segunda-feira, 18 de maio de 2020

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

'A ti, Senhor, que conheces os abismos da consciência humana, poderia eu esconder algo, ainda que não quisesse confessar-te? Eu poderia esconder-te de mim, mas nunca esconder-me de ti! Agora que meu pranto demonstra quanto me desagrado a mim mesmo, tu resplandeces aos meus olhos e me agradas, e és amável e desejável, a fim de que eu me despreze e renuncie a mim mesmo para escolher-te a ti, e que eu não agrade nem a mim nem a ti, senão por teu amor. Portanto, Senhor, tu me conheces como sou, e eu já disse com que finalidade me confesso a ti. É uma confissão feita, não com palavras e com a voz do corpo, mas com o grito interior da alma e com o clamor do pensamento, que os teus ouvidos já conhecem. Confessar o que fiz de mal significa o desgosto que tenho de mim mesmo. Mas, quando confesso o bem que fiz, nada posso atribuir a mim próprio, pois tu, Senhor, 'abençoas o justo'; no entanto, foste tu que o tornaste justo, do ímpio que era. Assim, esta confissão diante de ti é, ao mesmo tempo, silenciosa e não silenciosa. Cala-se a voz, grita o coração. Tudo que digo aos homens, tu já ouvistes de mim; e de mim nada ouves que tu mesmo não tenhas dito antes'.

(Confissões, Santo Agostinho)

domingo, 17 de maio de 2020

PÁGINAS COMENTADAS DOS EVANGELHOS DOS DOMINGOS


'Será melhor sofrer praticando o bem, se esta for a vontade de Deus, do que praticando o mal. Com efeito, também Cristo morreu, uma vez por todas, por causa dos pecados; o justo, pelos injustos, a fim de nos conduzir a Deus. Sofreu a morte, na sua existência humana, mas recebeu nova vida pelo Espírito' (1Pd 3, 17-18)

PÁGINAS DO EVANGELHO (2019 - 2020)

sábado, 16 de maio de 2020

A INSONDÁVEL PROFUNDIDADE DE DEUS

Deus está em todo lugar, imenso e próximo em toda parte, conforme o testemunho dado por ele mesmo: 'Eu sou o Deus próximo e não o Deus de longe'. Não busquemos, então, longe de nós a morada de Deus, que temos dentro de nós, se o merecermos. Habita em nós como a alma no corpo, se formos seus membros sadios, mortos ao pecado. Então verdadeiramente mora em nós aquele que disse: 'E habitarei neles e entre eles andarei'. Se, portanto, formos dignos de tê-lo em nós, em verdade seremos vivificados por ele, como membros vivos seus: nele, assim diz o Apóstolo, vivemos, nos movemos e somos. 

Quem, pergunto eu, investigará o Altíssimo em sua inefável e incompreensível essência? Quem sondará as profundezas de Deus? Quem se gloriará de conhecer o Deus infinito que tudo enche, tudo envolve, penetra em tudo e ultrapassa tudo, tudo contém e esquiva-se a tudo? Aquele que ninguém jamais viu como é. Por isto, não haja a presunção de indagar sobre a impenetrabilidade de Deus, o que foi, como foi, quem foi. São realidades indizíveis, inescrutáveis, ininvestigáveis; simplesmente, mas com todo o ardor, crê que Deus é como será, do modo como foi, porque Deus é imutável.

Quem, pois, é Deus? Pai, Filho e Espírito Santo, um só Deus. Não perguntes mais sobre Deus; porque os que querem conhecer a imensa profundidade, têm antes de considerar a natureza. Com razão compara-se o conhecimento da Trindade à profundeza do mar, conforme diz o sábio: 'E a imensa profundidade, quem a alcançará'? Do modo como a profundeza do mar é invisível ao olhar humano, assim a divindade da Trindade é percebida como incompreensível pelo entendimento humano. Por conseguinte, se alguém quiser conhecer aquele em quem deverá crer, não julgue compreender melhor falando do que crendo; ao ser investigada, a sabedoria da divindade foge para mais longe do que estava.

Procura, portanto, a máxima ciência não por argumentos e discursos, mas por uma vida perfeita; não pela língua, mas pela fé que brota da simplicidade do coração, não adquirida por doutas conjeturas da impiedade. Se, por doutas investigações procurares o inefável, irá para mais longe de ti do que estava; se, pela fé, a sabedoria estará à porta, onde se encontra; e onde mora poderá ser vista ao menos em parte. Mas em verdade até certo ponto também será atingida, quando se crer no invisível, mesmo sem compreendê-lo; deve-se crer em Deus por ser invisível embora, em parte, o coração puro o possa ver.

(São Columbano, século VII)

sexta-feira, 15 de maio de 2020

O QUE DIZER QUANDO NOS FALAM...

O que dizer quando nos falam...

... que a igreja tornou-se um lugar de risco mortal e não de salvação eterna?

... que a vocação da caridade cristã é nos esconder dos nossos semelhantes em momentos extremos?

... que o lugar de cristãos é ficar em casa rezando para Deus nos proteger para que o vírus não venha bater à nossa porta?

... que o medo da morte precoce libera o cristão de praticar a caridade?

... que o medo da morte precoce libera o cristão de praticar o martírio? (ou talvez isso seja para os santos? Mas, se não formos santos, o Céu não é para nós...)

... que, impedindo o ofício da Santa Missa, estamos mais seguros contra uma epidemia universal?

... que a anulação de nossa fé e vocação cristã deve ser a nossa resposta consciente contra o pânico e o terror induzidos pela mídia insana?

... que devemos ter horror a um vírus (que nos causa a morte física), mas preocupação alguma em relação ao pecado (que nos condena à morte eterna)?

... que um cristão deve agir diante das dificuldades como qualquer outra pessoa? 

... que abandonar o Cristo nos sacrários é uma imposição dos tristes tempos que vivemos e que Deus há de entender isso muito bem?

... que a impotência do medo é a grande solução para enfrentar um grande risco? (e Deus nos chama e nos quer como soldados de Cristo...)

... que sacerdotes e religiosos reclusos e confinados são o sinal visível da igreja em partida?

... que cada um deve viver segundo as suas crenças e interesses, a não ser quando for preciso ser dócil e servil a uma epidemia de medo?

... que ser igual a todos e fazer servilmente tudo o que todos fazem neste caso é o marco da nossa identidade como povo escolhido e a nação santa de Deus?

... que a realidade da morte é sempre causa de desespero natural? (mas a ressurreição de Cristo não é o atributo máximo da nossa fé cristã?)   

...  que não atender e prestar os últimos sacramentos aos doentes e moribundos é apenas uma restrição imposta pela infeliz situação atual?

... que devemos praticar o inverso das palavras de Jesus: 'quem quiser salvar a sua vida a perderá, mas quem perder a sua vida por mim e pelo Evangelho, a salvará' (Mc 8, 35)?

Mas o que ninguém ousa dizer é que...

...  quando todos são iguais no medo e na covardia é porque se tornaram iguais no pecado e na apostasia.

quinta-feira, 14 de maio de 2020

POEMAS PARA REZAR (XXXIV)


DEUS PARA NÓS TE FEZ MÃE SUA!


Virgem benigna, sábia, gloriosa, 
por quem o mundo ingrato é sustentado, 
por quem livre se viu do reino escuro, 
depois de tanto tempo mal gastado, 
em vida tão incerta e perigosa; 
em ti só me confio e asseguro, 
tu és porto seguro, 
de casos da fortuna, 
tu és firme coluna;
de nossas esperanças, Virgem pia, 
tu és raio do sol do eterno dia, 
que as trevas rompe e os montes nos descobre
que o Rei profeta via, 
donde ao cego vem luz, socorro ao pobre !

Virgem cheia de graça, admirável, 
que o Verbo eterno, amando, concebeste 
no ventre virginal, templo divino,
quem não cabe nos Céus, nele escondeste 
por sobrenatural modo inefável, 
mistério só de Deus e de ti digno, 
orvalho cristalino, 
do Verbo milagroso, 
pão vivo precioso, 
que a dar-nos vida eterna, do Céu veio, 
milagre dos milagres, que do seio 
do Pai viu o extremo da humildade, 
e dele tira um meio, 
que fez preço do Céu, nossa vontade. 

Virgem, visão de paz, arca segura, 
do dilúvio geral, por Deus traçada, 
para que habite a glória em nossa terra, 
custódia da lei, santa, imaculada, 
que em mais perfeito grão mostra a doçura 
dos divinos preceitos que ela encerra, 
aurora que desterra 
a noite da alma cega, 
nuvem que os justos rega 
com água viva do divino espírito,
livro em que foi por ele o nome escrito, 
que enche o Céu, salva o mundo, o inferno rende, 
cujo preço infinito, 
mostrou, posto na Cruz, quem só o entende!  

Virgem do eterno Rei, santa cidade, 
rica, nobre, formosa, e triunfante, 
fim de toda a celeste arquitetura; 
teu muro é de fortíssimo diamante, 
espelho da católica verdade, 
por quem luz do Criador teve a criatura. 
As torres, cuja altura
só medem mãos divinas,
são de esmeraldas finas, 
donde tua esperança a Deus namora
teus passos de rubis, em que Ele mora,
a tua caridade mostram nele
por quem o Céu te adora, 
e a terra veio a ser mais alta que ele.

Virgem resplandecente, que subsiste 
dos anjos acompanhada, triunfando, 
ao tálamo em que estás sobre as estrelas, 
com resplendor eterno, sempre dando 
louvores ao Senhor, que cá pariste, 
a eles alegria, e luz a elas: 
achar o número delas, 
meter numa só gota o mar, 
pesar o fogo e o ar, 
é menos que o meu pobre engenho rudo, 
sendo nada em tratar de quem é tudo, 
só digo, dentro da alma, que te devo, 
por ter-me o espanto mudo, 
que és mais que santa, 
e dito mais não me atrevo. 

Virgem, guarda fiel do maior tesouro, 
nova revelação do Espírito Santo, 
em quem, de quem, por quem Deus nos foi dado, 
o Rei que a ti desceu te subiu tanto, 
que, à mão direita, em pé, vestida de ouro, 
te pôs, da qual Davi tinha cantado. 
Já tens a honra alcançado,
por ti profetizada, 
que bem aventurada, 
todas as gerações te chamariam; 
cá de servir-te os homens se gloriam, 
e os santos, que nos Céus com brancas vestes 
o cordeiro seguiam, 
te cantam, sem cessar, hinos celestes. 

Virgem de glória, e honra coroada, 
novo sol dos celestes horizontes, 
a quem os serafins servem de estrado 
nas cinco perenais divinas fontes, 
abertas na tua alma transformada, 
em teu filho e Senhor crucificada; 
estava represado
o mar de teus prazeres, 
em que, de seus poderes 
soltou a presa, a eterna onipotência, 
porque houvesse nos prêmios respondência, 
das bem aventuranças que louvou, 
com tão alta eloquência, 
a mulher que o Evangelho celebrou. 

Ó Virgem, por quem há tanto que porfia 
teu filho, com esta alma ingrata e morta, 
que no Céu bata, o busque, o peça, o queira; 
se Ele me houver de abrir, tu és a porta; 
se quer que o possa achar, tu és a guia; 
se dar-me bens, tu és a dispenseira, 
tu foste medianeira 
do despacho formoso,
do ladrão venturoso. 
Madalena, por ti, a graça achou; 
Paulo se converteu, Pedro chorou; 
enfim, Deus para nós te fez mãe sua, 
confiado a ti, vou, 
pois o que é meu remédio é glória tua.

(Frei Agostinho da Cruz)

quarta-feira, 13 de maio de 2020

103 ANOS DE FÁTIMA

Fátima é o acontecimento sobrenatural mais extraordinário de Nossa Senhora e a mais profética das aparições modernas (que incluíram a visão do inferno, 'terceiro segredo', consagração aos Primeiros Cinco Sábados, orações ensinadas por Nossa Senhora às crianças, consagração da Rússiamilagre do sol e as aparições do Anjo de Portugal), constituindo a proclamação definitiva das mensagens prévias dadas pela Mãe de Deus em Lourdes e La Salette. Por Fátima, o mundo poderá chegar à plena restauração da fé e da vida em Deus, conformando o paraíso na terra. Por Fátima, a humanidade será redimida e salva, pelo triunfo do Coração Imaculado de Maria. Se os homens esquecerem as glórias de Maria em Fátima e os tesouros da graça, serão também esquecidos por Deus.

'por fim, o meu Imaculado Coração triunfará'


Ver Postagem Especial na Biblioteca Digital do Blog
(a história completa de Fátima resumida em 100 questões):

FÁTIMA EM 100 FATOS E FOTOS

terça-feira, 12 de maio de 2020

DICIONÁRIO DA DOUTRINA CATÓLICA (IV)


BATISTÉRIO 

É o lugar da igreja onde se encontra a pia batismal com água para o batismo. Deve estar em capela própria à entrada da igreja, do lado do Evangelho. Não havendo capela, deve estar ao fundo da igreja, cercado por uma grade. No batistério deve haver um armário, onde se conservem os Santos Óleos, o sal bento e a concha para deitar a água sobre a cabeça do batizando; deve estar fechado, assim como a pia, ficando a chave em poder do pároco. Convém que, junto da pia do batistério, haja alguma representação do batismo de Nosso Senhor. A pia batismal é obrigatória em cada igreja paroquial; deve ser de pedra e dividida em duas partes, sendo uma para conservar a água batismal, e a outra para receber a água usada em cada batismo, a qual se escoará por um orifício para a terra. Não havendo essa divisão na pia, a água deve escorrer da cabeça do que se batiza para uma bacia, e depois lançada no sumidouro. O bispo pode, para comodidade dos fiéis, permitir ou mandar que haja também uma pia batismal em outra igreja ou capela pública dentro dos limites da paróquia.

BASÍLICA 

É uma igreja a qual a Santa Sé concede esse título honorífico especial [passando, assim, a possuir certos privilégios e uma jurisdição internacional;  existem atualmente cerca de 1.800 basílicas no mundo, 71 delas no Brasil].

BEATIFICAÇÃO 

Para a beatificação dos Servos de Deus, é necessário que, além da prova do heroísmo das suas virtudes ou o martírio, haja a prova da dois, três ou quatro milagres, segundo os casos, feitos por sua intercessão. A discussão das suas virtudes, no processo para a beatificação, não deve começar antes de passados cinquenta anos após a sua morte [em geral]. A beatificação dos Servos de Deus feita pela Igreja não é objeto de infalibilidade, isto é, a Igreja não é infalível na beatificação dos Servos de Deus, porque a sentença dada em seu favor não é definitiva como é na canonização dos Santos. 

BEATÍSSIMO 

É o tratamento honorífico dado ao Romano Pontífice. 

BEATO 

É o Justo que é beatificado pela Igreja. Não pode ter culto senão no lugar e pelo modo que o Romano Pontífice conceder, nem pode ser tomado como Padroeiro sem especial Indulto da Santa Sé. 

BEM-AVENTURADOS 

São os justos que, imediatamente após a morte, vêem a Deus face a face e O amam com amor beatífico. Nem todos porém, gozam essa felicidade em grau igual, sendo todavia completamente felizes em qualquer grau de gozo. Disse Jesus que são bem-aventurados: os pobres em espírito; os mansos; os que choram; os que têm fome e sede de justiça; os misericordiosos; os que têm o coração puro; os pacíficos; os que padecem perseguição por amor da justiça. Todos eles têm recompensa abundante no Céu. São pobres em espírito os que têm o coração desprendido das riquezas e os que não as invejam; são mansos os que não provocam as iras e os que aceitam resignadamente as provações da vida; os que choram lágrimas de resignação, de contrição e de amor; têm fome e sede de justiça os que desejam conhecer, amar e servir a Deus; são misericordiosos os que sofrem do sofrimento alheio e de uma maneira constante e universal; têm o coração puro os que não amam senão o que devem amar; são pacíficos os que esquecem as injúrias e detestam as querelas. Assim se podem explicar as primeiras palavras do Sermão da Montanha pregado por Jesus Cristo. 

BEM-AVENTURANÇA 

É a última perfeição do homem. É o sumo bem, o qual consiste essencialmente na visão de Deus e na deleitação do gozo que da visão resulta. Exclui, portanto, todo o mal, satisfaz plenamente todos os desejos, e não se pode perder; é eterna.

BISPOS 

São os sucessores dos Apóstolos e, por disposição divina, presidem Igrejas especiais, que governam com poder ordinário sob a autoridade do Pontífice Romano, que os nomeia livremente. — Bispo residencial ou diocesano é aquele a quem o Papa confia uma Diocese, para a governar como Pastor ordinário e imediato. Bispo Coadjutor é aquele que o Papa nomeia para Auxiliar do Bispo diocesano com direito de sucessão. Bispo Auxiliar é aquele que o Papa nomeia para Coadjutor sem direito de sucessão. Bispo Titular é aquele que o Papa não liga ao governo de alguma Diocese. Jesus Cristo, confiando aos seus Apóstolos, e portanto aos Bispos, o governo da sua Igreja, disse-lhes: 'Aquele que vos ouve a Mim ouve, aquele que vos despreza a Mim despreza' (Lc 10, 16). Veneremos, pois, os Bispos, e obedeçamos ao nosso Bispo no que manda, no que aconselha, e quando exorta. O Bispo deve ter pelo menos trinta anos de idade e cinco anos de Presbítero. É seu direito e ofício governar a Diocese tanto nas coisas espirituais como nas coisas temporais com poder legislativo, judicial e coativo, que há de exercer de harmonia com os Cânones Sagrados. 

BLASFÊMIA 

Consiste em atribuir a Deus o que não lhe convém ou em querer tirar-lhe o que lhe convém; como se alguém dissesse: Deus é cruel, Deus é injusto. Também se chama blasfêmia toda a palavra contumeliosa contra Deus, a Virgem Maria ou os santos, enquanto que se consideram em relação a Deus, porque a injúria que se lhes faz ofende o mesmo Deus. É sempre pecado mortal quando feita com deliberado consenso; por lapso de língua e sem intenção, é pecado venial.

BREVIÁRIO 

É o livro que contém o Ofício Divino, isto é, a Oração Oficial que, pela lei da Igreja, todos os Clérigos de Ordens Sacras e uma grande parte dos Religiosos e de Religiosas são obrigados a rezar diariamente. O Ofício Divino, também chamado Horas Canônicas, consta de: Matinas e Laudes, Prima, Tércia, Sexta, Noa, Vésperas e Completas e estas orações devem ser rezadas a diversas horas do dia. 

(Verbetes da obra 'Dicionário da Doutrina Católica', do Pe. José Lourenço, 1945)