quinta-feira, 10 de setembro de 2015

OS RITOS LITÚRGICOS DA IGREJA CATÓLICA

No âmbito da Igreja Católica Apostólica Romana, a liturgia é a mesma e é única a soberania da cátedra de Pedro. Entretanto, há diferentes FORMAS de se rezar a Missa e de se realizar as cerimônias litúrgicas católicas, todas autênticas e aprovadas formalmente pela Igreja. A origem destas diferenças é histórica: desde os primórdios dos Atos dos Apóstolos, cada comunidade cristã desenvolveu, de forma independente e adaptada à cultura e aos costumes locais. 

No Ocidente, o rito latino foi dominante desde o princípio, mas, no Oriente, com o surgimento dos grandes patriarcados como Jerusalém, Constantinopla, Alexandria e Antioquia, estes ritos assumiram um caráter mais regional e específico:  o rito bizantino teve origem em Bizâncio, capital do Império romano do Oriente, e dominou a região da Ásia Menor (greco-melquita, eslavo, ucraniano e outros); o antioquenho (siríaco, antioquenho, maronita e malancar na Índia), o caldeu (na Índia) e o alexandrino (copta e etíope) que se tornou preponderante, por exemplo, em certas regiões da África. 

Assim, a Igreja Católica comporta atualmente 23 Igrejas autônomas (chamadas sui juris), todas mantendo a mesma integridade da Fé Católica e a obediência ao Sumo Pontífice, que é simultaneamente Papa, Bispo de Roma e Chefe de toda a Igreja Católica. Destas, a Igreja Católica Latina que segue o Rito Latino é, de longe, a maior delas, contando com cerca de 98% dos fiéis católicos do mundo inteiro. Em função dos diferentes ritos litúrgicos adotados, são estas as seguintes igrejas que compõem a Igreja Católica (a data entre parênteses, logo após a nominação das igrejas orientais, refere-se às datas em que as mesmas abdicaram de suas posições e retornaram à plena comunhão com a Verdadeira Igreja):

1. Ritos Ocidentais – Igreja Católica Latina

* Rito Romano (missa tridentina e missa nova)
* Rito Ambrosiano
* Rito Bracarense
* Rito Galicano
* Rito Moçárabe
* Uso Anglicano (para absorver os convertidos da Religião Anglicana)
* Rito dos Cartuxos

2. Rito Bizantino – adotado pelas Igrejas:

* Igreja Greco-Católica Melquita (1726)
* Igreja Católica Bizantina Grega (1829)
* Igreja Greco-Católica Ucraniana (1595)
* Igreja Católica Bizantina Rutena (1646)
* Igreja Católica Bizantina Eslovaca (1646)
* Igreja Católica Búlgara (1861)
* Igreja Greco-Católica Croata (1611)
* Igreja Greco-Católica Macedônica (1918 )
* Igreja Católica Bizantina Húngara (1646)
* Igreja Greco-Católica Romena unida a Roma (1697)
* Igreja Católica Ítalo-Albanesa (sempre em comunhão com a Igreja Católica)
* Igreja Católica Bizantina Russa (1905)
* Igreja Católica Bizantina Albanesa (1628 )
* Igreja Católica Bizantina Bielorrussa (1596)

3. Rito de Antioquia – adotado pelas Igrejas:

* Igreja Maronita (união oficial reafirmada em 1182)
* Igreja Católica Siro-Malancar (1930)
* Igreja Católica Siríaca (1781)

4. Rito Siríaco – adotado pelas Igrejas:

* Igreja Caldeia (1692)
* Igreja Católica Siro-Malabar (1599)

5. Rito Armênio 

* Igreja Católica Armênia (1742)

6. Rito de Alexandria – adotado pelas Igrejas:

* Igreja Católica Copta (1741)
* Igreja Católica Etíope (1846)

Os fiéis pertencentes a estas igrejas orientais católicas (não confundir com as igrejas orientais não-católicas, chamadas ortodoxas, separadas de Roma, que, muitas vezes, adotam os mesmos ritos litúrgicos) são tão católicos quanto aqueles pertencentes à Igreja Latina, mas, de acordo com o Direito Canônico, só podem mudar de rito sob autorização expressa da Santa Sé. Embora conservem tradições litúrgicas e devocionais próprias há séculos e apresentem abordagens teológicas, ritos litúrgicos e regras canônicas específicas (os chamados católicos bizantinos ou greco-católicos constituem cerca de 50% dos católicos orientais e professam o rito bizantino), têm em comum com a Igreja Latina o primado pela unidade da fé e a submissão ao poder do Santo Padre, reconhecido em sua suprema autoridade e infalibilidade magisterial. 

Em função de suas particularidades histórico-geográficas, as igrejas orientais católicas apresentam estruturas e organização distinta da Igreja Católica Latina,  sendo dirigidas por um hierarca e o seu respectivo Sínodo (Concílio de Hierarcas), da seguinte forma:
  • seis Igrejas (Igreja Católica Copta, Igreja Católica Siríaca, Igreja Greco-Católica Melquita, Igreja Maronita, Igreja Católica Caldeia e Igreja Católica Armênia são governadas por Patriarcas* (eleitos pelos seus Sínodos e depois somente reconhecidos pelo Papa);
  • quatro (Igreja Greco-Católica Ucraniana, Igreja Católica Siro-Malabar, Igreja Católica Siro-Malancar e Igreja Greco-Católica Romena unida à Roma) são governadas por Arcebispos Maiores (eleitos pelos seus Sínodos e depois, ao contrário dos Patriarcas, aprovados formalmente pelo Papa);
  • três (Igreja Católica Etíope, Igreja Católica Bizantina Eslovaca e Igreja Católica Bizantina Rutena) são governadas por Arcebispos Metropolitas (indicados em lista tríplice pelos respectivos Concílios de Hierarcas, sendo um deles escolhido e nomeado pelo Papa);
  • demais nove Igrejas: governadas por um ou mais hierarcas, diretamente nomeados e supervisionados pelo Papa, por não existirem sínodos nem concílios de hierarcas.
* Patriarca era o título dado antigamente ao bispo de uma diocese onde vivera e governara um dos Apóstolos ou discípulos de Jesus Cristo; assim havia o Patriarca de Jerusalém, cidade da qual fora primeiro Bispo o Apóstolo São Tiago; Antioquia, onde São Pedro fora Bispo; Alexandria, regida por São Marcos e Roma, onde São Pedro foi Bispo. Mais tarde, o título de Patriarca foi concedido honorificamente aos arcebispos de algumas cidades como Constantinopla, Veneza e Lisboa, por exemplo.