segunda-feira, 6 de agosto de 2018

DOCUMENTOS DE FÁTIMA (VIII)

Entrevista da Irmã Lúcia ao Padre Agustin Fuentes

'Padre, a Santíssima Virgem está muito triste porque não se deu atenção à sua mensagem de 1917. Nem os bons nem os maus tomaram conhecimento. Os bons seguem o seu caminho sem preocupar-se com atender às indicações celestes; os maus marcham na estrada larga da perdição sem tomar nenhum conhecimento das ameaças de castigo.

Creia, padre, o Senhor Deus muito em breve castigará o mundo. O castigo é iminente e o padre pode imaginar quantas almas cairão no inferno se não se rezar e fizer penitência. Esta é a causa da tristeza de Nossa Senhora. Senhor Padre, o que falta para 1960? E o que sucederá então? Será algo muito triste para todos, nada leve se, antes, o mundo não fizer oração e penitência. Não posso detalhar mais, uma vez que é ainda um segredo que, por vontade da Santíssima Virgem, só pode ser conhecido pelo Santo Padre e pelo Senhor Bispo de Fátima – mas nem um nem outro o quiseram ler, para não se deixarem influenciar. É a terceira parte da Mensagem de Nossa Senhora, que ainda permanece em segredo até essa data de 1960. Padre, diga a todos o que a Senhora tantas vezes me disse que muitas nações desaparecerão da face da Terra, que a Rússia seria o flagelo escolhido por Deus para castigar a humanidade se antes, por meio da oração e dos santos sacramentos, não obtiverdes a graça da conversão dessa pobre Nação.

Senhor Padre, o demônio está operando a batalha decisiva contra a Virgem Maria, e o que mais aflige o Coração Imaculado de Maria e de Jesus é a queda das almas religiosas e sacerdotais. O demônio sabe que sacerdotes e religiosas, descuidando de sua excelsa vocação, arrastam muitas almas para o inferno. Estamos ainda em tempo de evitar o castigo do Céu. Temos à nossa disposição meios muito eficazes: a oração e o sacrifício. Mas o demônio faz de tudo para distrair-nos e tirar-nos o gosto pela oração. Ou nos salvaremos ou então nos danaremos juntos. Porém, padre, é preciso dizer às pessoas que não devem permanecer à espera de uma convocação à oração e à penitência, nem de parte do papa, nem dos bispos, nem dos párocos, nem dos superiores gerais. 

Chegou o tempo de cada um, por sua própria iniciativa, realizar santas obras e reformar a sua vida segundo a convocação da Santíssima Mãe. O demônio quer apoderar-se das almas consagradas, tenta corrompê-las para levar à impenitência final, usa todas as astúcias para introduzir o mundo na vida religiosa; daí a esterilidade da vida interior, a frieza dos seculares em relação à renúncia aos prazeres e à total entrega a Deus. Lembro, padre, que foram dois fatos que concorreram para santificar Jacinta e Francisco: a grande tristeza da Senhora, e a visão do inferno. Porque víamos a Santíssima Virgem sempre muito triste em todas as suas aparições. Nunca sorriu para nós; e essa tristeza e essa angústia que notávamos na Santíssima Virgem, por causa das ofensas a Deus e dos castigos que ameaçavam os pecadores, nós a sentíamos até à alma. E nem sabíamos o que mais inventar para encontrarmos, na nossa imaginação infantil, meios de fazer oração e sacrifícios (…). 

A Senhora encontra-se como que entre duas espadas: de um lado vê a humanidade obstinada e indiferente às ameaças de castigos; de outro, vê a profanação dos santos sacramentos e o desprezo dos avisos de castigos que se aproximam, permanecendo incrédulos, sensuais, materialistas. Por isso, Senhor Padre, minha missão não é indicar ao mundo os castigos materiais que decerto virão sobre a terra se, antes, o mundo não fizer oração e penitência. A minha missão é indicar a todos o perigo iminente em que estamos de perder para sempre a nossa alma, se persistirmos em continuar no pecado. Senhor Padre, não esperemos que venha de Roma para todo o mundo um chamamento à penitência, da parte do Santo Padre; nem esperemos que tal apelo venha da parte dos Senhores Bispos para cada Diocese; nem ainda, das Congregações Religiosas. Não. Nosso Senhor usou já muitos destes meios e ninguém fez caso deles.

Nossa Senhora me disse claramente que se aproximam os últimos tempos. Disse-o por três vezes; na primeira, que o demônio está para iniciar a luta decisiva, isto é, final, da qual sairemos vitoriosos ou vencidos: ou estamos com Deus, ou com o demônio; não há meio termo. Na segunda, me repetiu que os últimos remédios dados ao mundo são o Santo Rosário e a devoção ao Imaculado Coração de Maria. E últimos significa que não há outros meios.

Na terceira vez, disse-me que, esgotados os outros recursos desprezados pelos homens, oferece-nos a última âncora de salvação, que é a Santíssima Virgem em pessoa, com seus numerosos sinais, suas lágrimas, as mensagens de videntes espalhadas no mundo. Isto porque – sempre – nos planos da Divina Providência, quando Deus vai castigar o mundo, esgota primeiro todos os outros meios; depois, ao ver que o mundo não fez caso de nenhum deles, só então (como diríamos no nosso modo imperfeito de falar) é que Sua Mãe Santíssima nos apresenta, envolto num certo temor, o último meio de salvação. Mas se desprezarmos e repelirmos este último meio, já não obteremos o perdão do Céu, porque cometemos o pecado que no Evangelho se chama ‘pecado contra o Espírito Santo’ e que consiste em repelir conscientemente, com todo conhecimento e vontade, a salvação que nos é entregue em mãos; e também porque Nosso Senhor é muito bom Filho, e não permite que desprezemos Sua Mãe Santíssima.

Padre, é urgente que tomemos consciência da terrível realidade. Não se quer encher as almas de medo, mas é uma convocação urgente à realidade, porque desde que a Virgem Santíssima deu grande eficácia ao Santo Rosário, não há problema material ou espiritual, nacional ou internacional, que não possa ser resolvido por ele e pelos nossos sacrifícios. Recitá-lo com amor e devoção consola o Imaculado Coração e enxuga tantas lágrimas de Maria Santíssima. Nessa devoção ao Imaculado Coração de Maria encontraremos o seguro caminho para o Céu, aproximando-nos ao Trono da clemência, do perdão e da serenidade; salvar-nos-emos e obteremos a salvação de muitas almas'.

(Tradução de excertos da obra The Whole Truth About Fatima, Volume III: The Third Secret, Frère Michel de la Sainte Trinitép. 504-508, 1990).