quarta-feira, 3 de julho de 2013

OS EDITOS DE MILÃO E TESSALÔNICA

(Imperador Constantino em mosaico bizantino)

O império romano aceitava, nos tempos pré-cristãos, a livre manifestação de cultos pagãos, desde que atrelada a determinadas práticas quanto à adoração dos deuses de Roma, bem como ao Imperador. A  nascente Igreja Cristã tornou-se, então, um empecilho perigoso ao Estado Romano, ao recusar, de forma absolutamente intransigente, corroborar com tais ações de idolatria e politeísmo, verdadeiras heresias contra as verdades eternas do Evangelho de Cristo. Tal posicionamento, levado inúmeras vezes ao martírio, propiciou um ódio extremado do povo romano em relação ao cristianismo, e as perseguições aos cristãos se sucederam em hordas de desvairada violência.  Em meio a este ambiente de perseguições e brutalidade, a fé cristã não só se mantém como se difunde rapidamente. 

Em meio à crise imperial gerada pela iminente morte do então imperador Galério, Constantino chega ao poder de Roma. Oficial do exército romano, Constantino acumulara enorme popularidade com as vitórias conquistadas nas guerras contra o Egito e a Pérsia e na campanha da Inglaterra. Como imperador (306 - 337), estabelece a liberdade religiosa como uma premissa do estado romano pelo hoje chamado Edito de Milão, em 13 de junho de 313, movido tanto por estratégias políticas quanto por um ato de fé religiosa. Neste momento, a religião cristã passa a ser professada livremente, como qualquer outra religião do império, sem riscos de perseguições e execuções sumárias. 

(Imperador Teodósio)

Este sopro de liberdade vai permitir uma expansão generalizada da religião cristã, invertendo, em pouco tempo, as proporções dos seus adeptos em relação aos das religiões pagãs então vigentes e vai culminar, mais tarde, com a proibição definitiva de todas as seitas heréticas. A ascensão final da fé cristã ocorre quando Teodósio, o último imperador (379 - 395), promulga o Edito de Tessalônica (27 de fevereiro de 380), declarando o cristianismo como religião oficial do Império Romano.

'Queremos que todas os povos que estão subordinadas à nossa clemência professem a religião que o divino apóstolo Pedro pregou aos romanos e que, perpetuada até nossos dias, é o mais fiel testemunho das pregações do apóstolo, religião esta que professam também o papa Dámaso e Pedro, bispo de Alexandria, varão de notável santidade, de tal modo que, segundo os ensinamentos dos apóstolos e do Evangelho, cremos na Trindade do Pai, Filho e Espírito Santo, um só Deus e três pessoas com um mesmo poder e majestade. Ordenamos que aqueles que professam estas normas tenham o nome de cristãos católicos, declarando que os dementes e insensatos que sustentam a heresia e cujas lugares de reuniões não podem receber o nome de igrejas, serão castigados primeiro pela justiça divina e, depois, pela nossa própria iniciativa que será adotada de acordo com a vontade de Deus'. 

(Do Codex Theodosianus, XVI, 1-2. Edição Th. Momsen. Berlín, 1905)