sábado, 31 de janeiro de 2015

GALERIA DE ARTE SACRA (XVIII)


CRISTO CRUCIFICADO - RETÁBULO DE ISSENHEIM
(Mathias Grünewald)


Pouca coisa se sabe realmente sobre Mathias Grünewald, pintor alemão nascido em Würzburg (Baviera) por volta de 1475-1480 e falecido em Halle (Saxônia) em 1528. O próprio nome do pintor não seria esse, mas Mathis Gothart Nithart, que assinava suas obras como MGN. Sua produção artística é limitada e quase restrita a grandes retábulos de madeira, constituídos por diferentes painéis e dotados de compartimentos fixos e móveis. O grande retábulo de Issenheim (aldeia da Alsácia, na Alemanha), obra mais famosa de Grünewald, foi pintado em 1515 e contém,  em sua parte central, uma perturbadora imagem de Cristo Crucificado.

Todo o quadro apresenta uma dramaticidade intensa. Sobre um fundo totalmente negro, projeta-se a imagem retorcida do Crucificado sobre uma cruz enorme, que domina quase todo o quadro, numa tradução quase literal do sofrimento atroz pelo qual padeceu Jesus. O realismo da dor é enfatizado brutalmente pelos braços retorcidos, pelos pés e mãos crispadas, pelo corpo ensanguentado e chagado, pelas vestes rasgadas, pelo braço superior da cruz vergado. 

À esquerda da cruz, são apresentadas as testemunhas formais da crucificação do Senhor: Nossa Senhora (envolta numa espécie de sudário branco) é amparada por São João Evangelista, enquanto Maria Madalena se prostra de joelhos com as mãos contorcidas em um gesto de completo desespero, tendo, à sua frente, um pequeno pote de unguentos. À direita da cruz, encontra-se representada, como elemento extrínseco ao Calvário, a figura de São João Batista, portando uma Bíblia aberta e apontando para Jesus como o verdadeiro Messias, fato ressaltado pela inscrição inserida acima do seu braço estendido (Jo 3, 30): Illum oportet crescere, me autem minui ('É preciso que Ele cresça e que eu diminua'). Aos seus pés, encontra-se o Cordeiro, símbolo do Cristo Crucificado, que derrama o seu sangue num cálice, referência à santa eucaristia, para a salvação de todos os pecadores (representados pela figura menor de Maria Madalena no quadro). 

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

POEMAS PARA REZAR (XVI)

There’s a wideness in God’s mercy 

(Pe. Frederick Faber)

There’s a wideness in God’s mercy
like the wideness of the sea;
there’s a kindness in his justice,
which is more than liberty.

Há uma grandeza na misericórdia de Deus
tal como o mar possui a imensidade;
e há uma compaixão tal em sua justiça,
que é maior que toda a liberdade.

There is no place where earth's sorrows
are more felt than in God's heaven:
there is no place where earth's failings
have such kindly judgment given.

Não há nenhum lugar onde as tristezas da terra
são mais sentidas do que no Paraíso;
não há nenhum lugar onde os pecados da terra
são ponderados com mais doce juízo.

For the love of God is broader
than the measure of the mind;
and the heart of the Eternal
is most wonderfully kind.

Pois o amor de Deus tem maior medida 
que a nossa mente possa imaginar
e o Coração de Deus tem mais tesouros
do que podemos sonhar.

If our love were but more faithful,
we should take him at his word;
and our life be filled with glory
from the glory of the Lord.

Se o nosso amor fosse todo medido 
em buscar Jesus sem nenhum temor
nossa vida seria graça sobre graça
tangida pela glória do Senhor.

(tradução livre do autor do blog)

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

VERSUS: CIÊNCIA DOS HOMENS X CIÊNCIA DE DEUS


Ao falar da ciência mundana, diz São Paulo: 'A ciência incha, a caridade porém edifica. O que julga saber muito, ainda ignora como deve saber. Quando a ciência mundana anda associada ao amor de Deus, é de grande vantagem para nós e para os outros; mas, quando se acha desacompanhada da caridade, causa-nos grande dano, tornando-nos orgulhosos e levando-nos a desprezar os outros; porque, tanto o Senhor é pródigo das suas graças com os humildes, como ávaro com os orgulhosos'.

Ditoso o homem a quem Deus dá a ciência dos santos, como a deu a Jacó: Dedit illi scientiam sanctorum (Sab 10, 10)! Deste dom, como do maior de todos, fala a Escritura. Ó quantos homens vivem cheios de si mesmos, pelos conhecimentos que têm das matemáticas, belas letras, línguas estrangeiras e antiguidades, que nada aproveitam ao bem da religião, nem aumenta as vantagens espirituais! De que serve possuir uma tal ciência, saber tão belas coisas, se não se sabe amar a Deus e praticar a virtude? Os sábios do mundo, que só procuram adquirir um grande nome, estão privados das luzes celestes, que o Senhor dispensa aos simples: Abscondisti haec a sapientibus et prudentibus (sábios e prudentes do século), et revelasti eo parvulis (Matth.11, 25). Os Parvuli são os espíritos simples, que põem todo o seu cuidado em agradar a Deus.

Santo Agostinho proclama bem-aventurado o que conhece a grandeza e bondade de Deus embora ignore tudo o mais: Beatus, qui te scit, etiamsi illa nesciat (Conf. 1. 5 c. 4). Quem não conhece a Deus, não pode amá-lo; ora, quem ama a Deus é mais sábio que todos os literatos, que não sabem amá-lo. Hão de levantar-se os ignorantes e arrebatar o Céu, exclama o mesmo santo doutor! Quantos rústicos, quantos pobres camponeses, subirão à santidade e conseguirão a vida eterna, da qual quereriam gozar antes um só instante, do que adquirir todos os bens da terra! Aos Coríntios escrevia o Apóstolo: Não fiz profissão entre vós de saber outra coisa senão a Jesus Cristo, e Jesus Cristo Crucificado. Como seríamos felizes se chegássemos a conhecer a Jesus Crucificado, a conhecer o amor que ele nos testemunhou e o amor que mereceu da nossa parte, sacrificando por nós a sua vida na cruz, e se, estudando um livro tal, chegássemos a amá-lo com um amor ardente!

Um grande servo de Deus, o Pe. Vicente Carafa, escrevendo a alguns jovens eclesiásticos, que estudavam para trabalharem na salvação das almas, dizia-lhes: 'Para operar grandes conversões nas almas, mais vale ser homem de muita oração, que de muita eloquência; porque as verdades eternas, que convertem as almas, melhor se pregam pelo coração que pelos lábios somente'. Devem pois os ministros do Evangelho ter uma vida que se mostre de acordo com o que ensinam; devem, numa palavra, apresentar-se como homens que, desprendidos do mundo e da carne, só procuram a glória de Deus, e fazê-lo amar de todos. Por isso o Pe. Carafa ajuntava: 'Ponde todo o vosso cuidado em vos dardes ao exercício do amor divino; desde que o amor de Deus toma posse do nosso coração, só por si o desapega de todo o amor desordenado, e o torna puro, despojando-o dos afetos terrenos'. 'Um coração puro', diz Santo Agostinho, 'é um coração vazio de toda a cobiça: Cor purum est cor vacuum ab omni cupiditate'. Com efeito, ajunta São Bernardo, 'quem ama a Deus só pensa em o amar e não deseja outra coisa: Qui amat, amat, et aliud novit nihil' (In Cant. s. 83).

Dizia São Tomás de Vilanova: 'Para converter os pecadores, e fazê-los sair do atoleiro das suas iniquidades, são necessárias flechas de fogo; mas como podem elas provir dum coração gelado, que o amor de Deus não aquece?' A experiência mostra que um padre de ciência medíocre, mas abrasado no amor de Jesus Cristo, atrai mais almas a Deus, que muitos oradores sábios e eloquentes, que deleitam os ouvintes. Aqueles que, por seus conhecimentos raros, belos pensamentos e engenhosas reflexões, despedem os seus ouvintes muito satisfeitos, deixam-nos afinal com o coração desprovido do amor de Deus, e talvez mais frio que antes. Mas o que aproveita isso para o bem comum? E que fruto colhe o pregador, senão agravar mais a sua responsabilidade diante de Deus? Em vez dos bons frutos que podia produzir com o seu sermão, somente granjeia vãos aplausos. Ao contrário, quem de um modo simples prega a Jesus crucificado, não para ser louvado, mas só para O fazer amar, desce da cadeira enriquecido de merecimentos pelo bem que fez, ou que pelo menos desejava fazer nos seus ouvintes.O que acima fica dito tem aplicação, não só aos pregadores, mas também aos professores e confessores. Quanto bem pode fazer um professor de ciências, ensinando a seus discípulos as máximas da verdadeira piedade!O mesmo se pode dizer dos confessores.

Notem-se também os abundantes frutos que se podem produzir nas conversas com os outros. Pode-se pregar sempre; mas que bem um padre instruído e santo pode fazer na conversação, falando a propósito da vaidade das grandezas humanas, da conformidade com a vontade de Deus e da necessidade que temos de nos recomendarmos sem cessar à proteção do Céu, no meio de tantas tribulações que nos afligem e de tantas tentações que nos assaltam! Digne-se o Senhor dar-nos as luzes e forças de que necessitamos para empregarmos os restantes dias da nossa vida em O amar e fazer a sua vontade, pois que só isso nos aproveita e tudo o mais é perdido!

(Excertos da obra 'A Selva', de Santo Afonso Maria de Ligório)

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

DA VIDA ESPIRITUAL (79)




Quando o desânimo ou a tibieza baterem à tua porta, chama correndo a consciência para varrer a imaginação à solta pela porta aberta.

ARQUIVOS DO SENDARIUM

PARA VOCÊ QUE AINDA NÃO VIU...

A SANTA MISSA NAS PALAVRAS DOS SANTOS
(clique na imagem)

(artigo publicado originalmente no blog em 15/09/2012)

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

A MEDIDA DO MUNDO PELA CRUZ DE CRISTO

'Olhai à vossa volta e vede o que o mundo vos apresenta tanto de alto como de baixo. Ide à corte dos príncipes. Vede a riqueza e a arte de todas as nações reunidas para honrar o filho de um homem. Observai como os muitos se prostram diante dos poucos. Considerai as formalidades e o cerimonial, a pompa, o luxo, o esplendor – e a vanglória. Quereis saber o valor de tudo isso? Olhai para a Cruz de Cristo.

Ide ao mundo da política: vede a inveja que opõe nação a nação, a competição entre uma economia e outra, exércitos e frotas enfrentados uns com os outros. Examinai os diversos estamentos da sociedade, os seus partidos e as suas contendas, as aspirações dos ambiciosos e as intrigas dos astutos. Qual é o fim de toda essa agitação? A sepultura. Qual é a sua medida? A Cruz.

Ide também ao mundo do intelecto e da ciência: considerai as maravilhosas descobertas feitas pela mente humana, a variedade de artes que essas descobertas fizeram surgir, os quase milagres pelas quais demonstra o seu poder, e considerai a seguir o orgulho e a autoconfiança da razão, e a absorção do pensamento em objetos transitórios, que é a sua consequência. Quereis julgar retamente tudo isso? Olhai para a Cruz.

Mais ainda: vede a miséria, vede a pobreza e a indigência, vede a opressão e o cativeiro; ide para onde o alimento é escasso e a moradia insalubre. Considerai a dor e o sofrimento, as doenças longas ou agudas, tudo o que é pavoroso e repugnante. Quereis saber que peso têm todas essas coisas? Olhai para a Cruz.

Por isso, todas as coisas convergem para a Cruz – e para Aquele que dela pende – todas as coisas lhe estão subordinadas, todas as coisas necessitam dela. É o seu centro e a sua interpretação. Pois Ele foi levantado sobre ela para que pudesse atrair a si todos os homens e todas as coisas.

...

Assim como a doutrina da Cruz não se manifesta ostensivamente à superfície do mundo, mas é a verdadeira interpretação desse mundo, assim, quando é recebida por um coração fiel, permanece nele como um princípio vital, mas profundo e escondido. Os cristãos, nas palavras da Escritura, vivem da fé no Filho de Deus, que os amou e se entregou por eles (Gal 2, 20), mas não o alardeiam diante de todos, antes deixam os outros descobri-lo por si mesmos. O próprio Cristo ordenou aos seus discípulos que, quando jejuassem, ungissem a cabeça e lavassem o rosto (Mt 6, 17).

Por isso, os cristãos têm o dever de não se vangloriar, antes devem contentar-se com parecer exteriormente diferentes do que realmente são no seu íntimo. Devem mostrar um semblante alegre e controlar e regular os seus sentimentos, para que esses sentimentos não se desgastem na superfície, mas possam retirar-se para o fundo do coração, e ali viver. Por isso, Jesus Cristo, e este crucificado é – como nos diz o Apóstolo – uma sabedoria escondida (1 Cor 2, 2.7).

...

Se é assim, a grande e tremenda doutrina da Cruz de Cristo, que agora celebramos, pode ser considerada apropriadamente, em linguagem figurada, o coração da religião. O coração costuma ser considerado a sede da vida; é o princípio do movimento, do calor e da atividade; dele parte o sangue até as extremidades do corpo e a ele retorna. Sustenta as forças e faculdades do homem; permite que o cérebro pense; e se for ferido, o homem morre. Da mesma forma, a sagrada doutrina do Sacrifício Redentor de Cristo é o princípio vital do qual vive o cristão, e sem ele não existe cristianismo.

Sem ela, não se pode sustentar de maneira proveitosa nenhuma outra doutrina; a Divindade de Cristo, ou a sua Humanidade, ou a Santíssima Trindade, ou o Juízo que há de vir, ou a Ressurreição dos mortos seriam crenças falsas, não a fé cristã, se não se aceitasse ao mesmo tempo a doutrina do sacrifício de Cristo. Por outro lado, aceitá-la pressupõe que se aceitem também as outras altas verdades do Evangelho: ela pressupõe a fé na verdadeira Divindade de Cristo, na sua verdadeira Encarnação e no estado pecaminoso do ser humano; e prepara o caminho para crer no sagrado Banquete Eucarístico, no qual Aquele que outrora foi crucificado é entregue sempre de novo às nossas almas e aos nossos corpos, real e verdadeiramente, no seu Corpo e no seu Sangue.

Mais ainda: o coração está escondido à vista e segura e cuidadosamente guardado; não é como o olho que, inserido na fronte, tudo controla e é visto por todos. Da mesma forma, a sagrada doutrina do Sacrifício Redentor não se destina a ser objeto de conversação, mas deve ser vivida; não se destina a ser enunciada irreverentemente, mas deve ser adorada em segredo; não se destina a ser usada como um instrumento necessário para a conversão dos maus ou para a satisfação dos raciocinadores deste mundo, mas deve ser apresentada aos dóceis e obedientes, às criancinhas que o mundo não corrompeu, aos aflitos que precisam de consolo, aos sinceros e honestos que buscam uma regra de vida, aos inocentes que precisam de advertência, e aos santos que merecem conhecê-la'.

(Excertos de sermão pregado pelo Cardeal John Henry Newman)

domingo, 18 de janeiro de 2015

APÓSTOLOS SOB A CÁTEDRA DE PEDRO

Páginas do Evangelho - Segundo Domingo do Tempo Comum


Estando naquele dia em presença de dois dos seus discípulos mais amados, João Batista vai manifestar, uma vez mais, o testemunho do Messias, aquele de quem dissera pouco antes: 'Eu não sou digno de desatar-Lhe as correias das sandálias' (Jo 1, 27). A grandeza do Precursor é enfatizada por Jesus naquele que recebeu privilégios tão extraordinários para ser o profeta da revelação de tão grandes mistérios de Deus à toda a humanidade: Jesus Cristo é o Unigênito do Pai, o Filho de Deus Vivo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. E, desta vez, dá testemunho direto dEle, 'vendo Jesus passar' (Jo 1, 35): 'Eis o Cordeiro de Deus!' (Jo 1, 36).

Ao ouvir estas palavras, André e João, não vacilam um único instante e tomam a firme disposição de seguir Jesus. Seguir Jesus! Eis aí o amoroso convite de Jesus a todos os homens: assumir o jugo suave do Senhor em todos os nossos caminhos, ao longo de toda a nossa vida! Para seguir Jesus, temos que responder a pergunta dos dois discípulos que ecoa pelos tempos: 'Onde moras?' (Jo 1, 38). Onde moras, Jesus? Seguir Jesus é ir onde Jesus está, para que Jesus possa morar em nós. Eis o mistério da graça que cada um deve percorrer nesta vida para a plena busca da Verdade e a contemplação definitiva do Reino de Deus.

Mas os dois discípulos fizeram ainda mais do que isso; o zelo e o fervor pelos novos ensinamentos do Messias fizeram deles os primeiros apóstolos. E a Verdade exaltada, vivida e compartilhada pela pregação humana das primícias do apostolado cristão vai chegar a ninguém menos que Simão Pedro, irmão de André, e que viria a ser a pedra angular da futura Igreja de Cristo. Pedro não vacilou também, não fez concessões e nem imposições, mas acreditou! E imediatamente foi ter com Jesus.

Jesus, que conhecia Pedro desde a eternidade e Pedro, que nascia para a eternidade, estavam juntos pela primeira vez: 'Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas' (Jo 1, 42). Jesus estabelece neste primeiro momento, a vinculação direta entre a ação do apostolado e a pedra (Cefas) fundamental sobre a qual haveria de edificar a sua Igreja, mistério da graça muito além da possível percepção histórica daqueles homens. O apostolado é, pois, missão inerente a toda a cristandade e deve estar indissoluvelmente ligada à pedra fundamental da Igreja, como dizia Santo Ambrósio de Milão: 'Não podem ter a herança de Pedro os que não vivem sob a cátedra de Pedro'. 

sábado, 17 de janeiro de 2015

SANTINHOS (IV)

'Santinhos' são pequenos cartões impressos que retratam santos, cenas ou pinturas religiosas, produzidos desde época remota e comumente em grandes quantidades, para disseminação da cultura religiosa entre os católicos. São especialmente confeccionados e distribuídos nas festas de devoção de um santo, como pagamento de promessas ou como lembrança da realização de datas festivas e/ou eventos religiosos públicos ou particulares (batismo, primeira comunhão, crisma, etc). As fotos abaixo apresentam alguns exemplos destes 'santinhos' dedicados ao Sagrado Coração de Jesus.







 




VIDA DE ORAÇÃO (I)

Foi feita a atualização da página 'Vida de Oração (I)' constante da BIBLIOTECA DIGITAL de SENDARIUM, com a compilação de todas as orações publicadas no blog até dezembro/2013, apresentadas, de acordo om a ordem de publicação, na lista abaixo. Algumas destas orações são de autoria do autor deste blog.

'Orai sem cessar' (I Ts 5, 17)

ORAÇÕES DA SEMANA (Arcos de Pilares)
NOVENA À DIVINA MISERICÓRDIA
CONSAGRAÇÃO MONTFORT AO IMACULADO CORAÇÃO DE JESUS
NOVENA A NOSSA SENHORA DE GUADALUPE
ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DO CARMO
ORAÇÃO A MARIA, RAINHA DA MISERICÓRDIA (Santo Afonso de Ligório)
ORAÇÃO DO CALVÁRIO (Arcos de Pilares)
ORAÇÃO ÀS MÃOS ENSANGUENTADAS DE JESUS
ORAÇÃO A SÃO MIGUEL ARCANJO (Papa Leão XIII)
ORAÇÃO A JESUS (Santo Agostinho)
ORAÇÃO A JESUS DESPREZADO (Santo Afonso de Ligório)
ATO DE DESAGRAVO AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA (Primeiro Sábado)
ORAÇÃO A NOSSA SENHORA APARECIDA
ORAÇÃO PARA ANTES DO ESTUDO (São Tomás de Aquino)
ORAÇÃO 'VINDE, ESPÍRITO SANTO'
ORAÇÃO UNIVERSAL (São Tomás de Aquino)
ORAÇÃO: ADORO TE DEVOTE (São Tomás de Aquino)
ORAÇÃO: DE PROFUNDIS (Salmo 129)
ORAÇÃO: STABAT MATER DOLOROSA
ORAÇÕES A SÃO JOSÉ
ORAÇÃO: CANTO DO 'EXULTET'
ORAÇÃO: SALVE RAINHA
ORAÇÃO: COROA DE NOSSA SENHORA DAS LÁGRIMAS
UMA PRECE POR OMAYRA (Arcos de Pilares)
A ORAÇÃO DO PAI NOSSO
A ORAÇÃO DA PAZ QUE SÃO FRANCISCO NÃO ESCREVEU
ORAÇÃO: FLOS CARMELI
ORAÇÃO OFICIAL DA JMJ 
ORAÇÃO DA BOA MORTE
SALMO 42
ORAÇÃO PARA QUEM VAI SER MÃE (Arcos de Pilares)
ORAÇÃO DO SANTO PADRE PIO PARA APÓS A COMUNHÃO
CÂNTICO DAS CRIATURAS (SÃO FRANCISCO DE ASSIS)
A DEVOÇÃO DAS TRÊS 'AVE MARIAS'
AS 15 ORAÇÕES DE SANTA BRÍGIDA
ORAÇÃO UNIVERSAL PELA SALVAÇÃO (Papa Clemente XI)
ORAÇÃO DA SALVAÇÃO (Arcos de Pilares)
ORAÇÃO PARA NÃO DESISTIR NUNCA (São Leão Magno)
ORAÇÃO DE SÃO THOMAS MORE
'TU ME DEIXAS ENTRAR?' (Oração de um soldado russo na II Guerra Mundial)
ORAÇÕES CONTRA O CÂNCER
ORAÇÃO PARA O ÚLTIMO DIA DO ANO (Arcos de Pilares)

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

HORA SANTA DE JANEIRO


Eis aqui o Coração que tanto amou os homens! Contemplai-O, filhos meus, carregado de opróbios nesta Hóstia em que Ele, entre chamas de caridade, palpita por vós. Somente por vós! E não suportando por mais tempo os ardores que O consomem, quis entregar-se ao mesmo mundo que o tem traspassado com o dardo da ingratidão e do desprezo. Este é o supremo e o último recurso da minha redenção.

Aqui tendes o meu Coração; Eu o dou a vós, eu o entrego a vós sem reservas, em troca do vosso, ainda que pecador e ingrato. Ó como tenho sede, uma sede imensa de ser amado, neste Sacramento do Altar, onde tenho sido até agora o rei do silêncio, o monarca do esquecimento. Mas agora é chegada a hora dos meus triunfos. Venho reconquistar a terra; sim, hei de subjugá-la, apesar do inferno, e salvá-la-ei por meio da onipotência do meu Coração. Aceitai-O, eu vos rogo...estendei-me as mãos e a alma para receber este supremo dom de minha misericórdia redentora. Venho trazer fogo à terra, fogo da vida, de um amor sem limites, fogo de santidade, fogo de sacrifício, e hei de querer que não se inflame?

Ponde os olhos em meu peito ferido. Aí tendes o Coração que vos tem amado desde os padecimentos de Belém; e mais... até às humilhações e obscuridades de Nazaré e, muito mais ainda, até às agonias cruentas do Calvário. É este o mesmo Coração que deixou de bater no Gólgota, é o mesmo que segue amando na luz inextinguível do altar da Santa Eucaristia. E vós não me amais! Por isso, estou triste até a morte...Por isso, me corrói até à agonia que a vinha dos meus amores tenha produzido os espinhos que circundam meu Divino Coração. Arrancai-os, pois, nesta Hora Santa e amorosa, nesta hora feliz para vós e também para este Deus-Prisioneiro, que invoca amor, que espera amor, que pede amor desde o Sacrário.

Desfaleço de tanta caridade... acercai-vos e sustentai-Me nesta agonia sacramental de vinte séculos. Sede meus anjos consoladores! Ó vos amo tanto, tanto... e vós não Me amais o bastante, vós que sois os meus amigos, vós que sois os meus escolhidos. Ai! E o mundo desconhece todas as minhas finezas, rechaça as minhas ternuras, desdenha e profana as minhas misericórdias. Estou triste até a morte... Vinde, este é o coração que jamais deixou de vos amar; vinde, aceitai-O como penhor de ressurreição. Filhos meus, vinde e dai-Me em troca os vossos corações, as vossas almas, as vossas vidas, os vossos pesares e alegrias. Sede vós todos Meus, todos! Eu vos perdoo, mas deveis amar-Me! Tomais esta decisão de uma vez, assumis que sou vosso rei e que aceitais, reconhecidos, o dom incomparável do meu Sagrado Coração!

(pausa)

(certamente somos indignos desse dom mas, diante da oferenda de tão grande misericórdia, vamos aceitá-lo com gratidão e humildade, para nos santificarmos por meio dele e lhe darmos glória)

As almas

Senhor Jesus, não nos atrevemos a Vos oferecer os nossos corações espezinhados. Mas tomai-os, porque eles são vossos mas, em troca, dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!

(todos em voz alta)

Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!

Por amor à Virgem Maria, dai-nos, Jesus, nas horas de fervor, quando sentimos os desejos veementes de amar e de sofrer como os santos...
Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor a São João, dai-nos, Jesus, nas horas tão raras de paz, quando desfrutamos da doce tranquilidade de uma consciência pura ou que nos foi perdoada...
Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor aos vossos três amigos de Betânia, dai-nos, Jesus, nas horas de pesar e de tristeza, quando recaem sobre as nossas almas as tormentas da dor...
Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor aos Apóstolos privilegiados do Tabor e do Getsêmani, dai-nos, Jesus, nas horas de alegria ou de provação...
Dai-nos para sempre vosso Divino Coração!
Por amor à arrependida Madalena e às mulheres compassivas de Jerusalém, dai-nos, Jesus, nas horas da fraqueza humana ou quando nos inspira a graça do arrependimento...
Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor à obra de vossa Igreja, dai-nos, Jesus, nas horas do combate, quando ela nos conclama o tributo do nosso zelo e também do nosso sacrifício...
Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor aos santos Bernardo, Agostinho e Francisco de Sales, Matilde e Gertrudes, felizes precursores desta admirável devoção, dai-nos, Jesus, nas horas das nossas melhores disposições quando Vós nos exigis maior fervor...
Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor de vossa esposa e primeira apóstola, Santa Margarida Maria, dai-nos, Jesus, em todos os momentos da nossa vida e sobretudo na agonia final da nossa morte...
Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!

Ó ofertai-nos vosso Coração como uma fonte de vida, como um oásis de descanso, como uma projeção do céu... E, apesar de nossa indignidade, que ele possa ser nosso, ó Jesus, com todos os vossos tesouros de luz, de paz, de fortaleza pois, neste santuário divino, queremos aprender a Vos amar e dar-Vos glória! Jesus, vós já nos destes a Cruz... nos destes a vossa Mãe... nos destes o vosso Sangue...dai-nos agora e por toda a eternidade, Senhor, o paraíso do vosso Coração! Com ele, não desejamos mais nada, nem no céu e nem na terra.


(pausa ou canto de um hino)

(vamos pedir fidelidade e generosidade de modo a responder à graça desse dom incomparável do Coração do nosso Salvador. Vamos suplicar que esta Hora Santa nos envolva com uma grande luz que nos faça capazes de apreciar a beleza e a infinita bondade de um Deus, que nos oferece a fonte de sua própria vida para nos dar uma vida nova. Vamos nos humilhar e nos prostrar e, sobretudo, amar Aquele que nos amou tanto. Ouçamos a Sua voz...)


Jesus

Vós me chamais Senhor e Mestre, e dizeis bem, porque Eu o sou. Mas ouçais: estou feliz por Me tornar escravo do homem aqui no Tabernáculo por amor de homem ingrato. Já vos ocorreu alguma vez que, ao chamar-vos para o meu altar, ansiosamente pedindo o vosso amor para vos resguardar no tesouro do meu Coração, na busca de todos vocês, pequenas flores dos campos, grãos de areia do deserto, Eu, Senhor do céu e Mestre da terra procurei o meu prazer ou olhei para o meu consolo?


E por quê? Ah! Porque eu vos amo, meus pequeninos, com um amor tão grande que, de certa forma, Me impus uma necessidade divina por vós, de tal sorte que, sem o vosso amor, o Meu coração sofre. Ó, sim, acreditais nisso: sem vós, que tantas vezes esqueceis de mim; sem vós, que, muitas vezes, preferis as vaidades do mundo a Mim; sem vós, os filhos pródigos do meu Coração; Eu, Jesus, não poderia viver após ter provado este amor, ainda que fosse o amor de uma única alma fiel! Ah! Preciso estar no Céu na companhia eterna dos homens redimidos pelo meu Sangue de modo que a minha glória seja completa! Não vos esqueçais disso: as mais belas jóias da coroa do seu Salvador devem ser as almas resgatadas dos vossos irmãos. Elas me custaram tanto!

Reconhecei isso durante esta Hora Santa, pelo menos vós, meus filhos amados, porque o mundo se recusa a acreditar que eu vos possa amá-los em tal medida; eu preciso que vós reconheceis isso. Portanto, para o meu consolo, para o meu triunfo de amor, para a glória que me é devida, aceitai o presente do meu Coração, aceitai este tesouro do paraíso porque vós estais convictos em Me render este testemunho de fé no meu amor; porque vós acreditais firmemente que eu, Deus dos Tabernáculos, criei o coração do homem para torná-lo um tabernáculo vivo, o éden de todos os meus deleites.

Sou Deus desde toda a eternidade e meu Coração precisa de vós agora. Preciso de vós, meus irmãos! Venham, meu amigos fiéis, aproximar-se de meu coração, porque eu estou cansado e triste, estou ferido de amor. Não tardeis, Eu padeço com o desejo de encontrar um abrigo de extrema ternura, de fé ardente e de ardorosa caridade em todas as vossas almas. Enchei-vos de alegria, pois sou Eu, Jesus, que vos digo: Tenho fome de vós!

Falai comigo agora. Abri, abri vossas almas para Mim e, mais que tudo, dizei que Me amais realmente, que Me amais com um amor sem medida!

(aqui viemos falar com Ele, abrir nossas almas a Ele, oferecer a Ele as nossas almas incendiadas de amor. Que confissão Jesus nos fez: dizer-nos que precisa de nós, suplicando por nosso amor que Lhe é devido! Vamos responder com uma profissão ardente de nosso amor, pois é o nosso coração que precisa dEle.)

As almas 

Ó Jesus, ao ver-Vos tão acessível e tão benigno, ao contrário do Apóstolo que exclamou: 'Afasta-te de nós, porque somos pecadores', queremos correr ao vosso encontro para estreitar os laços da ditosa intimidade que une os nossos corações ao vosso Coração.

(lento e com grande devoção)

Vinde, Jesus, vinde refugiar-se e deleitar em nossos corações, quando os governantes renegarem a vossa lei e amaldiçoarem o vosso nome. 
Lembrai-vos que somos vossos, que somos consagrados à glória do vosso Divino Coração! 
Vinde, Jesus, vinde refugiar-se e deleitar em nossos corações, quando as multidões incensadas por poderes satânicos profanarem os vossos santuários a clamarem pelo vosso Sangue. 
Lembrai-vos que somos vossos, que somos consagrados à glória do vosso Divino Coração! 
Vinde, Jesus, vinde refugiar-se e deleitar em nossos corações, quando os sábios enganosos do mundo, cujo orgulho tendes paciente mas firmemente condenado, cobrirem de insultos e ultrajes a vossa Santa Igreja. Lembrai-vos que somos vossos, que somos consagrados à glória do vosso Divino Coração! 
Vinde, Jesus, vinde refugiar-se e deleitar em nossos corações, quando milhares de cristãos ignorarem a vossa pessoa adorável e vos afligirem com a espada da indiferença. 
Lembrai-vos que somos vossos, que somos consagrados à glória do vosso Divino Coração! 
Vinde, Jesus, vinde refugiar-se e deleitar em nossos corações, quando tantas pessoas boas e virtuosas medirem com avareza o vosso amor e vos darem a sua confiança com absoluta mesquinhez e ninguém vos consola em sacrifício e santidade. 
Lembrai-vos que somos vossos, que somos consagrados à glória do vosso Divino Coração! 
Vinde, Jesus, vinde refugiar-se e deleitar em nossos corações, quando a deslealdade, a amargura e a tibieza das almas predestinadas vos oprimirem, estas almas que, por vocação, deveriam ser inteiramente vossas e santas. Nesta hora de tanta desolação, mais do que nunca, lembrai-vos que somos vossos; volvei a nós os vossos olhos tristes e suplicantes e não vos esqueçais que, como vossos filhos, estamos consagrados para sempre à glória do vosso Divino Coração! 

No altar do nosso sacrifício, vamos cantar a vossa glória: viva o Vosso Sagrado Coração, e que venha a nós o vosso Reino! 

(se sentirmos remorso por alguma falta íntima, por alguma recaída no pecado, especialmente por uma falta de generosidade, que fere gravemente Nosso Senhor, peçamos o Seu perdão; Ele sabe tudo, mas quer uma nossa manifestação de amor e de arrependimento. Não nos deixemos abater pelo desânimo; ouçamos mais uma vez as palavras do Divino Mestre).

Jesus

Meu maior desejo, meus pequeninos, é vos ver saborear a minha vida. Eu a dei a vós com o meu Sangue e quero que a vivais. Eu a dou a vós como fonte de uma nova vida com o meu Coração. Quero viver em vós porque vós precisais de Mim para curar vossas debilidades e vossa consciência perturbada, para vos sustentar na fraqueza de vossos propósitos, para confirmar as vossas boas predisposições. Vinde a Mim, vós que sois os predestinados de minha eucaristia. Eu sou a fortaleza!

(lento e com grande devoção) 

Saboreai a minha vida. Eu a dou a vós com o meu Coração. Eu a dou a vós, para quando deveis suportar o peso das tentações violentas. Não percais vosso equilíbrio, desmaieis, não cedais às insinuações do inimigo. Sede fortes. Amparai-vos em minha graça. Não me abandoneis, para que não fiqueis sozinhos na luta. Permanecei unidos a Mim, de modo que possais manter vossas almas na paz. Vinde a Mim, vós que sois os predestinados de minha eucaristia. Eu sou a vossa vitória!

Saboreai a minha vida. Eu a dou a vós com o meu Coração. Eu a dou a vós, para quando, curvados sob o peso do pecado, vossa consciência vos censurar; quando a ameaça da minha justiça vos oprimir como o peso esmagador de um rochedo. Levantai-vos outra vez, não choreis sem esperança de culpa pelas vossas quedas. Vinde, vinde todos, os necessitados, os enfermos, os pecadores... Sejais meus, filhos de minha grande misericórdia! Vinde a Mim, vós que sois os predestinados de minha eucaristia. Eu sou o perdão de Deus, Eu sou tão somente Amor!

Saboreai a minha vida. Eu a dou a vós com o meu Coração. Eu a dou a vós, para quando estiverem imersos numa profunda nuvem de tristeza e de amargura, pesando sobre o vosso oração. A vida é triste e cheia de incertezas. Mas não vos revoltais ou percais o precioso tesouro de vossas lágrimas; não vos desesperais no perigoso e obscuro caminho das lamentações. Vinde, vinde todos, não tardeis mais. Vinde ser vós os predestinados de minha eucaristia. Eu sou o bálsamo que cura todas as feridas. Eu sou o vosso grande Consolador. Eu sou o vosso Jesus!

(Jesus nos dá o seu Coração, não apenas para nele buscar o nosso consolo mas, acima de tudo, nos fortalecer, para infundir uma vida nova em nós, e para nos dar novas provas de sua grande misericórdia. Vamos agradecer este grande dom. Vamos suplicar a Jesus que nos deixe o seu Coração como um pleito de amor durante esta vida, na hora da morte e por toda a eternidade)


(pausa)

As almas

Obrigado, Senhor Jesus, por vossa misericordiosa ternura que nos permitis afastar de todo mal, vós nos ofereceis o remédio soberano do vosso coração. Obrigado, Jesus, pelo interesse incompreensível que tendes por nossas preocupações, quando vós deveríeis esquecê-las, como um justo castigo pela nossa própria negligência e por todas as nossas muitas ofensas. Obrigado, manso e humilde Jesus do Sacrário! E agora, Senhor, como prova de reconhecimento sincero e em reparação pela nossa ingratidão e dos nossos semelhantes, nós desejamos durante esta Hora Santa, dedicar-nos, com toda a solicitude ansiosa de um amor ardente, aos vossos interesses mais caros e mais sagrados. Adorável Jesus, são tantos os conspiradores que tramam o deicídio por blasfêmia e pela negação pública e social de vossa divina realeza! São tantos os falsos conciliadores que vos condenam por um silêncio hipócrita, os que desdenham pronunciar o vosso nome ou, o que é ainda mais doloroso, os que fingem não vos conhecer!

Eles não consideram dignar a Vós, Senhor, nem mesmo um olhar de relance; eles flagelam a vossa Sagrada Face; vós não sois um desconhecido, um fantasma ou uma lenda do passado, mas eles têm a malícia de vos desconsiderar, em favor da salvaguarda, como dizem eles, da liberdade de consciência e da paz social, por razões de justiça e pelo bem-estar das nações civilizadas em marcha em direção ao progresso. Neste sentido, vós sois condenado ao exílio e à morte!

Isso não, ó rei de amor, mil vezes não! Então, eles terão de nos crucificar também junto convosco! Aqui, reunidos como em um cenáculo e vivificados pelo fogo de um novo pentecostes da vossa divina eucaristia, protestamos contra esse deicídio legal, contra esta apostasia da nossa época. Inflamados por ardente zelo à glória de vossa causa, vos aclamamos Conquistador e Rei do Amor diante os vossos inimigos. E, uma vez que sois rei e conquistador por direito divino, que sois um Deus fiel, vos ousamos suplicar que nos possais prometer novamente a vossa vitória final, já prometida aos vossos exércitos que combatem sob o lema: 'Venha a nós o Vosso reino, ó Sagrado Coração de Jesus!". Sim, Jesus, vós reinareis sobre nós e somente vós, Jesus Crucificado!

Aproximai-vos mais, ó doce Mestre, e aqui entre nós, cercado pelos vossos filhos, vem receber de nossas mãos a coroa da realeza, que aqueles que não são nada além de pó da terra e se clamam poderosos, quiseram arrebatar de Vós, porque reconhecendo as profundezas de vossa humildade, acreditam que podem injuriar-Vos de sua pretensas alturas! 

Avançai triunfante neste encontro fervoroso de verdadeiros irmãos. Não escondeis as feridas das vossas mãos e dos vossos pés. Não limpeis a vossa sagrada face a a vossa cabeça ensanguentada. Ah e não fecheis a ferida do vosso peito. Que seja assim, ferida aberta e sangrenta, coberta com a púrpura do amor e com com a túnica de opróbrio. Sem vos transfigurar, ó Jesus, tal como fostes, o mesmo Jesus daquela noite terrível da Quinta-feira Santa, apresentai-vos a nós e vinde receber o hosana dessa guarda de honra que se mantém em vigília pela glória de Cristo Jesus, nosso Rei!  

(todos em voz alta)

Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei!  

Os reis e os governantes poderão calcar aos pés as tábuas de vossa Lei mas, ao sucumbirem das alturas do poder ao túmulo do esquecimento, vossos súditos seguiremos exclamando:
Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei! 
Os legisladores defenderão que o vosso Evangelho é uma ruína e que é preciso eliminá-lo em favor do progresso mas, ao sucumbirem ao túmulo do esquecimento, vossos adoradores seguiremos exclamando:
Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei! 
Os maus ricos, os orgulhosos, os mundanos, dirão que a vossa Moral é de outro tempo, que vossas intransigências denigrem a liberdade da consciência mas, ao sucumbirem nas sombras do túmulo do esquecimento, vossos filhos seguiremos exclamando:
Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei! 
Os interessados em acumular cargos e dinheiro, vendendo falsas liberdades e grandeza às nações, chocar-se-ão com a pedra do calvário e da vossa Igreja mas, ao descerem aniquilados ao túmulo do esquecimento, vossos apóstolos seguiremos exclamando:
Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei! 
Os arautos de uma civilização materialista, longe de Deus e em oposição ao vosso Evangelho, morrerão um dia envenenados por suas maléficas doutrinas e, ao desaparecerem no túmulo do esquecimento, amaldiçoados pelos próprios filhos,vossos consoladores seguiremos exclamando:
Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei! 
Os fariseus, os soberbos e os impuros envelhecerão estudando a ruína, mil vezes decretada de vossa Igreja mas, ao desparecerem no túmulo de um eterno esquecimento, vossos redimidos seguiremos exclamando:
Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei! 
Oh! sim! que viva o vosso Sagrado Coração, mesmo depois que os poderes diabólicos das trevas forem dissipados dos lares, das escolas, dos povos, e tragados para sempre pelo abismo, vossos amigos continuaremos exclamando pelos séculos dos séculos: 
Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei! 
Viva  o vosso Sagrado Coração no triunfo de vossa eucaristia e de vossa Igreja! Amor e glória para sempre ao vosso Sagrado Coração! 

(pausa ou canto de um hino)

Senhor, temos que nos despedir mas, ao vos deixar neste altar, confiamo-Vos à adoração dos vossos anjos e aos louvores da vossa Mãe Imaculada. Nós nos retiramos, Jesus, mas deixamos os nossos corações imersos na chaga aberta do vosso Lado. Antes de nossa despedida, neste dia mais belo que todas as auroras, permiti uma última oração, Senhor e nosso Salvador, nosso Amigo e Irmão; permiti, ó Deus aniquilado, recordarmos aqueles infelizes que não se encontram aqui aos vossos pés, que não se arrependeram de viver pelos atalhos de uma vida de pecado; ó Deus aniquilado, pelos que vos abandonaram...

(lento e com grande devoção)

Vós sois tão doce, Jesus Eucarístico! Dai a vossa luz triunfante a tantos cegos que não querem ver as maravilhas do vosso amor e nem reconhecer que Vós sois o único Caminho. Concedei este milagre de luz por amor à vossa Mãe Imaculada e para a glória de vosso Sagrado Coração! 

Vós sois tão terno, Jesus Eucarístico! Dai a paz a tantos extraviados que querem buscar as alegrias sedutoras do mundo, um mundo que, cantando, vende lágrimas e morte. Sede para eles a esperança! Concedei este milagre de ternura por amor à vossa Mãe Imaculada e para a glória de vosso Sagrado Coração! 

Vós sois tão compassivo, Jesus Eucarístico! Saciai esta fome de amor, de amor sem medidas, que causou a perda de tantos filhos pródigos. Eles sofrem, eles padecem longe do vosso Altar, a única fonte de felicidade. Levai-os para junto de Vós. Que eles possam reconhecer, Jesus, que Vós, e somente Vós, sois a paz e o amor! Concedei este milagre de piedade por amor à vossa Mãe Imaculada e para a glória de vosso Sagrado Coração! 

Vós sois tão amoroso, Jesus Eucarístico! Saciai  esta fome de amor, de amor sem medidas, que causou a perda de tantos filhos pródigos. Eles sofrem, eles padecem longe do vosso Altar, a única fonte de felicidade. Levai-os para junto de Vós. Que eles possam reconhecer, Jesus, que Vós, e somente Vós, sois a paz e o amor! Concedei este milagre de piedade por amor à vossa Mãe Imaculada e para a glória de vosso Sagrado Coração!

Tu és tão amoroso, Jesus Eucarístico! Suavizai as lágrimas de desespero derramadas por aqueles que, sofrendo as dolorosas decepções desta vida, sem o auxílio da vossa graça, envenenaram toda a sua existência. Longe das alegrias do gozo terrestre, mais longe ainda do paraíso eterno, estes infelizes estão mergulhados em um abismo de sofrimento sem fim. Acercai-vos destes infelizes, ó Jesus - Hóstia! Procurai-os, ide ao encontro deles, falai para eles aquelas palavras que estremecem a terra e fazem brotar torrentes e oceanos infinitos de júbilo inefável nos domínios eternos. Concedei esse milagre de amor por vossa Mãe Imaculada e para a glória de vosso Sagrado Coração!

Que tenho eu, Senhor Jesus, que Vós não me tenhais dado?
O que sei, que vós não me tenhais ensinado?
O que posso fazer, se vós não me possais ajudar?
E o que eu seria, se não fosse unido a Vós?
Perdoa... perdoa os meus erros cometidos contra Vós!
Vós me criastes sem que eu o merecesse,
e me redimistes sem que eu vos pedisse;
muito insististes em criar-me,
e muito mais em me redimir;
Seríeis menos poderoso
ou menos generoso em perdoar-me?
Pois todo o vosso Sangue derramado
e a acerba morte que padeceste;
não foi em favor dos anjos que Vos adoram, 
mas por mim e pelos pecadores que Vos imploram... 
Se eu vos tenho negado, deixai que eu vos louve,
Se eu vos tenho injuriado, deixai que eu vos ame,
se eu vos tenho ofendido, deixai que eu vos sirva,
pois, para viver sem vos amar,
e amar sem sofrer por vós,
Ó Jesus, o que seria a morte sem Vós?


(pausa)

(fazer menção aqui daqueles em cuja conversão se está particularmente interessado)

E agora, Senhor, levai-nos até as profundezas do Vosso Sagrado Coração, lá onde guardais o tesouro de lágrimas da vossa Mãe; não permitais que outras criaturas nos roubem daí, Jesus, forçando-nos a abandonar este éden conquistado. Chamai-nos para Vós, Jesus manso e humilde, em nossas horas de hesitação perigosa entre o mundo e a vossa Lei; mandai-nos ir até Vós e que, por meio da vossa misericórdia inefável, possamos receber a graça de conhecer mais intimamente os doces encantos deste Coração de Jesus, nosso irmão, nosso amigo, nosso Salvador e rei de Amor; de vos conhecer, Deus da caridade e habitar no vosso Coração para todo o sempre. Portanto, Adorável Mestre, escrevei sem demora, neste exato momento em que vos adoramos diante deste amado Sacrário, escrevei nossos nomes no tempo e na eternidade do vosso Sagrado Coração! 


Senhor, com dulcíssima rigidez, mantende os vossos filhos, vossos amigos mais íntimos,  retidos na celeste prisão de Vosso Sagrado Lado; daí vos pedimos viver em adoração e amor; daí nós queremos viver e morrer cantando eternamente a glória e a inefável misericórdia do vosso benigno Coração! Venha a nós o vosso Reino!

Pai Nosso e Ave Maria pelas intenções particulares dos presentes. 
Pai Nosso e Ave Maria pelos agonizantes e pecadores. 
Pai Nosso e Ave Maria pedindo o reinado do Sagrado Coração mediante a Comunhão frequente e diária, a Hora Santa e a Cruzada da Entronização do Rei Divino em lares, sociedades e nações.
Pai Nosso e Ave Maria pelo nosso país.

Senhor Jesus, nós fomos capazes de velar uma hora convosco no Getsêmani e felizes permaneceríamos preso neste Sacrário se vosso amor nos consentisse! Nós nos retiramos, levando a paz, muita paz, consolações divinas e uma vida nova. Ah, e acima de tudo, nos despedimos com a imensa alegria de ter dado a Vós, nosso amado Mestre, provas de fé, de desagravo e de amor como vós pedistes, entre lágrimas, à vossa confidente, Margarida Maria. Acolhei, pois, manso e humilde Jesus, a nossa última oração:

Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede a perseverança da fé e da inocência das crianças que Vos recebem na Sagrada Comunhão; sede para ela um Amigo!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede o consolo dos chefes dos lares cristãos; sede para eles a própria Vida!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede o amor para tantos que sofrem e para os pobres que labutam com dificuldades; sede para eles um Rei!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede o alívio e a doçura aos aflitos e àquelas almas mergulhadas na desolação; sede para eles um Irmão!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede a fortaleza para as almas em tentação e para as almas fragilizadas; sede para eles a Vitória!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede o consolo e a perseverança das almas tíbias; sede para eles o Amor!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede o centro da vida da Igreja Militante; sede para ela o Lábaro triunfante!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede o anelo ardente e vitorioso dos vossos apóstolos; sede para eles o Mestre!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede a santidade e um céu antecipado para as almas na Sagrada Eucaristia, um paraíso de amor; sede para elas Tudo!

E, enquanto não chega o dia eterno e venturoso de cantar as vossas glórias, deixai-nos, ó doce Jesus, sofrer, amar e morrer sobre a chaga aberta do vosso Lado, murmurando junto à ferida do vosso Coração de Amor, as palavras do vosso triunfo: 'Vinde a nós o vosso Reino!'

(cinco vezes, em honra às cinco chagas de Jesus)

Divino Coração de Jesus!

(todos)

Vinde a nós o vosso Reino!

Ato de Consagração ao Sagrado Coração de Jesus e ao Puríssimo Coração de Maria

Eu vos dou e vos consagro, Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo, meu corpo, minha alma, minha vida, minhas ações, aflições e sofrimentos, de forma que tudo em mim se faça para a maior honra, amor e glória ao vosso Sagrado Coração. Assumo a firme proposição de me entregar a Vós sem reservas e tudo fazer por vosso amor, renunciando a todas as coisas que vos possa ofender ou desagradar. Tomo-vos, pois, como única fonte do meu amor, como proteção à minha vida, como esperança da minha salvação eterna, como remédio para a minha fragilidade e inconstância, como expiação para todos os meus pecados e como refúgio seguro na hora da minha morte.  

Sede, ó Coração de Amor, a minha justificação junto a Deus Pai, apartando de mim os dardos de sua ira santa. Em vós ponho a minha esperança, temeroso da minha malícia e fraqueza, mas confiante na vossa suma bondade. Fazei desaparecer em mim tudo o que vos possa desagradar ou resistir. Que o vosso puro amor seja impresso tão profundamente no meu coração que eu nunca mais possa ser capaz de me apartar ou de esquecer de Vós. Dignai-vos gravar o meu nome no vosso Sagrado Coração, para que toda a minha felicidade e glória possam consistir em viver e morrer como vosso servo e apóstolo!

E a vós, Coração de Maria, unido tão íntima e indissoluvelmente ao Coração de Jesus, desejo que, depois do vosso Filho, possais ocupar o primeiro lugar no meu coração que, de ora em diante, consagro também a vós. Vós sereis sempre a fonte de minha veneração, do meu amor e da minha confiança. Prometo buscar, com todas as minhas forças, conformar os meus sentimentos e anelos aos vossos e seguir fielmente, por toda a minha vida, as vossas virtudes. Mãe Santíssima, dignai-vos abrir o vosso Coração para mim e aí me receber junto aos vossos filhos verdadeiros e fieis. Alcançai-me a graça que me é necessária para fazer do meu coração a imitação do vosso, como ele próprio foi a imitação do Coração de Jesus. Livrai-me dos perigos, consolai-me em minhas tristezas, ensinai-me a obter o bom proveito de todos os bens e de todos os males desta vida; protegei-me em todos os momentos e, especialmente, na hora da minha morte.

Sagrados Corações de Jesus e Maria, eu me consagro inteiramente ao Vosso serviço! Fazei com que eu possa viver, agora e sempre, como vosso servo fiel e vosso verdadeiro filho! Amém.

(cinco vezes, em honra às cinco chagas de Nosso Salvador)

Sagrado Coração de Jesus! Vinde a nós o vosso Reino!

(três vezes)

Imaculado Coração de Maria, rogai por nós!

(uma vez)

São José, rogai por nós!
Santa Margarida Maria, rogai por nós!

Pai Nosso, Ave Maria e Glória pelas intenções do Santo Padre e da Santa Igreja, para se ganhar as indulgências dessa santa devoção.

(Hora Santa de Janeiro, pelo Pe. Mateo Crawley - Boevey, tradução integral pelo autor do blog)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

A LENDA DA ÁRVORE PROIBIDA DO ÉDEN

Uma lenda muito antiga, mas muito bonita, diz que a madeira da Cruz de Cristo foi tomada da mesma árvore do conhecimento do bem e do mal, situada no meio do Jardim do Éden, cujos frutos foram proibidos a Adão e Eva por imposição direta de Deus.

'Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: Vós não comereis dele, nem o tocareis, para que não morrais' (Gn 3, 3).

Pelo pecado da desobediência de Adão e Eva, ambos foram expulsos do Paraíso e a humanidade herdou para sempre, e em todos, o pecado original.


'Adão viveu cento e trinta anos: e gerou um filho à sua semelhança, à sua imagem, e deu-lhe o nome de Set. Depois de haver gerado Set, Adão viveu oitocentos anos e gerou filhos e filhas. Todo o tempo que Adão viveu foi novecentos e trinta anos. E depois disso morreu' (Gn 5, 3 - 5).

De acordo com a lenda, quando Adão morreu, o seu filho Set conseguiu junto ao querubim guardião do éden um ramo da árvore proibida. Set teria plantado, então, o ramo desta árvore no Gólgota (que significa lugar da caveira, porque Adão também teria sido enterrado lá). Este ramo teria gerado, assim, novas árvores do conhecimento, ao longo dos tempos da humanidade.

O lenho destas novas árvores seria a origem da madeira usada para a confecção dos objetos mais sagrados do Cristianismo, como a Arca da Aliança, a haste de Moisés na qual foi suspensa a serpente de bronze (Num 21, 8) e, como último lenho, a própria Cruz de Cristo.