(O Desbravador, setembro/outubro de 1990)
quarta-feira, 18 de abril de 2018
terça-feira, 17 de abril de 2018
SUMA TEOLÓGICA EM FORMA DE CATECISMO (XI)
IV
POSSE DA FELICIDADE
De que modo pode o homem chegar a possuir a Deus?
Mediante um ato do entendimento movido para este feito pela vontade (III, 4)*.
Que condições deve reunir este ato intelectual?
É necessário que, por seu intermédio, conheça o homem a Deus, não de maneira imperfeita, como pode reconhecê-lo nas criaturas, mas como é em Si mesmo (III, 5-8).
Logo, a felicidade do homem consiste na visão de Deus?
Sim, Senhor (III, 8) .
A visão divina é suficiente para fazer feliz não só a alma, como também o corpo com todos os seus sentidos e potências?
Sim, Senhor; porque, sendo a perfeição suprema da parte mais nobre e elevada, por influência dela derrama-se a sua ação por todos os demais elementos do composto humano (IV, 1-8).
Logo, integra o homem na posse de todos os bens sem mistura de mal algum?
Sim, Senhor (Ibid).
V
MEIOS PARA ALCANÇAR A BEM-AVENTURANÇA
Pode o homem, nesta vida, gozar da visão divina, objeto supremo da felicidade?
Não, Senhor; porque a plenitude da bem-aventurança é incompatível com as atribulações e misérias deste mundo (V, 3) .
A quem se deve recorrer para alcançá-la?
A Deus, que é o único que pode concedê-la (V, 5).
Concede-la-á sem méritos e sem preparação?
Não, Senhor (V, 7).
Qual é, por consequência, a obrigação suprema do homem nesta vida mortal?
A de entesourar merecimentos, para fazer-se digno de alcançar, algum dia, a graça suprema da visão beatífica.
VI
DO MÉRITO E DO DEMÉRITO EM GERAL
De que modo pode o homem dispor-se para alcançar, como recompensa, a visão beatífica?
Unicamente por meio dos seus atos (VI, Prólogo).
Que ações merecem tão grande recompensa?
As ações virtuosas.
Que entendeis por ação virtuosa?
Aquela que a vontade humana executa, em conformidade com a vontade divina e sob o impulso da graça (VI-CXIV).
Que condições há de reunir o ato humano para ser voluntário?
Há de ser espontâneo e feito sob conhecimento de causa (VI, 1-8).
Que entendeis por ação espontânea?
Aquela que a vontade executa por impulso próprio e isenta de violência e coação (VI, L, 4, 5, 6).
De quantas maneiras pode obrigar-se o homem a executar atos contra sua vontade?
De dois: por meio da violência e do medo (VI, 4, 5, 6).
Que entendeis por violência?
Toda força exterior que impede o exercício voluntário dos membros ou os obriga a executar atos que a vontade recusa (V, 4, 5).
Que é o medo?
Um movimento interior que, em determinadas circunstâncias, e para evitar males que se consideram iminentes, arrasta a vontade a consentir no que, em outras circunstâncias, não consentiria (VI, 6).
São voluntários os atos realizados por violência?
São involuntários quando procedem de violência exterior (VI, 6).
Por que ajuntais a palavra exterior?
Porque, em certas ocasiões, também se chama violência ao movimento interior da ira.
São também voluntários os atos praticados por impulsos da ira ou de qualquer outra paixão interior?
Sim, Senhor; exceto o caso em que a paixão seja tão violenta que impeça o exercício da razão (VI, 7).
São voluntários os atos praticados por medo?
Sim, Senhor; ainda que juntos com alguma coisa de involuntário; porque, se bem que nestes casos não se possa negar, em absoluto, o consentimento da vontade, esta, todavia, consente a seu pesar e para evitar males maiores (VI, 6).
Que quereis dizer quando afirmais que o ato voluntário deve realizar-se com conhecimento do fim?
Que, se o agente se engana no que há de fazer, o ato é involuntário (VI, 8).
É sempre involuntário?
Só é involuntário, se o agente, conhecendo o erro, o não executasse.
Podem, apesar do que fica dito, ser voluntários os atos ou omissões que procedem do erro ou da ignorância?
Sim, Senhor; quando o sujeito é culpado da ignorância ou do erro.
Quando o será?
Quando recusa ou é negligente, com negligência culpável, no aprender as suas obrigações (Ibid).
Acompanham o ato voluntário algumas circunstâncias que devam tomar-se em conta, para apreciar devidamente a sua moralidade?
Sim, Senhor.
Quais são elas?
As circunstâncias da pessoa, objeto, consequências, lugar, intenção, meios e tempo (VII, 3).
A que se refere cada uma delas?
A primeira, ao caráter ou condição do agente; a segunda, à realidade do fato e seus efeitos e consequências; a terceira, ao lugar da operação; a quarta, ao fim ou objeto que se propõe o operante; a quinta, aos meios e auxílios que utiliza; e sexta, ao tempo em que a executa (VII, 3).
Qual é a mais importante?
A quarta, ou seja o fim do operante (VII, 4).
Os atos que chamamos voluntários procedem sempre da vontade?
Sim, Senhor; ou exclusiva e imediatamente, ou mediante as outras faculdades e membros exteriores, sob as ordens e impulso da vontade (VIII - XVII).
Logo, o valor dos atos humanos e sua virtualidade para nos acercarmos ou afastarmo-nos da bem-aventurança tem raízes exclusivamente na vontade?
Sim, Senhor; porque o ato só tem valor, quando o executa a vontade, ou só, ou por meio das outras faculdades (VIII - XXI).
Entre os atos interiores da vontade, qual é o mais importante e que leva como vinculada a responsabilidade?
O ato de escolher ou a eleição (XIII, 1, 6).
Por que?
Porque, mediante a eleição, a vontade, com conhecimento de causa e prévia deliberação, adere a um bem determinado que desde logo aceita e ao qual trata de apropriar-se com preferência a outros (XIII, 1).
É a eleição, propriamente, um ato do livre arbítrio?
Sim, Senhor (XIII, 1).
Logo, os atos humanos tomam o seu caráter moral e o valor de meios para conseguir a bem aventurança, da faculdade de eleger?
Sim, Senhor.
Como se divide a eleição?
Em boa e má (XVIII - XXI).
Quando dizemos que é boa?
Quando forem bons o objeto, o fim e as circunstâncias (XVIII).
Donde recebe a bondade, o objeto, o fim e as circunstâncias?
Da sua conformidade com a reta razão (XIX, 3, 6).
Que quer dizer 'rela razão?'
A razão humana que opera esclarecida com a luz divina, ou, ao menos, quando voluntariamente não lhe opõe obstáculos.
Logo, para que um ato seja bom, é necessário que o objeto seja conforme a reta razão, que esta aprove o fim e não oponha reparo às circunstâncias?
Sim, Senhor; e se falta alguma das ditas condições, o ato deixa de ser bom e se converte, ainda que em graus distintos, em ato mau (XVIII - XXI).
Como se chamam as más ações?
Chamam-se culpas ou pecados (XXI, 1).
* referências aos artigos da obra original
('A Suma Teológica de São Tomás de Aquino em Forma de Catecismo', de R.P. Tomás Pègues, tradução de um sacerdote secular).
segunda-feira, 16 de abril de 2018
SOBRE A VERDADEIRA AMIZADE
Jônatas era filho de Saul, o primeiro rei de Israel e, como primeiro na linhagem direta da família real, teria sido o candidato natural na sucessão do pai. Mas Jônatas reconheceu em Davi, filho de Jessé, o rei ungido por Deus para ser sucessor de Saul, que se tornara, então, um rei abandonado por Deus pois deixara de observar as ordenanças e preceitos de Deus. Nesta condição, Jônatas teve que se colocar entre a cruz e a espada e, superando os laços de sangue, optou por uma amizade fiel e verdadeira a Davi, ainda que isso tenha lhe custado um reino e o poder de ser rei.
'Jônatas fez um pacto com Davi, que ele amava como a si mesmo'
(I Sm 18, 3)
Jônatas, jovem de grande nobreza, sem olhar para a coroa régia nem para o futuro reinado, fez um pacto com Davi, igualando assim, pela amizade, o súdito ao senhor. Deu preferência a Davi, mesmo quando este foi expulso por seu pai o rei Saul, tendo de se esconder no deserto, como condenado à morte, destinado à espada. Jônatas então humilhou-se para exaltar o amigo perseguido: 'Tu, são suas palavras, serás rei e eu serei o segundo depois de ti'.
Que espelho estupendo da verdadeira amizade! Admirável! O rei, furioso contra o servo, excitava todo o país contra um possível rival do reino. Assim, acusava sacerdotes de traição, trucidando-os por uma simples suspeita. Percorria as matas, esquadrinhava os vales, cercava com suas tropas os montes e penhascos, fazendo todos prometerem tornar-se vingadores da indignação real. Entretanto, Jônatas, o único que poderia ter razão de invejar, só ele julgou dever resistir ao seu pai, oferecendo a paz ao amigo, aconselhando-o em tão grande adversidade, preferindo a amizade ao reino: 'Tu serás rei e eu serei o segundo depois de ti'. Em contraste, vede como o pai estimulava a inveja do adolescente contra o amigo, apertava-o com repreensões, amedrontava-o com ameaças de ser despojado do reino, prometendo privá-lo da nobreza.
Quando pronunciou sentença de morte contra Davi, Jônatas não abandonou o amigo. 'Por que deve morrer Davi? que culpa tem? que fez ele? Tomou sua vida em suas mãos e feriu o filisteu e tu te alegraste. Por que então irá morrer?' A tais palavras, louco de cólera, o rei tentou transpassar Jônatas, com a lança contra a parede, ameaçando aos gritos: 'Filho de mãe indigna, bem sei que gostas dele para vergonha tua, confusão e infâmia de tua mãe. Depois vomitou todo o veneno sobre o coração do jovem, acrescentando incentivo à sua ambição, alimento à inveja, estímulo à rivalidade e à amargura: 'Enquanto viver o filho de Jessé, não se estabelecerá o teu reino'.
Quem não se abalaria com tais palavras? Quem não se encheria de inveja? Que amor, que agrado, que amizade elas não corromperiam, não diminuiriam, não fariam esquecer? Jônatas, o moço cheio de afeição, guardou o pacto da amizade, forte contra as ameaças, paciente contra o furor, desprezou o reino por causa da amizade, esquecido das glórias, bem lembrado da graça: 'Tu serás rei e eu serei o segundo depois de ti'.
Esta é a verdadeira, perfeita, estável e eterna amizade, aquela que a inveja não corrompe, suspeita alguma diminui, não se desfaz pela ambição. Assim provada, não cede; assim batida, não cai; assim sacudida por tantas censuras, mostra-se inabalável e, provocada por tantas injúrias, permanece imóvel. Vai, então, e faze tu o mesmo.
(Excertos da obra 'Do Tratado sobre a amizade espiritual', do abade Elredo, século XII)
domingo, 15 de abril de 2018
TESTEMUNHAS DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR
Páginas do Evangelho - Terceiro Domingo da Páscoa
Neste Terceiro Domingo da Páscoa, os Evangelhos evocam mais uma das muitas manifestações de Jesus Ressuscitado aos discípulos reunidos no Cenáculo. Mesmo depois dos relatos das aparições de Jesus às santas mulheres, à Maria Madalena, ao próprio Pedro, e aos dois discípulos de Emaús, muitos ainda permaneciam incrédulos e continuavam a negar a ressurreição de Jesus. E o dogma da ressurreição, essência da fé cristã, não poderia conviver com tais dúvidas e não poderia prescindir da solidez confiante do testemunho de muitos e de todos.
Por isso, mais uma vez, Jesus se apresenta aos seus discípulos e os saúda com a paz de Cristo. Homens incrédulos responderam à saudação de Jesus como homens incrédulos: 'Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um fantasma' (Lc 24, 37). Turbados pela presença de Jesus, julgaram ver um espírito, um fantasma que atravessava paredes e portas fechadas. O temor e a desconfiança deles era tão grande que foram capazes, mais uma vez, de confundirem o mistério da graça com uma reação baseada na lógica simples da natureza humana. Jesus surgira do nada, e as portas estavam fechadas; tratava-se, pois, da aparição de um fantasma...
Jesus os conclama a compreender o mistério da graça: 'Por que estais preocupados, e por que tendes dúvidas no coração? Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho. E, dizendo isso, Jesus mostrou-lhes as mãos e os pés' (Lc 24, 38 - 40). E, agora, movidos por uma incredulidade mais afeta à alegria pela confirmação da ressurreição de Cristo do que a descrença pelo sobrenatural, os discípulos oferecem a Jesus, a pedido dele, um pedaço de peixe assado: 'Ele o tomou e comeu diante deles' (Jo 24, 43). Não podia existir prova mais definitiva da real presença de Jesus Ressuscitado; em seu corpo glorioso, embora não precisasse de alimento algum, Aquele que antes comia e bebia com eles, estava de novo comendo com eles. Era o mesmo Jesus, Jesus Ressuscitado, não um espírito, não um fantasma.
Em seguida, após confirmar a sua missão salvífica, Jesus exorta os seus discípulos a serem, mais que as testemunhas singulares da Ressurreição, os continuadores de sua missão, constituindo-os sacerdotes da Igreja e herdeiros do seu sumo e eterno sacerdócio. Missão destinada a ser cumprida pelo ministério sacerdotal até o fim dos tempos, na busca da confirmação da obra universal da redenção e para a salvação e a santificação das almas: 'e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sereis testemunhas de tudo isso' (Lc 24, 47 - 48).
sábado, 14 de abril de 2018
FÁTIMA EM FATOS E FOTOS (XIX)
91. O que se entende e como foi escrito o chamado Terceiro Segredo de Fátima?
O chamado Terceiro Segredo é de fato a terceira e última parte do segredo profético que foi revelado por Nossa Senhora, de forma conjunta e sequencial, às três crianças videntes na aparição de 13 de julho de 1917. As duas primeiras partes do Segredo - a perda eterna das almas / visão do inferno e a previsão de castigos universais / difusão mundial da doutrina comunista pela Rússia foram reveladas publicamente pelos textos da Terceira Memória e, pouco depois, pela Quarta Memória da Irmã Lúcia, ambos publicados em 1941. A única parte explicitamente não revelada nestas Memórias trata exatamente da terceira parte do Segredo*.
* Na Quarta Memória, de 8 de Dezembro de 1941, a Irmã Lúcia escreveu: '... Excetuando a parte do segredo que por agora
não me é permitido revelar, direi tudo; advertidamente não deixarei nada.
Suponho que poderão esquecer-me apenas alguns pequenos detalhes de mínima importância'.
Em setembro de 1943, a Irmã Lúcia (então com 36 anos) encontrava-se muito doente no Convento de Tuy e o Bispo de Leiria, Dom José Alves Correia da Silva, temendo pela sua morte, deu-lhe recomendações para escrever o Terceiro Segredo, que foram ratificadas a seguir por uma ordem formal. Ainda que obediente a esta disposição, a Irmã Lúcia não conseguiu passar para o papel a revelação do Terceiro Segredo, mesmo até o final do ano. Ela só o conseguiria fazer quando isso lhe foi confiado pela própria Virgem Maria, em nova aparição, ocorrida em 3 de janeiro de 1944. Em 9 de janeiro de 1944, a vidente escreveu ao bispo comunicando-lhe que finalmente atendera o pedido feito e que agora o Terceiro Segredo estava revelado por escrito.
(Irmã Lúcia com o Bispo de Leiria, Dom José Alves Correia da Silva)
Lúcia escreveu o Terceiro Segredo em uma única página de papel, num texto com cerca de 25 linhas e margens de 7,5 milímetros de cada lado, que foi inserida sem dobras num envelope posteriormente lacrado*, o qual foi enviado a Dom José Alves Correia da Silva somente em 17 de junho de 1944 por meio de portador autorizado (Dom Manuel Maria Ferreira da Silva, então bispo de Gurza). Quando Dom José Alves recusou-se a abrir a carta, Lúcia insistiu com ele pela promessa de que a carta seria efetivamente aberta e divulgada publicamente após a morte da vidente ou em 1960, na hipótese dos dois fatos que ocorresse primeiro**. O envelope permaneceu guardado na Diocese de Leiria durante vários anos. Em 1 de março de 1957, foi encaminhado à Nunciatura de Portugal e, em 16 de abril de 1957, foi finalmente transferido para o Vaticano e guardado em um cofre, nos próprios aposentos do papa.
* depoimento dado por Dom João Pereira Venâncio, à época Bispo Auxiliar de Leiria, ao direcionar o envelope lacrado contra a luz de uma lâmpada, pouco antes de enviar o documento à Nunciatura de Portugal: 'remeti a carta à Nunciatura às 12
horas de 1 de Março de 1957. A carta
maior corresponde à medida do envelope
exterior, com a data de 8-12-1945 (14,5 x 22 cm). A segunda carta
corresponde ao que foi visto no interior
em contraluz (12 x 18 cm). A carta
– que podia ser vista também em
transparência – é de formato um pouco
menor, a 7,5 mm da parte superior
e o lado direito. Nos outros lados,
adapta-se à medida do envelope exterior [logo o formato da carta é 11,25
cm x 17,25 cm].
O envelope exterior tinha detrás
o sinete de Mons. José em lacre vermelho.
À transparência não se via nada
do seu interior, mas sentia-se que
estava lacrado nos quatro ângulos'.
** depoimento dado pelo Cônego Galamba, amigo e conselheiro do Bispo de Leiria, Dom José Alves Correia da Silva.
92. Por que o Terceiro Segredo deveria ser revelado publicamente apenas em 1960?
Esta pergunta foi feita à Irmã Lúcia por diferentes pessoas e a sua resposta foi sempre a mesma: 'porque então o Segredo tornar-se-ia mais claro para todos'. Ou seja, antes desta data, os termos do Segredo não seriam suficientemente claros e plenamente compreendidos ou, de outra forma, a partir de 1960, pela intervenção especial de alguma circunstância, evento ou acontecimento característico, a interpretação do texto profético tenderia a se tornar de muito mais fácil percepção e projeção. Assim, uma das mais intrigantes questões relativas ao Terceiro Segredo de Fátima é exatamente esta: antes de 1960, a sua revelação seria pouco efetiva para o bem da Igreja e do mundo, porque lhe faltaria uma conexão singular com alguma coisa que só seria de conhecimento público generalizado em 1960.
Pelo caráter interativo e indissociável do Segredo de Fátima como uma única e completa revelação extraordinária dos Céus, interligada por três partes distintas, há muito já se podia inferir a natureza da terceira parte do Segredo num contexto de uma profunda crise de fé e de difusão de uma apostasia universal, capazes de comprometer gravemente os fundamentos da cristandade e da própria civilização cristã (Questão 35).
Mas existe uma comprovação muito mais efetiva neste sentido, oriunda das próprias revelações conhecidas e constante do texto da Quarta Memória escrita pela Irmã Lúcia. Com efeito, na sequência imediata dos textos relativos às revelações do Primeiro e Segundo Segredo, a Irmã Lúcia acrescentou uma única frase: 'Em Portugal se conservará sempre o dogma da Fé etc'. É de consenso geral que esta frase solta introduz a terceira parte do Segredo e que o termo etc engloba as palavras restantes que compõem o Terceiro Segredo. Ora a frase é uma promessa contundente de que a verdadeira fé seria conservada em Portugal e, neste contexto, é uma clara admoestação de que isto certamente não iria ocorrer em outros lugares e países que viveram o triunfo da cristandade no mundo (A Europa Católica? As Américas? Mais provavelmente, o mundo inteiro).
Assim, 1960 representa uma data referencial para esta crise de fé universal, tão crítica e tão tremenda que é capaz de abalar os fundamentos da Igreja; caso contrário, não implicaria os eventos de Fátima e tão decisiva intervenção da Providência Divina na história da humanidade. Nos termos propostos pela Virgem, a mensagem profética deveria ser objeto de revelação pública em 1960 e não a partir de 1960. Tal fato pressupõe que o seu conhecimento nesta data era de fundamental importância para o bem da Igreja e do mundo no sentido de uma plena compreensão (e consequente tomada de posição) contra fatos, circunstâncias ou eventos que tenderiam a ser particularmente graves e deletérios para a Santa Igreja e para toda a humanidade.
Que fato, circunstância ou evento, ocorrido logo após 1960, mas que já seria de conhecimento prévio nesta data, atuou ou contribuiu de forma decisiva para fomentar a perda da fé cristã, uma apostasia universal e uma crise sem precedentes da Igreja? A resposta parece bastante óbvia em recair sobre o Concílio Vaticano II, concílio ecumênico convocado pelo Papa João XXIII em 25 de dezembro de 1961, inaugurado em 11 de outubro de 1962 e concluído pelo seu sucessor, o Papa Paulo VI, em 8 de dezembro de 1965. O concílio que introduziu a Missa Nova na Igreja. No discurso na abertura solene do CV II, ao fazer alusão sobre a origem de sua proposição, assim se expressou o Papa João XXIII:
Assim, 1960 representa uma data referencial para esta crise de fé universal, tão crítica e tão tremenda que é capaz de abalar os fundamentos da Igreja; caso contrário, não implicaria os eventos de Fátima e tão decisiva intervenção da Providência Divina na história da humanidade. Nos termos propostos pela Virgem, a mensagem profética deveria ser objeto de revelação pública em 1960 e não a partir de 1960. Tal fato pressupõe que o seu conhecimento nesta data era de fundamental importância para o bem da Igreja e do mundo no sentido de uma plena compreensão (e consequente tomada de posição) contra fatos, circunstâncias ou eventos que tenderiam a ser particularmente graves e deletérios para a Santa Igreja e para toda a humanidade.
Que fato, circunstância ou evento, ocorrido logo após 1960, mas que já seria de conhecimento prévio nesta data, atuou ou contribuiu de forma decisiva para fomentar a perda da fé cristã, uma apostasia universal e uma crise sem precedentes da Igreja? A resposta parece bastante óbvia em recair sobre o Concílio Vaticano II, concílio ecumênico convocado pelo Papa João XXIII em 25 de dezembro de 1961, inaugurado em 11 de outubro de 1962 e concluído pelo seu sucessor, o Papa Paulo VI, em 8 de dezembro de 1965. O concílio que introduziu a Missa Nova na Igreja. No discurso na abertura solene do CV II, ao fazer alusão sobre a origem de sua proposição, assim se expressou o Papa João XXIII:
'No que diz respeito à iniciativa do grande acontecimento que agora se realiza, baste, a simples título de documentação histórica, reafirmar o nosso testemunho humilde e pessoal do primeiro e imprevisto florescer no nosso coração e nos nossos lábios da simples palavra 'Concílio Ecumênico'. Palavra pronunciada diante do Sacro Colégio dos Cardeais naquele faustíssimo dia 25 de janeiro de 1959, festa da Conversão de São Paulo, na sua Basílica. Foi algo de inesperado: uma irradiação de luz sobrenatural, uma grande suavidade nos olhos e no coração. E, ao mesmo tempo, um fervor, um grande fervor que se despertou, de repente, em todo o mundo, na expectativa da celebração do Concílio'.
(Missa de Abertura do Concílio Vaticano II rezada pelo Papa João XXIII)
O Papa João XXIII proclamava neste evento que tivera uma singular inspiração especial para anunciar subitamente um novo concílio ecumênico em 25 de janeiro de 1959, diante do Sacro Colégio de Cardeais, a mais alta hierarquia da Igreja. Uma proposta que demandou a partir de então mais de 1000 dias ou quase três longos anos de preparação antes da sua convocação formal (ou 3 anos e 8 meses até a sua solene inauguração). Um período que teve 1960 no meio do tempo, mas que não teve a mensagem de Fátima no meio do caminho. Um pequeno detalhe complementar: foi exatamente em um dia 25 de janeiro (25/01/1938) que uma luz desconhecida iluminou os céus da Europa, pouco antes da Segunda Guerra Mundial, tal como predita por Nossa Senhora de Fátima como um sinal de que Deus iria punir o mundo com os eventos que haviam sido revelados na segunda parte do segredo, uma vez que os homens continuavam obstinados no pecado. Seria tal fato uma mera coincidência dos Céus?
93. Como e qual foi o texto do Terceiro Segredo revelado publicamente pelo Vaticano no ano 2000?
Em 13 de maio de 2000, o Papa João
Paulo II, em visita a Fátima para a beatificação
dos dois videntes Francisco
e Jacinta Marto, anunciou então a
iminente publicação do Terceiro
Segredo de Fátima pelo Vaticano.
Em 26 de junho de 2000, o Vaticano
publicou o texto do Terceiro Segredo, constante de uma folha dobrada ao meio e escrita nos seus quatro lados [cerca de 62 linhas], junto a uma série de outros documentos anexos: um texto de apresentação escrito pelo Monsemhor (depois Cardeal) Tarcisio
Bertone, então secretário da Congregação
para a Doutrina da Fé, uma carta
do Papa João Paulo II dirigida à Irmã Lúcia, a
transcrição de uma conversa mantida entre a Irmã Lúcia e o Cardeal Bertone
em 27 de abril de 2000, o discurso
pronunciado em Fátima pelo
Cardeal Ângelo Sodano (então secretário de estado do Papa João Paulo II) e um comentário
teológico do texto do Terceiro Segredo, pelo Cardeal
Ratzinger, então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
O texto revelado nesta oportunidade foi o seguinte:
[J.M.J.
A terceira parte do segredo revelado a 13 de Julho de 1917 na Cova da Iria-Fátima.
'Escrevo em acto de obediência a Vós Deus meu, que mo mandais por meio de sua Ex.cia Rev.ma o Senhor Bispo de Leiria e da Vossa e minha Santíssima Mãe.
Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma espada de fôgo em a mão esquerda; ao centilar, despedia chamas que parecia iam encendiar o mundo; mas apagavam-se com o contacto do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro: O Anjo apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Penitência! E vimos n'uma luz emensa que é Deus: “algo semelhante a como se vêem as pessoas n'um espelho quando lhe passam por diante” um Bispo vestido de Branco “tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre”. Varios outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fôra de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio trémulo com andar vacilante, acabrunhado de dôr e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de juelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam varios tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns trás outros os Bispos Sacerdotes, religiosos e religiosas e varias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de varias classes e posições. Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal em a mão, n'êles recolhiam o sangue dos Martires e com êle regavam as almas que se aproximavam de Deus'.
Tuy-3-1-1944]
Folha com o texto do Terceiro Segredo, nas mãos do Monsenhor (depois Cardeal) Bertone
94. O texto revelado do Terceiro Segredo pelo Vaticano em 2000 é autêntico?
As controvérsias em relação ao texto revelado do Terceiro Segredo pelo Vaticano em 2000 são enormes. O próprio processo da sua publicação é estranho e algo desconexo, sendo o texto profético, tão ansiosamente aguardado, anexado em meio a um calhamaço de 34 páginas de documentos de todo tipo. Há questões de incongruência e contestações de toda ordem: em relação à natureza dos envelopes que guardavam a carta de Lúcia, sobre o formato da própria carta (uma folha de papel agora com 62 linhas), a projeção forçada da figura do 'Bispo vestido de branco' e as referências desconexas do seu martírio com o atentado praticado contra o Papa João Paulo II em 13 de maio de 1981, as afirmações repetidas e reiteradas dos cardeais Bertone e Sodano de que o Terceiro Segredo nada tinha a ver com a
apostasia ligada ao Concílio II, nem com a Missa Nova ou com os papas
conciliares e que o mesmo constituiria basicamente um registro de acontecimentos do passado, sem projeções para a história futura a qualquer tempo, etc.
Entretanto, as maiores digressões entre a versão autêntica e a versão oficial do Terceiro Segredo estão evidentemente expostas pelo próprio texto publicado, independentemente de quaisquer outras análises e considerações, pelas seguintes razões principais:
(i) não há no texto oficial do Terceiro Segredo, nada que justifique ou corrobore a proposição incisiva de Nossa Senhora para a sua publicação somente em 1960 (nada!);
(ii) a frase da Irmã Lúcia: 'Em Portugal se conservará sempre o dogma da Fé etc', que o consenso estabelece não como sendo apenas uma frase solta mas a frase inicial da transcrição da terceira parte do Segredo simplesmente inexiste no texto apresentado;
(ii) a frase da Irmã Lúcia: 'Em Portugal se conservará sempre o dogma da Fé etc', que o consenso estabelece não como sendo apenas uma frase solta mas a frase inicial da transcrição da terceira parte do Segredo simplesmente inexiste no texto apresentado;
(iii) A 'didática' adotada por Nossa Senhora nas revelações do Segredo de Fátima desaparece na exposição da terceira parte do Segredo; nas outras duas partes, os textos são claramente expostos e há sempre uma primeira fase que compreende uma visão ou aviso de um sinal (o 'mar de fogo'; 'a noite alumiada por uma luz desconhecida') e uma segunda fase que incorpora a interpretação da visão ou do sinal (a descrição do inferno e o advento de grandes castigos para a humanidade); no texto publicado, o texto é algo obscuro e a visão em si passa a assumir o contexto geral e abrangente de toda a mensagem.
(iv) nas revelações do Primeiro e do Segundo Segredo, a intervenção final de Nossa Senhora é sempre no sentido de que existe uma saída, um remédio, uma graça dos Céus para a superação do mal e para um tempo de conversão e de paz ('a devoção ao Meu Imaculado Coração' ...'e terão paz no Primeiro Segredo; 'a consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração e a Comunhão Reparadora dos Primeiros Sábados' ... 'e terão paz', novamente no Segundo Segredo); no texto publicado, não há menção sequer às palavras de Nossa Senhora.
(v) a mensagem faz uma clara alusão a um período especialmente crítico para a Igreja (a subida da 'montanha escabrosa' e a imagem dos dois anjos recolhendo o sangue dos mártires são bastante enfáticas neste sentido), mas não incorpora quaisquer conjecturas sobre as origens da profunda crise de fé e da apostasia universal, que seriam capazes de comprometer gravemente os fundamentos da cristandade e da própria civilização cristã.
Há uma outra variante bastante realista a considerar: a hipótese de que o texto publicado pelo Vaticano em 2000 tenha sido apenas parcial, e conteria, então, apenas a parte relativa à visão do Terceiro Segredo, sendo, portanto, incompleto, pois faltaria a segunda parte da mensagem incluindo a interpretação da visão, as palavras de Nossa Senhora e sua intervenção final. Mas tudo isso abrigaria também mais uma enorme interrogação: por que motivo uma tal manipulação?
95. Por que é razoável interpretar o segredo de Fátima em termos muito mais tormentosos e críticos do que o texto revelado em 2000?
É um princípio divino que a intervenção direta de Deus na história humana é precedida por numerosos sinais, variados e de amplitude universal. Neste contexto, pode-se afirmar que, quanto mais importante for a intervenção, maiores e mais abundantes deverão ser os sinais premonitórios e, principalmente, maior a expressão em Deus daquele pelo qual se faz o anúncio prévio desta intervenção. A vinda do Messias exigiu uma longa e cuidadosa preparação, permeando séculos de anunciação pelos profetas do Antigo Testamento. Em outros períodos críticos da história humana, gigantes como Santo Agostinho, São Vicente Ferrer ou São Luís Maria Grignion de Montfort foram arautos privilegiados das mensagens de Deus aos homens.
É um princípio divino que a intervenção direta de Deus na história humana é precedida por numerosos sinais, variados e de amplitude universal. Neste contexto, pode-se afirmar que, quanto mais importante for a intervenção, maiores e mais abundantes deverão ser os sinais premonitórios e, principalmente, maior a expressão em Deus daquele pelo qual se faz o anúncio prévio desta intervenção. A vinda do Messias exigiu uma longa e cuidadosa preparação, permeando séculos de anunciação pelos profetas do Antigo Testamento. Em outros períodos críticos da história humana, gigantes como Santo Agostinho, São Vicente Ferrer ou São Luís Maria Grignion de Montfort foram arautos privilegiados das mensagens de Deus aos homens.
Em Fátima, o arauto de Deus não foi um grande profeta, nem um santo e nem mesmo um anjo, mas a própria Mãe de Deus. Este fato, Nossa Senhora como Profetiza da intervenção do Pai na história contemporânea, constitui o drama e a bem-aventurança dos tempos que vivemos: drama porque sendo a Mãe de Deus a prenunciadora da ação divina, é de se esperar fatos e intervenções de uma gravidade sem paralelo na história da humanidade; bem-aventurança porque Ela não somente revela que o seu Imaculado Coração Triunfará como nos dá todos os meios para a nossa salvação e co-participação no triunfo do seu Imaculado Coração.
Esta concentração extremada de manifestações de Nossa Senhora e o caráter angustiado e aflito das suas mensagens são uma reafirmação cabal e impressionante de que estamos vivendo um período ímpar e crucial da humanidade e passível de uma intervenção divina sem precedentes na história humana. No contexto destas aparições e manifestações diversas, a mensagem é essencialmente a mesma, dirigida a todos os homens e pode ser resumida nos seguintes pontos:
- a perseverança inabalável nas verdades e na atualidade do Evangelho de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador e ao firme compromisso aos sacramentos da Igreja, em contraposição à perda generalizada da fé e a uma era de apostasia universal. Para isso, Ela se nos apresenta como o modelo a ser seguido – Maria, a Virgem fiel – conclamando-nos, em um apelo preocupante e aflito, à consagração ao seu Imaculado Coração;
- a necessidade de conversão plena e imediata pelos caminhos da oração (particularmente o Rosário), o jejum e a penitência, fazendo uso da confissão frequente, intensa vida eucarística, fuga do pecado a qualquer preço e vida íntima na graça de Deus, em contraposição a uma civilização ateia e materialista, forjada na adoração às falsas divindades do poder, do dinheiro e do prazer;
- a conscientização da gravidade dos tempos atuais, do reinado do pecado e da apostasia generalizada, em contraponto à perda da fé e ao desmoronamento da civilização cristã;
- o preço terrível que a Igreja e toda a humanidade haverão de pagar por forjarem, por covardia, malícia ou indiferentismo, um mundo incendido por novas eras, novas ciências, novas seitas e novas ideologias, que visam corromper o homem como criatura divina e prescrevem civilizações e sociedades alicerçadas por uma completa rejeição a Deus.
Assim, a terceira parte do Segredo constitui potencialmente a revelação de uma profunda crise de fé e crise da Igreja, com a perda substancial da Verdade revelada, substituída por um sem número de doutrinas heréticas no campo dogmático e da moral e implementação de falsas liturgias, com profundo impacto nos valores do cristianismo autêntico e concessões crescentes ao permissivismo moral, ao agnosticismo e ao ateísmo. E o preço que a Igreja e o mundo pagarão por isso.
NOSSA SENHORA DE ZEITOUN
Há cinquenta anos, na noite de 2 de abril de 1968, um grupo de muçulmanos que trabalhava do outro lado da rua da Igreja Copta da Virgem Maria em Zeitoun, no Egito, viu a silhueta de uma mulher na cúpula da igreja. Mais e mais pessoas se acercaram do local e logo uma multidão tornou-se testemunha da estranha aparição, que desvaneceu-se após alguns minutos.
Uma semana depois, em 9 de abril de 1968, o fenômeno voltou a ocorrer, durando novamente apenas alguns minutos. Em seguida, as aparições tornaram-se frequentes, às vezes duas ou três vezes por semana e durante vários anos, até 1971. Essas aparições foram testemunhadas por milhares de pessoas, em diferentes ocasiões, incluindo o próprio presidente Gamal Abdel Nasser, fotografadas centenas de vezes e filmadas pela televisão egípcia. A aparição nunca pronunciou quaisquer palavras, mas comunicava-se com as pessoas presentes com acenos da cabeça ou das mãos. A imagem movia-se sobre as cúpulas misteriosamente iluminadas da igreja, às vezes acompanhadas por corpos luminosos de diferentes formas.
Segundo a tradição, Zeitoun estava na rota direta da fuga da Sagrada Família para o Egito, durante a perseguição do rei Herodes. Por outro lado, os muçulmanos consideram Nossa Senhora muito importante, a verdadeira Sayyida ou Senhora, embora considerem que Jesus seja apenas um profeta do Islã. As autoridades egípcias, após anos de investigação, declararam as aparições como sendo manifestações autênticas da Virgem Maria ao povo muçulmano e aos cristãos de maneira geral.
quinta-feira, 12 de abril de 2018
AVE MARIA DE SANTO AFONSO DE LIGÓRIO
Ó Virgem Imaculada e santa, ó criatura a mais humilde e a mais excelsa diante de Deus!
Fostes tão pequena aos Vossos olhos, porém tão grande aos olhos do Senhor, que Ele Vos exaltou a ponto de Vos escolher para Sua Mãe e fazer-Vos depois Rainha do céu e da terra. Dou, pois, graças Àquele Deus, que tanto Vos sublimou, e me alegro convosco por ver-Vos tão unida a Deus, que mais não é possível a uma pura criatura. Diante de Vós que sois tão humilde, com tantos dotes, me envergonho de comparecer, eu, miserável, tão soberbo e tão carregado de pecados. Entretanto, mesmo assim, quero saudar-Vos:
Ave, Maria, cheia de graça: sois cheia de graça, impetrai também a graça para mim.
O Senhor é convosco: aquele Senhor que esteve sempre convosco desde o primeiro instante de Vossa criação, uniu-se agora a Vós mais estreitamente, fazendo-se Vosso Filho.
Bendita sois Vós, entre as mulheres: ó Mulher bendita entre todas as mulheres, alcançai-me também a divina benção.
E bendito é o fruto de Vosso ventre: ó planta bem-aventurada, que destes ao mundo um fruto tão nobre e tão santo:
Jesus!
Santa Maria, Mãe de Deus: ó Maria, confesso que sois verdadeiramente a Mãe de Deus, e por esta verdade estou pronto a dar mil vezes a vida.
Rogai por nós, pecadores: mas se Vós sois a Mãe de Deus, sois também a Mãe de nossa salvação e de nós pobres pecadores. Pois para salvar-nos foi que Deus se fez homem, e Vos fez Sua Mãe para que Vossos rogos tenham a virtude de salvar qualquer pecador. Eia, pois, ó Maria, rogai por nós:
Agora e na hora da nossa morte: rogai sempre, rogai agora, que estamos em vida no meio de tantas tentações e perigos de perder a Deus. Mas sobretudo rogai por nós na hora da nossa morte, quando estivermos a ponto de deixar este mundo, e sermos apresentados ao divino tribunal a fim de que, salvando-nos pelos merecimentos de Jesus Cristo, e pela Vossa intercessão, possamos um dia, sem perigo de jamais nos perder, saudar-Vos e louvar-Vos com o Vosso Filho no céu, por toda a eternidade.
Amém.
(Santo Afonso Maria de Ligório - Glórias de Maria)
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