quinta-feira, 7 de agosto de 2014

VERSUS DA MÚSICA SACRA: SANCTUS X SANTO DOS ANJOS

Na liturgia da Santa Missa, logo no início da Oração Eucarística, a assembleia reunida faz a Aclamação, rezando o Sanctus. Este hino de louvor, em união com os coros celestes, é rezado de forma a proclamar o simbolismo do número 3 conforme as Escrituras o fazem por meio da saudação, contida no livro do profeta Isaías (Is 6, 3): 'Santo, Santo, Santo', ao Senhor Deus dos exércitos (da palavra hebraica Sabaoth, mantida inalterada na tradução latina e que faz referência aos 'exércitos celestiais') ou, como traduzido mais livremente, Senhor Deus do universo.

Sanctus

Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do Universo.
O céu e a terra proclamam a vossa glória. Hosana nas alturas.
Bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas.

Sanctus em Latim

Sanctus, Sanctus, Sanctus, Dominus Deus Sabaoth.
Pleni sunt coeli et terra gloria tua.
Hosanna in excelsis.
Benedictus qui venit in nomine Domini.
Hosanna in excelsis.



Uma variante livre do Sanctus é comumente cantada nas nossas Missas, na qual a louvação 'Santo, Santo, Santo' é substituída por outra 'O Senhor é Santo, O Senhor é Santo, O Senhor é Santo', cantada duas vezes. Por outro lado, a invocação 'hosana' (outra palavra hebraica que também foi mantida na tradução latina), súplica pela salvação eterna, é tomada neste caso como uma aclamação triunfal (também repetida três vezes).

Sanctus Modificado

O Senhor é Santo, o Senhor é Santo, o Senhor é Santo
O Senhor é nosso Deus, o Senhor é nosso Pai
Que seu reino de amor se estenda sobre a terra.
O Senhor é Santo, o Senhor é Santo, o Senhor é Santo
Bendito o que vem em nome do Senhor
Bendito o que vem em nome do Senhor
Hosana, Hosana, Hosana.

Uma variante muito forçada e que deturpa extremamente o sentido litúrgico da oração original é o chamado 'Santo dos Anjos', seja lá o que isso queira realmente expressar. A oração sintética, harmônica e litúrgica do Sanctus é substituída por uma cantoria insossa, repetitiva e melódica (muitas vezes acompanhadas de palmas e, infelizmente, de outras tantas 'performances' coreográficas absurdas e inusitadas, que constituem graves distorções  à natureza litúrgica do momento). A rima pobre (está/passará) é repetida à exaustão, e o não, não, não... parece aumentar indefinidamente em outras variantes do 'hino'. As três repetições simbólicas das Escrituras tornam-se, então, duas (e depois quatro), simplesmente para atender a concepção melódica do canto. A pobreza rítmica e caricatural da música é desconsiderada em detrimento à interpretação desvairada de que cantar assim reforça e enfatiza a participação dos fieis na celebração da Santa Missa. Não existem argumentos lógicos para contestar desvarios.

Santo dos Anjos

Santo, santo, santo, dizem todos os anjos
Santo, santo, santo, é o Senhor Jesus
Santo, santo, santo, é quem os redime
Porque meu Deus é Santo e a terra cheia de sua glória está
Porque meu Deus é Santo e a terra cheia de sua glória está
Céus e terras passarão, mas Sua Palavra não passará
Céus e terras passarão, mas Sua Palavra não passará
Não, não, não passará
Não, não, não passará
Hosana a Jesus Cristo, filho de Maria
Bendito o que vem em nome do Senhor
Santo, santo, santo, é quem os redime
Porque meu Deus é Santo e a terra cheia de Sua glória está
Porque meu Deus é Santo e a terra cheia de Sua glória está
Céus e terras passarão, mas Sua Palavra não passará
Céus e terras passarão, mas Sua Palavra não passará
Não, não, não passará
Não, não, não passará