terça-feira, 7 de maio de 2019

COMPÊNDIO DE SÃO JOSÉ (XI)


51. Além do seu grande exemplo de vida, José exerceu quais funções práticas na educação de Jesus?

Sendo um homem do seu tempo, José procurou em termos práticos cumprir as determinações próprias que cabiam aos pais de então, como aquela da educação religiosa do filho, a qual começava com a adolescência e consistia basicamente no ensinamento de trechos da Sagrada Escritura, no conhecimento das prescrições de Deus ao seu povo, realizadas através do ensino oral, com as leituras seguidas de explicações, de interrogações e de respostas (Dt 8,7-20; Ex 13,8). Além disso, José ensinou a Jesus a própria profissão de carpinteiro que, como de costume, passava de pai para filho. Os longos anos passados no ambiente de trabalho com José, no banco da carpintaria, tornava cotidiana a expressão do amor vivido no ambiente de família. Da mesma forma, como um bom judeu, Jesus herdou de José a educação nas práticas da piedade, recitando todos os dias em sua casa as orações próprias das práticas religiosas judaicas, assim como com José participava dos cultos na sinagoga de sua cidade. Portanto, José exercitou tudo aquilo que era dever de educação de um bom pai, muito mais porque recebera diretamente de Deus a missão de servir diretamente a pessoa de Jesus, mediante o exercício de sua paternidade. 

52. Sendo José um carpinteiro, como compreendemos o trabalho em sua vida? 

O trabalho é um componente fundamental na vida de qualquer pessoa; por isso, também para José, o trabalho foi o meio para assegurar o sustento de sua família, e foi também, no exercício de sua profissão dentro da carpintaria, o laboratório da educação de Jesus, pois ele próprio exerceu com suas mãos o trabalho manual, como Filius Fabri - Filho do carpinteiro (Mt 13,55). A condição operária de José é aquela que personifica o tipo humano que o próprio Cristo escolheu para qualificar a sua posição social de filho de carpinteiro; Jesus quis justamente assumir a qualificação humana e social de São José. São José aproximou o trabalho humano ao mistério da redenção graças ao banco de sua carpintaria onde exerceu a sua profissão juntamente com Jesus. 

53. O evangelista Lucas (Lc 2,41-52) relata que Jesus subiu a Jerusalém com seus pais quando completou 12 anos e lá se perdeu. Como explicar este acontecimento? 

Aos 12 anos Jesus foi com seus pais pela primeira vez participar dos festejos da Páscoa na cidade Santa de Jerusalém. Esta era para ele a primeira oportunidade de participar oficialmente do culto a Deus no Templo. Era para ele também uma ocasião importantíssima, pois com doze anos tornava-se 'socialmente adulto'. Além do mais, esta peregrinação à cidade Santa colocava-o diante de um mundo diferente daquele vivido até então em Nazaré, um lugarejo insignificante. Em Jerusalém, que por esta ocasião, recebia um número extraordinário de peregrinos, chegando a ter até 150 mil pessoas, Jesus encontrava-se em companhia de seus pais em um mundo diferente. A perda de Jesus não foi um descuido dos seus pais, mas uma decisão dele de permanecer na cidade entre os pórticos do Templo, ouvindo e indagando os rabinos; foi pois uma opção livre e espontânea tomada por Jesus.

54. O que aconteceu com Jesus após o episódio de sua perda no Templo? 

Lucas relata que 'Jesus desceu então com seus pais para Nazaré, e permaneceu obediente a eles… e crescia em sabedoria, em estatura e graça, diante de Deus e dos homens' (Lc 2,51-52) Ali em Nazaré, junto com José e Maria, ele passou a viver a 'escola do evangelho' à espera do cumprimento de sua missão messiânica. Ali viveu como um homem entre os homens, condividindo a obediência, a humildade e o trabalho junto com José e Maria, santificando os deveres de família e do trabalho que fazia juntamente com seu pai. Todo este arco de sua existência foi marcado pela presença contínua e iluminadora de José, pai e educador. 

55. Após o episódio da perda e do encontro de Jesus no Templo, os evangelistas não falam mais nada sobre José, não seria porque ele morreu logo em seguida? 

Na verdade não podemos dar uma resposta precisa quanto ao número de anos que José viveu, pois não encontramos disso nenhuma referência nos evangelhos. Após os relatos da infância de Jesus, os evangelistas passam logo para o seu ministério público e a presença de José desaparece. O que podemos afirmar com certeza absoluta é que ele viveu até a idade dos 12 anos de Jesus (Lc 2,4-52). As respostas que os Josefólogos dão a respeito do tempo da morte de José são variadas, porém a mais unânime é que ele morreu logo depois do batismo de Jesus e antes das bodas de Caná. Portanto, logo nos primeiros dias do ministério público de Jesus, ou seja, quando Jesus tinha cerca de 30 anos de idade (Lc 3,23). Os motivos plausíveis para esta afirmação são de que nas bodas de Caná José não estava presente e Maria sim, (Jo 2,1-11) e também pelo fato de que, durante as suas pregações, quem se dirige a ele é sua mãe e os seus primos, (Jo 9,27); além do mais, aos pés da cruz, Jesus confiou sua mãe ao discípulo João (Jo 19,27).

('100 Questões sobre a Teologia de São José', do Pe. José Antonio Bertolin, adaptado)