terça-feira, 14 de abril de 2015

DA VIDA ESPIRITUAL (81)


Quantas almas tocaste hoje com a tua presença e com o teu exemplo? Quantos ouviram de ti uma palavra de incentivo ou de conforto? Quantos encontraram a paz no teu abraço e a alegria no teu sorriso? Quantos acalmaram a angústia, o medo e o ressentimento interiores pela tua presença? No dia de hoje, quantos viram Cristo em ti? Quantos?

segunda-feira, 13 de abril de 2015

ROSÁRIO DA ALMA SACERDOTAL (III)


SEXTO MISTÉRIO: O GETSÊMANI DO PADRE!

O discípulo não é maior que o Mestre; as horas amargas do Jardim das Oliveiras de Nosso Senhor Jesus Cristo estão preparadas também para o Alter Christus. O que as velhas e veneráveis oliveiras viram e ouviram, isto contem­plam — apesar de ser somente um fraco eixo, uma pequenina imagem ou cópia da crudelíssima noite do Jardim das Oliveiras — isto também contemplam e escutam os quartos solitários, o confessionário, os caminhos daqueles sacerdotes que tomam a sério a sua santa e sublime voca­ção!

O que nos anunciam as páginas dos evan­gelistas tão singela e simplesmente, isto mesmo nos deixa lançar um olhar bem profundo na ver­dadeira vida sacerdotal. Na meditação deste mistério veremos o Getsêmani do sacerdote. Contemplaremos e aprofundaremos não só os sofrimentos e a oração do Mestre, mas tam­bém do discípulo. O Mestre sofreu ao ver o pecado, prevendo as suas dores físicas, abandonado, orando e — confortado por um anjo.

Ao ver o pecado

O olhar de Deus vê claramente; nada lhe pode escapar ou fugir. Penetra até ao fundo dos mares e chega até à essência das coisas. Toda a hediondez de um pecado se desdobra diante d’Ele. E esta revoltante fealdade é somente a síntese da ingratidão, das faltas de fidelidade, de consciência e de amor. Quem jamais poderá perscrutar a profundidade desta palavra?

Santo Agostinho disto não foi capaz; ele escreveu simplesmente: Peccatum est mysterium. Para Deus, porém, não há mistério; co­mo Ele é a própria clareza, assim seus olhos perscrutam tudo. E o Filho do Homem viu a profundeza do pecado; medo e pavor O assaltaram: coepit pavere (Mc 14, 33); coepit contristari et moestus esse (Mt 26, 37). Como um fantasma olhou o pecado para Ele, sim, o pecado, este assassino das almas e mortal ini­migo de Deus. Jesus viu todo o mundo tomado e dominado pelo pecado; e então suspirava e sofria, pois Ele havia de carregar e expiar este enorme peso que é a multidão de todos os cri­mes do mundo. Isso pesava sobre Ele como o peso de um alto monte.

Sacerdotes que totalmente vivem segundo o espírito de sua vocação, assemelham-se ao Redentor. Eles penetram muita vez, juntamente com Jesus, até às negras profundezas da alma humana, aplicam seus olhares para entrar até o âmago do pecado. Neles, então, pouco a pouco cresce uma delicadeza juntamente com uma con­sciência puríssima para tudo que diz respeito ao pecado, mesmo o mais leve, tomando pro­porções de tal modo, que eles sofrem e sentem tudo que Jesus sofre e sente. Esta compaixão invade todo seu interior. Cristo, o Cristo vertendo sangue, vive neles e eles n’Ele. Ó como é sublime, como é divina e, ao mesmo tempo, cheia de vigor e força esta vida da alma, esta vida interior!

Prevendo as dores físicas

É uma coisa enternecedora assistir a um espetáculo da Sagrada Paixão. A alma sente profundamente, quando se desenrolam na tribuna as cenas sangrentas, apresentadas com majestosa religiosidade, sentidas intimamente pelo re­presentante sem frivolidade nem hipocrisia. Co­mo, porém, saltaria o coração do espectador, como correria o sangue apressado pelas veias, se ele próprio houvesse assim de findar sua vida, se a representação se tornasse realidade ... Isso já não seria mais espetáculo. Nestas condições se achava Jesus, pois Ele contemplou o primeiro drama da paixão. Cada circunstância lhe saltava aos olhos: a grossura e o comprimento dos pregos, a pesada cruz, a flagelação, os longos espinhos; tudo Ele viu e também a si mesmo no meio do povo. Tudo isso pesava-lhe;  muito tremor e medo O assaltaram.

O sangue então brotava abundante de seus poros. Ó pobre Redentor meu, como tendes padecido! É esta também a minha sorte? Devo-vos imitar também nisso, sou vosso representante também nestes sofrimentos? Sim, também nisso. Por que queres tu fruir de uma vida cômoda, meu filho? Por acaso salvam-se deste modo as almas imortais? A tua vida será sofrimento e dor, pois o amor assim o exige. E este amor te provocará a sacrificares e imolares as tuas forças em meu serviço. In labore et aerumna, in vigiliis multis, in fame et siti, in jejuniis multis, in frigore et nuditate; praeter illa, quae extrinsecus sunt, instantia mea quotidiana (2 Cor 11, 27).

Abandonado 

As dores no homem muitas vezes não suscitam compaixão. Esmolando passa a tristeza pelo mundo, a lágrima estampada nos olhos. Em súplica — ela levanta as mãos, roga e geme até comover o coração, mas muitos têm ouvidos e não ouvem, olhos e não vêem. Houve um dia em que esta mesma tristeza, esta mesma dor pas­sou pelo Jardim das Oliveiras, pelo Getsêmani personificada no Divino Redentor. Ele pro­curou consolo e não o achou, pois encontrou os seus discípulos dormindo. Três vezes fez o mesmo caminho, três vezes voltou desolado e triste; es­tava abandonado. Até o céu parecia fechado. Ser completamente só, o Divino Mestre passou por esta terrível hora.

Cenas deste gênero muitos sacerdotes tam­bém conhecem. O povo vê e presencia a sua vida de sacrifício sem entender nem ligar importância, paga até os seus esforços e trabalhos com ingratidões. Até o caminho para o altar, para a celebração da Santa Missa, o pode deixar árido, seco, sem consolação. Parece nestes momentos que Jesus retém junto de si a chave do tabernáculo para impedir ao sacerdote usufruir seu tão precioso conteúdo. 

Os bons e dedicados amigos também se retiram, os parentes estão longe ou já morreram, e o sa­cerdote está só, sem ninguém. Tudo isso ele sabe suportar, mas apesar disso o sente e sente íntima e profundamente. Isso são cópias do primeiro quadro daquela noite negra que Jesus passou no Jardim de Getsêmani, e tudo isso redunda abundantemente em bem e bênção da Santa Madre Igreja.

Orando

A oração foi para Jesus como um ar refrescante, foi para a sua alma atribulada um verdadeiro bálsamo; a oração lhe concedeu grandes forças. 'Abba, Pai, a vós tudo é possível, afastai de mim este cálice; não seja feita a minha vontade, mas a vossa' (Mc 14, 36). Jesus pediu para ser afastado esse cálice de amargura.

O seu pedido foi um grito íntimo de um coração angustiado e atribulado. Jesus procurou as consolações do céu; a sua filial confiança e seu entretimento com o Pai Celeste lhe orvalhou o seu interior. Isso sabia bem o Homem-Deus; por isso levantou seu espírito a Deus. O mesmo devemos fazer nós. As horas de amargura devemos converter em horas de oração; então o jugo do Sacerdócio far-se-á doce e seu peso leve.

Quem sabe orar, sabe também sofrer, sabe suportar. Passemos nesses transes angustiosos pela nossa memória e pelo nosso espírito os admiráveis salmos e cantos da Paixão. Nestes hinos está tão admiravelmente estampada a vida do sofrimento! O breviário educa o sacerdote para sofrer orando e orar sofrendo.

Confortado por um anjo

O céu teve o néctar confortador: Deus enviou um anjo para consolar a Jesus. Este enviado do céu mostrou a Jesus as torrentes de bênçãos que brotariam dos seus sofrimentos, mostrou-lhe o trabalho dos segadores nas messes fertilíssimas da humanidade, a conversão dos povos e das nações, a origem e o incremento da Igreja de Deus, espalhada em todo o orbe terrestre, as excelências de sua santa humanidade, gloriosa eternamente nos céus. Propter hoc laetatum est cor meum et exultavit lingua mea, insuper et caro mea requiescet in spe (Sl 15, 9).

Sigamos o ensinamento que vem do alto! Nosso olhar deve convergir para os abundantes frutos que amadurecem por entre o fogo do sofrimento, que frutificam na fornalha da amargura da dor. Desvaziemos o âmago do cálice e bebamos o seu conteúdo de um só trago, na lembrança de Jesus Crucificado. A coroa celeste, os diamantes dos nossos méritos, a fileira das almas imortais salvas por nós e nossos trabalhos, luzirão como estrelas fulgurantes ao redor da alma sofredora e amargurada. Exurge gloria mea exurge psalterium et cithara.


SÉTIMO MISTÉRIO: JUNTO À COLUNA


Cristo é o ângulo e a coluna da Igreja que sustenta este grande edifício, que jamais balançará, pois Jesus Cristo está firme, é inabalável; os seus ombros não enfraquecem. Uma vez, porém — era antes da fundação da Igreja — estava esta coluna junto a outra coluna, aí enfraqueceram-se os ombros de Jesus, que todo se enfraqueceu e caiu num mar de sangue e de seu próprio sangue: a imagem da dor! Demoremo-nos diante d’Ele.

Os duros flagelos, as cordas, os açoites e azorragues recordam à nossa alma em tons lúgubres uma triste parte da passio Domini Nostri Jesu Christi. Podemos aprender, pois, que também os sacer­dotes devem, como seu Sumo Sacerdote, Je­sus Cristo, e como os sucessores na cadeira de São Pedro, ser colunas e pedras angulares do mundo cristão. Então não podemos recuar diante à coluna tinta de sangue. Ainda que não possamos seguir a Jesus até esta altura de penitência, podemos ao menos considerar pie­dosamente os sublimes ensinamentos que Ele aí nos fornece. Jesus foi flagelado e cruelmente despido.

Cruelmente

As sagradas páginas dizem-no claramente; o flagelare dos romanos não conhe­cia comiseração. Era comumente uma cruel­dade incrível e geralmente a introdução para a crucifixão. Sem dó nem compaixão caíam os açoites sobre as pobres vítimas. Cordas com chumbo entremeado aumentavam o efeito; para mudar usavam-se então, por algum tempo, as varas, voltando de novo a empregar as primeiras.

Entretanto, nem todos os criminosos sofriam esta crueldade, pois as leis porcia e simpronias excluíam dela os cidadãos romanos. O mais puro cidadão do céu, porém, o Homem-Deus, foi posto no número dos da ínfima classe. O Redentor do mundo experimentou toda a severidade da lei. Horrível martírio! Assim padece o Grão-Sacerdote da humanidade! As suas dores nos dizem: 'Dei-vos o exemplo'.

Sim, não recuemos, examinemos as páginas da história da Igreja, que foram, por assim di­zer, regadas com o sangue de Jesus Cristo. Não achou Cristo numerosos imitadores? Sacerdotes, que entre semelhantes martírios, sofreram e morreram para o mundo? O antigo forum em Roma, o anfiteatro, os cárceres e perseguições nos contam isso. Tradent enim vos in conciliis, et in synagogis suis flagellabunt vos (Mt 10, 17).

São Paulo recebeu três vezes quarenta açoi­tes, menos um; e Deus pôs um estímulo, por longo tempo e profundamente, no fraco corpo deste Apóstolo. O mesmo caminho vemos perambular outros muitos santos sacerdotes. Além disso, os muros e as silenciosas noites escondem muitos sacerdotes penitentes e mortificados; mas saibamos esperar: Dies venit, dies tua in qua reflorent omnia... 

Sucederá a mesma coisa comigo? Esta é a pergunta importante. Não devo, nem posso como sacerdote, tratar meu corpo molemente, não posso cultivar a vida do corpo, à custa da vida da alma, da vida da graça, tão sublime e tão importante. O levantar de madrugada, o silen­cioso suportar do tempo inclemente e tempes­tuoso na igreja e nas visitas aos doentes é a tradução da doutrina que Jesus nos deu na coluna de flagelação. Quero e estou firmemente resolvido a contrariar toda a comodidade e a cortar toda a superfluidade e bem estar.

Despido

Olhos alguns eram tão puros como os olhos de Jesus. O Redentor amava a inocência. Ele era a inocência personificada. As crianças cercavam e rodeavam o bom Mestre. Sobre o es­pelho de sua alma jamais passou um sopro que turvasse o seu casto brilho. E esta pureza em pessoa estava despida e completamente nua diante do Pretório; tudo se lhe tirou. Ele que vem para vestir os nus, que ornava o lírio e a flor do campo, ficou despido diante de crueis sol­dados. Só por isso, mesmo sem a flagelação, Jesus teria sofrido muitíssimo. Quem poderá descrever o que Jesus sofreu quando a baixa soldadesca calcou aos pés a sua inocência? Ó grandiosa castidade do meu Redentor! Ó dor mil vezes bem aventurada! Como deseja­ria, ó meu Jesus, ter-te coberto com os meus próprios vestidos e olhado para o brilho en­cantador de teus inocentes olhos!

Sim, assim mesmo devo pensar. Sacerdócio e inocência devem contrair em mim núpcias. Quero portanto trabalhar em mim, mortificar o meu corpo e concentrar todos os meus sentidos até que eu neste ponto apareça diante do comovente olhar de Deus sem man­cha nem imperfeição. Mas já não sou puro? Não vivo já dia e noite na alvinitente túnica da inocência sacerdotal? Feliz de mim se trago no coração este testemunho íntimo. 

Tememos; pois levo este tesouro num vaso quebradiço. Jesus Cristo vertendo sangue junto da coluna da flagelação sempre me lembrará o enorme preço por que foi adquirida a castidade. Quando as tempestades se levantam e tudo assombram, então abraçarei a Jesus conjuntamente com a coluna ensanguentada e es­tarei salvo. Ninguém me há de roubar a minha co­roa; não, ninguém; ela é tão bela, tão linda, tão formosa: O quam pulchra!

(Excertos da obra 'A Pérola Preciosa', do Pe. Wendelin Meyer, trad. de Alberto Kolb) 

domingo, 12 de abril de 2015

'MEU SENHOR E MEU DEUS!'

Páginas do Evangelho - Segundo Domingo da Páscoa


O segundo domingo do tempo pascal é consagrado como sendo o 'Domingo da Divina Misericórdia', com base no decreto promulgado pelo Papa João Paulo II na Páscoa do ano 2000. No Domingo da Divina Misericórdia daquele ano, o Santo Padre canonizou Santa Maria Faustina Kowalska , instrumento pelo qual Nosso Senhor Jesus Cristo fez conhecer aos homens Seu amor misericordioso: 'Causam-me prazer as almas que recorrem à Minha misericórdia. A estas almas concedo graças que excedem os seus pedidos. Não posso castigar, mesmo o maior dos pecadores, se ele recorre à Minha compaixão, mas justifico-o na Minha insondável e inescrutável misericórdia'.

No Evangelho deste domingo, Jesus já havia se revelado às santas mulheres, a Pedro e aos discípulos de Emaús. Agora, apresenta-Se diante os Apóstolos reunidos em local fechado e, uma vez 'estando fechadas as portas' (Jo 20, 19), manifesta, assim, a glória de Sua ressurreição aos discípulos amados. 'A paz esteja convosco' (Jo 20, 19) foi a saudação inicial do Mestre aos apóstolos mergulhados em tristeza e desamparo profundos. 'A paz esteja convosco' (Jo 20, 21) vai dizer ainda uma segunda vez e, em seguida, infunde sobre eles o dom do Espírito Santo para o perdão dos pecados: 'Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos' (Jo 20, 22-23), manifestação preceptora da infusão dos demais dons do Espírito Santo por ocasião de Pentecostes. A paz de Cristo e o Sacramento da Reconciliação são reflexos incomensuráveis do amor e da misericórdia de Deus. 

E eis que se manifesta, então, o apóstolo da incredulidade, Tomé, tomado pela obstinação à graça: 'Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei' (Jo 20, 25). E o Deus de Infinita Misericórdia se submete à presunção do apóstolo incrédulo ao lhe oferecer as chagas e o lado, numa segunda aparição oito dias depois, quando estão todos novamente reunidos, agora com a presença de Tomé, chamado Dídimo. 'Meu Senhor e meu Deus!' (Jo 20, 28) é a confissão extremada de fé do apóstolo arrependido, expressando, nesta curta expressão, todo o tesouro teológico das duas naturezas - humana e divina - imanentes na pessoa do Cristo.

'Bem-aventurados os que creram sem terem visto!' (Jo 20, 29) é a exclamação final de Jesus Ressuscitado pronunciada neste Evangelho. Benditos somos nós, que cremos sem termos vistos, que colocamos toda a nossa vida nas mãos do Pai, que nos consolamos no tesouro de graças da Santa Igreja. E bem aventurados somos nós que podemos chegar ao Cristo Ressuscitado com Maria, espelho da eternidade de Deus na consumação infinita da Misericórdia do Pai. 

sábado, 11 de abril de 2015

11 DE ABRIL - SANTA GEMMA GALGANI



Mística, contemplativa, estigmatizada, Santa Gemma Galgani foi contemplada por Deus com um enorme acervo de privilégios, graças e carismas, como os estigmas da Paixão, a coroa de espinhos, a flagelação e o suor de sangue, êxtases frequentes, espírito de profecia, discernimento dos espíritos e visões de Nosso Senhor, de sua Mãe Santíssima, de São Gabriel e uma incrível familiaridade com o seu Anjo da Guarda. Nasceu em  12 de março de 1878 em Camigliano, um vilarejo situado perto de Lucca, na Itália, de família católica tradicional e faleceu, com apenas 25 anos, no Sábado Santo de 11 de Abril de 1903. Foi canonizada a 2 de março de 1940, apenas trinta e sete anos depois da sua morte.

Palavras do Anjo da Guarda à Santa Gemma:

'Lembra, filha, que aquele que ama verdadeiramente Jesus fala pouco e suporta muito. Eu te ordeno, em nome de Jesus, de nunca dar a tua opinião a menos que ela seja pedida; de nunca insistir na tua opinião, mas a ficar em silêncio imediatamente. Quando tiveres cometido qualquer erro, acusa-te a ti mesma dele imediatamente sem esperar que os outros o façam... Lembra-te de guardar os teus olhos e considera que os olhos mortificados possuirão as belezas do Céu.'

Santa Gemma Galgani, rogai por nós!

sexta-feira, 10 de abril de 2015

FOTO DA SEMANA

(O Anjo da Morte)

ROSÁRIO DA ALMA SACERDOTAL (II)


TERCEIRO MISTÉRIO: FELIZ NOITE ... FELIZ MANHÃ

A santidade da noite de Belém rodeia os nossos altares, pois que o augusto sacrifício da Missa é o Natal perene do sacerdote. Ele enriquece o mundo, como Maria Santís­sima fez, com o Redentor; envolve-o nas faixas das espécies do pão e deposita este grande Deus sobre o pequenino corporal. A imaculada e sempre Virgem-Mãe no presépio, e o puro e piedoso ministro do Senhor no altar, têm diante de si a mais graciosa criança. Por isso abrem-se, depois da sagração, os horizontes e as pro­fundezas da bem aventurada noite de Natal. Ma­ria Santíssima deu à luz: milagrosamente, com fé viva, de noite — em alegria santa.

Milagrosamente: Fiat mihi secundum verbum tuum (Lc 1, 38). Assim Maria Santíssima falou; concebeu e deu à luz o Verbo. Fato idêntico jamais a história universal registrou, este foi um ver­dadeiro milagre. Um broto saiu da raiz, mas tão sobre­modo puro, tão pouco terreno, que a mãe permaneceu Virgem. O profundo mistério da consagração não é inferior em seu milagre, não é menos admirável. O que há de mais simples e de mais grandioso? Poucas palavras pronuncia o sacerdote, só um diminuto sussurro percebe o povo que está mais perto do altar, e — o Verbo se faz carne!

Quem poderia, com palavras humanas, descre­ver o que encerra em si de milagroso este úni­co momento da consagração?! Estupefata está a igreja diante do Santo altar, descansa seus olhos na pequenina hóstia e ora e reza e diz: Deus, qui... sub sacramen­to mirabili! De tempos em tempos medito porventura eu so­bre a consagração; aprofundo eu neste mistério divino; leio eu alguma coisa sobre estas matérias?

Com fé viva

A noite de Natal via um clarão esplendo­roso. Baixou do alto e espalhou-se no presépio e refletiu na lã nitente das ovelhinhas do campo. Mais clara e nitidamente cintilou a luz da fé na alma de Maria Santíssima. Silenciosa, ab­sorta na contemplação da criança, a Mãe de Deus está de joelhos ao pé do presépio. Os olhos de sua alma vêem a luz do mundo, Lux mundi. Nada a poderá desviar desta certeza: nem as pobres mantilhas, nem a pobreza do presépio, nem a hospitaleira gruta. Humildemente, em adoração, prostrada em terra permanece a mãe junto da criança, e sua alma engolfa-se na Divindade escondida debaixo da Humanidade.

Ó noite celestial, diga-me como devo eu celebrar a Santa Missa! Não com os olhos deste mundo, responde ela, estes se devem fechar, ou­tros se devem abrir, os olhos da fé!

Visus, tactus, gustus ni te fallitur
Sed auditu solo tuto creditur,
Credo quidguid dixit Dei Filius
Nil hoc verbo veritatis verius.

 
(do hino de São Tomás de Aquino)


Devo transformar-me num Credo, mas num Credo vivo. Ainda que pobre a igreja, rústico seu altar, simples seus ornatos: eu creio, creio profundamente!

De noite

Ao redor do presépio estendia-se a noite es­cura. Os homens dormiam, a escuridão espalhou suas espessas sombras por montes e vales; toda a natureza jazia envolta em trevas. Toda a redondeza, toda a Palestina parecia sub­mergida, desaparecida, varrida do orbe. Tudo isto, nem o mundo inteiro, tinha atrativo algum para Maria pois, mais que o mundo e todo o universo, jazia, diante dela, Aquele que tem em suas mãos tudo, todo o universo, ab­solutamente tudo. E a criancinha retinha presos todos os sentidos de Maria.

Se o mundo interior, o espírito de Deus, deve reinar; o exterior, o mundano, tem forçosamente que desaparecer. Isso sobretudo no altar. Em seu redor é noite; só ele é dia, que então vive nos belos pensamentos místicos, que estão escondi­dos nas cerimônias, que brotam das palavras da Sagrada Escritura, que circunvoluem misteriosamente o cálice e a hóstia.

Em alegria santa

Tocando as cordas de uma harpa, ela co­meça a cantar. A alma de Maria Santíssima era uma bem afinada e harmoniosa harpa. Santa Isabel conheceu as suas mais pro­fundas e mais recônditas cordas quando disse: Et unde hoc mihi ut veniat mater Domini mei ad me? — E donde a mim esta dita, que venha visitar-me a Mãe do meu Senhor? (Lc 1, 43).

E então a alma de Maria cantou aquele belo Magnificat, o cântico dos cânticos, o hino por excelência, o hino da santa alegria! Uma se­gunda vez, mão misteriosa moveu as cordas da harpa, esta vez foi na noite de Natal. Foram os anjos que tocaram a harpa. Gloria in excelsis Deo, cantaram eles e novamente comoveu-se o interior da Mãe de Jesus e soou um som di­vinal. Os pastores estavam ajoelhados ao lado de Maria, tomando carinhosamente parte; e a atitude filial, simples e piedosa desses homens a alegrou. Quem poderá agora descrever a sua alegria e o seu contentamento vendo e olhando o seu querido filho?

Deus, os anjos e os homens tornam-se objeto dum profundo, verdadeiro e santo júbilo para Maria. Também tons maravilhosos perpassam pela alma do sacerdote na digna celebração dos santos mistérios. Jesus no corporal, os anjos em profunda adoração em redor, o povo rezando aos pés dos altares, tudo isto inspira ao sa­cerdote sentimentos de piedade, fervor e devoção. Momentos deliciosos goza ele junto do altar, quando se preparou condignamente, Ele sente, caso viva do espírito da Igreja, um hálito do paraíso celeste, um ar do céu. São alegrias ín­timas, que mais se sentem, mas não se deixam descrever. Ó augusto sacrifício da missa, és tu que levantas a cortina que separa o céu da terra! Os poucos momentos da tua duração são um pedacinho da grande eternidade feliz!


QUARTO MISTÉRIO: RAIOS LUMINOSOS


Em cada celebração de missa acendem-se velas. Sempre parte do altar um raio de luz, visível aos olhos, quando é sacrificada a invisí­vel luz do mundo, escondida debaixo das espécies do pão. Igualmente brilha uma luz do sacrifício de Maria no templo. A fé a vê, e esta luz ilumina todo sacerdote de boa von­tade. 

Esta luz reflete o pomposo e augusto cerimonial do culto católico; esta luz abre o enigma da significação deste grandioso sacrifí­cio; esta luz revela o espírito de sacrifício que Deus requer do sacerdote na oblação incruenta do augusto mistério da cruz. Maria Santíssima ofertou: segundo as prescrições da lei — com perfeito conhecimento — no verdadeiro espírito de sacrifício.

Segundo as prescrições da lei

O israelita amava a sua lei, gostava de lê-la e meditá-la. Tinha ele até um cântico em seu louvor. Ora, Maria Santíssima era uma filha do povo, filha predileta dentre o povo e, por isso, tinha grande conceito da lei e a observava acima de tudo. As prescrições da visita ao templo, sobre as ofertas a fazer, so­bre os sacrifícios e imolações, tudo isso era sagrado para Ela. Do contrário, o que poderia movê-la a levar a criança, o recém-nascido Mes­sias ao templo? 

Ela não necessitava de purifi­cação e Jesus não precisava de ser remido; po­rém, Maria Santíssima, amava as prescrições do cerimonial e cumpria a Santa Lei. Por isso foi a Jerusalém e entregou a criança ao sacerdote, para que este a consagrasse ao Altíssimo. Não foi, porém, nem antes nem depois, senão no dia e na hora prescritos pela lei. Maria San­tíssima deixou vir o tempo da purificação; aí então entrou na casa de Deus, no templo, ofereceu a moeda estipulada e ofertou o seu primogênito ao céu.

O santo sacrifício da missa igualmente está regulado pela suave lei do cerimonial e ritual da Nova Aliança. O tempo do sacrifício é para o sacerdote tempo sagrado. Ele é pontual quan­to ao tempo; para o povo é indulgente; as cerimônias começam ao primeiro toque do sino ou do relógio. O seu porte e seus movimentos obedecem até no mínimo às prescrições eclesiásticas. O sacerdote celebra: rite, digne, attendo, devote [religiosamente, dignamente, presente, devotamente]. Cada inclinação é sagrada para ele; ele não conhece leviandade nas genuflexões, porte frívolo e apressado falar. O seu modo de di­zer é copiado dos modos de Maria Santíssima na oferta do templo; a missa do padre é como a oferta de Maria, nascida do amor pela lei.

Com perfeito conhecimento

Maria Santíssima sabia quem ela ofertava. Ainda lhe soava aos ouvidos a palavra do anjo: 'O santo que de ti há de nascer chamar-se-á filho do Altíssimo'; ela ainda contemplava o brilho e a luz ofuscante da noite de Belém, ain­da percebia as suaves melodias do Gloria in ex­celsis; agora porém adianta-se para ela um respeitável ancião, toma a criança em seus bra­ços e diz: 'Uma luz para iluminação dos gen­tios e uma glória para Israel, seu povo'. A mãe então mais profundamente contempla o gran­dioso plano da redenção. O Evangelho nos conta: 'Maria admirou-se'.

Novos conhecimentos abriram-se para ela. Si­meão, o venerando ancião, novamente falou, di­zendo: 'Este é posto para ruína e para ressurreição de muitos em Israel; um sinal que será contradito' (Lc 2, 34). Repleta destes altíssimos e proféticos co­nhecimentos, enriquecida por variadíssimas luzes celestiais, que ela já antes tinha da bendita criança, a ofertou deste modo, no templo, ao Pai Eterno.

O que eu levanto ao alto no augusto mo­mento da consagração? Cristo, a resplandecente luz das nações; ofereço pois o sacrifício da luz. Que levo nas minhas mãos? A glória do nosso povo; ofereço portanto um sacrifício de gló­ria. Que jaz sobre o corporal? Jesus, a ressurreição de muitos; ofereço então um sacrifício que suscita a ressurreição dos corações do sepulcro das paixões. 

Que está diante de mim sobre a pedra da ara [altar]? O sinal da contradição. Ofereço, pois, o sacrifício da expiação. Como isso res­plandece e ofusca gloriosamente o templo do antigo testamento em comparação do templo da nova aliança! Humildemente me abalo e caio de joelhos; meu Deus, ó grande Deus de misericórdia, com quão pouca atenção celebro diariamente vos­sos santos mistérios!

No verdadeiro espírito de sacrifício

A jornada de Maria Santíssima para Be­lém foi para ela um caminho cheio de agruras e dores; o caminho para Jerusalém, a sua ida ao templo, não foi melhor. Apenas a Mãe de Deus penetrou no templo, ouviu estas palavras. 'E uma espada trespassará sua alma, para que sejam revelados os pensamentos de muitos cora­ções'. Tu, Mãe Imaculada, hás de ver e inti­mamente sentir as dores de teu filho. Ela, porém ficou firme e inabalável. Resolvida a com­partir da paixão do seu filho Jesus, adiantou-se Maria Santíssima para o sacerdote e ofereceu, juntamente com o seu filhinho, todo seu próprio ser para a salvação do universo.

Ó coração magnânimo, cheio de tribu­lações e angústias, pronto para o horrível martírio da dor. Estes são e devem ser os verdadei­ros sentimentos do sacerdote no altar. Desperte­mos em nós estes sentimentos, antes de subirmos ao altar; que eles nos animem quando a passio mystica se desenrolar diante de nossos olhos. Sem esta prontidão para a luta, sem este amor para os sofrimentos, sem esta fortaleza espiritual pa­ra as dores, não teremos compreendido com­pletamente até às suas raízes a vida sacerdotal, nem conhecemos o sacrifício da santa missa no seu íntimo sentido.


QUINTO MISTÉRIO: PROCURANDO O DIVINO INFANTE...


A mulher do Evangelho dizia: 'Alegrai-vos comigo, pois achei a moeda que estava perdida' (Lc 15, 9). Por acaso Jesus não é mais do que ouro e prata? E Maria Santíssima achou o menino; o seu coração rejubilava, sal­tava de alegria, é certo, isso compreende-se facilmente. E a alma imortal do homem não é por acaso mais preciosa do que todos os tesouros deste mundo? 

O sacerdote acha esta alma, por tanto tempo perdida, no templo, no confessionário, no leito da morte, em habitações miseráveis, casebres e choupanas; então o olhar do sacerdote brilha. Aqui novamente se encontram a Mãe de Deus e o Ministro de Deus; a vida de um resplandece na existência do outro. Maria Santíssima, porém, achou o menino Jesus após dolorosa procura, depois de três dias, com o auxílio de São José, no tem­plo — a casa do Pai.

Após dolorosa procura

Sempre houve quem procurasse Jesus. Até Herodes mandou indagar a respeito do recém- nascido Messias; não o impeliu uma dor solícita, mas a inveja, a vingança e a sede de sangue. Podia fazer abstração da criança; mas seu trono lhe era mais caro do que o próprio Deus; Maria Santíssima, porém, tinha saudades do seu filho e o procurava com o coração amar­gurado. 'Eis que teu pai e eu te procurávamos cheios de dor'. Intimamente sentimos e certo sabemos que nunca, que jamais houve mãe que possuísse filho mais santo; e que nunca houve filho que possuísse mãe mais carinhosa. Ambos se conheceram e se perscrutaram intimamente, ambos se perderam. Isso era para Maria mais do que a perda da vida.

Cuidar das almas é aconchegar a si as crian­ças, ir ao encalço de paroquianos que andam transviados, procurar homens que se envereda­ram em caminhos escabrosos e se perderam. A tristeza pelas almas perdidas impele o sacer­dote a procurá-las. Com lágrimas nos olhos, ele vê a miséria da inocência perdida, con­templa tristonho o formoso lírio murchado; aí então faz penitência, ora, geme, padece por estas almas. 

Caminhos repletos de espinhos e cansaços não o aterrorizam desde que consiga con­verter o pobre filho transviado. Tremores o as­saltam ao pensar que estas almas talvez se per­cam eternamente e que baldados são todos os seus esforços. Ó bem-aventurada angústia do coração sacerdotal, como és nobre! Ó feliz momento, em que pecadores endurecidos e ove­lhas desgarradas voltam contritos aos braços de seu pastor!

Depois de três dias

Na jornada após a partida, após a jornada de um dia, Maria Santíssima percebeu a perda de seu grande tesouro. Mudo pairava o céu sobre o descanso noturno da caravana. A mãe angustiada procura junto dos parentes, mas inu­tilmente; procura junto dos amigos e conhe­cidos, mas sem fruto; ninguém dá notícia de Jesus, ninguém o descobre aí. Surge a manhã. Maria volta a Jerusalém, os muros e os cami­nhos não falam, nada dizem, nada revelam; os judeus não conhecem o menino. Novamente chega a tarde e depois sucede nova manhã com sua aurora encantadora. Enfim, no ter­ceiro dia, mãe e filho se encontram, e ei-los frente a frente.

Passam dias inteiros até que o sacerdote encontre a ovelha desgarrada, a ovelha perdida. Os dias muitas vezes prolongam-se em semanas, meses, anos até... Quantas vezes nasce e entra o sol e nada da ovelha! Apesar desses infor­túnios, o sacerdote não desanima, sem descanso nem trégua, segue ele a ovelha errante. Descanso despreocupado não conhece o pastor de almas; as horas que ele gasta em reconduzir ao bom caminho filhos e filhas espirituais emaranhados no erro, são as horas mais santas e mais felizes de toda a sua vida.

Com o auxilio de São José

O pai putativo de Jesus compartiu as dores e os trabalhos de Maria, a mãe sempre virgem. A perda era também dele; por isso cogitava, se afligia, orava, procurava com Maria. Ambos prestam-se mutuamente auxílio e força; por isso seus trabalhos foram coroados com feliz êxito. Quando dois ou três sacerdotes de comum acordo trabalham para o mesmo fim, Deus en­tão habita no meio deles. Unidos a Deus con­seguem muito. Deus conhece o caminho que con­duz a um fim glorioso, pois de Deus se diz 'Ca­minho' — Ego sum via — eu sou o caminho.

O que dá a força ao trabalho de sacerdotes reunidos é o seu trabalho entremeado de orações e virtudes. E se sacerdotes e leigos traba­lham conjuntamente segundo o mesmo plano, então floresce um belo e magnífico apostolado duplo: o pastor d’alma coadjuvado pelo apos­tolado leigo. Não parece isso com a pesca milagrosa, quando os Apóstolos lançaram as redes ao mar, sob a ordem do Divino Nazareno?

No templo

O templo dos judeus em Jerusalém era a fonte da vida religiosa em Israel. Aí os aflitos pais, Maria e José, encontraram a 'Fonte da vida e da santidade'. A voz interior, a piedade e recolhimento, a santidade e a majestade que reinavam no templo e nos pórticos, retinham o meditativo e recolhido menino. Onde resoavam os cânticos e louvores de seu Eterno Pai 'Javé', aí estava também o filho — Nesciebatis quia in his, quæ Patris mei sunt, oportet me esse? (Lc 2, 49).

Dominus in templo sancto suo (Sl 10, 14). Estupefatos e admirados, porém cheios de íntima alegria e grande júbilo, os pais descansam a vista naquele que acharam. Por acaso não são também horas encantadoras aquelas em que o sacerdote acha e encontra subidamente almas transviadas e pecadores endurecidos no seu confessionário? Não goza ele então momentos deliciosos, quando vê estas almas, logo após o seu banho salutar na mesa eucarística, celebrarem as núpcias espirituais com o Divino Redentor? Estas são ale­grias que o sacerdote experimenta no seu minis­tério, alegrias idênticas às alegrias de Maria e José — '...quia inveni drachmam, quam perdideram...' (Lc 15, 9).

(Excertos da obra 'A Pérola Preciosa', do Pe. Wendelin Meyer, trad. de Alberto Kolb) 

quinta-feira, 9 de abril de 2015

A LEVITAÇÃO DOS SANTOS

(Santo Cupertino 'voando')

O fenômeno da levitação, caracterizado pela ascensão livre do corpo humano no ar sem qualquer ação física externa, constitui um dos fenômenos sobrenaturais mais impressionantes e foi manifestado por vários santos ao longo da história da Igreja, desde os primórdios do Cristianismo (como Simão, o Mago) até santos da nossa época (como Padre Pio, por exemplo). Nesta lista de santos que experimentaram os efeitos da levitação, incluem-se:

Santo Tomás de Aquino
Santo Afonso de Ligório
São Francisco de Paula
Santa Catarina de Sena
São Francisco Xavier
Santa Gemma Galgani
São Geraldo Majella
São João Bosco
São Francisco de Assis
São João José da Cruz
São José de Cupertino 
São Martinho de Porres
São Pio de Pietrelcina
São Paulo da Cruz
São Pedro Claver
São Pedro de Alcântara
São Filipe Neri
Santa Teresa de Ávila
São Tomás de Aquino

No caso de São Cupertino (1603 - 1663), o fenômeno era tão comum e manifestado tantas vezes diante de tantas e variadas testemunhas, que ele foi apelidado de 'santo voador'.  Com efeito, a levitação do santo se dava em caráter rotineiro, em êxtases individuais ou coletivos, no ambiente de sua cela, durante a celebração das missas, diante do papa Urbano VII ou ao ar livre (há cerca de setenta registros formais de suas levitações e incríveis voos durante êxtases em sua  Acta Sanctorum, processo de beatificação oficial). Tais levitações, de tão frequentes, levaram a própria Igreja a forçá-lo a um confinamento de clausura, para evitar manifestações públicas cada vez maiores e mais incontroláveis.

São Geraldo Majella (1726 - 1755) experimentou também inúmeros eventos de levitação, alguns com deslocamentos envolvendo grandes distâncias. Muitas foram as testemunhas que viram o santo em profunda oração, pairando a metros acima do chão. Fenômeno similar aconteceu durante uma procissão pública na sexta-feira santa de 20 de abril de 1753 quando, à vista de todos e ao final da procissão, o santo elevou-se ao ar em êxtase diante da imagem de Cristo Crucificado, nas proximidades do convento das beneditinas em Corato (cidade da província de Bari / Itália), permanecendo nesta condição por largo tempo, como que apoiado em uma nuvem invisível.

Este fenômeno foi manifesto também por vários santos, diante de verdadeiras multidões, enquanto pregavam sermões públicos em eventos religiosos ou missas, como São Francisco de Assis e Santo Afonso Maria de Ligório. Num episódio famoso da vida de São Paulo da Cruz (1694 - 1775), o santo foi arrebatado ao ar diante de várias testemunhas, conjuntamente com a cadeira em que estava sentado, na sacristia de uma igreja. Terminado o êxtase, a cadeira desceu suavemente trazendo incólume o santo até o chão.

Em outros casos, estes eventos foram específicos e singulares, como aquele vivido por Santa Gemma Galgani (1878 - 1903), em setembro de 1901 e descrito em sua autobiografia oficial. Naquela ocasião, a santa, interrompendo os seus afazeres domésticos, fixou seus olhos, com grande adoração, no grande crucifixo pendurado na parede da cozinha da casa. Em profundo estado de contemplação mística do Crucificado viu, de repente, o corpo de Jesus tomar forma e, deslocando a mão direita da cruz, convidá-la a ir ao seu encontro na cruz. Elevada de imediato ao ar, sem quaisquer impedimentos físicos, a santa abraçou Jesus num êxtase de amor.

(Cristo Crucificado que se tornou corpo vivo diante de Santa Gemma Galgani)