sábado, 23 de junho de 2012

DA VIDA ESPIRITUAL (15)

Senhor! Ontem ou talvez não tenha sido ontem, parei por uns momentos minhas atividades de estudo em minha casa e me transportei para um outro lugar e um outro tempo, em uma região qualquer da Galiléia, há quase 2000 anos atrás... E, na minha mente, reconstruí aquela paisagem: a estrada, os vales, as montanhas, a vegetação, as pessoas... E havia ali, uma grande, uma esplêndida multidão! E todos se empurravam, se acotovelavam, na ânsia de buscar uma posição melhor para divisar ao longe a figura do Mestre que se encaminhava para dentro daquela enorme massa humana que, então, ia se fechando às suas costas para o seguir. Estavam ali a mulher “imunda”, o jovem rico, o paralítico, a cananéia... E eu estava ali! Na ânsia de vê-lo, Senhor, buscava um lugar mais alto: subir a uma árvore, a uma pedra, a um monte... Mas, mesmo assim, não era ainda possível contemplá-lo... Era preciso galgar mais alto e mais alto ainda, subir até o cimo da colina... Até que, enfim, pude reconciliar a minha alma com a visão do meu Deus, uma imagem ainda distorcida, efêmera, esmaecida, escultura de luz feita no caleidoscópio da distância... E eu já tinha os meus olhos resumindo todo o meu ser! E, à medida que Tu te aproximavas de mim, com quanto espanto vi que te olhavas nos olhos... E compreendi, Senhor, que Tu já olhavas para mim muito antes de eu estar ali...