quarta-feira, 19 de novembro de 2014

OS MAIS BELOS LIVROS CATÓLICOS DE TODOS OS TEMPOS (3)

5. SANTO TOMÁS DE AQUINO SUMA TEOLÓGICA 

A Suma Teológica (Summa Theologica ou simplesmente Summa) é a obra mais conhecida de Santo Tomás de Aquino (1225-1274) e constitui uma das obras clássicas da história da filosofia e de toda a literatura ocidental. Obra monumental, por conter milhares de páginas e enquadrar vários volumes, foi escrita em latim entre 1265 e 1274 (interrompida, então, com a morte do autor) e constitui um compêndio geral que aborda todas as questões e os principais ensinamentos teológicos da Igreja Católica, tais como a existência de Deus, a criação, o homem, a finalidade do homem, Cristo, os sacramentos e o fim do mundo.

Tomás de Aquino foi um professor e, assim, escreveu a Summa particularmente para os seus alunos, jovens e principiantes, como um guia de instrução filosófica. Mas a Summa está longe de ser apenas um compêndio filosófico, como tem sido objeto de referência frequente em muitos centros de estudos laicos. Tomás de Aquino foi, antes de tudo, um homem de Deus e escreveu a sua obra máxima sob a súplica da proteção divina como o próprio autor assim o revela no prólogo da obra, ao citar nominalmente que o texto foi escrito 'cum confidentia divina auxilli'. Embora com raízes e referências diversas, a Suma Teológica é, desta forma e essencialmente, uma síntese das mais elevadas inspirações da mística e da ascética católica. 

A Suma Teológica é subdividida em três partes: a primeira parte (Prima Pars) trata da existência e natureza de Deus, a criação do mundo, os anjos e a natureza do homem; a segunda parte é subdivididida em outras duas, chamadas Prima Secundae ou Parte I-II, que aborda os  princípios gerais da moral, incluindo a teoria do direito e Secunda Secundae ou Parte II-II, que trata da moralidade em particular, incluindo as virtudes e os vícios individuais; a terceira Parte (Tertia Pars) trata da natureza e da obra de Cristo, de alguns dos sacramentos e do fim do mundo e ficou inacabada (uma quarta parte ou Tertiae Supplementum, escrita pelos alunos do Aquinate, complementam a parte inacabada da obra, incluindo os demais sacramentos e as coisas relativas aos novíssimos do homem - morte, juízo, céu e inferno). 

Todas as partes seguem um padrão específico, em que são propostas diferentes questões*, que são sempre subdivididas em diferentes artigos e analisadas sob diferentes contextos em termos de respostas, argumentações e objeçõesAssim, por exemplo, São Tomás trata do problema da existência de Deus na segunda Questão da Primeira Parte da Summa, dedicando a essa questão não mais do que quatro páginas e três artigos, sendo que tal extrema concisão se explica porque, para os seus contemporâneos, a existência de Deus era algo óbvio que não precisava de demonstração. Estas páginas, entretanto, pela sua notável abordagem teológica, constituem provavelmente e, de longe, as mais lidas e discutidas da obra ao longo da história.

* (a parte I contempla 119 questões; a parte I - II tem 114 questões; a Parte II - II tem 189 questões e a parte III compreende 99 questões).

6. SÃO LUÍS DE MONTFORT TRATADO DA VERDADEIRA DEVOÇÃO À VIRGEM SANTÍSSIMA

Verdadeira Summa de devoção mariana, o Tratado da Verdadeira Devoção à Virgem Maria* foi escrito por São Luís Maria Grignion de Montfort (1673 - 1716) já no final de sua vida e somente recuperado muito tempo depois (os manuscritos originais ficaram perdidos durante 130 anos, entre 1712 a 1842),com um objetivo bastante definido e amplamente explicitado pelo próprio autor: tornar Nossa Senhora conhecida e propagar a sua devoção filial como princípio básico para a preparação e implantação do reino de Cristo na terra, ou seja, a devoção a Jesus Cristo deve vir ao mundo por intermédio de Maria Santíssima. Mais ainda: a devoção a Nossa Senhora deve ser entendida como condição necessária e essencial para a nossa salvação individual e para a salvação de toda a humanidade.

Esta proposição teológica do livro - de que o reino de Cristo deverá ser precedido pelo reino de Maria - é aposta no primeiro tópico da obra: 'Foi por intermédio da Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo e é também por meio d'Ela que Ele deve reinar no mundo'. Entretanto, São Luís de Montfort vai além neste propósito, ao enunciar este princípio não apenas como proposição, mas como uma realização futura definitiva, incorporando, assim, uma dimensão profética extraordinária à sua obra. 

O texto apresenta sistematicamente os princípios gerais da devoção mariana pelo método montforiano: a necessidade de Nossa Senhora como medianeira do único Mediador Jesus Cristo, a necessidade de devoção à Virgem porque Deus quis servir-se de Maria na Encarnação e quer servir-se de Maria na santificação das almas; Maria como Rainha do corações e que Jesus Cristo é o fim último da devoção à Santíssima Virgem; os procedimentos para a escolha da verdadeira devoção à Santíssima Virgem: as devoções falsas e as características da verdadeira devoção; a natureza da 'escravidão por amor' ou 'sagrada escravidão'; vantagens dessa devoção para a vida espiritual; efeitos e práticas exteriores e interiores desta devoção, orações e fórmulas de consagração no contexto da verdadeira devoção à Virgem Santíssima. As versões atuais da obra modificam ligeiramente os manuscritos, apresentando o texto na forma de tópicos numerados (uma estruturação comumente adotada consiste em subdividir o texto em introdução, oito capítulos e suplementos) no sentido de se obter uma melhor abordagem geral dos assuntos e visando melhorar a sequência e a fluência do texto, quase sempre com uma redução exponencial das citações latinas originais. 

* disponível na Biblioteca Digital desse site.