas nos tempos.  

E, surpreendentemente, não veem - ou não querem ver - que esta foto é simplesmente uma imagem de Deus. No absurdo anonimato dos espaços e dos tempos, num buraco negro do universo feito de milhões de anos-luz, existem milhões de estrelas ordenadas e distribuídas sistematicamente no espaço exíguo de uma foto e descomunal em termos de universo. Ver para crer. A ciência precisa ver para crer ou confirmar a crença que ali existam ou possam existir galáxias. No buraco negro das mentes científicas, não há um telescópio da fé que possa lhes fazer entender que simplesmente encontraram Deus e não o viram.