terça-feira, 13 de maio de 2014

NOSSA SENHORA DE FÁTIMA E OS MUÇULMANOS


O Islã é a única grande religião pós-cristã do mundo porque, tendo sua origem no século VII sob Maomé, pôde reunir dentro dela alguns elementos do cristianismo e do judaísmo, juntamente com certos costumes particulares da Arábia. 

(...) O esforço missionário da Igreja em direção a este grupo tem sido, pelo menos aparentemente, um fracasso, pois os muçulmanos têm sido praticamente intangíveis à conversão. A razão é que para um seguidor de Maomé tornar-se um cristão é quase o mesmo que um cristão tornar-se um judeu. Os muçulmanos acreditam que eles têm a revelação final e definitiva de Deus para o mundo e que Cristo era apenas um profeta anunciando Maomé, o último dos profetas verdadeiros de Deus. No presente momento, o ódio dos países muçulmanos contra o Ocidente está se tornando um ódio contra o próprio cristianismo. 

(...) É nossa firme convicção ... que o Islã acabará por ser convertido ao cristianismo e de uma forma que até mesmo alguns dos nossos missionários nunca suspeitaria. É nossa convicção que isto não vai acontecer por meio do ensino direto do cristianismo, mas através de um chamado aos muçulmanos para a veneração da Mãe de Deus. 

(...) O Corão, que é a Bíblia dos muçulmanos, tem muitas passagens relativas à Virgem Maria. Em primeiro lugar, o Alcorão acredita em sua Imaculada Conceição e, também, em seu nascimento virginal. O terceiro capítulo do Alcorão apresenta a história da família de Maria em uma genealogia que remonta a Abraão, Noé e Adão. Quando se comparam os relatos do Alcorão sobre o  nascimento de Maria com o Evangelho apócrifo do nascimento de Maria, somos tentados a acreditar que Maomé foi muito dependente deste último. Ambos os livros descrevem a velhice e a esterilidade da mãe de Maria. 

(...) Maria, então, é para os muçulmanos, a verdadeira Sayyida ou Senhora. A única rival séria possível para ela no credo [islâmico] seria Fátima, a filha do próprio Maomé. Porém, depois da morte de Fátima, Maomé escreveu: 'Tu serás a mais bendita de todas as mulheres no paraíso, depois de Maria'. Em uma variante do texto, Fátima diz: 'Eu supero todas as mulheres, exceto Maria'.

Isso nos leva ao nosso segundo ponto, ou seja, por que a Mãe de Deus, neste século XX, ter-se-ia revelado na pequena e remota aldeia de Fátima de modo que, para todas as gerações futuras, fosse conhecida como 'Nossa Senhora de Fátima'. Uma vez que nada acontece fora do céu sem uma fineza de todos os detalhes, eu acredito que a Santíssima Virgem escolheu ser conhecida como 'Nossa Senhora de Fátima' como uma promessa e um sinal de esperança para o povo muçulmano, e como uma garantia de que eles, que lhe devotam grande respeito, um dia, também aceitarão o seu Divino Filho.

As evidências para sustentar tais pontos de vista são dadas pelo fato histórico de que os muçulmanos ocuparam Portugal por séculos. Quando foram finalmente expulsos, o último chefe muçulmano tinha uma bela filha chamada Fátima. Um jovem católico se apaixonou por ela, e ela por ele, que não só permaneceu ali quando os muçulmanos se retiraram, mas abraçou a Fé. O jovem esposo, tão apaixonado por ela, mudou o nome da cidade onde viviam para Fátima. Assim, o lugar onde Nossa Senhora apareceu, em 1917 tem uma conexão histórica com Fátima, filha de Maomé.

A prova final da relação entre Fátima e os muçulmanos é a recepção entusiástica que os muçulmanos na África e na Índia e em outros lugares têm dado à imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima. Muçulmanos participaram dos cultos em honra de Nossa Senhora; eles permitiram procissões religiosas e até mesmo orações diante de suas mesquitas; e, em Moçambique, os muçulmanos, que não eram convertidos,tornaram-se cristãos assim que foi erigida no local uma imagem de Nossa Senhora de Fátima

Os missionários no futuro verão, cada vez mais, que o seu apostolado entre os muçulmanos será bem sucedido na medida em que eles pregarem Nossa Senhora de Fátima. Maria é o advento de Cristo, que leva o Cristo ao povo antes mesmo de Cristo nascer ... Porque os muçulmanos têm devoção à Maria, nossos missionários deverão [concentrar seus esforços] na expansão e desenvolvimento dessa devoção, com a plena convicção de que Nossa Senhora conduzirá os muçulmanos pelo resto do caminho até o seu Divino Filho. 

Muitos de nossos grandes missionários na África já quebraram o ódio amargo e os preconceitos dos muçulmanos contra os cristãos, por meio dos seus atos de caridade, suas escolas e hospitais. Resta agora adotar novo caminho: tomar o quadragésimo primeiro capítulo do Corão e lhes mostrar que [este texto] foi retirado do Evangelho de Lucas; que Maria não poderia ser, mesmo aos olhos deles, 'a mais bendita entre todas as mulheres do céu' se ela não tivesse dado à luz Àquele que seria o Salvador do mundo. Se Judite e Ester, do Antigo Testamento, eram pré-figuras de Maria, então poderia ser muito bem que Fátima seria uma pós-figura à Maria! Os muçulmanos devem estar preparados para reconhecer que, se Fátima deve dar lugar à honra à Santíssima Virgem, é porque ela é diferente de todas as outras mães do mundo e que, sem Cristo, ela não seria nada.

(Excertos do artigo 'Mary and the Muslins", do Arcebispo Fulton Sheen, 1952)