segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

A VIDA OCULTA EM DEUS: O DESEJO DE PERFEIÇÃO

O desejo de perfeição deve ser constante porque, não sendo assim, os nossos esforços não se somariam. Em nossa vida haveria lacunas, hiatos e coisas talvez piores. Quando um homem está construindo uma casa e é obrigado a interromper a obra por falta de materiais ou de recursos, engana-se em pensar que basta ter de novo materiais ou recursos para retomar a construção interrompida no mesmo ponto. Não é assim, pois durante este tempo de paralisação da obra, os agentes físicos estarão intervindo, e a chuva, o vento, a neve, o gelo, o calor e o frio terão exercido sua influência negativa sobre a casa. A construção será toda afetada, eventualmente irá ruir e até mesmo as suas próprias ruínas poderão vir a desaparecer.

Isso também é o que acontece na vida espiritual, quando uma alma deixa que o desejo de perfeição seja refreado em seu coração: ela pensa que deve ser capaz de recuperar o seu impulso inicial; mas não, não é isso que ocorre, a alma se queda em um abismo porque os obstáculos entre Deus e a alma vão se acumulando. Na busca da perfeição, 'quem não avança, retrocede'. É verdade que uma alma, apesar dessas interrupções, pode recuperar o seu fervor original e reparar os seus períodos de imprudência, pois Deus é misericordioso. Mas essa é uma missão de misericórdia e, na vida espiritual, é preciso ter sabedoria e prudência. Reparai no exemplo das virgens sábias e nas virgens imprudentes: estas últimas também amavam, mas o amor delas não era constante o suficiente.

A alma que deseja realmente encontrar a Jesus, iluminada pela ação do Espírito Santo, entende que é muito importante não perder tempo em buscas vãs. Os menores atrasos constituem para ela uma angústia ou um martírio porque nunca é cedo demais para encontrar a Deus.

(Excertos da obra 'A Vida Oculta em Deus', de Robert de Langeac; Parte II -  A Ação de Deus; tradução do autor do blog)