quinta-feira, 29 de outubro de 2020

A VIDA OCULTA EM DEUS: ENCONTRAR JESUS NOS SEUS AMIGOS

Existem santos na terra, mesmo em nossos dias, e vós, ó Jesus, vivei neles! Eles têm olhos como os vossos olhos; a aparência deles é a vossa; o coração deles é como o vosso coração. É bom conhecer alguém que seja como vós no nosso caminho. Ficamos felizes só por vê-lo e, mais ainda, quando estamos junto dele e, muito mais, em sua intimidade! Ele fala pouco e ouve com paciência. Mas, sobretudo, ama.

Compreendemos, sentimos que é assim. Em sua companhia, percebemos a necessidade do silêncio, do recolhimento, da oração. Não está recolhido para si, mas para Vós. Fica ali, e quase não percebemos, pois ele se esquece de si mesmo. Não só nos faz pensar em Vós, mas a nos aproximarmos de Vós e em Vós sermos um.  Essa é a sua graça; parece que uma virtude misteriosa irradia do seu coração para apoderar-se do nosso e, assim, arrastar-nos até o Vosso Divino Coração. Começamos a entender realmente o que seja Vos amar e como é doce Vos amar pela comunhão com os santos. 

O que nos encanta também olhar para os que Vos amam é a pureza e a simplicidade desse amor: claro, límpido, brilhante. Um amor que não provém da carne, que é ignorada. Ignorada não apenas porque não é olhada, mas porque nem é vista. Ao percebermos isso, se realmente tendemos à perfeição, nos regozijamos porque esse olhar nos faz muito bem. Pois parece nos comunicar algo de sua pureza. Sentimo-nos elevados, enobrecidos, livres e espiritualizados. De repente, horizontes desconhecidos se descortinam diante de nós. O amor de Deus pode transformar tudo! Quem poderá nos dar esse amor? Quem nos poderá legar essa liberdade verdadeira? Com que fervor a esperamos pela concessão da Vossa bondade, ó meu Deus!

(Excertos da obra 'A Vida Oculta em Deus', de Robert de Langeac; Parte I -  O Esforço da Alma; tradução do autor do blog)

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

BREVIÁRIO DIGITAL - ILUSTRAÇÕES DE DORÉ (XVIII)

 PARTE XVIII (Lc 15 - Lc 24)

[O Filho Pródigo decide retornar à casa do seu pai (Lc 15, 18)]

[O Filho Pródigo nos braços do seu pai (Lc 15, 20)]

[O pobre Lázaro à porta da casa do homem rico (Lc 16, 20)]

[Um fariseu e um publicano em oração no templo (Lc 18,10)]

[Jesus expulsa os mercadores do templo (Lc 19, 45)]

[Um anjo se apresenta diante de Jesus no Horto das Oliveiras (Lc 22,43)]

[Jesus é levado ao Calvário para a sua crucificação (Lc 23, 33)]

[Jesus é crucificado e suas vestes são sorteadas (Lc 23, 33-34]

[O Calvário envolvido em trevas (Lc 23,44)]

[Jesus e os dois discípulos a caminho de Emaús (Lc  24, 15)]

[A Ascensão de Jesus ao Céu (Lc 24, 51)]

terça-feira, 27 de outubro de 2020

HISTÓRIAS QUE OUVI CONTAR (XX)

SOBRE UM IMENSO E BELO CAMPO DE TRIGO...


Sobre um imenso e belo campo de trigo, banhado por raios de sol, crescia uma espiga de grãos unidos e dourados, tomada de sonhos e ilusões tamanhas, que era movida, sob as chuvas, as aragens e os ventos passageiros, pelo desejo de crescer, crescer muito, até alcançar o céu com os seus longos ramos.

O Senhor, que conhecia os seus sonhos, a olhava com bondade e alegria com o seu propósito firme, desde os primeiros brotos, de subir até o céu da imensidade. E, a cada dia ensolarado e a cada chuva passageira, a espiga crescia e os seus grãos se tornavam maiores, maiores se tornavam os seus ramos, naquele imenso campo de trigo...

Mas eis que num belo dia, talvez nem chuvoso e nem tão ensolarado, um camponês munido de afiada foice começa a desbastar o campo de trigo e a colher todas as espigas maduras. E já estava tão perto...
- Não, eu não! Por favor não! - gritava em seu silêncio a espiga que queria tanto chegar ao céu.
- Não! Não! Não! Senhor, Senhor, velai por mim de tal sorte! - implorava ao Senhor no seu silêncio a espiga que sonhava ser do céu.

Com um golpe seco da foice, o camponês selou o destino da espiga sonhadora e, arrancando-a do feixe morto, a jogou no cesto às suas costas. Prensada e forçada entre outras espigas, a espiga sonhadora lamentava, no silêncio de sua condição, a triste sorte que lhe roubara os doces sonhos perdidos em dias ensolarados de verão.
- Senhor! Senhor! Por que permitistes isso? Por que não me socorrestes? Por que me desprezastes a tão grande pesar e abandono?

O Senhor permaneceu em silêncio e a espiga teve que amargar sozinha o seu abandono. 
- Querias crescer bem alto e uma foice desfez tanta miragem; querias subir ao céu e ganhastes o fundo do cesto de um pobre camponês - as outras espigas riam dela e da sua sorte igual e comum a todas as espigas do campo de trigo, tanto as que ousaram sonhar como as que não quiseram sonhar. 

Mais tarde, o camponês lançou as espigas dentro da moenda e os grãos foram separados, partidos e esmagados até se tornarem pó. 
- Senhor! Os grãos dourados que foram meus um dia e que ansiavam pelo céu tornaram-se hoje o pó de uma moenda! - gemia em silêncio a espiga sonhadora transformada em pó.
Recolhido o pó e acondicionado em um saco, a espiga triturada tornou-se refém de um cárcere escuro e pouco ventilado: 
- Onde está luz do sol de outrora? Onde está o céu dos meus desejos? - mas os seus anseios não tinham resposta pois o Senhor se mantinha no mais absoluto silêncio.

Passadas apenas algumas horas, o saco foi aberto e o pó foi colocado em uma vasilha. A espiga sonhadora tinha sido transformada em uma farinha muito branca, que refletia a luz do sol que entrava pelas janelas... Sentiu a água gelada da mistura, a moldagem da pasta, a compressão que a transformou em massa, a secagem em estufa e o recorte que dela fez partículas arredondadas. Moldada, prensada, submetida ao fogo e à água gelada, cortada... 'quanto sofrimento, Senhor, para nada, nada, nada...' 

Ainda estava a se lamentar, quando viu diante dela o céu e o Senhor do Céu. Viu quando Ele a tomou para Si em cada uma de suas partículas e, em cada uma, Se fez Deus. A farinha branca tomou a forma do Pão e se fez a morada do Senhor, que lhe disse então ternamente:

- Agora estás comigo para sempre e bendita foi a semente que te gerou! 
- Senhor! Eu vos chamei em tantos momentos e o Senhor permaneceu em silêncio...
- Guardei no silêncio da hóstia toda a glória do seu sofrimento. Aprenda de todo coração: chega-se ao Céu não subindo pelos ramos em data incerta, mas pelos sofrimentos cotidianos dos dias que apenas se bastam...    

(autor desconhecido, adaptação livre do autor do blog)

domingo, 25 de outubro de 2020

EVANGELHO DO DOMINGO

  

'Eu vos amo, ó Senhor!/ Sois minha força,/ minha rocha, meu refúgio e Salvador!/ Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga,/ minha força e poderosa salvação' (Sl 17)

 18/10/2020 - Trigésimo Domingo do Tempo Comum 

48. OS DOIS GRANDES MANDAMENTOS


Eis chegada agora a vez dos fariseus tramarem contra Jesus, após os tentadores de primeira hora, os saduceus, aos quais 'Jesus tinha feito calar' (Mt 22, 34). Cientes das manifestações anteriores das sábias palavras do Senhor e testemunhas de suas respostas demolidoras diante da perfídia e tentativas de manipulação dos saduceus, era preciso adotar desta vez estratégias mais elaboradas e mais ardilosas para induzir Jesus à contradição ou à suspeição da sua observância a algum preceito fundamental da lei judaica.

E, cingidos de todos os cuidados pela astúcia e pela malícia, reuniram-se em grupo, definiram-se pela pergunta mais ardilosa e escolheram 'um deles' (Mt 22, 35) para fazê-la, provavelmente aquele que fosse capaz de apresentar a questão aparentemente de forma mais sincera e espontânea possível: 'Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?' (Mt 22, 36). E, diante a insincera indagação do homem fragilizado pelo pecado, a sabedoria divina vai pronunciar que, é no amor a Deus, traduzido em dois grandes mandamentos, que está contida toda a Lei e toda glória humana.

'Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento!' (Mt 22, 37). O amor de Deus não contempla divisões, parcelas, frações... impõe-se como a perfeição do todo, na manifestação plena de todos os sentidos e de todos os afetos humanos; não permite partilhas ou ressalvas, é o todo em tudo que fazemos, é tudo em todas as coisas que possuímos. De todo coração, de toda a alma, de todo o entendimento constitui a percepção da plenitude sem concessões de natureza alguma, a síntese de que o amor de Deus só pode ser emanado a partir de todas as forças da vontade humana, de toda a potência da alma entregue e disposta a cumprir, como meta única e definitiva, a Santa Vontade de Deus.

O pleno cumprimento da Vontade de Deus exige o amor incondicional ao próximo: ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’ (Mt 22, 38). Amor ao próximo no amor de Deus: a face do irmão refletida no espelho de nossa alma, pois o amor sem medidas tem como princípio a caridade. Nas palavras de Jesus ao Doutor da Lei, afloram os dois grandes mandamentos que constituem a síntese da perfeição do amor que, nascido do coração humano, eleva-se sem máculas e em plenitude até o Coração de Deus. 

sábado, 24 de outubro de 2020

VERSUS: DEUS X ALMA

A alma se coloca tão acima do corpo que, entre todas as criaturas da terra, somente ela tem vestígios visíveis das perfeições de Deus: ela é mais elevada que o Céu, mais profunda que o abismo, mais vasta que o universo e tão duradoura quanto a própria eternidade.

  1. Deus é espírito, e a alma é espírito;
  2. Deus é simples e indivisível, e a alma é simples e indivisível;
  3. Deus é imóvel, tudo põe em movimento e vivifica, e a alma age igualmente em relação ao corpo ao qual anima;
  4. Deus é inteligente, e a alma é inteligente;
  5. Deus quer, e a alma quer;
  6. Deus ama-se, e a alma, amando a Deus, ama-se verdadeiramente a si mesma;
  7. Deus fez todas as coisas, e a alma opera e os limites de sua ação não se podem assinalar;
  8. Deus é livre e domina todas as coisas criadas, e a alma tem o livre arbítrio, e segundo sua vontade, move os membros do corpo;
  9. Deus tudo tem presente em sua memória, e a alma possui também esta faculdade;
  10. Deus é onipotente, e o homem, se o quer, dispõe do poder divino, faz coisas admiráveis e compreende outra multidão de coisas na extensão de seu espírito;
  11. Deus é o fim de todas as coisas, e o homem é o fim de todas as criaturas;
  12. Deus está todo no mundo e todo em cada parte do mundo; e a alma também rege o corpo, e está inteira no corpo, e inteira em cada um de suas partes.
(Cornélio à Lápide)

250 DOGMAS DE FÉ DA IGREJA CATÓLICA (VIII/Final)

PARTE XIV - O MATRIMÔNIO

228. O casamento é um sacramento verdadeiro e distinto instituído por Deus.

229. Do contrato sacramental do casamento emerge a Aliança do Casamento, que liga ambos os parceiros do casamento para uma comunidade de vida indivisível até o fim da vida.

230. O sacramento do matrimônio confere graça santificante sobre as partes contratantes.


PARTE XV - A UNÇÃO DOS ENFERMOS

231. A unção dos enfermos é um sacramento verdadeiro e distinto instituído por Jesus Cristo.

232. A matéria remota da Unção dos Enfermos é o óleo.

233. A forma consiste na oração do sacerdote para a pessoa doente para quem se realiza a unção.

234. A Unção dos Enfermos dá a pessoa doente graça santificante a fim de animar e fortalecê-la.

235. A Unção dos Enfermos efetiva a remissão de pecados graves ainda remanescentes e os pecados veniais. 

236. A Unção dos Enfermos efetiva algumas vezes a restauração da saúde corpórea, se isso resulta numa vantagem espiritual.

237. Apenas os bispos e os sacerdotes podem administrar validamente a Unção dos Enfermos.

238. A Unção dos Enfermos pode ser recebida apenas pelos fiéis que estão seriamente doentes.


PARTE XVI - OS NOVÍSSIMOS

239. Na presente ordem da salvação, a morte é um castigo para o pecado.

240. Todo o ser humano sujeito ao pecado original é sujeito à lei da morte.
(A única exceção foi Maria, que nasceu sem a culpa original. Mesmo assim, para não ser diferente de seu Filho, também ela desejou passar pela morte, embora tenha sido levada aos céu de corpo e alma)

241. As almas dos justos que, no momento da morte, estão livres de toda a culpa do pecado e castigo do pecado entram no Céu.

242. A felicidade do Céu dura por toda a eternidade.

243. O grau da perfeição da Visão Beatífica concedida para o justo é proporcional ao mérito de cada um. 

244. As almas daqueles que morrem na condição de grave pecado pessoal entram para o Inferno. (Deve-se sempre ter em mente, que como disse São Bernardo, entre o momento da morte e a eternidade, existe ainda um abismo de misericórdia).
 
245. O castigo do inferno dura por toda a eternidade.

246. As almas dos justos que, no momento da morte, estão carregadas de pecados veniais ou castigos temporais devido aos pecados, entram no purgatório. 

247. No fim do mundo, Cristo voltará novamente na glória para pronunciar o julgamento.

248. Todos os mortos se levantarão novamente no último dia com os seus corpos.

249. Todo morto se levantará novamente com o mesmo corpo que ele teve sobre a terra.

250. O Cristo, na sua segunda vinda, julgará todos os homens

(Compilação da obra 'Fundamentos do Dogma Católico', de Ludwig Ott)