'Ser vosso devoto, ó Virgem Santíssima, é uma arma de salvação que Deus dá, àqueles que quer salvar. Eu poderia repetir aqui várias histórias que provam o que afirmo. Entre outras, primeiro aquela que vem narrada nas crônicas de São Francisco, em que se conta que o santo viu, em êxtase, uma escada enorme, em cujo topo, apoiado no céu, avultava a Santíssima Virgem. E o santo compreendeu que aquela escada ele devia subir para chegar ao céu; segundo a outra, narrada nas crônicas de São Domingos: Quando o santo pregava o rosário nas proximidades de Carcassona, quinze mil demônios, que possuíam a alma de um infeliz herege, foram obrigados, por ordem da Santíssima Virgem, a confessar muitas verdades grandes e consoladoras, referentes à devoção a Maria. E eles, para própria confusão, o fizeram com tanto ardor e clareza que não se pode ler essa autêntica narração e o panegírico, que o demônio, embora a contragosto, fez da devoção mariana, sem derramar lágrimas de alegria, ainda que pouco devoto se seja da Santíssima Virgem'.
(Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria, de São Luís Grignion de Montfort, n.41- 42)
Consta que, em 1823, os padres dominicanos Gassiti e Pignataro encontravam-se em missão paroquial na cidade de Avellino (Itália), quando se depararam com um caso de possessão demoníaca em um menino de apenas 12 anos e analfabeto. Durante o exorcismo ordenaram, em nome de Deus, que o demônio incorporado provasse teologicamente, por meio de um soneto, a Imaculada Conceição da Virgem Maria, questão que, então, agitava todo o ambiente da Igreja. O soneto abaixo, transcrito do original italiano, teria sido a prova concreta de que o demônio, quando instado a agir sob a ordem da graça, é capaz de dizer grandes verdades (mais tarde, em 1854, o dogma da Imaculada Conceição de Maria foi solenemente proclamado pelo papa Pio IX):
Sou verdadeira mãe de um Deus que é filho,
E sou sua filha, ainda ao ser mãe;
Ele de eterno existe e é meu filho,
E eu nasci no tempo e sou sua mãe.
Ele é meu Criador e é meu filho,
E eu sou sua criatura e sua mãe;
Foi divinal prodígio ser meu filho
Um Deus eterno e ter a mim por mãe.
O ser da mãe é quase o ser do filho,
Visto que o filho deu o ser à mãe
E foi a Mãe que deu o ser ao filho;
Se, pois, do filho teve o ser a mãe,
Ou há de se dizer manchado o filho,
Ou se dirá Imaculada a mãe.