segunda-feira, 25 de julho de 2022

PARA SER UM HOMEM ETERNO... (IV)

 ... SEJA UM CATÓLICO DE VERDADE

Ser católico de verdade é, por princípio, uma enorme e absurda contradição. O católico é aquele que comunga a doutrina de Cristo, que é a Verdade. Então, não existem católicos 'de verdade', nem católicos de quaisquer espécie ou adjetivação complementar, como se fosse possível a existência de hordas de católicos 'de mentira', neocatólicos ou católicos dos tempos atuais. Católicos mais ou menos. Mas, infelizmente, estes são muitos - talvez mesmo uma grande maioria - e, assim, nestes tristes tempos, seja preciso enfatizar os católicos como 'católicos de verdade'.

Ser católico começa em ser crente. Partilhar de crenças que têm como base a fé centrada em Cristo e que implica compartilhar EM TUDO a doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo como modelo de pensamento e de vida neste mundo. Isso implica assumir crenças diversas como valores fundamentais. Cremos em Deus Pai criador e todo poderoso. Cremos no Filho de Deus Vivo, Jesus Cristo, que sofreu, morreu e ressuscitou dos mortos, para nos salvar e nos oferecer o dom da vida eterna. Professamos que Jesus é nosso Senhor e Salvador, nosso Pastor e Rei. Cremos no Espírito Santo e na sua operosa intercessão nos tempos em favor das almas e da Santa Igreja. Buscamos moldar a nossa vida em amar a Deus acima de tudo e amar o próximo como a nós mesmos, praticando sempre o perdão, a caridade e a misericórdia. Trabalhamos pela paz e justiça em nosso mundo. Adoramos e louvamos a Deus vivendo uma vida sacramental. Reconhecemos a necessidade do perdão e cremos firmemente que, no sacramento da Reconciliação, encontramos a fonte divina para receber o dom do perdão. Cremos na presença real de Jesus Cristo na Eucaristia, não apenas como um sinal ou símbolo de Jesus, mas como verdadeiro corpo e sangue de Cristo. 

Reconhecemos a oração como prática de vida da intimidade com Deus. Reconhecemos a importância de ler e rezar as Sagradas Escrituras, a palavra viva de Deus.  Reconhecemos a primazia do Papa e respeitamos o ofício do papado como a verdadeira autoridade de ensino da Igreja. Pregamos o Evangelho de Jesus Cristo, tanto em palavras como em ações, particularmente no sentido de viver para os outros, e não apenas para nós mesmos. Somos devotos de Maria, Mãe de Deus, e vemos os santos como verdadeiros exemplos de santidade e de fé. Rezamos e pedimos a intercessão de Nossa Senhora e dos santos em nosso favor. Estamos comprometidos com a proteção de toda a vida humana, desde o momento da concepção até a morte natural. Somos irmãos em Cristo e, como comunidade unida, buscamos respeitar a dignidade de cada ser humano, extirpando quaisquer resquícios de preconceito, opressão, arbítrio, violência ou  injustiça a quem quer que seja.

Mais do que crentes, somos cristãos, porque temos como único modelo Cristo, Aquele que é Caminho, Verdade e Vida e 'cujo jugo é suave e o fardo é leve'. Ser cristão é ser católico, porque a Igreja de Cristo é única: una, santa, católica e apostólica. Se a Igreja de Cristo é única, quaisquer outras igrejas são absolutamente falsas. Se são falsas e dissociadas da Verdade que é Cristo, não são católicas e nem cristãs. 

Como católicos, somos cristãos e somos crentes. Mas, quantas vezes apenas crentes? Crentes que acreditam que, como católicos, nos bastam ser crentes? Crentes de nossas próprias convicções, crentes num modo particular de estabelecer limites e interfaces entre a vida mundana e a vida espiritual? Crentes que podemos ser cristãos diferentes? Crentes num Deus que nos espera compassivo na próxima esquina, forjado pelos nossos interesses ou repentinamente alçado aos dotes de uma solução infinita quando as provações e as intempéries da vida nos jogam no chão? Crentes que o bem feito é fruto e empenho de graças divinas, ainda que seja feito exclusivamente pela moral humana? Onde fica, então, o 'sem Mim, nada podeis fazer?' 

Para ser um homem eterno... seja um católico de verdade. Seja crente, cristão e católico. Professe a Verdade de Cristo em suas palavras, em suas obras, no recolhimento de sua oração, em tudo, com todos, o tempo todo. Sem meias verdades, sem miseráveis concessões. Sem querer moldar Deus e a doutrina de Cristo aos seus interesses e privilégios mundanos, sem maneirismos, sem tibieza, sem indiferentismo, sem covardia, sem presunção. 

Seja intransigente, seja inoportuno em nome da Verdade. Todo o respeito humano vai morrer em pó, toda vaidade humana é fuligem no tempo. Nada disso importa, nada disso produz frutos de graça e de salvação. Só Deus possui as chaves da eternidade e somente nas palavras de Cristo e da Santa Igreja Católica você pode encontrá-las. Somente em Cristo, por Cristo e em Cristo, o católico de verdade pode aspirar a ser um homem eterno.

domingo, 24 de julho de 2022

EVANGELHO DO DOMINGO

'Naquele dia em que gritei, Vós me escutastes, ó Senhor!(Sl 137)
 
 24/07/2022 - Décimo Sétimo Domingo do Tempo Comum 

35. VIDA DE ORAÇÃO  


Jesus em oração. Nos Evangelhos, são inúmeros os exemplos que mostram Jesus em silente oração na intimidade com o Pai. O Filho de Deus Vivo feito homem mostra e reafirma, em sua condição humana, a necessidade da oração contínua e suplicante a Deus. Nestas ocasiões, Jesus se afastava do burburinho dos homens, para rezar com piedade, recolhimento e devoção, no exemplo do modelo da oração perseverante que se eleva da terra e encontra acolhida e reflexos nos céus. É preciso rezar sempre, é preciso sempre rezar bem.

E Jesus ensina aos discípulos a Oração do Pai Nosso, síntese da perfeição da oração cristã. Em São Lucas, os Evangelhos transcrevem uma versão mais resumida da forma integral da oração como expressa por São Mateus (Mt 6, 9-13). Nas suas sete petições, suplicamos e louvamos de forma perfeita a glória e a misericórdia de Deus, assumimos a condição de criaturas necessitadas de alimento físico e espiritual para ascendermos à eternidade com Deus, definitivamente libertados do pecado e de todas as insustentáveis fragilidades da nossa natureza humana.

Rezar bem, com perseverança, insistentemente, oportuna e inoportunamente, como Abraão diante o perdão de Sodoma (Gn 18, 20-32), como Jesus ilustra com a parábola do pedido inoportuno do amigo insistente em plena madrugada: 'Amigo, empresta-me três pães...' (Lc 11,5). Deus não se cansa, Deus não se aflige, Deus não reclama de horários inapropriados ou da falta de cortesias humanas. Deus quer ouvir a nossa oração sempre, a qualquer hora, em qualquer lugar: 'Portanto, eu vos digo: pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. Pois quem pede, recebe; quem procura, encontra; e, para quem bate, se abrirá' (Lc 11, 9-10). A oração bem feita é a certeza concreta de que nossas súplicas tocaram o Coração de Deus.

A insistência e a perseverança da oração rendem frutos de graças. O poder da oração agradável a Deus é capaz de remover montanhas, obstáculos julgados intransponíveis, e de superar todos os limites conhecidos da condição humana; é capaz de realizar milagres: 'Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!' (Lc 11, 13). O tempo de Deus conosco é a nossa vida em oração.

sábado, 23 de julho de 2022

O DOGMA DO PURGATÓRIO (XXXVI)

Capítulo XXXVI

Razões da Expiação no Purgatório - Mortificação dos Sentidos - A visão do Padre Francisco de Aix - Mortificação da Língua e o Célebre Durand

Os cristãos que desejam escapar dos rigores do Purgatório devem amar a mortificação do seu Divino Mestre e ter cuidado para não serem membros transigentes sob uma Cabeça coroada de espinhos. Em 10 de fevereiro de 1656, na província de Lyon, faleceu o padre Francisco de Aix, da Companhia de Jesus, para uma vida melhor. Ele levou todas as virtudes de um religioso a um elevado grau de perfeição. Possuído por uma profunda veneração à Santíssima Trindade, teve por particular intenção em todas as suas orações e mortificações honrar este Augusto Mistério; abraçar de preferência os trabalhos pelos quais os outros mostravam menos inclinação tinha um encanto especial para ele. Frequentemente visitava o Santíssimo Sacramento, mesmo durante a noite, e nunca saía da porta de seu quarto sem ir rezar ao pé do altar. Suas penitências, um tanto excessivas, deram a ele a alcunha de homem das dores. A alguém que o aconselhou a moderação, ele respondeu: 'O dia que eu deixasse passar sem derramar algumas gotas do meu sangue para oferecer ao meu Deus seria para mim a mais dolorosa e severa mortificação. Assim, já que não posso esperar sofrer o martírio por amor de Jesus Cristo, pelo menos terei alguma participação em seus sofrimentos'.

Outro religioso, Irmão Coadjutor da mesma Ordem, não imitou o exemplo deste bom padre. Ele tinha pouco amor pela mortificação e, ao contrário, buscava mais a comodidade e o conforto, bem como tudo o que pudesse agradar os sentidos. Este irmão, alguns dias depois de sua morte, apareceu ao padre d'Aix, envolvido por um cilício tenebroso e sofrendo grandes tormentos, como castigo pelas faltas de sensualidade que havia cometido em vida. Ele implorou a ajuda de suas orações e logo em seguida desapareceu.

Outra falta contra a qual devemos nos proteger, porque nela caímos muito facilmente, é a não mortificação da língua. Ó como é fácil errar nas palavras! Quão raro é falar por muito tempo sem ofender a mansidão, a humildade, a sinceridade ou a caridade cristã! Mesmo pessoas piedosas estão frequentemente sujeitas a esse defeito; quando escapam de todas as outras armadilhas do demônio, deixam-se levar, diz São Jerônimo, nesta última armadilha – a calúnia. 

Ouçamos o que é relatado por Vincent de Beauvais. Quando o célebre Durand que, no século XI, resplandeceu a Ordem de São Domingos, era ainda um simples religioso, mostrou-se um modelo de regularidade e fervor; mas ele tinha um defeito. A sua vivacidade era uma predisposição a falar muito; gostava excessivamente de expressões espirituosas, muitas vezes à custa da caridade. Hugh, seu abade, alertou isso ao seu conhecimento, prevendo mesmo que, se não se corrigisse dessa falta, certamente teria que expiá-la no Purgatório. Durand não deu importância suficiente a esse conselho e continuou a se dedicar, sem muita restrição, aos distúrbios da língua. Após sua morte, a previsão do abade Hugh foi cumprida. Durand apareceu a um religioso, um de seus amigos, implorando-lhe que o ajudasse com suas orações, porque ele foi terrivelmente punido pela não mortificação de sua língua. Em consequência desta aparição, os membros da comunidade decidiram por unanimidade em observar estrito silêncio por oito dias, e praticar outras boas obras para o repouso do falecido. Esses exercícios de caridade produziram seu efeito; algum tempo depois Durand apareceu novamente, mas agora para anunciar a sua libertação.

Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog)

sexta-feira, 22 de julho de 2022

22 DE JULHO - SANTA MARIA MADALENA

 

Maria Madalena. Para se fazer distinção do nome Maria tão comum entre os habitantes de Israel (esse era o nome, por exemplo, da irmã de Moisés), os textos bíblicos nomeavam as diferentes Marias por um acréscimo singular do personagem - assim, Maria Madalena é a Maria de Magdala, povoado situado às margens do Lago da Galileia e próximo à cidade de Tiberíades. Eis as pouquíssimas referências a ela nas Sagradas Escrituras:

[Lc 8, 2-3]: 'Os Doze estavam com ele, como também algumas mulheres que tinham sido livradas de espíritos malignos e curadas de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes; Susana e muitas outras, que o assistiram com as suas posses'.

[Jo 19, 25]: 'Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena'.

[Mc 15,40-41; 47]: 'Achavam-se ali também umas mulheres, observando de longe, entre as quais Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o Menor, e de José, e Salomé, que o tinham seguido e o haviam assistido, quando ele estava na Galileia; e muitas outras que haviam subido juntamente com ele a Jerusalém... Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde o depositavam'.

[Mc 16, 1; 5-6; 9-10]: 'Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para ungir Jesus... Entrando no sepulcro, viram, sentado do lado direito, um jovem, vestido de roupas brancas, e assustaram-se. Ele lhes falou: Não tenhais medo. Buscais Jesus de Nazaré, que foi crucificado. Ele ressuscitou, já não está aqui. Eis o lugar onde o depositaram... Tendo Jesus ressuscitado de manhã, no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria de Magdala, de quem tinha expulsado sete demônios. Foi ela noticiá-lo aos que estiveram com ele, os quais estavam aflitos e chorosos'.

[Jo 20, 1-2; 18]: 'No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro. Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram! ... Maria Madalena correu para anunciar aos discípulos que ela tinha visto o Senhor e contou o que ele lhe tinha falado'.

Ela é a figura bíblica 'Maria de Magdala', da qual Jesus havia expulsado sete demônios. Esta acepção não implica a interpretação direta de 'uma grande pecadora'. O fato de ter-se livrado de 'sete demônios' (sete é o número da perfeição, da plenitude) implica que ela foi curada de todos os seus males tanto físicos (enfermidades) como espirituais (pecados, estes de naturezas quaisquer). É absolutamente forçada e despropositada a conjectura de que Maria Madalena pudesse ter sido uma 'prostituta' na sua condição pregressa antes do seu encontro com Jesus. Desta interpretação espúria, nasceram inúmeras outras lendas e desdobramentos fantasiosos da participação e do envolvimento desta mulher singular na vida pública de Jesus e dos seus apóstolos. 

quinta-feira, 21 de julho de 2022

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (XXIX)

 

ESPELHO DE JUSTIÇA, rogai por nós.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)

ORAÇÃO: O GLORIOSA DOMINA

O hino O Gloriosa Domina constitui a sequência final do hino devocional Quem Terra, Pontus, Aethera - cuja autoria é atribuída a Venantius Fortunatus (530-609), bispo de Poitiers, comumente utilizado nas leituras da Liturgia das Horas. Este pequeno hino constitui um verdadeiro breviário de mariologia, pois exalta o papel de Nossa Senhora como co-redentora da humanidade na sua terceira estrofe (assinalada em negrito em vermelho). Muito conhecido no passado, era rezado por muitos santos, sendo a obra preferida de Santo Antônio de Pádua, que o aprendeu por sua mãe e que o cantava desde tenra idade e, inclusive, na hora da morte, tendo sido a recitação do hino as suas últimas palavras nesta vida. Ainda hoje, como homenagem, os devotos rezam e cantam este hino diante do túmulo do santo. 


O Gloriosa domina,
excelsa super sidera,
qui te creavit provide,
lactas sacrato ubere.

Ó gloriosa Senhora,
mais excelsa que as estrelas,
alimentastes no sagrado peito
Aquele que vos criou.

Quod Eva tristis abstulit,
tu reddis almo germine;
intrent ut astra flebiles,
sternis benigna semitam.

O que Eva infeliz nos frustrou
pela semente de vosso ventre reparais
ao reabrir propícia para as estrelas errantes
o caminho para o reino dos Céus.

Tu regis alti ianua
et porta lucis fulgida;
vitam datam per Virginem,
gentes redemptae, plaudite.

Vós sois o pórtico do Céu,
o portal de luz resplendente;
ó homens remidos, louvai
a Virgem que vos legou a vida.

Patri sit Paraclito
tuoque Nato gloria,
qui veste te mirabili
circumdederunt gratiae. Amen.

Com o Pai e o Paráclito
seja dada toda glória ao vosso Filho,
que com magnífica veste 
vos revestistes toda de graças. Amém.

(tradução do autor do blog)

quarta-feira, 20 de julho de 2022

PARA SER UM HOMEM ETERNO... (III)

   ... SEJA UM HOMEM DE ORAÇÃO


Ninguém tem tempo. É preciso fazer tudo o que é possível no menor tempo possível. As coisas do mundo demandam tempo e, para fazê-las, é preciso que o homem se torne escravo do tempo. E, se acaso ainda for possível, ser escravo e escracho do tempo. O tempo nos consome, e somos consumidos neste redemoinho dos dias e semanas como uma consequência feliz e previsível da nossa vontade. Ainda que o resultado concreto de tudo isso seja sempre um imenso vazio.

A vida plena em Deus exige... parar o tempo. O tempo é o maior contratempo na nossa vida interior. O recolhimento e a oração implicam, na intimidade com Deus, o domínio completo dos sentidos e dos sentimentos. Esse domínio é principalmente o controle da imaginação e do tempo exterior. Estamos na Presença de Deus, estamos fora do mundo, estamos em oração. A oração é um ato de libertação do homem contra a escravidão do tempo e dos sentidos. 

Mas a oração é muito mais que isso. A oração é um ato de amor, do mais puro amor humano, que nos permite aspirar aos patamares mais elevados da graça divina. Para se ficar sinceramente na Presença de Deus, é preciso o despojamento de nós mesmos e o desapego à própria existência. Orar significa o sobrevoo da alma sobre a nossa condição humana; orar sem cessar consiste em tornar este voo um prelúdio da eternidade com Deus.

A oração é um sopro do Espírito Santo que perpassa pelos labirintos das percepções humanas. Estamos sempre preocupados em fazer, em fazer muito e sempre cada vez mais ansiosos por fazer mais. Deus conta apenas com aquilo que podemos fazer bem. Com as nossas obras, pequenas obras, incensadas do puro amor humano, movidas pela caridade, sublimadas pela oração. Pela oração e pela graça divina, homens de barro são transformados em homens eternos.

Para ser um homem eterno... seja um homem de oração. Porque a nossa salvação depende da nossa oração, da nossa capacidade de nos colocarmos continua e proficuamente na intimidade com Deus como frutos venturosos de homens de uma vida. Aprender com a oração a estar e a permanecer na intimidade de Deus é o maior tesouro deste mundo e a fonte de todas as bem aventuranças; a oração nos leva ao encontro de Deus, não rezar implica nos perder no mundo.

Seja um homem de oração. Para colocar as coisas em ordem e curar as feridas abertas ou mal curadas, é preciso primeiro esvaziar a alma dos sentidos e dos apegos humanos. A alma de um homem de oração é uma catedral vazia, ainda que tenha as dimensões e a simplicidade de uma choupana. Na alma de um homem de oração, esvaziada de si mesmo, o infinito amor de Deus seria capaz de refazer o universo inteiro.