sexta-feira, 7 de agosto de 2020

VISÃO DO INFERNO SEGUNDO SANTA TERESA DE ÁVILA

1. Havia muito tempo que o Senhor me fazia muitas graças já referidas e outras ainda maiores, quando um dia, estando em oração, achei-me subitamente, ao que me parecia, metida corpo e alma no inferno. Entendi que o Senhor queria fazer-me ver o lugar que os demônios aí me haviam preparado, e eu merecera por meus pecados. Durou brevíssimo tempo. Contudo ainda que vivesse muitos anos, acho impossível esquecê-lo. A entrada pareceu-me um túnel longo e estreito, semelhante a um forno muito baixo, escuro e apertado. O chão tinha aparência de uma água, ou antes, de um lodo sujíssimo e de odor pestilencial, cheio de répteis venenosos. No fundo havia uma concavidade aberta numa parede, como um armário, onde me vi, encerrada de maneira muito apertada.

2. O tormento interior é tal, que não há palavras para o definir, nem se entende como é realmente. Na alma senti tal fogo, que não tenho capacidade para o descrever. No corpo eram incomparáveis as dores. Tenho passado nesta vida dores gravíssimas. No dizer dos médicos são as maiores que se podem suportar, como, por exemplo, quando se encolheram todos os meus nervos, e fiquei tolhida. Já não falo de outras muitas dores de diversos gêneros e até algumas causadas pelo demônio. Posso afirmar que tudo foi nada em comparação do que ali experimentei. 

O pior era saber que seria sem fim, sem jamais cessar. Sim, repito, tudo mais pode chamar-se nada em relação ao agonizar da alma: é um aperto, um afogamento, uma aflição tão intensa, e acompanhada de uma tristeza tão desesperada e pungente, que não sei como posso explicar semelhante estado! Compará-lo à sensação de que vos estão sempre a arrancar a alma, é pouco. Em tal caso, seria como se alguém nos acabasse com a vida. Aqui é a própria alma que se despedaça. O fato é que não sei como descrever aquele fogo interior e aquele desespero que se sobrepõem a tão grandes tormentos. Eu não via quem os provocava, mas sentia-me queimar e retalhar. Piores, repito, são aquele fogo e aquele desespero que me consumiam interiormente.

3. Em lugar tão pestilencial, sem esperar consolo, é impossível sentar-se, ou deitar-se, nem há espaço para tal. Puseram-me numa espécie de fenda cavada na muralha. As próprias paredes, espantosas à vista, oprimem, e tudo ali sufoca. Por toda parte trevas escuríssimas. Não há luz. Não entendo como, sem claridade, se enxerga tudo, causando dor nos olhos. Nesta ocasião o Senhor não quis que eu visse mais de tudo aquilo que há no inferno. Em outra visão, vi coisas horripilantes acerca do castigo de alguns vícios. Pareceram muito mais horrorosas à vista. Como não sentia a pena, não me causaram tanto temor como na primeira visão, na qual o Senhor quis que eu verdadeiramente sentisse aquelas torturas e aquela aflição de espírito como se o corpo as estivesse padecendo. Como foi isso, não sei, mas bem entendi ser grande graça do Senhor querer que eu visse, com meus olhos, de onde sua misericórdia me havia livrado. Verdadeiramente é nada ouvir discorrer, ou ainda meditar, sobre a diversidade dos tormentos, como eu de outras vezes havia feito, embora raramente. A feição de minha alma não é ser levada pelo temor. Lia que os demônios atenazam as almas e lhes infligem outros suplícios. Tudo é nada a respeito da verdadeira pena, que é muito diferente. Numa palavra, é tão diferente quanto o esboço o é da realidade. Queimar-se aqui na terra é sofrimento muito leve em comparação com aquele fogo de lá.

4. Fiquei tão aterrorizada, e ainda agora o estou enquanto escrevo, apesar de terem decorrido quase seis anos. De tanto temor, tenho a impressão de ficar gelada. Desde então, ao que me recordo, cada vez que tenho sofrimentos ou dores, tudo o que se pode passar na terra, me parece nada. Penso que em parte nos queixamos sem motivo. Foi esta, repito, uma das maiores graças que o Senhor me fez. Valeu-me imensamente, quer para perder o medo quanto às tribulações e contradições desta vida, quer para me esforçar em padecê-las e a dar graças ao Senhor, por me ter livrado, ao que agora me parece, de males tão perpétuos e terríveis.

(Santa Teresa de Ávila)

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS


quinta-feira, 6 de agosto de 2020

ORAÇÃO: LAUDES DIVINAE

Os Louvores Divinos (Laudes Divinae) constituem uma sequência de aclamações de louvor a Deus, a Jesus Cristo, ao Espírito Santo, a Virgem Santíssima, a São José e a todos os anjos e santos, como oração de reparação e desagravo. O texto original é de 1797 (em italiano) e de autoria de Luigi Felici, contendo acréscimos de outras aclamações incorporadas posteriormente em sua concepção atual. Os Louvores Divinos são frequentemente recitados durante as cerimônias da Bênção do Santíssimo Sacramento.


Benedictus Deus. 
Benedictum Nomen Sanctum eius. 
Benedictus Iesus Christus, verus Deus et verus homo. 
Benedictum Nomen Iesu. 
Benedictum Cor eius sacratissimum. 
Benedictus Sanguis eius pretiosissimus. 
Benedictus Iesus in sanctissimo altaris Sacramento.
Benedictus Sanctus Spiritus, Paraclitus. 
Benedicta magna Mater Dei, Maria Sanctissima. 
Benedicta sancta eius et immaculata Conceptio. 
Benedicta eius gloriosa in caelum Assumptio. 
Benedictum nomen Mariae, Virginis et Matris. 
Benedictus sanctus Ioseph, eius castissimus Sponsus. 
Benedictus Deus in Angelis suis et in Sanctis suis. 
Amen.

Bendito seja Deus. 
Bendito seja o seu Santo Nome. 
Bendito seja Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. 
Bendito seja o Nome de Jesus. 
Bendito seja o Seu Sacratíssimo Coração. 
Bendito seja o seu preciosíssimo Sangue. 
Bendito seja Jesus no Santíssimo Sacramento do Altar. 
Bendito seja o Espírito Santo, o Paráclito. 
Bendita seja a grande Mãe de Deus, Maria Santíssima. 
Bendita seja sua Santa e Imaculada Conceição. 
Bendita seja sua Gloriosa Assunção (ao Céu). 
Bendito seja o nome de Maria, Virgem e Mãe. 
Bendito seja São José, seu castíssimo Esposo. 
Bendito seja Deus nos seus Anjos e nos seus Santos. 
Amém.

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

TESOURO DE EXEMPLOS (13/15)


13. CRUZADA E SACRIFÍCIO

A Cruzada Eucarística tem por fim fomentar não só a devoção ao Santíssimo, mas também o zelo e o espírito de sacrifício. Num congresso de cruzadinhos, apresentou-seu um menino camponês, bem vestido e todo garboso, à frente de um verdadeiro batalhão de Cruzadinhos.

➖ Olá! Como é isso: como você conseguiu arranjar no seu povoado um tal grupo de rapazes? perguntou o zelador.
O rapazinho, embaraçado e fazendo girar o gorrinho, não sabia como responder.
➖ Diga-me, como começaste isso?
➖ perguntei a eles se queriam ser Cruzados
➖ E o que responderam?
➖ Que não queriam.
➖ E o que fizeste, então?
➖ Comecei a comungar por intenção deles.
➖ E então quiseram?
➖ Não, senhor.
➖ E que fizeste depois?
➖ Na comunhão, o Menino Jesus me inspirou que fizesse alguns sacrifícios...
➖ E aí quiseram?
➖ Então, sim.

14. VISITANDO O SANTÍSSIMO

Um sacerdote, que estava a rezar o ofício divino a um canto da igreja sem que o pudessem ver, foi testemunha de uma graciosa visita ao Santíssimo. Aproximaram-se da grade do altar dois meninos: Lino, de seis anos, e seu irmãozinho, de três. O maiorzinho tomou pela cintura o pequeno, ergueu-o e conservou-o de pezinho sobre a grade. Com a mão livre, tomou a mãozinha de seu irmão para persigná-lo e, em seguida, rezou com ele esta breve e bela oração: 'Meu Jesus, eu te amo de todo o meu coração'.  E repetiu estas últimas palavras, pondo a mão sobre o peito para indicar o coração. Terminada a oração, Lino explicou ao irmãozinho:

 Olha, o bom Jesus está dentro daquela casinha. As imagens que vês em cima são os retratos de Jesus e de sua santa Mãe.
O pequenino olhava atentamente com os seus olhos grandes e negros para a estátua de Nossa Senhora do Sagrado Coração e, de repente perguntou:
 Lino, o menino Jesus quer bem a mim também?
➖ Sim, respondeu Lino; olha como nos mostra o seu coração com a mão esquerda e, com a mão direita, nos indica sua Mãe.
 Por que, hein?
O maiorzinho, um pouco perplexo, não sabia como responder.
 Por quê? insistiu o pequeno.
Então Lino, lentamente e ainda indeciso, atreveu-se a balbuciar:
➖ Talvez o Menino Jesus queira que peçamos a sua mamãe licença para ficarmos com Ele.

15. UM MENINO DISTRIBUI A COMUNHÃO

Na guerra de 1914, que durou quatro anos, os exércitos  italiano e alemão pelejavam perto da povoação de Torcegno, no vale de Brenta. À meia-noite, entraram os alemães para ocupar a igreja e a torre e levaram consigo prisioneiros os sacerdotes locais, sem dar-lhes o tempo de retirar o Santíssimo da igreja. De manhã, antes da aurora, o povo recebeu ordem de evacuar o povoado, pois ia dar-se ali a batalha. Eram os habitantes cristãos fervorosos que amavam muito as suas roças, suas casas e mais ainda sua igreja. Mas não havia remédio; era preciso fugir.

 Salvemos ao menos o Santíssimo, todos disseram; mas como fazer isso se os padres haviam sido levados?

Lembraram-se então de escolher o menino mais inocente e angélico para abrir o sacrário e dar a comunhão a todos os presentes, consumindo-se assim todas as hóstias. Ao sair o sol, todo o povo estava na igreja, as velas acesas no altar e o menino revestido de alvas vestes. Subindo os degraus do altar com grande reverência, o menino estendeu o corporal, abriu a portinha e, tomando o cibório dourado, enquanto todos rezavam o 'Eu pecador', desceu até à grade e distribuiu as hóstias até esvaziar o cibório. 

Purificou logo o vaso sagrado com todo o cuidado, juntou as mãos e desceu os degraus do altar como um anjo. Levando Jesus no coração, todo o povo se apressou a fugir para os montes. Corriam lágrimas dos olhos de muitos, é verdade, mas a alma estava confortada com o manjar divino. Ao pequeno 'diácono' enviou mais tarde o Santo Padre Bento XV sua bênção e suas felicitações.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

ver PÁGINA: TESOURO DE EXEMPLOS

terça-feira, 4 de agosto de 2020

04 DE AGOSTO - SÃO JOÃO MARIA VIANNEY (CURA D'ARS)


A mais difícil, extraordinária e espantosa obra feita pelo Cura d’Ars foi a sua própria vida

Existem vidas extraordinárias entre os santos da Igreja. Mas poucas delas foram tão cingidas pela pequenez, pela humildade e pelo aniquilamento interior como a do pobre cura de Ars, São João Batista Maria Vianney (nascido em 08 de maio de 1786, em Dardilly, na França). Ordenado sacerdote em 1815, aquele que teria o dom extraordinário de ler consciências foi proibido inicialmente de atender confissões, 'porque não teria capacidade para guiar consciências'. Três anos depois, aceitou ser o vigário do minúsculo povoado de Ars, situado ao norte de Lyon, na época com pouco mais de 200 habitantes e nenhuma prática religiosa. Ali chegou em fevereiro de 1818, ali construiu uma santidade ímpar entre os padres da Igreja, ali se tornou um santuário de peregrinação de toda a Europa. Ali viveu incansavelmente a fadiga das confissões intermináveis (geralmente 17 horas diárias), da oração constante, da devoção incondicional à pequenez e à pobreza, até a sua morte, em 04 de agosto de 1859, aos 73 anos de idade. 

São João Batista Vianney foi canonizado em 1925 pelo Papa Pio XI e seu corpo incorrupto encontra-se depositado na igreja da paróquia de Ars. Foi proclamado Padroeiro dos Sacerdotes e no dia de sua morte, 4 de agosto, celebra-se o Dia do Padre

'Nós devemos nutrir um grande amor por todos os homens, pelos bons e pelos maus. Quem tem o amor não pode querer que alguém faça o mal, porque o amor perdoa tudo'


Corpo Incorrupto do Santo em Ars

Conta-se que, indo em direção a ArsSão João Batista Vianney perguntou a um menino a direção a seguir para se chegar ao povoado. Diante da orientação recebida, o santo respondeu a ele: "já que você me ensinou o caminho para Ars, eu lhe ensinarei o caminho para o céu". Que, no dia de hoje, os sacerdotes de Cristo reflitam sobre esta mensagem do Cura D'Ars e assumam incondicionalmente esse caminho de vida religiosa para a salvação de muitos homens.

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

'Ainda que tenhamos que combater contra as grandes tentações com ânimo inquebrantável e a vitória nos seja de suma utilidade, é ainda mais útil combater as pequenas, cuja vitória pode trazer tanta vantagem como a daqueles que venceram grandes tentações. Os lobos e os ursos são certamente mais para temer do que as moscas; as moscas, porém, são mais importunas e experimentam mais a nossa paciência... devemos nos mostrar generosos em combater as grandes tentações, quando aparecem, mas é muito necessário nos prepararmos cuidadosamente para as pequenas tentações, convictos de que as vitórias que obtivermos assim de nossos inimigos ajuntarão outras tantas pedras preciosas à coroa que Deus nos prepara no paraíso'.
(São Francisco de Sales)

CALENDÁRIO CATÓLICO - AGOSTO DE 2020

(clicar sobre o calendário para imagem maior)