domingo, 16 de julho de 2023

GLÓRIAS DE MARIA: MÃE E FORMOSURA DO CARMELO

   


No dia 16 de julho de 1251, São Simão Stock suplicava a intercessão de Nossa Senhora para resolver problemas da Ordem Carmelita quando teve uma visão da Virgem que, trazendo o Escapulário nas mãos, lhe disse as seguintes palavras:

"Filho diletíssimo, recebe o Escapulário da tua Ordem, sinal especial de minha amizade fraterna, privilégio para ti e todos os carmelitas. Aqueles que morrerem com este Escapulário não padecerão o fogo do Inferno. É sinal de salvação, amparo e proteção nos perigos, e aliança de paz para sempre". 


Imposição e Uso do Escapulário

- Qualquer padre pode fazer a bênção e imposição do Escapulário à pessoa.

2 - A bênção e a imposição valem para toda a vida e, portanto, basta receber o Escapulário uma única vez.

- Quando o Escapulário se desgastar, basta substituí-lo por um novo.

- Mesmo quando alguém tiver a infelicidade de deixar de usá-lo durante algum tempo, pode simplesmente retomar o seu uso, não sendo necessária outra bênção.

5 - Uma vez recebido, o Escapulário deve ser usado em todas as ocasiões (inclusive ao dormir), preferencialmente no pescoço.

6 - Em casos de necessidade de retirada do Escapulário, como no caso de doenças e/ou internações em hospitais, a promessa de Nossa Senhora se mantém, como se a pessoa o estivesse usando.

7 - Mesmo um leigo pode fazer a imposição do Escapulário a uma pessoa em risco de morte, bastando recitar uma oração a Nossa Senhora e colocar na pessoa um escapulário já bento por algum sacerdote.

8 - O Escapulário pode ser substituído por uma medalha que tenha, de um lado, o Sagrado Coração de Jesus e, do outro, uma imagem de Nossa Senhora (por autorização do Papa São Pio X).
Oração a Nossa Senhora do Carmo
     Ó Virgem do Carmo e mãe amorosa de todos os fiéis, mas especialmente dos que vestem vosso sagrado Escapulário, em cujo número tenho a dita de ser incluído, intercedei por mim ante o trono do Altíssimo. 

          Obtende-me que, depois de uma vida verdadeiramente cristã, expire revestido deste santo hábito e, livrando-me do fogo do inferno, conforme prometestes, mereça sair quanto antes, por vossa intercessão poderosa, das chamas do Purgatório.

        Ó Virgem dulcíssima, dissestes que o Escapulário é a defesa nos perigos, sinal do vosso entranhado amor e laço de aliança sempiterna entre Vós e os vossos filhos. Fazei, pois, Mãe amorosíssima, que ele me una perpetuamente a Vós e livre para sempre minha alma do pecado. 

       Em prova do meu reconhecimento e fidelidade, ofereço-me todo a Vós, consagrando-Vos neste dia os meus olhos, meus ouvidos, minha boca, meu coração e todo o meu ser. E porque Vos pertenço inteiramente, guardai-me e defendei-me como filho e servidor vosso. Amém.

EVANGELHO DO DOMINGO

  

'A semente caiu em terra boa e deu fruto(Sl 64)

Primeira Leitura (Is 55,10-11) - Segunda Leitura (Rm 8,18-23)  -  Evangelho (Mt 13,1-23)

 16/07/2023 - Décimo Quinto Domingo do Tempo Comum

34. PARÁBOLA DO SEMEADOR


No Evangelho deste domingo, Jesus nos ensina a força e a eficácia da Palavra de Deus, lançada aos homens pelo semeador, imagem do apóstolo. Palavra que fecunda e irriga de graças a terra inteira, e que produz muitos frutos de salvação, pois assim diz o Senhor: 'Assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam mais, mas vêm irrigar e fecundar a terra, e fazê-la germinar e dar semente, para o plantio e para a alimentação, assim a palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la' (Is 55, 10 - 11).

Jesus se coloca em uma barca, às margens do mar da Galileia e fala à multidão, reunida na praia, por meio de uma parábola: 'Ouvi, portanto, a parábola do semeador' (Mt 13, 8). A Palavra de Deus é um tesouro de bênçãos e graças, que somente se revela na luz do Cristo, na pureza de uma consciência devotada às coisas do Alto, no despojamento do eu e na entrega ao discernimento espiritual de ver, ouvir e entender as coisas de Deus com o coração (profecia de Isaías). Os mistérios do Reino dos Céus são revelados apenas aos pequeninos, aos puros de coração, aos Filhos da Luz.

Jesus é o Semeador; a Palavra de Deus feita Carne, Sangue e Revelação. As sementes da graça devem ser acolhidas, endossadas, vividas, transmitidas, compartilhadas. Almas de apóstolo, eis a síntese da nossa fé cristã, pois também somos semeadores da Palavra de Deus: 'A verdade sai de minha boca, minha palavra jamais será revogada: todo joelho deve dobrar-se diante de mim, toda língua deve jurar por mim' (Is 45,23).

A Palavra de Deus é semente lançada ao mundo para se tornar fruto de salvação. No coração enrijecido dos que renegam o Cristo, a semente é vã pois foi lançada em terra estéril, à beira do caminho. Há sementes que morrem sem germinar entre pedras ou entre espinhos, sem encontrar raízes ou luz, sufocadas pelas paixões do mundo, estancadas por qualquer revés, entregues à própria sorte de suas enormes fragilidades. As sementes que dão fruto são aquelas acolhidas na terra fértil do coração humilde e da alma temente a Deus, regadas e cuidadas com zelo e perseverança, firmadas em raízes profundas e alimentadas pela luz do Cristo. Sementes da graça que vão produzir frutos em abundância: 'Um dá cem, outro sessenta e outro trinta' (Mt 13, 23).

sábado, 15 de julho de 2023

TESOURO DE EXEMPLOS (233/236)

 

233. CORTADOS OS LÁBIOS

A perseguição religiosa, ordenada pela rainha Isabel da Inglaterra, fez inúmeras vítimas. Entre os muitos confessores da nossa fé, achava-se o sacerdote Tiago Bell, que apostatara mas que, depois de haver refletido melhor, se arrependera e trabalhava com muito zelo pela salvação das almas. Preso e condenado à morte, pediu ao juiz que lhe fossem cortados os lábios e os dedos por ter pronunciado o juramento e ter assinado os artigos heréticos contrários à sua consciência e à verdade divina.

234. DE ONDE O SENHOR FUGIU?

Um pastor protestante, que sempre afirmava que os católicos adoram as estátuas e imagens, e que por isso são idólatras, vendo certo dia que uma boa velha rezava devotamente ajoelhada diante de um crucifixo, disse-lhe em tom de mofa:
➖ A senhora adora essa imagem?
A mulher fixou-o admirada e disse:
➖ O senhor está louco? De que manicômio o senhor fugiu? Ajoelho-me diante desta imagem que me representa Jesus Cristo, mas meu coração está com Deus.

235. UM TIRO SACRÍLEGO

Perto de Valença, na Espanha, celebrava-se uma festa em honra do Santo Cristo numa ermida. Muita gente desfilara durante o dia, rezando diante de uma imagem de Jesus. À tarde, quando todos se tinham retirado, voltava da fábrica um operário, o qual, parando no local, puxou do revólver e, com riso satânico, apontou para a imagem e atirou, esmagando-lhe o dedo do pé direito, e depois retirou-se.

À noite, indo a um baile, enquanto se divertia, deixou cair o revólver, que disparou e a bala esmagou-lhe um dedo do pé direito, tal como esmagara o do Cristo da ermida. Um médico o tratou, mas a ferida nunca se fechava. Foi necessário então amputar o dedo, depois o pé, mais tarde a perna, e a gangrena evoluía sempre, e ninguém compreendia porque aquela ferida não se fechava. Era um chaga produzida pela justiça de Deus, chaga que levou o operário a uma morte terrível.

236. QUERIA LIXO COMO FLORES* 

Em 1873 um homem de Wisembach, povoado dos Voges, amontoava imundícies num depósito. Aos que lhe perguntavam para que tudo aquilo iria servir, ele respondia: 
➖ Este lixo eu colocarei como flores nas ruas por onde há de passar a procissão de Corpo de Deus. 

Três dias depois foi atacado de apoplexia, morrendo sem recobrar os sentidos e sendo enterrado no próprio dia da procissão de Corpus Christi.

* no original: 'Queria pô-las como flores'

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

DOUTORES DA IGREJA (XVII)

17Santo Hilário de Poitiers, Bispo (†367)

Doutor da Divindade de Cristo

Concessão do título: 1851 - Papa Pio IX

Celebração: 13 de janeiro (Memória Facultativa)

 Obras e Escritos 

  • Commentarius in Evangelium Matthaei - Comentário ao Evangelho de Mateus
  • Tractatus super Psalmos - Tratado sobre os Salmos
  • Tractatus mysteriorum - Tratado sobre os Mistérios
  • De Trinitate Libri - Tratado sobre a Santíssima Trindade
  • De synodis (ou De fide Orientalium) - Sobre os Sínodos (a fé da Igreja do Oriente)
  • Contra Constantium Augustum liber - Contra o Imperador Constantino (Livros I e II)
  • Adversus Arianos - Contra os Arianos (confrontação ao arianismo no Oriente)
  • Hinos

sexta-feira, 14 de julho de 2023

FRASES DE SENDARIUM (IV)


‘Ao entardecer desta vida, seremos examinados no amor’

                                                                                                                                (São João da Cruz)

Senhor, concedei-me a graça de colocar em prática o amor que tenho pelas vossas coisas e ser um instrumento vivo do vosso infinito amor pelos homens

quinta-feira, 13 de julho de 2023

ORAÇÃO AO ESPÍRITO SANTO


Espírito Santo, divino paráclito, pai dos pobres, consolador dos aflitos, santificador das almas, eis-me aqui prostrado na Vossa presença; adoro-vos com a mais profunda submissão, e repito mil vezes com os serafins que estão diante do Vosso trono: 'Santo! Santo! Santo!' Creio firmemente que sois eterno, da mesma substância do Pai e do Filho. Espero que, pela Vossa bondade, santificareis e salvareis a minha alma. Amo-vos, ó Deus de amor; amo-vos mais do que todas as coisas, com todos os meus afetos, porque sois a bondade infinita, única digna de todo o meu amor. Insensível às vossas santas inspirações, quantas vezes, tive a ingratidão de vos ofender: peço-vos mil vezes perdão e pesa-me sumamente vos ter desagrado, ó Bem supremo! 

Ofereço-vos o meu coração, frio como é, e vos suplico façais nele entrar um raio da vossa luz, uma centelha do vosso amor, para derreter o gelo tão duro das minhas iniquidades. Vós, que enchestes de imensas graças a alma de Maria, e abrasastes com zelo santo os corações dos apóstolos, dignai-vos também de abrasar no vosso amor o meu coração. Vós sois um Espírito divino, fortificai-me contra os maus espíritos; sois Fogo, acendei em mim o fogo do vosso amor; sois Luz, esclarecei-me fazendo que eu conheça as coisas eternas; sois uma Pomba, dai-me costumes puros; sois Sopro cheio de doçura, dissipai as tempestades que as paixões levantam em mim; sois uma Língua, ensinai-me a maneira de vos louvar sem cessar; sois uma Nuvem, cobri-me com a sombra da vossa proteção. 

Enfim, sois o Autor de todos os dons celestes: eu vos conjuro, vivificai-me pela vossa graça; santificai-me pela vossa caridade, governai-me pela vossa sabedoria, adotai-me como filho pela vossa bondade e salvai-me pela vossa infinita misericórdia, para que não cesse jamais de vos bendizer, louvar e amar, primeiro na terra durante a minha vida e depois no céu por toda a eternidade. Assim seja.

 Vinde, ó Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
e acendei neles o fogo sagrado do vosso amor!

(Excertos da obra 'As Mais Belas Orações de Santo Afonso', do Pe. Saint-Omer)

quarta-feira, 12 de julho de 2023

O DOGMA DO PURGATÓRIO (LIX)

  

Capítulo LIX

Auxílio às Santas Almas - São Malaquias no Mosteiro de Claraval - Irmã Zenaide - São José de Anchieta e a Missa de Réquiem

Não podemos deixar de contar a graça especial que a grande caridade de São Malaquias para com as santas almas lhe proporcionou. Um dia, estando na companhia de várias pessoas piedosas e conversando familiarmente sobre assuntos espirituais, chegaram a falar do seu último fim. 'Se' - disse ele - 'a escolha fosse dada a cada um de vós, a que hora e em que lugar gostaríeis de morrer?' A esta pergunta, um mencionou uma certa festa, outro uma tal hora e outro ainda, em tal lugar. Quando chegou a vez de o santo exprimir o seu pensamento, disse que não haveria lugar de seu maior agrado de terminar a sua vida do que no Mosteiro de Claraval, sob a direção de São Bernardo, a fim de poder gozar imediatamente do benefício dos sacrifícios daqueles fervorosos religiosos; e quanto a hora, preferia, o dia de Finados, para poder tomar parte em todas as missas e em todas as orações oferecidas em todo o mundo católico pelos fiéis defuntos.

Este seu piedoso desejo foi satisfeito em todos os detalhes. Estava a caminho de Roma para visitar o Papa Eugênio III quando, chegando a Claraval um pouco antes do dia de Finados, foi acometido por uma grave doença que o obrigou a permanecer naquele santo retiro. Compreendeu logo que Deus tinha ouvido as suas preces e exclamou como o profeta: 'Este é o meu repouso para todo o sempre; aqui habitarei, porque o escolhi' (Salmo 131). De fato, no dia seguinte, dia de Finados, enquanto toda a Igreja rezava pelos defuntos, ele entregou a sua alma nas mãos do Criador.

'Conhecemos' - diz o Abade Postel - 'uma santa religiosa chamada Irmã Zenaide que, afligida por uma doença terrível por vários anos, pediu a Nosso Senhor a graça de morrer no Dia de Finados, para o qual sempre tivera grande devoção. Seu desejo foi concedido. Na manhã do dia 2 de novembro, depois de dois anos de sofrimentos suportados com verdadeira coragem cristã, ela começou a entoar um hino de ação de graças e calmamente expirou alguns momentos antes da celebração das missas.

Sabemos que na liturgia católica há uma Missa Especial pelos defuntos; é celebrada com paramentos negros e é chamada de Missa de Réquiem. Pode-se perguntar: esta missa é mais proveitosa para as almas do que qualquer outra? O Sacrifício da Missa, não obstante a variedade de suas cerimônias, é sempre o mesmo Sacrifício infinitamente santo do Corpo e Sangue de Jesus Cristo mas, como a Missa pelos Defuntos contém orações especiais para as almas dos falecidos, ela oferece também uma ajuda especial para elas, pelo menos naqueles momentos em que as leis litúrgicas permitem que o padre celebre trajado de preto. Esta opinião, fundamentada na instituição e na prática da Igreja, é confirmada por um fato que lemos na Vida do Venerável Padre José Anchieta.

Este santo religioso, justamente apelidado de Taumaturgo do Brasil, tinha, como todos os santos, grande caridade para com as santas almas do Purgatório. Um dia, na Oitava de Natal, tempo no qual a Igreja proíbe a celebração de Missas de Réquiem, precisamente no dia 27 de dezembro, festa de São João Evangelista, este homem de Deus, para grande espanto de todos, subiu ao altar com paramentos negros e ofereceu o Santo Sacrifício pelos defuntos. O seu superior, padre Nóbrega, conhecendo a santidade de Anchieta, não duvidou que tivesse recebido uma inspiração divina; no entanto, para remover de tal conduta o caráter de irregularidade que parecia ter, repreendeu o santo sacerdote na presença de todos os irmãos. 'Como foi isso, padre' - disse a ele - 'você não sabe que a Igreja proíbe a celebração da missa em paramentos negros no dia de hoje? Você esqueceu a liturgia?'

O bom padre, bastante humilde e obediente, respondeu com respeitosa simplicidade que Deus lhe havia revelado a morte de um sacerdote da Companhia. Este padre, seu colega de estudos na Universidade de Coimbra, e que nessa altura residia na Itália, no Colégio da Santa Casa de Loreto, falecera naquela noite. 'Deus' - revelou ele - 'tornou-me isso conhecido e deu-me a entender que eu deveria oferecer o Santo Sacrifício em sua intenção imediatamente e fazer tudo ao meu alcance para o repouso de sua alma'. 'Mas' - disse então o Superior - 'como você sabe que a missa celebrada hoje será de algum benefício para ele?' Anchieta respondeu simplesmente: 'Imediatamente após ter feito a memória dos defuntos, quando disse estas palavras: A Vós, Deus Pai Todo-Poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda honra e glória!, Deus me mostrou a alma desse querido amigo, libertada de todos os seus sofrimentos, elevando-se ao Céu para receber a sua coroa de glória'.

Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog.