domingo, 5 de dezembro de 2021

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!' (Sl 125)


 05/12/2021 - Segundo Domingo do Advento

2. AQUIETAI AS COLINAS


Eis a hora do Precursor, o maior de todos os profetas, aclamado pelo próprio Cristo como 'o maior dentre os nascidos de mulher' (Mt 11,11). E, como precursor do Messias, João se autoproclamou 'a voz que clamava no deserto', símbolo dos terrenos estéreis e calcinados das almas tíbias e vazias dos homens daquele tempo. Era preciso gerar vida, frutos e abundância de graças nos corações dos homens duros e insensatos para receber o Cristo da Redenção, prestes a chegar.

João Batista foi escolhido por Deus para levar a todos os homens um batismo de conversão: 'percorreu toda a região do Jordão, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados, como está escrito no Livro das palavras do profeta Isaías: Esta é a voz daquele que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas. Todo vale será aterrado, toda montanha e colina serão rebaixadas; as passagens tortuosas ficarão retas e os caminhos acidentados serão aplainados. E todas as pessoas verão a salvação de Deus' (Lc 3, 3-6).

E o deserto de hoje é ainda mais árido, muitíssimo mais árido do que nos tempos do Profeta João Batista. O deserto tornou-se uma terra de desolação e infortúnio, na qual o pecado é espalhado como adubo e as blasfêmias contra Deus são os arados. Façamos ecoar pelos pântanos e areiais da nova vida costumeira o refrão profético: 'Aquietai as colinas, volvei ao chão toda montanha de ceticismo, de orgulho, de rebeldia maldosa!' Como iconoclastas de nossas própria ruínas, desfaçamos os templos da barbárie, do escândalo, das heresias, das blasfêmias e de tantos pecados cometidos contra a civilização cristã e a glória de Deus!

Somos a Igreja de Cristo que não se pode sustentar sobre as areias do deserto das almas tíbias, nem sobre as argilas frouxas do ateísmo e da indiferença religiosa. João Batista é tão atual quando da época de sua profecia e sua mensagem ressoa pelos séculos para ser ouvida e vivida pelos soldados de Cristo: tornemos o imenso deserto da nossa humanidade pervertida em terreno fértil para semear com abundância as vinhas do Senhor que está para chegar de novo.

sábado, 4 de dezembro de 2021

A VIDA OCULTA EM DEUS: MATRIMÔNIO ESPIRITUAL


Por que a palavra matrimônio? Devido à natureza indissolúvel desta união. Porque produz confirmação na graça - pelo menos São João da Cruz diz assim. É um contrato irrevogável, uma fé juramentada pela eternidade. Vós, ó meu Deus, sempre amareis a sua Esposa e sempre será amada por ela. A alma interior entende também assim. Ela tem uma percepção íntima disso, que é inerente a ela, mas que ela não pode atestar por completo porque não o pode provar. 

Por outro lado, apesar dessa segurança muito firme de que tem consciência, sobretudo em certos momentos, a alma não acredita que esteja minimamente dispensada das regras da prudência cristã no ritmo cotidiano de sua vida. Vê, pelo contrário, com a clareza das evidências, como é indispensável submeter-se a estas regras e não se desviar em nada dos caminhos da obediência. Deus a toma para si e ilumina aqueles que a guiam e a orientam em seu nome. E ela está em paz.

(Excertos da obra 'A Vida Oculta em Deus', de Robert de Langeac; Parte III - A União com Deus; tradução do autor do blog)

PRIMEIRO SÁBADO DO MÊS

  

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

POR QUE OS PECADORES SOFREM...


Expliquei antes que é a vontade que faz o homem sofrer. Meus servidores não sofrem porque se despojaram da vontade própria e se revestiram da minha. Eles vivem contentes, sentem a minha presença em suas almas. Mesmo que possuíssem o mundo inteiro, não seriam felizes se eu estivesse ausente. As realidades terrenas são menores que o homem, para ele foram criadas, e não vice-versa. Por tal motivo os bens materiais não satisfazem; somente eu sou capaz de saciar o homem. Já os infelizes pecadores, como cegos, afadigam-se continuamente, à procura de uma felicidade fora de mim. E sofrem.

Queres saber como sofrem? Quando alguém perde algo, com o que se identificara, seu apego faz sofrer. É o que acontece com os pecadores, identificados por vários modos com os bens materiais. Eles se materializam. Uns identificam-se com a riqueza, outros com a posição social, outros com os filhos; uns se afastam de mim por apego a uma pessoa; outros transformam o próprio corpo em animal imundo e impuro. Todos eles assim se nutrem de bens terrenos. Gostariam que tais realidades fossem duradouras, mas não o são. São perdidas por ocasião de mortes ou de outros acontecimentos por mim dispostos. Diante de tal perda, os pecadores entram em sofrimento atroz, pois a dor da separação se compara à desordenada afeição a posse.

Se os pecadores usassem os bens materiais enquanto emprestados, sem nenhum sofrimento os perderiam. Angustiam-se, por não mais ter o que amavam. O mundo não dá a felicidade total; não se sentindo inteiramente saciados, os pecadores sofrem. Quanta ilusão produz, por exemplo, o remorso; como se martiriza quem deseja vingar-se! O homem desejoso de vingança se corrói e morre antes mesmo de matar o inimigo. O primeiro morto é ele mesmo. Mata-se com o punhal do ódio. Quantos padecimentos no ganancioso, que multiplica ao extremo suas necessidades. E o invejoso, a morder-se no próprio coração; jamais se alegra com a felicidade alheia, angustia-se por falsos temores em tudo quanto se apega. Todos estes carregam-se com a cruz do diabo e experimentam nesta vida a certeza da condenação. Vivem diversamente doentes e, se não se corrigirem, vão depois para a morte eterna.

São homens feridos pelos espinhos das contradições, a torturarem-se interna e externamente. E por cima, sem merecimento algum! Sofrem na alma e no corpo, nada merecem; é sem paciência que padecem esses males. Vivem revoltados, apegando-se aos bens materiais com desordenado amor. Não possuem a graça e a caridade, são árvores mortas que produzem frutos mortíferos. Vão se afogando na dor pelo rio do pecado; cheios de ódio entram pela porta do diabo; atingem as águas mortas e chegam à condenação!

(O Diálogo – Santa Catarina de Sena)

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS

DEVOÇÃO DAS NOVE PRIMEIRAS SEXTAS - FEIRAS 

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

POR QUE REZAR O TERÇO TODOS OS DIAS?

Por que Nossa Senhora nos mandou rezar o Terço todos os dias e não nos mandou ir todos os dias assistir e tomar parte na Santa Missa?

Irmã Lúcia respondeu assim:

'Trata-se de uma pergunta que me tem sido feita muitas vezes e à qual gostaria de dar resposta agora. Certeza absoluta do porquê não a tenho, porque Nossa Senhora não me explicou e a mim também não me ocorreu de perguntar. Digo, por isso, simplesmente o que me parece e me é dado compreender a este respeito. Na verdade, a interpretação do sentido da mensagem deixo-a inteiramente livre à Santa Igreja, porque é a ela que pertence e compete; por isso, humildemente e de boa vontade me submeto a tudo o que ela disser e quiser corrigir, emendar ou declarar.

A respeito da pergunta feita, penso que Deus é Pai; e, como Pai, acomoda-se às necessidades e possibilidades dos seus filhos. Ora, se Deus, por meio de Nossa Senhora, nos tivesse pedido para irmos todos os dias participar e comungar na Santa Missa, por certo haveria muitos a dizerem, com justo motivo, que isso não lhes era possível. Uns, por causa da distância que os separa da igreja mais próxima onde se celebra a Eucaristia; outros, porque não lhe permitem as suas ocupações, os seus deveres de estado, o emprego, o seu estado de saúde, etc. Ao contrário, a oração do terço é acessível a todos, pobres e ricos, sábios e ignorantes, grandes e pequenos.

Todas as pessoas de boa vontade podem e devem, diariamente, rezar o seu terço. E para quê? Para nos colocarmos em contato com Deus, agradecer os seus benefícios e pedir-lhe as graças de que temos necessidade. É a oração que nos leva ao encontro familiar com Deus, como o filho que vai ter com o seu pai para lhe agradecer os benefícios recebidos, tratar com ele os seus assuntos particulares, receber a sua orientação, a sua ajuda, o seu apoio e a sua bênção.

Dado que todos temos necessidade de orar, Deus pede-nos, digamos como medida diária, uma oração que está ao nosso alcance: a oração do terço, que tanto se pode fazer em comum como em particular, tanto na igreja diante do Santíssimo como no lar em família ou a sós, tanto pelo caminho quando de viagem, como num tranquilo passeio pelos campos. A mãe de família pode rezar enquanto embala o berço do filho pequenino ou trata do arranjo de casa. O nosso dia tem vinte e quatro horas; não será muito se reservarmos um quarto de hora para a vida espiritual, para o nosso trato íntimo e familiar com Deus!

Por outro lado, eu creio que, depois da oração litúrgica do Santo Sacrifício da Missa, a oração do santo Rosário ou Terço, pela origem e sublimidade das orações que o compõem e pelos mistérios da redenção que recordamos e meditamos em cada dezena, é a oração mais agradável que podemos oferecer a Deus e de maior proveito para as nossas almas. Se assim não fosse, Nossa Senhora não o teria recomendado com tanta insistência.

Ao dizer o Rosário ou o Terço, não quero significar que Deus necessite que contemos as vezes que lhe dirigimos as nossas súplicas, os nossos louvores ou agradecimentos. Certamente Deus não precisa que os contemos: nEle tudo está presente! Mas nós precisamos de os contar, para termos a consciência viva e certa dos nossos atos e sabermos com clareza se temos ou não cumprido o que nos propusemos oferecer a Deus a cada dia, para preservarmos e aumentar o nosso trato de direta convivência com Deus, e, por esse meio, conservarmos e aumentarmos em nós a fé, a esperança e a caridade.

Direi ainda que, mesmo aquelas pessoas que têm possibilidade de tomar parte diariamente na Santa Missa, não devem, por isso, descuidar-se de rezar diariamente o seu terço. Bem entendido que o tempo apropriado para a oração do terço não é aquele em que toma parte na Santa Missa. Para estas pessoas, a oração do terço pode considerar-se uma preparação para melhor participarem da Eucaristia, ou então como uma ação de graças pelo dia afora.

Não sei bem, mas do pouco conhecimento que tenho do trato direto com as pessoas em geral, vejo que é muito limitado o número das almas verdadeiramente contemplativas que mantêm e conservam um trato de íntima familiaridade com Deus que as prepare dignamente para a recepção de Cristo, na Eucaristia. Assim, também para estas, torna-se necessária a oração vocal, o mais possível meditada, ponderada e refletida, como deve ser o terço.

Há muitas e belas orações que bem podem servir de preparação para receber Cristo na Eucaristia e para manter o nosso trato familiar de íntima união com Deus. Mas não me parece que encontremos alguma mais que se possa indicar e que melhor sirva para todos em geral, como a oração do Terço ou Rosário. Por exemplo, a oração da Liturgia das Horas é maravilhosa, mas não creio que possa ser acessível a todos, nem que alguns dos salmos recitados possam ser bem compreendidos por todos em geral. É que requer uma certa instrução e preparação que a muitos não se pode pedir. Talvez por todos estes motivos e outros que nós não conhecemos, Deus, que é Pai e compreende melhor do que nós as necessidades dos seus filhos, quis pedir a reza diária do Terço condescendendo até ao nível simples e comum de todos nós para nos facilitar o caminho do acesso a Ele.

Enfim, tendo presente o que nos tem dito, sobre a oração do Rosário ou Terço, o Magistério da Igreja ao longo dos anos - alguma coisa vos recordarei mais adiante - e o que Deus, por meio da sua mensagem, tanto nos recomenda, podemos pensar que aquela é a fórmula de oração vocal que a todos, em geral, mais nos convém, e da qual devemos ter sumo apreço e na qual devemos por o melhor empenho para nunca a deixar. Porque melhor do que ninguém, sabem Deus e Nossa Senhora aquilo que mais nos convém e de que temos mais necessidade. E será um meio poderoso para nos ajudar a conservar a fé, a esperança e a caridade.

Mesmo para as pessoas que não sabem ou não são capazes de recolher o espírito a meditar, o simples ato de tomar as contas na mão para rezar é já um lembrar-se de Deus, e o mencionar em cada dezena um mistério da vida de Cristo é já recordá-los, e esta recordação deixará acesa nas almas a terna luz da fé que sustenta a mecha que ainda fumega, não permitindo assim que se extinga de todo.

Pelo contrário, os que abandonam a oração do terço e não tomam diariamente parte no Santo Sacrifício da Missa, nada têm que os sustente, acabando por se perderem no materialismo da vida terrena. Assim, o Rosário ou Terço é a oração que Deus, por meio da sua Igreja e de Nossa Senhora, nos tem recomendado com maior insistência para todos em geral, como caminho e porta de salvação: Rezem o Terço todos os dias' (Nossa Senhora, em 13 de Maio de 1917).

(Excertos da obra 'Irmã Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado', em 'Apelos da Mensagem de Fátima', 2000)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

10 COISAS QUE VOCÊ DEVE SABER SOBRE O ADVENTO

1. A palavra Advento significa vinda ou chegada (do latim 'ad-venio' - 'chegar') e constitui um tempo litúrgico que só existe nas Igrejas do Ocidente, desde o século VI, quando era celebrado como um tempo de seis semanas, que foram então reduzidas para quatro semanas por São Gregório Magno (590-604).

2. O Advento é um tempo de celebração de dois adventos do Senhor: tempo de esperança, conversão, penitência e júbilo pela celebração do aniversário da primeira vinda de Jesus Cristo ao mundo como a encarnação de Deus e de preparação e feliz expectativa pela sua vinda final como juiz, na nossa morte e no fim do mundo.

3. O Advento é o tempo litúrgico que começa no domingo mais próximo à festa de Santo André Apóstolo (30 de novembro) e compreende, portanto, quatro domingos.

4. O primeiro domingo do Advento pode ser adiantado até 27 de novembro (período máximo do Advento com vinte e oito dias) ou ser atrasado até o dia 3 de dezembro (período mínimo do Advento com vinte e dois dias).

5. O tempo do Advento pode ser subdividido em três períodos distintos por ordem de relevância: (i) os quatro domingos do Advento (domingos tão especiais que nenhuma solenidade tem precedência sobre eles); (ii) a semana entre 17 a 24 de dezembro, por corresponder ao período mais imediato de preparação do Natal; (iii) os demais dias do tempo do Advento.

6. O primeiro domingo do Advento nos exorta a praticar a vigilância; o segundo, a conversão; no terceiro celebramos a alegria da vinda do Senhor (o chamado 'Domingo Gaudete') e no quarto domingo, a Anunciação e o Fiat de Nossa Senhora.

7. Com o Advento, tem início um novo Ano Litúrgico nas Igrejas do Ocidente, que são divididos em Anos A, B e C, sendo narrados nestes anos os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, respectivamente (2021-2022 é o Ano C, com os Evangelhos de São Lucas).

8. Nas missas do Advento, omite-se o 'Glória', cântico associado diretamente ao nascimento de Jesus e que somente volta a ser entoado na Noite de Natal; canta-se, porém, o 'Aleluia', como referência a um tempo que é também de piedosa e alegre expectativa e não exatamente de penitência quaresmal.

9. No tempo do Advento, os paramentos são roxos para assinalarem o caráter penitencial deste período, com uma breve mudança no terceiro domingo, no qual é utilizada a cor rosa, símbolo da nossa expectativa alegre e confiante como pausa nos tempos penitenciais do Advento.

10. Por ser um tempo de penitência e conversão, a confissão é altamente recomendável neste período e as palavras de ordem são sobriedade e moderação. Não são realmente indicados elementos como luzes coloridas, enfeites natalinos ou decoração festiva, porque estes não são os verdadeiros símbolos do Advento cristão.